História A Different Love - Memórias

*Lauren*

Quando eu estava entrando na sala e ouvi o que o insuportável do Brad estava dizendo meu sangue ferveu e a partir disso foi tudo apenas um borrão, eu ouvia e sentia Camila tentando me afastar do imbecil, no entanto foi inevitável não dar um belo de um soco na cara dele mesmo sabendo que a partir disso não haveria mais volta e seria uma imensa confusão.

Segurei firme em sua roupa enquanto jogava na cara dele que independente de qualquer coisa Camila é sim uma mulher e vou enfrentar qualquer um que diga o contrario sobre isso, afinal mesmo ela não demostrando sei que lá no fundo ela se sente um pouco inferior as vezes.

Senti os braços de Camila em minha cintura e só então reparei nas pessoas cochichando e nos olhando de cara feia na porta da sala. O idiota aproveitou o momento fazendo um show e quando me preparei pra avançar novamente Camila tomou minha frente dizendo tudo que eu estava com vontade, percebi seus olhos úmidos e a abracei mais forte pra demostrar que eu estava ao lado dela pra tudo.

Ele ainda tentou manter a pose falando mais merdas, no entanto Camila foi firme com suas palavras e antes que ele pensasse em rebater ela o ameaçou dizendo que não iria me impedir de bater nele novamente e vi seu sorriso cínico diminuir e ate mesmo certo medo em seu olhar. Ela logo se dirigiu aos funcionários que nos olhavam com cara de nojo ou repudio e deixou bem claro que não iria admitir nada a nosso respeito, toquei seu rosto de leve lhe dando um selinho, nos separando assim que vimos os movimentos dos seguranças e ainda ouvindo sua ultima ameaça, logo tendo a porta fechada pela secretaria que nos lançou olhar de pena e desculpas.

Nosso abraço foi regado de emoção, por mais que ela se faca sempre de forte, eu mais do que ninguém sei o quanto ela pode ser frágil e a ver chorando dessa maneira quebrou meu coração, a única coisa que eu poderia fazer era lhe passar segurança e mostrar que assim como eu, nossos filhos terão o maior orgulho de serem filhos dela.

Ficamos algum tempo ainda abraçadas e peguei a bolsa dela junto da minha, a puxei pela mão e saímos da sala em silencio, algumas pessoas ainda nos olhava pelos corredores, no entanto eu estava com meu olhar mais mortal e todos abaixaram a cabeça ou mudaram os olhares de lugar após eu os encarar.

Chegamos no carro e logo tratei de abrir a porta pra ela a beijando de maneira lenta enquanto prendia o cinto e recebi um sorriso fraco em resposta. Por sorte não demoramos muito a chegar em casa e mal ela entrou já foi se jogando no colo de Sinu que estava no sofá da sala e chorando feito uma criança, minha sogra me olhou alarmada sem entender enquanto consolava Camila em seu colo e após eu explicar por alto o que houve vi algumas lagrimas em seu rosto também.

Fiquei próxima a elas e por mais que minha vontade fosse pegar minha mulher no colo e a protege-la de tudo eu sabia que esse momento ela queria apenas o colo e cuidados da mãe, algo que me lembrou na mesma hora que eu preciso ter uma conversa seria com a minha e que com toda certeza eu que irei precisar do colo de Camila pra chorar após isso.

Tomei um banho demorado e quando sai do quarto encontrei Camila adormecida no colo de Sinu, me sentei próxima a elas e comecei a fazer carinho em seu cabelo enquanto observava o rosto dela inchado e com traços de lagrimas.

- Ela vai acordar melhor não se preocupe, a Kaki é forte, e eu fico muito agradecida de você ter defendido ela dessa maneira.

- Eu a amo tanto Sinu, não é justo fazerem isso com ela, a Camz não faz mal nem a uma mosca, porque tem gente tão mal caráter? Eu só queria proteger ela de tudo e de todos. – Falei com olhos já úmidos e fui puxada pra um abraço meio desajeitado.

- Infelizmente você não ira conseguir proteger ela sempre Lauren, o importante é que você esteja ao lado a amparado quando ela precisar, minha menina já passou por muita coisa na vida dela e infelizmente sei que ainda ira passar, eu só peco que você cuide dela, pois eu sei que daqui a algum tempo eu não estarei mais aqui.

- Não fale bobagens, você ainda ira estar ao nosso lado por muito tempo. O que quis dizer com ela já passou por muita coisa, Camila nunca me falou sobre nada do passado dela. – Mordi meus lábios apreensiva, eu sei que eu deveria perguntar a ela, mas minha curiosidade estava maior.

- Acho que isso ela deveria te contar, mas como a conheço bem, sei que dificilmente ela o fara e não é por não confiar em você ou algo do tipo, e sim por vergonha das coisas que ela fez ou fizeram a ela. Vamos pra cozinha, é melhor tomarmos um chocolate quente enquanto te conto algumas coisas.

Dei beijo na testa de Camila e segui minha sogra pra cozinha enquanto me sentava esperando ela servir o chocolate, logo ela sentou em minha frente me entregando uma caneca e esperei ansiosa.

- Acho que a parte de como meu pequeno Alejandro decidiu ser Camila é algo que ela tem de te contar, mas vou te falar do primeiro amor dela e o primeiro responsável por quebrar o seu coração e a deixar mais fria e ate mesmo mais cafajeste em relação aos relacionamentos.

- Você esta falando do Shawn? – Perguntei com pouco de ciúme me lembrando da historia que ela havia me contado antes, ela deu uma risada e fiquei sem entender sua reação.

- Vamos lá Lauren, você acha mesmo que linda do jeito que é minha filha namorou apenas duas pessoas? Você é mais esperta que isso meu bem. O Shawn foi o ultimo rapaz que ela namorou mais não o único, depois dele veio a Heilee, que Deus a tenha e após muito tempo a Veronica, essa que não gosto nem de lembrar e só então veio você que eu espero que seja a única daqui pra frente. O que vou contar é sobre o Austin, o primeiro beijo e consequentemente o primeiro amor dela.

Seu semblante ficou muito triste quando falou da tal Heilee, e não posso negar que senti um incomodo com isso, afinal se ela esta assim com certeza Camila deve ficar pior quando lembra dela.

- Certo o Austin. – Percebi olhar nostálgico em seu rosto e o olhar perdido.

- Camila nem sempre foi vaidosa, pelo contrario ela até seus 16 anos se vestia completamente diferente e com roupas até mesmo um tanto infantis, ela tinha um pijama cor de rosa que sempre que usava o pai a chamava de Pink Princess e eu tinha certeza que ela nunca mudaria esse jeito dela, afinal enquanto as outras adolescentes até mais novas que ela só falavam de festas e coisas do tipo, ela amava ficar jogada no sofá com o pai vendo desenho, acho que não preciso dizer o quanto ela era a garotinha do papai não é mesmo?

Ela perguntou sorrindo e apenas neguei com cabeça, era evidente o quanto ela era grudada com o pai e o quanto ele a mimava, afinal Sinu havia deixado claro na nossa conversa que Alejandro era contra a viagem apenas pra não se afastar de Camila.

- Então deve imaginar minha surpresa ao perceber Camila cada dia passando horas na frente do espelho antes de ir pra escola, ou fato dela me pedir pra ensinar a se maquiar e andar de salto sendo que eu já havia tentado fazer isso milhões de vezes. Os dias foram passando e cada vez era uma novidade diferente, e eu apenas dei espaço a ela pra falar o que eu já imaginava, que ela estava afim de alguém, sabia que uma hora ela iria me dizer.

- E então? Demorou muito? Como que o Alejandro ficou? – Perguntei de maneira eufórica, afinal queria saber um pouco mais do meu amor, mesmo que sentisse um pouco de ciúme.

- Bem, o Ale logo percebeu e ciumento como é ficava sempre tentando arrancar algo dela, mas ela sempre conseguia despistar. Ate o dia que ela me contou que o tal Austin havia conversado com ela algumas vezes e se mostrava interessado por ela, e após passarem vários dias conversando durante os intervalos ele tinha a chamado pra ir ao cinema e ela estava apavorada, pois iriam ficar somente os dois pela primeira vez.

- Hum... – Torci o rosto e ela riu minha cara, estava se divertindo com meu ciúme e eu não podia fazer nada.

- Então eles foram ao cinema e como deve imaginar deram o primeiro beijo por lá, após isso passaram a ter uma espécie de namorico. Ficaram nisso acho que uns 4 meses, Ale no inicio não gostou muito, mas como viu que ele era um bom garoto não viu outro jeito a não ser aceitar o namoro.

- Ele não viu problema por ser um garoto, digo pela condição da Camz? – Assim que perguntei recebi um olhar mortal dela e apenas me encolhi na cadeira.

- Lauren, nós sempre respeitamos e apoiamos nossa filha, o fato dela nascer com pênis não influencia em nada quem ela deve ou não namorar, afinal se fosse por isso não existiria gay ou lésbicas não é mesmo?

- Desculpa, eu só... me desculpe, não foi minha intenção, por favor continue. – Falei sem jeito, afinal não é a primeira vez que tenho esse tipo de pergunta idiota sobre isso.

- Bem, continuando. O tempo foi passando e deve imaginar que começaram a evoluir e não era apenas beijo que existia, só que sempre que chegavam a algo mais intenso Camila pedia que parasse e ele respeitava. Ela já estava completamente apaixonada por ele, coisa de criança que sente tudo intenso demais sabe, você deve ter passado por essa fase com toda certeza.

Apenas concordei com cabeça, seria mentira se não dissesse que também já tive meu primeiro amor no colegial, afinal acho que quase todos passam por isso.

- Então, Camila começou a ficar apreensiva, pois ela queria ter algo a mais com ele, ela já se sentia pronta pra dar esse passo e gostava dele demais. O fato dele sempre demonstrar ser mente aberta e nas vezes que ela perguntava algo sobre esse assunto ele dizer que não tinha preconceito, fez com que ela após varias conversas comigo, resolver chamar ele e contar sobre sua condição. Só que infelizmente não saiu como o imaginado.

- Oh meu Deus o que ele fez? – Perguntei já sentindo a raiva me dominar.

- Ele aceitou numa boa, mesmo não estando apaixonado ele realmente gostava dela e tinha uma mente aberta, após algumas semanas eles acabaram indo pra cama e tudo ia bem entre eles, e devo dizer que formavam um casal muito bonitinho, ele sempre muito atencioso e carinhoso com ela.

- Mas o que foi que deu errado então? Ele a traiu?

- Não, antes fosse. Em uma das vezes que eles estavam transando, um primo dele ou algo assim acabou espiando eles na cama e viu Camila. O garoto simplesmente espalhou no refeitório da escola no dia seguinte que Austin era gay e por ter sido descoberto e ter o ego ferido ele acabou tentando se safar falando na frente de todos que tinha ‘comido’ a Camila apenas por pena, pois ninguém ia querer uma aberração como ela e que ele era muito macho pois sempre foi ele que a comeu e um monte de outras atrocidades que não vem ao caso repetir, só que ele não esperava que Camila tivesse entrado e ouvido e visto tudo.

- Meus Deus que vontade de matar esse idiota.

- Não só você, Alejandro quando soube quase foi na casa dele pra lhe dar uma surra. Transferimos Kaki de escola pois ela ficou arrasada e Austin tentou varias vezes se desculpar e ate mesmo reatar o namoro, dizendo que se assumiria gay se fosse preciso pra que ela lhe perdoasse, mas algo dentro dela se quebrou sabe. Eles ate hoje ainda são ‘amigos’, mais depois dele Camila mudou totalmente, ficou fria e começou a ficar com garotas sem nenhum compromisso, digamos que veio a fase rebelde dela e isso durou muito tempo, ela só mudou de verdade quando conheceu a Heilee, porque até mesmo com o Shawn sei que ela andou o traindo durante o namorico deles.

- Nossa, então foi por isso que ela ficou tão abalada com que Brad disse hoje. Acho melhor eu a leva-la pro quarto. Obrigada por isso Sinu.

Ela apenas assentiu com cabeça e fui ainda tentando absorver tudo que tinha escutado, chamei Camila de maneira delicada a vendo acordar com uma carinha confusa e logo a levei pro quarto me deitando na cama e fazendo seu corpo se acomodar ao meu. Lhe abracei forte e prometi a mim mesmo que não deixaria ninguém machucar Camila novamente, nunca mais.