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História A distância entre nós - Capítulo Único


Escrita por: indelikaido e KgFanfics

Notas do Autor


Deixando meu obrigada para a ~isthismi, que enviou o plot lindo e para a Júlia, que outra vez me desafogou com algumas coisas da fic! Obrigada, gente. Tenham uma boa leitura <3

Capítulo 1 - Capítulo Único


Yixing tinha dormido outra vez em seu estúdio, a cabeça cheia de ideias repousando por cima do teclado desligado e as folhas com suas composições espalhadas por seu colo, letras e notas tão confusas quanto seus pensamentos. Não era sua intenção perder o aniversário de um ano de namoro, mas seus produtores estavam sendo verdadeiros carrascos e não o deixaram em paz nem por um segundo. As tulipas amarelas das quais Sehun tanto gostava estavam arrumadas em um buquê e colocadas cuidadosamente em cima de uma mesa, esperando a hora em que seriam entregues. Talvez nunca.

Enquanto isso, Sehun se mantinha o mais acordado possível, com o rosto inchado de tanto chorar encaixado entre as duas pilhas fofas de travesseiros, sentindo cheiro do chinês que mal e mal se fazia presente. Tinha se tornado algo comum estar sozinho em sua cama, sem a companhia do outro.

Lembrou do passado recente. Semanas atrás. Yixing sabia que o Oh não poderia sair de casa tão cedo por causa dos estudos, então ao final de seu expediente na loja de instrumentos dava um jeito de ir até a casa do mais novo e passar a noite lá, às vezes lembrando de mimar ele com flores. Gostava de flores, mas elas vinham poucas vezes, preferia não se iludir.

Sabia que o trabalho do outro era pesado, mas também se sentia cansado de ficar sempre esperando por ele, horas de sono perdidas na esperança de que ele chegasse e deixasse um beijo na testa de Sehun para então caírem no sono. Depois que um assessor passara na loja e vira Yixing tocando, o colocou para ficar em um estúdio e produzir sua própria música, e desde então o relacionamento dos dois virara história de livros antigos.

Levantou depois de um tempo, frustrado, e pegou seu cobertor para sentar-se na varanda, observando a rua agitada. Seus pais não se interessavam por assuntos relacionados a seus relacionamentos quase sempre com homens, então não tinha saída a não ser engolir tudo e aguentar sozinho — o relacionamento, a faculdade de letras que parecia não acabar nunca, o círculo de amigos cada vez mais reduzido —. Não sabia ao certo mensurar o quanto poderia aguentar.

Foi com seus pensamentos bagunçados que resolveu ir para a casa de um amigo no meio da noite, deixando um bilhete para sua mãe dizendo que tinha ido jogar com Jongin. Era seu vizinho há muitos anos, e quase dividiam as contas de tanto tempo que passavam juntos.

Ou passaram, já que Sehun tinha se habituado a viver em função do pouco que Yixing lhe dava.

— Nini? Posso dormir aqui? — Pediu assim que o loiro abriu a porta, enrolado em seu cobertor azul para bloquear o vento frio que a noite trazia.

Jongin assentiu, abrindo passagem para ele.

Montaram um pequeno acampamento de colchões e travesseiros no meio da sala grande da casa dele e finalizaram com a barraca que tinha que ser aumentada a cada ano — faziam aquilo desde os cinco anos de idade — em silêncio, em parte porque o anfitrião estava esperando Sehun lhe contar o que o trazia ali tão tarde da noite.

O mais novo se jogou no colchão, olhando fixamente para o teto. Não estava enxergando o teto, não literalmente. Pensava no céu, o céu sob o qual estava Yixing, e se perguntava se algum dia os planetas se alinhariam para o amor deles.

— Ele passou três dias sem vir, pensei que pelo menos no nosso aniversário… nem uma ligação! Nem uma mensagem ele foi capaz de mandar. — Murmurou, não se dando ao luxo de chorar. Já tinha extravasado por uma hora inteira, quebrando boa parte das coisas em seu banheiro. Jongin não precisava aguentar aquilo junto com ele.

— Você já tentou conversar com ele? De repente vocês chegam em um acordo… tenho certeza que deve ter alguma coisa acontecendo no trabalho dele.

— Não há acordo ou tratado a ser feito, Jongin. Eu o amo demais e ele me ama de menos. — Disse rapidamente, suspirando.

Os períodos de silêncio entre uma fala e outra eram enormes e tristes. Jongin odiava ver o melhor amigo daquele jeito.

— Você sabe o que eu acho disso, não sabe? — Começou, acariciando os cabelos ligeiramente longos de Sehun. Talvez aquilo acalmasse um pouco o outro, sempre funcionava com suas antigas namoradas.

— Eu tenho medo de terminar com ele, não sei o que será de mim sem Yixing.

— Se você parar para pensar, você agora já é um você sem Yixing.

— E eu sou patético, não sou? — Perguntou, os olhos marejados.

Jongin riu um pouco da expressão infantil que fazia. Pequenas coisas como aquela risada faziam o ambiente ficar mais leve.

— Não, nem um pouco patético. Me parece o Sehun forte que vai terminar a faculdade que tanto queria e lançar logo o livro de ficção.

As palavras de Jongin o deixaram um pouco melhor, e um sorriso brotou no canto de seus lábios. Em momento algum se virou para encarar o loiro.

Demorou demais para pensar em uma resposta e finalmente caiu no sono, os dedos do mais velho fazendo carinho em seu cabelo e a música calma que Jongin tinha colocado eram verdadeiros soníferos.

 

Por três outros dias, ficou na casa do amigo. Saía de manhã para ir à faculdade e voltava de tardezinha, cedo o suficiente para fazer algo para comerem no jantar. Não era nenhum chef, mas a culinária o distraía e sabia fazer o frango frito que Jongin tanto gostava.

Enquanto isso, as tulipas no estúdio de Yixing morriam aos poucos.

 

Quando o mais velho finalmente conseguiu escapar da rotina pesada, não tinha mais flores e tampouco Sehun estava em seu quarto. Tinha saído com o pessoal da faculdade para ir em um museu e deixara um envelope no balanço que ficava em sua varanda, caso Yixing aparecesse por ali alguma hora.

O envelope tinha um papel, e esse papel tinha uma mensagem curta e clara. As quatro palavras que Sehun jamais conseguiria dizer pessoalmente para o namorado.

 

Não venha mais aqui.

 

A caligrafia estava borrada, provavelmente o mais novo havia chorado ao escrever aquilo, e isso foi como uma facada no coração de Yixing. Em sua cabeça, não tinha nada de errado entre ele e Sehun. Os dois estavam indo tão bem,

Para o chinês, suas noites dormidas longe do mais novo faziam tudo parecer um pouco parado, como se tivessem pausado, mas não imaginava que aquilo machucava tanto o outro.

O dono da caligrafia borrada tinha voltado cedo o suficiente para ver Yixing na calçada que ficava na parte de trás da casa, com a carta na mão enquanto chorava baixinho. A princípio, não queria ir até o mais baixo e enfrentar ele pois sabia que não ia resistir a ele. Mas depois de tantos incentivos de seus amigos, conseguiu reunir coragem e força para sentar ao seu lado.

— Por que, Sehun? — Perguntou, com o rosto entre as mãos. Odiava que o vissem nesse estado tão sensível.

— Eu cansei de esperar, Yixing… eu sempre te dei tudo e você sempre me tratou como se eu fosse algo que merecesse ser deixado de lado.

— Não foi culpa minha, eu queria muito ficar com você mas o trabalho… — Sehun negou com a cabeça, reprimindo as lágrimas ao morder seu lábio inferior.

— Então não tente ter os dois. Corra atrás do seu futuro. Se você me ama, deixe-me ir. — Pediu baixinho, olhando para os próprios pés.

O mais velho parou de chorar para encarar Sehun e sua beleza que sempre fora muito singular para ele; o queixo afinadinho, os lábios bem definidos e os ombros largos que compunham a imagem do garoto mais bonito que já tinha visto.

Sua vontade era de pedir um último beijo. Não o fez. Custou-lhe o mundo não beijar Sehun ali mesmo, no escuro e no meio da rua, porque sabia que só estaria o machucando mais e mais.

— Hunnie. Não é você, sou eu… o problema é comigo e eu prometo que vou tentar ser um namorado melhor daqui pra frente.

— Você já me fez tantas promessas… — Murmurou em resposta, se levantando. — Eu vou dormir. Meu futuro depende só de mim, não é mesmo?

Com o coração na mão, Sehun deixou o agora ex-namorado para trás e entrou correndo em casa, apenas para se jogar na cama e deixar com que o escuro fosse testemunha de suas lágrimas.

 

Não tinham começado o namoro de uma forma convencional.

Yixing era muito mais amoroso no começo, e adorava receber Sehun em casa. Ficavam acordados até tarde vendo filme atrás de filme, conversando sobre tudo que podiam e quando o mais novo ameaçava dormir, o outro dava um jeito de deixá-lo o mais confortável possível, mesmo que isso significasse trazer desconforto para si mesmo. Contudo, Sehun vivia tudo de uma forma intensa. Riia um pouquinho além da conta, se apaixonava demais, provocava demais e se entregava demais, enquanto Yixing era calmo e confiante.

E amor assim era fogo de palha, uma questão de tempo até se desfazer em cinzas e deixar um estrago para trás até que se acendesse novamente.

Tudo o que Sehun fazia era com o objetivo de tornar o chinês alguém mais alegre e aberto, mas sempre soube que não poderia mudá-lo da noite para o dia. Afinal, tinha se apaixonado pelo outro exatamente do jeito que tinha se mostrado e o aceitado daquele jeitinho quebrado e tímido. Deixava recadinhos para ele cheios de poesia amadora e cantadas divertidas que faziam tudo ficar mais bonito ao seu ver.

O momento mais memorável dos dois era, de longe, quando estavam sentados na varanda de Sehun em um daqueles piqueniques que tanto curtiam fazer, escutando música enquanto olhavam as pessoas passando na rua de baixo. De todas as atividades possíveis, a que Sehun mais gostava de fazer era observar. Sempre lhe dava uma inspiração de última hora e começava a escrever no caderno laranja que Yixing tinha lhe dado, e esses eram seus momentos preferidos. O cabelo sempre lhe caía nos olhos enquanto se distraía com o lápis e o papel, e os lábios se comprimiam de um jeito fofo; naquele dia, Sehun cantou uma música que combinava com os poemas e histórias tristes que contava. Fix You, do Coldplay, saía de seus lábios com uma leveza invejável e que fez o músico repensar sua carreira. A voz grave enunciando toda aquela declaração de amor sofrida e apaixonada parecia encaixar-se perfeitamente com a música.

Deitou a cabeça no ombro do mais alto, espiando o que escrevia. Era uma história pequena sobre alguém recebendo uma serenata de seu amado.

— Você gosta?

— Eu acho muito bonito. — Respondeu baixo, interrompendo a cantoria. — Mas não faria para ninguém, minha voz não é boa o suficiente para tocar as pessoas. Espero que você algum dia use a sua para fazer algo do tipo.

Falava casualmente, como se não desejasse aquilo para si. O outro guardou aquilo nos confins de sua mente.

 

Yixing sentiu a vergonha tomar conta de seu corpo quando acordou na calçada dura, com uma das flores do jardim de Sehun entre seus dedos. Ainda não tinha amanhecido, provavelmente pegara no sono enquanto relembrava de seus momentos raros — porém doces — com Sehun.

Pegou um papel do bolso e a caneta que sempre deixava à mão, se deitando de bruços no cimento para escrever algo para o mais novo. No final, não conseguiu pensar em nada além de um poema que vira na internet outro dia.

 

E se te dispo em versos,

te acaricio em letras,

enquanto nos beijamos em parágrafos

e nos amamos em poesia,

ocasionando um amor textual e instaurando

uma luxúria bucólica.

 

Deixou o papel dentro do mesmo envelope que havia sido usado por Sehun, rasgando seu pedido feito na noite anterior, e o largou na caixa de correio dos Oh.

Quando encontrou o papel e leu seu conteúdo, sentiu o coração apertar e o peito doer. Aquela dor desgraçada que sentimos quando amamos alguém que não merecia seu amor. Não havia assinatura, porém sabia que não era nenhum admirador secreto. Guardou o papel junto com outras coisas que levava de seu relacionamento com o outro, um pen drive cheio de vídeos bonitos, uma margarida ressecada, um coração torturado e quase explodindo de tanto amor para dar.

 

Quanto mais tempo passava longe do mais alto, mais se dava conta da merda que tinha feito. Não imaginava o quanto sentiria sua falta. Sabia que os dias estavam passando rápido demais e o final do ano estava cada vez mais perto, porém ainda tinha uma infinidade de afazeres no estúdio antes de lançar um EP. Deixava, todos os dias, um poema para o maior.

 

É quando eu te sinto,

te olho,

ou penso em você,

que me encontro

sem ar.

Mas sei que ficarei bem

porque a única coisa que preciso inspirar

é você.

 

Mais um papel se acumulava na caixinha de Sehun, e não aguentava mais ficar longe do outro. Jongin o via todos os dias para checar se estava bem, porém ver o amigo naquela inquietude, sempre olhando pela janela e deixando de comer o deixava com um gosto amargo de culpa na boca. Ele tinha sugerido que o maior seguisse seu próprio rumo. Abraçava ele em silêncio e ouvia o mais novo cantar uma música tão baixa que mal acreditava que conseguia ouvir. As lágrimas de Sehun eram quentes e raivosas.

A pior parte de sua instabilidade era o quanto sentia-se impotente com relação à faculdade. Era a reta final e deveria estar aproveitando, mas seu pensamento estava em um certo chinês e sua inspiração quase nunca vinha. Não tinha ninguém para levar-lhe ao baile, porque Jongin era de outro campus agora e não tinha quase nenhum amigo fora ou dentro da faculdade. Frustrado, Sehun era um poço de insatisfação ambulante.

 

Na manhã do baile de formatura, não haviam cartas para si, só uma caixa dourada com seu nome em uma tag de papel. Dentro estava uma camisa preta social, simples mas com uma aparência cara. Se perguntou quanto aquilo tinha custado para Yixing.

 

Um de seus presentes de formatura. O resto virá depois.

Eu te amo. Esse é o meu jeito de pedir perdão.

 

Sorriu de leve, contente por estar recebendo algo tão bonito do outro. Sentia medo de estar sendo difícil demais e acabar perdendo Yixing. Porque no fundo ele nunca quis terminar o relacionamento dos dois.

Se arrumou direito naquela noite, deixando de lado as inseguranças que tanto o assombravam desde o término. Até se atreveu a usar o óculos, constatando que não sabia exatamente por quê estava se arrumando. Duvidava que alguém fosse prestar atenção em si.

 

Ficou sentado grande parte da festa, bebendo o copo cheio de algum drinque alcoólico aos poucos para que não ficasse muito bêbado. Na verdade, queria ficar o mais bêbado possível e esquecer um pouco do que estava acontecendo, esquecer de Yixing e esquecer que agora era um homem formado e teria que sair de casa para viver a própria vida. Crescer era horrível.

Chanyeol, um garoto de sua sala, tinha sentado ao seu lado em algum ponto da festa e se desatava a falar mal de algum outro colega que o tinha criticado por causa de sua camisa azul-bebê, algum cara chamado Baekhyun.

— Você consegue acreditar, Sehun? Um tampinha desses querendo falar da MINHA camisa! — Gritou, indignado.

Sehun o abraçou em uma chave de braço não muito forte, o fazendo parar de reclamar.

— Tá bom, Chanyeol, eu já entendi que você ama ele e tal. — Falou, um pouco enrolado.

Seus olhos dobraram de tamanho ao ver o DJ ser substituído por um moreno um pouco alto, com um violão marrom claro em suas mãos.

Era Yixing.

— Ih, olha isso, quem o cara pensa que é… — Chanyeol murmurou, saindo um pouco do aperto do outro, que tinha se distraído completamente.

— Hm, boa noite? Eu queria tocar uma música lenta para você. — O chinês disse, um pouco vermelho. Do palco, por causa das luzes fortes, não conseguia localizar o mais novo, mas Sehun o encarava incrédulo. A forma como tinha dito você, você no singular, o atingiu de maneiras indescritíveis.

 

Do violão, saíam as notas da música preferida de Sehun. Tinham deixado a luz mais fraca e com uma tonalidade rosa, e agora Yixing conseguia ver Sehun se aproximar do palco enquanto cantava, o rapaz mais alto que boa parte das pessoas ali passando no meio de vários casais que dançavam ao som da melodia triste.

Não era nem um pouco parecido com o Sehun de semanas atrás. A camisa estava justa por causa dos ombros largos, mas ele não tinha um sorriso no rosto, pelo menos não aquele que fazia as bochechas se sobressaírem. Aliás, quando o analisou mais à fundo, percebeu que tinha perdido as bochechas gordinhas.

As lágrimas escorriam pelo rosto corado do mais novo, e suas mãos estavam enfiadas em seu bolso por conta do nervosismo. A música era linda, tal como a voz do chinês e a figura alta parada no meio do público feito um bebê chorão.

Quando as notas da música pararam de ser dedilhadas aos poucos, todos lamentaram. O coração de Sehun lamentou, porque era muito bonito e queria ouvir aquilo até o fim dos tempos.

— Essa música foi para o amor da minha vida. Se ele estiver por aí, volte pra mim, por favor. Eu sinto a sua falta. — Yixing disse lentamente, encarando Sehun enquanto todos se desmanchavam em elogios sobre sua voz e aparência.

Ficou grato por ter se arrumado tão bem, sorrindo de leve por baixo das lágrimas que lavavam seu rosto. Após alguns segundos se encarando, o mais novo fugiu do auditório, indo para o lado de fora e sentando-se em um banquinho no canto do campus. Yixing veio logo depois.

— Você gostou? Da serenata. Eu sabia que era um dos seus sonhos mas não tive tempo de preparar algo melhor e-

Foi interrompido com um beijo doce vindo do mais novo, as mãos largas pegando no cabelo recém-aparado de Yixing.

O beijo era inocente e gentil, Sehun queria saborear o gosto familiar de gengibre e chá que o mais velho tinha — proveniente das noites em que ficava estressado demais e precisava se acalmar, que era quase sempre.

Os lábios de ambos se separaram, e trocaram aqueles olhares demorados. Pela primeira vez, Sehun viu nos olhos de Yixing um amor contido, que parecia pegar fogo em si. Nesse período em que estivera afastado do mais novo, percebera que estava perdendo amores e amizades por causa de sua frieza e insistência em se proteger das outras pessoas. Não percebia antes que, em seu desespero para não se machucar, machuca as pessoas ao seu redor.

E não poderia cometer o mesmo erro outra vez.

— Foi perfeito. Obrigado por me dar esperanças, Yixing. — Sussurrou contra a bochecha do mais velho, sorrindo de um jeito que não sorria há semanas.

— Não deixa eu te perder outra vez, ok? E que magreza é essa, parou de comer?

Sehun riu, se levantando do banco e puxando o chinês consigo.

— Eu não conseguia comer ou dormir de jeito algum, desculpa. Eu fiquei feio assim?

Negou, segurando a mão alheia.

— Você nunca será feio, Sehun. Eu não me apaixonei por um corpo, me apaixonei por você como um todo. Mas é, não gosto de te ver assim. — Entrelaçou sua mão à dele, os dois caminhando em um ritmo lento sem uma direção exata. Acabaram sentando-se na grama, cientes de que o campus estava totalmente vazio.

— Já é quase meia noite, sabe o que isso significa? — Perguntou o chinês, deitando no chão ao lado do outro. Ambos se encaravam com sorrisos cúmplices, e Yixing não pôde se segurar. Tirou os óculos do mais novo e os deixou de lado, admirando o rosto belo do namorado. — Que mais uma noite está chegando ao fim, mais uma noite em que eu te amei e que está precedendo mais um dia onde eu te amarei.

Sehun levou a mão magrinha à boca, surpreso. Não acreditava que estava ouvindo aquilo vindo de Yixing.

O menor se deitou sobre o corpo do outro, sentando-se na cintura de Sehun.

— Eu te amo, e parabéns. — Se inclinou para beijar toda a extensão do pescoço e maxilar dele, sem deixar ele parar de sorrir, fosse por felicidade ou vergonha.

—   Xing, nós estamos no meio do campus... se alguém ver eles vão pensar merda.

—   Hm, engraçado, você não se formou hoje? Então você não é mais um aluno.— Sorriu com a suposta travessura que estava fazendo, encarando Sehun com um sorriso que não lhe pertencia.

Trocaram um olhar um pouco mais intenso, e quando o mais velho se abaixou outra vez para beijar os lábios do outro, as mãos encontraram seu caminho até a cintura do chinês, apertando-a de uma forma que o fazia arfar e ficar ainda mais perto do mais alto. Permaneceram nesse beijo por algum tempo até que o mais novo se cansasse e trocasse as posições, ficando por cima do moreno. Os dedos mexiam com a barra do blazer azul que Yixing usava, e assim que encontrou uma brecha tirou a peça inútil de seu corpo, abrindo os botões da camisa branca com um puxão mais forte. Ele lamentou por sua camisa nova, mas não teve muito tempo para pensar nos botões que pareciam fugir à visão dos dedos ferozes de Sehun, que sabiam a dança de cor, sabiam como tocar-lhe nos lugares certos e nas horas apropriadas sem ter que consumar o ato em si.

O escritor parecia ter mudado de cargo e virado algum artista, pintando sua obra-prima na pele clara do namorado com notável rapidez e facilidade, como se conhecesse os fios daquela tela há tempos, como se ele mesmo a tivesse bordado e agora usufruísse de sua criação, tentando eternizar tons de roxo e vermelho com os próprios lábios e dedos. Os poemas que antes desabrochavam nos papéis que Sehun lia agora eram marcados em pele, olhares e gemidos que o deixavam arrepiado.

 

Você me disse coisas tão bonitas!

Vamos, me diga mais algumas.

 

Porque eu sou seu,

pode me levar para qualquer lugar

no chão dessa floresta.

 

Vamos fazer uma cama

nas folhas de outono

e não deixar nenhuma folha

intocada.

 

As mãos não deixavam por um segundo, assim como os lábios já inchados. As nuances em ambos os corpos evidenciavam a falta que sentiam um do outro, assim como a ausência de palavras. A mão de Sehun por vezes resolvia puxar um pouco os fios negros de Yixing, fazendo sua cabeça pender um pouco para o lado e assim permitindo que ele ouvisse a respiração pesada do maior e o barulho das folhas sendo esmagadas. Se amavam ali mesmo, sem espaço para dúvidas ou incertezas que antes pareciam ser a composição do espaço em que viviam.

O mais velho se obrigou a sorrir quando viu fogos de artifício serem lançados ao céu, comemorando o fim de um ano letivo. Não era essa a parte cômica, e sim o quanto as luzes coloridas deixavam Sehun com um brilho bonito, como uma aura.

Em um sussurro, deixou que sua voz enunciasse tudo o que sentia. Que precisava do sorriso dele, de sua respiração em seu pescoço, de todas aquelas cores em sua pele, da sensação de que tinha sido feito para ele toda vez que as mãos grandes apalpavam as poucas curvas de seu corpo, do quanto se sentia vivo quando se beijavam, daquela eletricidade que percorria seu corpo ao sentir as digitais do outro lhe marcando e dos batimentos coordenados em ambos os peitos.

— Eu preciso de você.

 

Quando as lágrimas começam a rolar pelo seu rosto

Quando você perde algo que não pode substituir

Quando você ama alguém, mas é desperdiçado

Pode ser pior?

 

Luzes te guiarão até em casa

E aquecerão teus ossos

E eu tentarei, consertar você

 

Bem no alto ou bem lá embaixo

Quando você está muito apaixonado para esquecer

Mas se você nunca tentar, você nunca saberá

O quanto você vale.


Notas Finais


Grande parte das poesias que encontrei são da internet, feitas por anônimos, e uma das últimas tem um toque pessoal. A música, obviamente, é Fix You do ColdPlay. Não vou me demorar muito porque minhas aulas já voltar e etc, mas esperem mais coisas bonitinhas aqui, viu?
E não se esqueçam de dar uma olhada no @SebaekDreams!!


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