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História A dona do jogo. - Gala.


Escrita por: futfics

Capítulo 3 - Gala.


Era dia de uma dessas Galas chatissímas que eram frequentes em nosso meio. As vezes eram premiações, as vezes eventos de patrocinadores, ou as vezes simplesmente festas que eu ia representando o Clube. Em sua maioria esses eventos eram um grande tédio, e eu terminava a noite com câimbra nas bochechas de tanto sorrir para as pessoas. No caso de hoje, o evento era premiação de Clubes e jogadores da Liga da temporada passada, e todo o elenco e dirigentes de grandes Clubes espanhóis - e catalães - estariam presentes. O que não deixava de ser um saco. Para a ocasião, escolhi um vestido preto estilo sereia, liso, pois não gostava de nada muito extravagante. Maquiagem discreta nos olhos e batom vermelho sangue. Os cabelos soltos. 

Os jogadores, em sua maioria, iam acompanhados de suas esposas/namoradas, assim como os técnicos e dirigentes. Lio ia com Antonella, Luis com Sofia, Busi com Elena, Andrés com Anna, Geri com Shakira, Marc com Dani e assim por diante. Lucho ia com sua esposa, eu ia sozinha. Eu ia sozinha e estava muito bem com isso. Eu sempre lidei muito bem com minha solteirice - apesar dela ser um tanto quanto recente -, depois de anos de namoro é preciso um tempo para você, para se redescobrir e aprender a ser feliz sozinha. E eu estava gostando bastante dessa experiência. Então sim, eu estava completamente bem de ir sem acompanhante na Gala. Mas então, alguns dias antes, recebi uma ligação de Neymar com um discurso que não gostaria de me ver sozinha no evento e queria me fazer companhia. Tradução: Todos os jogadores do Barcelona - até Rafinha - tinham acompanhante, menos o garoto Neymar Junior, e ele não queria ir sozinho. Depois de rir muito, aceitei o convite.

Chegamos na Gala com quase 1 hora de atraso, pois o meu querido acompanhante com certeza se enganou e pensou que estava se casando e ele era a noiva, pois só isso justificaria tamanho atraso. Logo na recepção a enxurrada de fotos e imprensa nos cegou com flashes e a sessão Sorria-Como-Se-Estivesse-Gostando-Disso começou. E sim, eu estava meio rabugenta no dia. Depois de alguns minutos posando para fotos, adentramos ao salão e nos deparamos com uma decoração maravilhosa, inúmeras pessoas desfilando com seus smokings e seus vestigos de gala, garçons servindo diferentes tipos de comida e bebida. Logo na entrada, reconheci várias pessoas, como o presidente do Sevilla, o treinador do La Coruña, o atacante do Eibar, Cholo, e no canto esquerdo Andrés, Pique e Messi conversavam com suas respectivas esposas. Com Neymar ao meu lado, caminhei até eles.

- Fiu fiu - zombou Geri assim que cheguei onde eles estavam.

- Boa noite, meninos. - falei enquanto abraçava cada um deles.

- Tá lindíssima - Ini elogiou. Agradeci.

- Esse vestido é um pouco justo, não? - Geri enrugou a testa.

- E esse decote é exagerado. - Lio pontuou.

Revirei os olhos enquanto Ini, Ney, Anto, Anna e Shak riam. Era sempre assim, desde que tínhamos 13 anos de idade. Imagine ter 3 irmãos mais velhos, superprotetores e ciumentos. Era basicamente assim comigo, Lio, Geri e Cesc. Sempre havia sido assim, sempre implicaram com meus namorados, com minhas roupas, e todas aquelas idiotices costumeiras de pessoas que acham que tem algum poder sobre a outra. Eu demorei séculos para arrumar meu primeiro namorado porque os 3 simplesmente espantavam todos os meus pretendentes, na balada eu nunca ficava com ninguém porque era só um cara se aproximar que meus 3 guardiões me rodeavam. Era um inferno, mas com o tempo eu aprendi a lidar com isso. Achava até engraçadinho, mas jamais os deixava mandar em mim. Até porque os papéis eram exatamente o inverso.

- Deixem a Beka em paz. - Shak se pronunciou.

- Tudo bem, não ligo pro que essas crianças dizem desde que eu fiz 18 anos. - sorri. - E se vocês me dão licença, vou falar com alguns conhecidos.

Saí do lugar rindo deixando um Gerard Piqué e um Lionel Messi emburrados como se fossem crianças de 9 anos de idade. Eram sempre cenas hilárias e eu me divertia com elas. Caminhei entre os convidados e parei para falar com alguns. Conversei alguns instantes com Simeone, que era um cara muito simpático e inteligente que eu admirava bastante, passei mais alguns minutos conversando com a esposa do Sampaoli - treinador do Sevilla -, abracei e me diverti quando encontrei Marcelo comendo desesperado na mesa de entradas e também troquei algumas palavras com Isco que estava por ali. Depois de algum tempo rodando o salão, meu salto já estava me matando, então discretamente procurei algum lugar vazio para descansar meus pés. 

Depois de andar alguns minutos, me dei conta que o espaço era maior que eu imaginava e quanto mais eu me distanciava, mais silencioso o lugar ficava. Parei em uma porta e coloquei meus ouvidos próximos a ela para tentar escutar algum movimento, mas obtive o mais completo silêncio em resposta. Decidi então que aquele lugar era ideal para eu descansar, e depois de alguns minutos eu voltaria para o salão. Fiquei de costas para a porta e a abri prestando atenção nos corredores, para que ninguém me flagrasse. Dei aluns passos para trás e finalmente fechei a porta a minha frente, respirando aliviada.

- Boa noite. - uma voz atrás de mim disse, me fazendo pular de susto e virar imediatamente.

Um grande sofá estava bem de frente para mim, e sentado nele o dono da voz: Cristiano Ronaldo. Ele usava um smoking e tinha os cabelos - como sempre - perfeitamente penteados. Um sorriso tomava conta dos seus lábios. Provavelmente eu estava da cor de um papel, pois ele não demorou muito a se pronunciar novamente.

- Desculpe, não quis te assustar.

- Tudo bem. - consegui falar depois de me recuperar do susto. - Desculpe, não vi que você estava aqui. - completei já me preparando para sair.

- Fugindo também? - ele perguntou. Sorri em confirmação. -  Aqui é um ótimo lugar pra isso. Fica.

Sentei ao seu lado no sofá e, finalmente, tirei meus sapatos. Suspirei alto e fechei os olhos me deliciando com a sensação. Ao abri-los novamente, percebi que Cristiano me observava atentamente. Encarei-o de volta.

- Wow. - ele disse rindo e desviando o olhar. - Seus olhos ainda vão cegar alguém. - ele disse se referindo ao verde extremamente claro dos meus olhos. 

- É o que dizem. - ri. - Mas então, o que você está fazendo aqui? 

- Descansando as mandíbulas, tomando um ar. Dando uma fugida dessa festa chata mesmo. - riu

- Entendo perfeitamente. - sorri concordando.

- Você deve estar realmente entediada para estar aqui comigo. - ele disse distraído.

- Como assim? - perguntei confusa.

- Não é novidade que você não vai com a minha cara. - ele me encarou. - Você é quase irmã do Messi e praticamente um símbolo do Barcelona...

- O que? - a cada palavra que ele falava eu ficava mais confusa. -  Não estou acompanhando seu raciocínio...

- Esquece - ele deu um sorriso derrotado.

Assim como a maioria das pessoas, Cristiano também achava que por eu ser uma adepta do Barcelona e amiga de Messi, eu o odiava ou tinha alguma coisa contra ele. As pessoas e principalmente os jornais viviam inventando várias coisas para justificar as manchetes mentirosas que viviam fazendo com essa história, mas eu nunca pensei que ele acreditaria nesses absurdos. Nunca desmenti nada pra ele, mas nunca achei que precisasse. De repente me dei conta, que mesmo nos encontrando algumas vezes por ano e tendo vários amigos em comum, nunca paramos realmente para conversar. Nossas conversas nunca foram mais de que um "tudo bem?" educado porém superficial um para o outro.

- Cristiano. - chamei fazendo ele me olhar nos olhos. - Eu não tenho nem nunca tive absolutamente nada contra você. Amo o Barcelona e você joga no Madrid. E daí? Marcelo é um dos meus melhores amigos. Messi é como meu irmão, mas ele também não tem nada contra você, então, por que seria um problema? - sorri.

Cristiano Ronaldo piscou várias vezes e abriu um sorriso enorme.

- Sabe o que faltou, Rebeka? - era a primeira vez que eu o ouvia falando meu nome. - Comunicação.

- Com certeza. - rimos juntos.

Ficamos um tempo calados curtindo o silêncio do local, então me dei conta que já estava ali a mais tempo do que planejado e tinha que voltar para o salão. Não queria ter que ir, estava confortável e a companhia agradável, mas era preciso.

- Tenho que ir. - falei enquanto calçava o sapato. - O dever me chama. - levantei.

Cristiano me acompanhou e caminhamos juntos até o lado de fora do cômodo. Dei um sorriso de despedida e me preparei para sair, mas quando dei dois passos na direção do salão, senti meu braço ser segurado. Olhei para trás e C. Ronaldo me encarava sério, olhando diretamente nos meus olhos, um olhar tão intenso que me prendeu e, de repente, não conseguia mais desviar meus olhos do dele. Ficamos segundos naquela posição, seu toque no meu braço formigava e queimava, jamais me deixando esquecer que nossas peles estavam em contato. Nossa distância era segura, mas o calor do corpo dele chegava até mim e, de repente, eu estava morrendo de calor. Minha boca secou e, involuntariamente, passei a língua sobre meus lábios secos. Pude observar os olhos de Cristiano acompanhando cada movimento da minha língua e logo após ele engolir em seco. Quando estava prestes a dar um passo na minha direção, uma voz nos despertou fazendo quebrarmos todos os contatos imediatamente.

- Rebeka. Estava te procurando. - Piqué disse atrás de mim.

Me virei e dei de cara com um Geri de cara fechada e Shak com as sobrancelhas arqueadas.

- Ronaldo. - cumprimentou.

- Piqué. 

- Eu estava descansando, mas já ia voltar par ao salão. - sorri inocente.

- Então vamos. - Geri disse ainda sério.

- Claro. - me virei e fiquei de frente para Cristiano novamente. - Até breve.

- Até breve. - ele repetiu.

Voltei para o salão da Gala sem fazer a menor ideia do que diabos havia acontecido ali e tendo a certeza que dali ha alguns dias, o El Clásico seria mais intenso do que qualquer outro que já havia acontecido.



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