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História A dona do jogo. - El Clásico.


Escrita por: futfics

Notas do Autor


Gente, lembrando que essa é uma história original, ou seja, talvez alguns jogadores apareçam como do Real ou do Barcelona, mesmo que não seja assim na vida real. Não sei se isso realmente vai acontecer, mas queria deixar esclarecido.

Capítulo 4 - El Clásico.


Sentada na poltrona do meu quarto de hotel em Madri, algumas questões sobre os dias passados rondavam minha cabeça. Para ser bem sincera, desde a bendita gala, essas questões eram as únicas coisas que passavam pela minha mente, na maior parte dos dias.  As questões eram curtas e bastantes simples na teoria.

1. Por que Cristiano me tocou daquele jeito - e eu deixei?
2. Por que eu tenho a impressão que se Geri não tivesse chegado, nós teríamos nos beijado - e eu provavelmente gostaria?

A questão 1 era fácil de responder. Deixei porque fui pega de surpresa e não soube reagir. Mas e a 2? Por mais que eu tentasse - e olha que eu tentei bastante -, nada justificava. Eu sabia que se Geri não tivesse nos interrompido, nós nos beijaríamos no corredor daquela festa idiota.  E me peguei desejando que isso tivesse acontecido. Eu não conseguia entender, como, porque ou de onde tudo isso vinha, eu me sentia confusa e constantemente irritada depois daquele dia. Era super normal - embora raro - me sentir atraída por um jogador de futebol, mas isso jamais poderia acontecer se esse jogador de futebol fosse o maior craque do meu maior rival. Era insensato e inadmissível. 

Eu me sentia frustrada. Tudo bem que não passava de uma atraçãozinha boba, mas eu não gostava de perder o controle sobre as coisas, principalmente sobre mim mesma. Por mais que eu já tivesse decidido encerrar esse assunto, e não ter qualquer tipo de aproximação a mais com Cristiano Ronaldo, esse assunto ainda me deixava terrivelmente estressada e mal humorada. E nada com um El Clásico para piorar a situação.

El Clásico nunca é só um jogo, é um espetáculo para o mundo do futebol, e sinônimo de nervos a flor da pele para os torcedores de ambos. Nesse caso, particularmente, eu estava mais tensa que o normal, pois além de ser fora de casa, esse jogo podia valer a liderança e a equipe não demonstrou o que eu esperava nos últimos treinamentos. Era um combo de frustrações. Minha vontade era gritar com todos, quebrar algumas coisas e depois chorar de raiva. Mas como eu não tinha mais 15 anos de idade, não fiz nada disso.

Chegamos ao Santiago Bernabeu após alguns minutos de viagem, e logo nos acomodamos no vestiário. Todos estavam sérios e concentrados, sem nenhuma gracinha nem brincadeira, era sempre assim em dia de clássico. Lucho e eu repassamos o que havia sido treinado por toda semana, conversamos individualmente com quem era preciso, e depois de palavras de incentivo para o grupo, caminhamos junto com eles em direção ao túnel de entrada para o gramado. O barulho da torcida era intenso e os jogadores de ambos os times se cumprimentavam e conversavam por ali. Falei com Zidane, dei um abraço em Marcelo, acenei para Isco e Modric. Falei boa noite para todos por educação. Não propositalmente, mas instintivamente, deixei Cristiano Ronaldo por último.

- Olá. - falei educada.

- Oi, Rebeka. - ele respondeu.

Então ele sorriu. Mas não foi um sorriso qualquer, foi um sorriso cheio de significado. Foi um sorriso que dizia "sim, eu sei que queria me beijar naquela noite e eu sei também que pensa nisso todos os dias desde então". E pior, era um sorriso que também dizia: "eu também queria ter te beijado e penso nisso todos os dias". Aquilo era perigoso e assustador, por isso sorri rápida e fui para o meu lugar á beira do gramado.

A partir do momento do apito inicial do juiz, nada mais existia pra mim a não ser aquele jogo. Os dois times começaram calmos, um estudando o outro, mas ambos marcando avançado. Depois dos 10 minutos iniciais, as coisas já estavam mais quentes, com muitas faltas e com o Barcelona dominando o jogo. Aos 35 minutos, depois de um cruzamento de Jordi Alba, Luis Suarez abriu o placar. Comemoramos efusivamente o gol do melhor 9 do mundo, enquanto a torcida blanca alternava em nos xingar e ficarem calados e perplexos. O primeiro tempo acabou com o Barcelona predominante e um jogo até então bom. No intervalo minha única recomendação foi: passe mais efetivo e, por favor, matem o jogo logo.

Quando soou o apito da segunda parte, as coisas se inverteram. Um Barcelona disperso contrastava com um Real Madrid com sede de vitória. O time estava totalmente apático, errando passes bobos e não efetivando as jogadas. Aos 30 minutos, já tínhamos feito todas as substituições mas nenhuma surtira efeito. O placar só continuava favorável para nós graças aos seguidos milagres que Ter Stegen fazia no gol. Os meus gritos e os de Lucho eram em vão, pois ninguém nos ouvia. Então o inevitável aconteceu. Aos 43 minutos do segundo tempo, depois de um passe perfeito de Modric, Gareth Bale deixou tudo igual. 1x1.

Se eu ainda não poderia dizer que o time estava morto antes, com certeza depois do gol de Bale eu poderia dizer isso com propriedade. Enquanto os blaugranas pareciam conformados com o empate, os blancos tentavam a todo custo virar o jogo, sendo parados apenas pelo Paredão Ter Stegen. Assim que o juiz apitou o final da partida, atirei a garrafa d'agua no chão, sem esconder minha raiva. Caminhei a passos rápidos até o vestiário destinado a mim, tentando me acalmar e dando tempo para os jogadores tomarem banho e se trocarem. A tentativa de esfriar a cabeça foi em vão e, 15 minutos depois, eu estava dentro do vestiário com 18 jogadores em clima de velório e um Luis Enrique tão bravo quanto eu.

- Eu só tenho uma pergunta. - comecei. - O que diabos foi aquilo? 

Silêncio. Ninguém ousou responder.

- Além da capacidade de jogar futebol, vocês perderam também perderam o da fala? - Lucho disse.

Depois de mais alguns segundos de silêncio, Jordi Alba se pronunciou.

- A gente tava bem, as jogadas se encaixando perfeitamente, não sei o que houve. Nós estávamos com o jogo na mão...

-Esse foi o problema, vocês entraram no segundo tempo como se o jogo estivesse ganho. Francamente, respeitar os adversários é algo que se aprende nos primeiros anos na La Masia, talvez vocês precisem voltar pra lá e aprender algumas lições com as crianças de 7 anos. - falei exasperada.

- O jogo só está ganho depois do apito final, achei que isso fosse óbvio para todos. Não interessa se é o Real Madrid ou o Eibar, o Bayern ou o West Ham. Não interessa se em casa ou não. Nunca, jamais subestimem um adversário. Esse segundo tempo foi um show de horrores, nos primeiros minutos de dispersão de vocês o Madrid dominou o jogo e a partir daí vocês mal conseguiram dominar a bola, que dirá concluir uma jogada. - Lucho completou.

O silêncio se fez presente, todos pensavam sobre os erros cometidos no dia. Ser dura com eles era preciso para que coisas como aquelas jamais voltassem a se repetir.

- Folga cancelada. Quero todo mundo no Centro de Treinamento amanhã na hora de sempre. - disse saindo do vestiário.

Caminhava distraída pelo estacionamento do Bernabéu, enquanto esperava para partimos para Barcelona. Eu já estava mais calma, mas o estresse de ter deixado escapar 3 pontos ainda se fazia presente em mim. No outro dia, assitiriamos o VT desse jogo quantas vezes fosse preciso, até identificarmos cada erro e montar um cronograma de treinamentos para corrigi-los. Seria um longo dia.

- Ei. 

Pulei de susto ao escutar uma voz atrás de mim. Me virei rapidamente, com a mão no coração e os olhos arregalados. Cristiano Ronaldo me olhava com uma sombra de sorriso no rosto.

- Parece que estou ficando especialista em te assustar.  - ele riu.

- É, parece que sim. - sorri não tão bem humorada quanto ele.

- Levando em conta o jogo e sua cara de poucos amigos, seria muita burrice te perguntar se está tudo bem, não é?

- Ah, pode apostar que sim. - confirmei soltando uma risada.

Então se fez silêncio e o clima já era outro. Olhei ao redor e estávamos sozinhos no estacionamento, cautelosa olhei Cristiano e ele me encarava de uma maneira tão intensa, que quase me deixou constrangida. Parece que não era só me assustar que estava virando um hábito, mas ficarmos nos encarando também. E, vamos ser sinceros, isso era bem esquisito.

- É estranho, não é? - Cristiano parecia ter ouvido meus pensamentos.

- O que? - perguntei enquanto observava sua expressão que demonstrava uma confusão forçada.

- Nos conhecemos a anos, mas nunca tínhamos conversado realmente até algumas semanas atrás... - ele começou.

- Sim... 

- ... Então, não sei como, tivemos um momento nessa ocasião em que estávamos do mesmos jeito que estávamos a poucos segundos atrás: nos encarando.

- E...? - fiz menção pra ele prosseguir, embora um nervosismo previra o que ele iria concluir.

- E naquele momento, Rebeka, se não tívessemos sido interrompidos, eu teria beijado você. - Ele disse com uma expressão séria me olhando bem nos olhos.

Minha primeira reação foi: não ter reação. Eu não esperava ter tanta sinceridade assim... jogada na minha cara. Pisquei algumas vezes mas não formulei nenhuma frase coerente, por isso, fiquei calada enquanto passava a língua pelos meus lábios secos.

- E caralho, - Cristiano suspirou pesadamente - Só Deus sabe o quanto eu quero te beijar agora. - ele completou olhando fixamente meus lábios.

Naquele momento, senti medo que ele realmente fizesse isso. Que ele fizesse isso fossemos pegos. Mas, eu não podia negar, senti uma imensa vontade que ele o fizesse. Talvez assim eu o esqueceria de vez e não fantasiasse mais sobre isso.

- Isso é loucura. - consegui dizer, por fim.

- Pode ser. - ele disse se aproximando. - Mas a ideia de te beijar agora, te prensar no meu carro e sentir seu gosto na minha boca me parece tentadora demais.

Eu não tinha forças pra mais nada que não fosse encará-lo embasbacada, mas também impressionada e... excitada. Não podia negar, tudo que ele falava ganhava cenas na minha cabeça e eu sentia um arrepio só de imaginar elas se realizando. Cristiano estava muito próximo à mim e, então, se aproximou da minha orelha ao dizer:

- Não vai ser aqui. Não vai ser agora. Mas, Rebeka.. - ele deu uma pausa inalando meu cheiro. - Você ainda vai ser minha.

E assim, tão rápido quanto chegou, se foi.

 



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