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História A divida - A dura verdade


Escrita por: tiojujuba

Notas do Autor


estou muito inspirado

Capítulo 2 - A dura verdade


Os dois finais de semana seguintes vieram e assinalaram o final daquele mês de setembro. No meio da primeira semana de outubro, meu chefe me chamou pouco antes do final do expediente, comunicando que o delegado havia ligado, deixando o recado para eu ficar de prontidão por volta das dezoito horas do sábado, pois o transporte viria me apanhar na porta de casa.

Eu estava um pouco ansioso, por isso logo depois das dezessete horas do sábado eu já aguardava a carona, de banho tomado, um jeans e uma camiseta descompromissados, e um devotado esforço para domar meus cabelos lisos num penteado casual. Menos de dez minutos depois do horário combinado, um carro da secretaria municipal de assistência social, como se lia nas portas dianteiras do veículo, estacionou em frente ao portão. O motorista, um sujeito pardo, um pouco acima do peso, de óculos escuros, desceu para tocar a campainha. Ele respondeu ao meu cumprimento com um grunhido indecifrável, e abriu a porta traseira, atrás do próprio assento, para que eu entrasse. No carro já estava outro rapaz, mais ou menos da minha idade, no banco do carona; e duas mulheres, uma mais jovem de olhar arregalado, cuja fisionomia não me era estranha, e a outra na casa dos trinta e poucos anos, cujos trajes sumários restritos a um curtíssimo short jeans bordado com lantejoulas, e um bustiê amarelo cítrico que mal continha suas imensas tetas estriadas. Um linguajar chulo e uma voz que mais parecia um cacarejo, não deixavam dúvidas quanto à profissão desta última. O perfume pesado, que não combinava com o ar denso e quente daquele final de tarde, invadiu minhas narinas quando a prostituta escorregou para o centro do banco deixando o lugar ao lado da janela livre para eu me acomodar.

Rodamos cerca de quinze quilômetros por uma estrada de chão batido, até uma chácara nos arredores da cidade, que já ouvira falar, era de propriedade do prefeito. O motorista estacionou numa lateral da espaçosa casa avarandada, cercada por arbustos fechados, espatódeas e acácias mimosas floridas. Uma mulher, já passada dos cinquenta, nos aguardava junto à soleira da porta que dava na cozinha, e com um gesto teatral dos braços nos indicou a passagem como um cerimonial de boas-vindas.

- Meu nome é Zuleika. – apressou-se a dizer, depois que o grupo se enfileirou a sua volta num semicírculo. – Você Jaqueline e você Viny, já conhecem o esquema, e é bom que se lembrem de tudo direitinho para evitarmos problemas, certo? – emendou, com seu vozerio rouco, de quem cultiva o hábito de fumar desde há muito. – E, quanto a vocês dois novatos, quero que prestem muita atenção no que vou explicar, pois não tenho tempo, e nem saco, para ficar repetindo as instruções. Estamos entendidos? – concluiu, lançando um olhar que me pareceu um misto de pena e desprezo, em minha direção e na da moça que veio calada todo esse tempo.

Depois disso seu discurso se voltou exclusivamente para nós dois, como se fossemos os mais imbecis do grupo. Além de mostrar o que devíamos fazer, e como se comportar, sem jamais revidar a algum comentário dos hóspedes, e determinou praticamente até a maneira pela qual estávamos autorizados a respirar. Exatamente quando ela falava dos uniformes que deveríamos usar, já estando inclusive com eles nas mãos, o delegado entrou na cozinha por outra porta que dava para o interior da casa. Ela imediatamente deixou a postura arrogante que vinha usando conosco, para se desfazer em mesuras servis diante dele.

- Boa tarde, doutor! Eu estava explicando o serviço para os novatos. O senhor deseja alguma coisa? Quer que lhe sirvamos alguma bebida? – inquiriu, num tom de voz melífluo e adulador.

- Isto é para você! Quero que use agora! – sentenciou o delegado, me entregando uma caixa envolta num discreto papel turquesa e arrematada com uma fita prateada. Ele nem sequer se dignou a olhar para a Zuleika e os demais, ignorando inclusive as palavras dela, apenas me encarou com um olhar estranho.

- Ai bicha! Você começou bem, querida! – miou Viny, entre um risinho maldoso, assim que o delegado desapareceu pela mesma porta em que entrara. – Quisera eu que um desses bofes me desse um presente! – exclamou invejoso.

- Cale-se, seu idiota! – Mal chegou e já quer arrumar confusão. – ralhou Zuleika, reassumindo sua postura autoritária. - Agora se mecham seus molengas! E você, entre naquele quartinho e vista-se, é evidente que você está dispensado do uniforme. – falou, dirigindo-se a mim com mais complacência.

Antes que eu desse o primeiro passo em direção ao quartinho que ela me apontou, vi que uma perua da secretaria municipal da educação estacionou ao lado do carro no qual viemos, e dela desceram mais quatro jovens, um pouco mais discretas do que a prostituta que viera conosco, mas que pelo comportamento, compartilhavam da mesma profissão. Eu me perguntava que tipo de ambiente seria aquele, e me intrigava ao tentar adivinhar que tipo de serviços aquele grupo bizarro faria naquele lugar, temia que minhas suspeitas se concretizassem, enquanto refletia sobre a facilidade com que esse trabalho me fora oferecido, e desembrulhava o pacote que o delegado me entregou. Cheguei a fechar e abrir os olhos umas três vezes, para me certificar que eles não estavam me enganando, que o conteúdo daquele pacote era realmente destinado a mim. Envolta num papel de seda branco, uma calcinha vermelha, no formato de um biquíni fio dental, exibia uma borboleta de asas abertas bordada sobre um triangulo ínfimo de uma espécie de tule transparente na parte da frente, do qual saiam duas tiras estreitas que se uniam num outro triangulo, bem mais cavado, na parte traseira da peça.

- Dona Zuleika! Acho que o delegado me entregou o pacote por engano. Tem uma calcinha dentro dele. – falei, enfiando a cara pela fresta da porta entreaberta.

- E você espera um fraque. Ande logo com isso, temos que começar a servir dentro de alguns minutos. – berrou ela, com uma expressão de preocupação transfigurando seu rosto.

- Mas eu não vou usar uma coisa dessas. É melhor a senhora me arranjar o uniforme! – exclamei, indignado.

- Olha aqui, seu bosta! Eu já disse que é para você terminar logo com essa enrolação. Não me faça chamar o Everaldo para te enfiar essa merda no cu. – exasperou-se, esbugalhando os olhos de irritação. – Se o delegado quer que você desfile por aí de calcinha, você vai desfilar de calcinha. Eu não frisei bem que não quero ouvir vocês revidando a qualquer coisa que os hóspedes disserem? – continuou, como se soubesse das consequências de uma ordem não cumprida.

- Deixe-me falar com ele, eu mesmo vou esclarecer esse engano. A senhora não precisa se preocupar com nada! – insisti, inconformado por ter que usar uma coisa daquelas.

- Puta que o pariu! ... Evaldo! – gritou, na direção da porta, onde a figura do motorista que nos trouxe, se materializou segundos depois. – Esse babaca está demorando a cair na real, e daqui a pouco sou eu que vou pagar o pato. – ganiu em desespero. – Veja se o convence a vestir essa porra antes que sobre para todo mundo. – acrescentou, virando as costas, e dirigindo-se ao grupo que já estava envolvido com bandejas, copos, bebidas e mais uma infinidade de coisas.

- É o seguinte meu chapa! Tu vai vestir essa porra e não vai mais abrir essa boca, ou eu te dou uma porrada que não vai sobrar um dente para tu mastigar amanhã. – rosnou colérico, me arrastando pelo braço para dentro do quartinho e fechando a porta atrás de si. – Paga tuas contas que nada disso estaria te acontecendo. – emendou, prendendo o olhar sobre mim.

Eu senti a raiva tomando conta do meu corpo. Além do calor que brotava das minhas vísceras, um gosto amargo aflorou na minha boca, como se minha saliva repentinamente se transformasse em bile. Agora estava claro que tipo de trabalho me haviam arranjado. A incapacidade de reagir, o fato de sabe-se lá quantas pessoas estarem sabendo do meu infortúnio, e o compromisso ingênuo de empenhar minha palavra num acordo tão sórdido, fizeram com que lágrimas se formassem copiosas embaçando minha visão. Eu me despi diante do olhar famélico do Everaldo, examinei mais uma vez a lingerie para me certificar de como coloca-la no corpo, e fechei as mãos diante do meu sexo que se comprimia abaixo do triangulo de tule e da borboleta de asas abertas. Os pelos pubianos afloravam nas laterais que o tecido não conseguia tampar.

- Agora anda, mexa-se! – disse o Everaldo, ao praticamente me atirar porta afora. – Ficou um tesão! – escutei-o murmurar às minhas costas.

Sem saber como caminhar com aquela peça enfiada nas profundezas do meu rego, aproximei-me dos demais, corado e humilhado. Eles se entreolharam sem dizer uma palavra, cada um compenetrado com seus afazeres.

- Agora seque essa cara e trate de colocar um sorriso nela. Ninguém vai querer encarar essa fuça de moleque contrariado! – exclamou Zuleika. – Aqui está sua bandeja, já arrumei tudo para você, e vai andando que eu não quero ver mais a sua cara na minha frente! E não se esqueça de amarrar o avental! – emendou furiosa.

Deixei a copa onde peguei uma bandeja sobre a qual se distribuíam copos de vinho, uísque, e coquetéis e entrei num corredor largo que levava até as salas. Ao me ver naqueles trajes degradantes, a prostituta que veio comigo, fez um comentário dizendo que o delegado ia se refestelar naquele cuzinho de veado virgem, isso se a pica dele fosse conseguir dar um jeito naquela bunda carnuda. As palavras dela saiam por entre uma risada nada discreta, e sem que ela o percebesse, o delegado acabava de entrar na outra extremidade do corredor, ouvindo o disparate zombeteiro que ela me dirigia. Antes que ela conseguisse virar a cabeça da direção dele, ele a agarrou pelo pescoço, apertando seus dedos grossos ao redor dele, até que ficassem pálidos de tanta força que empregava. Enquanto isso, o rosto da puta ia de um vermelho vivo a um roxo azulado, enquanto ela se debatia desesperadamente, tentando se livrar daquela mão. Um ganido surdo assomou meus lábios arroxeados, antes da outra mão do delegado atingir seu rosto com um soco certeiro. O corpo da puta foi lançado contra a parede, e antes de cair inerte, outro soco atingiu seu estomago, vertendo seu conteúdo aquoso sobre o piso.

- Tirem essa puta daqui! – berrou na direção da Zuleika. – Manda o Everaldo dar um corretivo nessa vagabunda! – continuou colérico.

Eu que já sentia o corpo todo tremendo, depois dessa cena quase não conseguia mais segurar a bandeja. E foi assim que entrei numa das salas da casa, quando as luzes já estavam acessas e umas vinte pessoas, na sua totalidade homens, à exceção das putas, circulavam e falavam alto em rodinhas distribuídas aleatoriamente pelo ambiente.

Minha primeira parada foi na rodinha que estava mais próxima da desembocadura do corredor, e que, por coincidência, era aquela em que acabara de se juntar o delegado. Ele foi o primeiro a pegar um copo de vinho branco, que deixava a taça suando devido ao conteúdo gelado. Depois que os outros três homens pegaram cada um, um copo, ele voltou a pegar outra taça, e a colocou em minhas mãos. Enquanto eu tentava equilibrar a bandeja numa das mãos, peguei a taça e timidamente retribuí o brinde que ele propusera em minha homenagem, como ecoaram suas palavras, pronunciadas com uma calma que me espantou, depois de ter assistido aquele acesso de cólera há poucos segundos atrás.

- Obrigado por ter colocado o meu presente! – disse, me encarando, e pegando minha mão entre a sua, depois de tomar a taça da qual sorvi um gole que ainda não conseguira deglutir. A ternura da sua voz não foi suficiente para afastar o medo que passei a sentir daquele homem. Um sujeito capaz de migrar de um estado de ânimo para o diametralmente oposto numa fração de segundos, sem deixar transparecer seus sentimentos. Nessa frieza calculada residia o perigo, e eu tomei consciência disso naquele exato momento.

Depois de mais uma reprimenda da Zuleika que me advertira para não continuar caminhando cabisbaixo entre os convidados, fui tomando ciência de quem eram os tais convidados. Além do prefeito que circulava com ares de grande anfitrião, lá estavam o meu chefe, alguns fazendeiros da região que eu conhecia de vista, o dono do maior supermercado da cidade, o bispo da diocese regional, o presidente da câmara de vereadores, o diretor do departamento de estradas de rodagem que tinha sede no município, o dono da radio difusora local e mais uma dúzia de homens que eu nunca havia visto antes. Essa estranha confraria estava reunida ali para perpetrar as mais vis atitudes que o ser humano pode praticar. Isso eu viria a descobrir em seguida.

A planta da casa tinha seus cômodos distribuídos na forma de um U, num desses braços se perfilava uma fileira de quartos ao longo de um corredor, enquanto as janelas de uns se abriam para o pátio interno, as dos outros de abriam para uma das laterais da casa. Enquanto circulava apressadamente de um lado para o outro, verificando se tudo corria a contento, notei que a Zuleika usava seu corpo roliço para barrar a entrada desse corredor. Vez ou outra, algum dos convidados se aproximava da entrada, acompanhado ou pelas putas, ou pelo Viny, que nesses momentos rebolava sua bunda arriada, enquanto tentava empiná-la para a mão que a percorria desavergonhadamente. Zuleika abria um sorriso forçado para a dupla e olhava para dentro do corredor, permitindo a passagem da dupla. Acho que por meu olhar ter se fixado naquela cena, ela fez sinal para que eu me aproximasse.

- Pegue outra bandeja lá na copa e volte aqui, rápido! – disse secamente.

Quando voltei para junto dela com a bandeja recarregada, ela me deu instruções para verificar as portas dos quartos que eventualmente estivessem abertas, e oferecer as bebidas que eu transportava. Obedeci aliviado por poder me afastar das salas, pois o corredor estava vazio e, portanto, aquela sensação de um par de olhos estar grudado nas minhas costas desaparecera. A primeira porta pela qual passei estava fechada, e por trás dela emergiam gemidos femininos e um arfar grosso.

- Ai, ai, minha bucetinha! – gemia a voz feminina.

- Essa buceta já está mais larga que a porteira lá da fazenda. – exclamou a voz gutural, que mal conseguia conter a respiração.

A segunda porta estava ligeiramente entreaberta, e quando enfiei discretamente a cabeça para dentro do quarto a fim de perguntar se desejavam alguma coisa, uma cena provocou uma discreta vertigem, e eu tive que me segurar no batente da porta. O juiz da comarca, um homem baixinho, barrigudo, estava de quatro, apoiado na beirada da cama, completamente nu, e com a pica de um marmanjão parrudo atolada na sua bunda peluda. Ele gemia feito uma cadela sendo coitada por um cão ensandecido pelo tesão. Os dois viraram o rosto na minha direção, e minha voz mal conseguia articular as palavras, que saíram gaguejadas, e quase inaudíveis. A resposta negativa deles me fez afastar dali em passos ligeiros até a porta seguinte, também fechada.

Eu conhecia o rapaz que enfiava a jeba naquela bunda peluda. Era o Adão, um cara grandão e musculoso que morava com a mãe, viúva, e uma irmã na extremidade oposta da nossa rua. Eu o vira algumas vezes passando em frente de casa, carregando uma mochila e usando bermuda e camiseta, como se estivesse se dirigindo para a academia de musculação que ficava a uns quarteirões de casa. Uma vez ou outra ele me encarou, um olhar altivo, de quem olha para os caras menos musculosos como se fossem seres de segunda categoria. De uns tempos para cá ele passava com uma moto novinha em folha e eu me perguntei no que ele estaria trabalhando, pois segundo os comentários da minha mãe, que tinha algumas clientes em comum com a mãe dele, que fazia bolos sob encomenda com a ajuda da filha, para reforçar a minguada pensão deixada pelo marido, ele era funcionário da prefeitura e trabalhava como motorista de trator.

Então era assim que ele engordava seu salário, pensei antes de seguir para a porta seguinte. Em seguida me arrependi imediatamente desse pensamento. Talvez ele estivesse passando por um calvário semelhante ao meu, e me censurei por ter tido um pensamento tão mesquinho, e me achar no direito de julgar alguém, quando eu mesmo estava passando pelo pior momento da minha vida. Repentinamente me veio a imagem daquela jovem que seguiu calada no mesmo banco traseiro do carro que eu. Ela trabalha na padaria da avenida principal. Sempre tinha uma observação alegre a fazer enquanto servia os fregueses, e pelo que pude sentir, nas vezes em que a vi atendendo atrás do balcão, a clientela gostava dela, tanto que muitos esperavam numa fila para serem atendidos por ela. Quais teriam sido os crimes cometidos por essas pessoas, ou por seus familiares, que as levaram até aquele ponto?

- Você vai ficar parado aí feito uma estátua? – rugiu a voz da Zuleika nas minhas costas, ao mesmo tempo em que enfiava suas unhas envergadas, e chamativamente vermelhas, na minha cintura.

- Não, eu estou indo. Apenas parei para endireitar esses copos. – desculpei-me, voltando a focar no meu serviço.

As outras seis portas pelas quais passei, ou estavam fechadas, ou ligeiramente entreabertas, e de quase todas vinham arfares sufocados, gemidos estridentes e guturais, ganidos de dor e prazer, numa sinfonia anárquica e libidinosa. Senti um calafrio percorrendo minha coluna, quando me lembrei de que estava com a bunda de fora, e praticamente nu, naquele ambiente devasso.

- Venha me encontrar dentro de quinze minutos naquele último quarto à direita! – Exclamou a voz grave do delegado atrás de mim, fazendo com que meu coração quase saltasse pela boca. Ele quis imprimir um tom terno a sua voz, mas ela soou autoritária.

A Zuleika fingiu que não percebeu a abordagem dele, mas não desgrudava o olhar curioso que lançou de soslaio em nossa direção. Assim que ele voltou para a sala principal ela correu em minha direção e se prontificou a tirar a bandeja das minhas mãos.

- Anda logo, vá se aprontar! – disse afobada, repassando a bandeja para outra funcionária, que por sorte usava um uniforme.

- Me aprontar para que? Onde devo ir agora? – perguntei, diante da eufórica expressão de seu rosto.

- Passar uma água fresca nessa cara e fazer a duchinha o mais rápido possível, eles são muitos impacientes. – respondeu, voltando e percorrer os olhos no andamento da casa.

- Duchinha? Que duchinha? Eu tomei banho antes de sair de casa e não estou nem um pouco suado. – retruquei espantado.

- Valham-me todos os profetas! Você é virgem, garoto, ou é tonto mesmo? – protestou indignada. – Menina, localize o Viny agora mesmo e traga-o aqui, depressa! – falou, segurando pelo braço, a funcionária que havia pegado a minha bandeja, e fuzilando-a com um olhar que não admitia falhas.

Ele se materializou instantes depois, através de um caminhar cheio de trejeitos, com um risinho malévolo revestindo as palavras esganiçadas.

- O delegado quer ver esse perdido em quinze minutos e pelo que deu para perceber ele nem sabe o que é uma duchinha. Sumam da minha frente os dois! – disse, empurrando-nos pelo corredor.

- Bicha, me engana que você não sabe fazer uma duchinha! – exclamou, estridente.

- Claro que eu sei o que é uma ducha! Eu já disse para a Zuleika que tomei banho antes de sair de casa. – revidei, nessa altura, confuso por minhas palavras estarem sendo tão mal interpretadas.

- Bicha, tu é virgem, é? – desatou a gargalhar.

- Olha cara, eu não te conheço. Já é a terceira vez que você me chama de bicha, e quanto ao fato de eu ser virgem ou não, acho que isso não é da sua conta! – respondi, enfezado.

- Tu é virgem, não resta dúvida. E se não for bicha, daqui a pouco vai passar a ser. – afirmou, deixando a gozação um pouco de lado. – Junte os pauzinhos e você vai cair na real. O cara te dá essa calcinha, manda você encontra-lo no quarto, tudo a sua volta lembra mais um puteiro do que um acampamento infantil, o que você acha que ele está querendo? Se toca, ele vai traçar o seu cuzinho, é assim que vais pagar a sua dívida. – emendou, num ar professoral

Embora toda aquela situação já tivesse feito com que isso me passasse pela mente, ouvir as palavras saindo da boca dele, não só me deram essa certeza, como confirmaram inequivocamente minhas suspeitas. Eu seria sodomizado até que aquele homem decidisse que a dívida estava paga, e para isso ele contava com minha anuência, dada na frente de uma testemunha, o meu chefe. Minhas vísceras começaram a se convulsionar, e precisei conter os engulhos.

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