Caroline Forbes
Poucos minutos depois de pousar em Miami, procurei uma loja de eletrônicos dentro do aeroporto. Consegui comprar um chip com vinte e dois dólares, já incluindo internet móvel. Logo, telefonei para Elena.
--Vindo diretamente de Miami, só pode ser você! –disse assim que atendeu a ligação, provavelmente confirmando a localização pelos DDD do meu novo número.
--Eu mal cheguei aqui e já estou morrendo de saudades.
--Acredite, eu também! E então, o que achou da noite passada? Mal tivemos tempo de nos despedirmos já que você acordou atrasada.
Busquei alguns momentos que conseguia lembrar-me vagamente da noite passada, mas eles eram poucos, graças à tequila.
--Bom, o pouco que lembro tão dálmata.
Elena e eu tínhamos nossos códigos desde a nossa adolescência. Por volta dos nossos quinze anos, Matt, o primeiro namorado de Elena, havia ganhado um carro de presente dos pais. Desde então, reuníamos nossa turma e íamos farrear, sempre portando identidades falsas. Claro, nossos pais nem mesmo imaginavam nossas fugas, então sempre que íamos falar de uma delas, usávamos a palavra dálmata para dizer que foi extremamente insano. Isso meio que pegou e usávamos até hoje, mesmo não precisando mais.
--Ao menos você gostou, pois isso me rendeu uma boa briga com Damon.
--Diga-me o que não rende uma discussão a vocês dois. –respondi, revirando os olhos e comprando um folheado no café. –Ei, preciso ir. Provavelmente minha companheira de quarto e parceira de trabalho está me esperando no desembarque.
--Tudo bem. Conte-me tudo assim que chegar a casa.
--Beijos, amo você vaca.
--Eu também.
Peguei minha mala na esteira enquanto desligava o telefone. Caminhei apressadamente até o desembarque, e observei o mar de pessoas a minha frente. Pouco a pouco, fui lendo os nomes depositados nas placas que alguns seguravam. Logo, reconheci o meu nome.
Caroline Forbes.
Uma garota de minha idade a segurava. Seus cabelos eram absurdamente negros, enquanto a pele contradizia completamente, por ser muito branca. Os olhos eram redondos e azuis. Seu rosto refletia alivio, leveza e muita calma, mas dava-se para perceber que não era uma pessoa fácil de lidar. Ela vestia calça short jeans, uma blusa de manga longa de rendas e uma sapatilha nos pés. Aproximei-me cautelosamente, sorrindo para que soubesse que a pessoa que esperava havia chego.
--Oi! –cumprimentou com dois beijos no rosto - Você deve ser Caroline, não é?
Dei de ombros.
--Sim, e você?...
--Audrey! Audrey Sams, sua parceira de quarto e trabalho.
Agradeci mentalmente pela sua simpatia e lancei a ela o melhor dos meus sorrisos.
--Então, você precisa comprar alguma coisa antes de irmos para a casa?
Neguei com a cabeça.
--Tudo bem. Venha comigo, o carro está no estacionamento do aeroporto.
***
Após longos vinte minutos andando de carro, Audrey finalmente o estacionou na frente de um parque.
--Um parque? Será minha guia turística por Miami? –brinquei.
--Não. –negou, delicadamente –Moramos aqui. –ela aproximou-se do interfone e finalmente disse –Kevin, sou eu, Audrey.
O portão do parque abriu-se e o carro adentrou. Não consegui conter a minha surpresa ao perceber que a casa em si seria apenas mais um detalhe. Ela estava dentro de um parque! Árvores, caminhos, bancos e até um lago faziam parte da propriedade, sem contar nas duas casas na arvore que vi no decorrer do caminho. Como o esperado, a casa fazia jus ao terreno. Totalmente luxuosa e espaçosa, tendo qualquer tipo de luxuria imaginável, qualquer uma! A construção lembrava as casas da era vitoriana, com persianas e portas brancas, mas com o acabamento final em marfim.
--Caroline, seja bem-vinda. –Audrey abriu a porta e revelou o interior da casa –O nosso quarto fica a esquerda. –revelou-me, indicando o corredor no andar superior. Além de grande, a casa era muito decorada com quadros, vasos e flores. Entrei na porta que Audrey indicou e observei o quarto amplo. Duas camas de casal, uma lareira, guarda-roupa e penteadeira. Uau. Abri uma porta dentro do quarto e descobri que ele era uma suíte.
--Esse é o nosso quarto? –perguntei para confirmar.
--Legal né?
Audrey trouxe minha mala e a colocou em cima da cama.
--Bom... Posso lhe instruir antes que os Mikaelson cheguem?
--Seria um prazer. –agradeci, sentando-me a cama e vendo-a fazer o mesmo.
Ela suspirou antes de começar a ditar meus deveres.
--Tudo o que direi só serve para os dias em que os Mikaelson estiverem na casa, caso eles não estejam, você pode fazer o que quiser. –Audrey lançou-me um sorriso malicioso, e adorei a cumplicidade que em breve teríamos –Acordamos pontualmente as sete da manhã, preparamos o café e o servimos ás nove. Durante todo o tempo, você precisa ser extremamente calma, educada e gentil. Vai ser difícil, principalmente com o caçula, Kol. Ele é o típico cara que já saiu da adolescência, mas também não aceitou as responsabilidades que uma vida adulta oferece, sem contar o quão pervertido ele é.
Revirei os olhos. Já não gostava daquele cara.
--Além de tudo isso, elogie Esther, a nossa patroa, sempre que possível, mas nunca deixe-a perceber que está puxando seu saco. Depois do café da manhã, quase todos saem, e então começamos a limpar seus quartos e a cozinha. Não se preocupe, a casa não é nossa responsabilidade, uma vez que a faxineira vez toda segunda-feira.
Anotei aquilo mentalmente em minha agenda.
--Quando terminarmos de limpar a cozinha e arrumar os quartos, preparamos o almoço. Colocamos a mesa, assim como faremos em todas as refeições. De vez em quando, os Mikaelson dão jantares importantes aqui, e nós ficamos encarregadas de organizar o Buffet e entreter os convidados.
--Entreter? –perguntei alarmada.
--Calma! Não no sentido que você pensou... –explicou –Apenas oferecer bebida a eles, conversar caso queiramos, mostrar-lhes o que o buffet oferece e coisas do tipo.
Assenti.
--E por último, mas não menos importante, nunca, nunca, nunca, se deixe cair nas garras de Niklaus Mikaelson.
--Quem é esse?
--É outro irmão.
--Quantos são, no total?
--Cinco. Freya, Rebekah, Kol, Elijah e Niklaus.
--Santo Deus...
--Freya e Rebekah serão atenciosas contigo, principalmente porque será nova. Não espere isso de Kol ou Niklaus. Talvez de Elijah, porque ele é um cavalheiro. –Audrey carregou tanto carinho na descrição de Elijah que poderia arriscar palpitar que eles tem um caso.
--E depois dos jantares? Digo, nos dias normais.
--Recolhemos a mesa depois que eles terminam de comer, e então nós podemos nos ausentar depois das onze.
Esperei por mais coisas, porém minha parceira apenas continuou olhando-me.
--É só isso?
--É!
--Meio milhão de dólares por isso?
--Existem pessoas que tem dinheiro até pra limpar o cocô do cachorro deles.
--Uau...
--E por falar em cachorro, cuidamos de Susie ás vezes.
--Susie?
--É. A Golden da família.
--Certo...
--Ela é um doce.
--Imagino.
Depois de terminar as instruções, Audrey sorriu e retirou-se do quarto, deixando-me sozinha. Cinco minutos depois, ela entrou novamente nele e disse:
--A propósito, eles chegam daqui a dois dias.
--E se eu preferir sair depois das onze e não dormir? –perguntei.
--Contato que esteja disposta no dia seguinte às sete da manhã, não existe problema algum.
Retirando-se novamente, Audrey acenou.
Estava enfim, sozinha.
Busquei meu celular na bolsa e disquei no número de Elena.
--Elena, você não vai acreditar...
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