Duquesa piscou e simplesmente estava no chão.
Quando olhou para cima pode ver três pessoas lhe olhando. Uma moça de cabelos ruivos como o seu estava no meio de dois rapazes, um que era meio franzino e estava mais assustado que os demais e o outro que tinha um maxilar notoriamente grande e parecia olhar Duquesa com curiosidade.
Ela levantou-se em um pulo, limpou a jaqueta de couro com alguns tapinhas e sorriu para os três.
― Eu juro que não percebi que vocês estavam vindo, me perdoem. Agora está tudo bem! ― Ela proferiu tentando tirar aquela cara de estranheza dos três.
No entanto ela percebeu que o rapaz que usava gravata borboleta e tinha o maxilar avantajado continuava a lhe olhar, observou bem para ponderar se não o conhecia e pode perceber que seu olhar ― apenas o seu olhar ― lembrava o de alguém.
― Duquesa? AH! ― O rapaz gritou, a abraçando e girando no ar.
― Ai, Doutor? ― A moça questionou até porque ele era a única pessoa que lhe chamava por aquele nome.
Assim que ele parou de rodá-la no ar, ela observou seus olhos novamente e constatou que era o Doutor. A nova feição do Doutor. A terceira que Duquesa conhecia. Ela sorriu e o abraçou forte de volta.
― Fazem dois anos desde a última vez e você não...
― Dois anos? ― O Doutor a interrompeu mexendo as mãos de forma desgovernada fazendo com que ela não entendesse muito bem. ― Para mim fazem... Hmm... Duas semanas, no máximo!
Duquesa abriu a boca num perfeito ‘o’ e deu um tapa no ombro dele, que reclamou, todavia parou e observou a reação dela.
Era isso que ele havia sentido na última vez. Ficou tanto tempo longe dele, sentiu sua falta e para ele foram apenas duas semanas? Aquilo de linhas temporais distintas era bem injusta. O que, instantes depois a fez ponderar que depois daquele encontro ele havia se regenerado.
― E eu posso saber porque você regenerou? ― Duquesa proferiu um tanto rude, mas estava bem mais preocupada e curiosa. ― Uau, eu soei como Donna agora!
― Bom, é uma história bem complicada e... ― O Doutor mexia suas mãos de forma frenética até ser interrompido.
― O que está acontecendo aqui? ― O rapaz mais franzino perguntou, notoriamente atordoado.
A moça ao seu lado parecia bem mais confortável, talvez tivesse visto coisas diferentes com o Doutor, e sorria pela forma que os dois se comunicavam. Duquesa sorriu olhando para ela.
― Onde estão meus modos? ― A senhora do tempo questionando dando um tapa no braço do Doutor e indo até os dois. ― Eu sou a Duquesa, senhora do tempo como ele, só que eu sou mais legal! Vocês são?
― Eu sou Amy e esse é meu marido Rory! ― A moça igualmente ruiva se apresentou sorrindo para a senhora do tempo.
― Eles são os Pond! ― O Doutor anunciou animado apontando os dois.
Os três olharam para ele por alguns instantes. As duas claramente seguravam o riso daquela cena estranha que ele tinha protagonizado enquanto o rapaz ― Rory ― parecia estranhar um pouco, provavelmente não devia estar acostumado com as estranhezas do Doutor, que parecia ter várias naquela regeneração.
Duquesa por fim riu.
― Ele está sendo assim normalmente ou vocês deram café demais para ele? ― Finalmente questionou com o mesmo sorriso maroto de sempre.
― Eu só estou mais energético do que antes, só! ― Ele rebateu.
Não deu muito certo porque todos podiam perceber que ele estava se segurando para não mexer suas mãos com entusiasmo, como a senhora do tempo havia percebido que era uma nova característica sua.
Riu dele, todavia estava extremamente feliz de poder vê-lo novamente. Para ela havia se passado um bom tempo. Amy e Rory se despediram explicando para a Duquesa que o Doutor estava dando para eles viagens como forma de lua-de-mel pelo casamento deles, assim foram conhecer o local.
Duquesa nem se lembrava mais onde eles estavam.
O Doutor pegou em sua mão e saiu correndo pelas ruas que tinham um aspecto antigo, fazendo lembrar que eles estavam em Veneza. Algo provavelmente deveria estar muito errado ali para estarem o Doutor e a Duquesa juntos, sempre era assim.
Eles se sentaram em um banco a frente de um lago e puseram-se a conversar.
― Você vai ou não me contar como e porque você regenerou? De novo... ― Duquesa reclamou para ele de forma que a lembrava demais Donna.
― O Mestre quase acabou com o mundo e eu tive que impedir, mas não foi isso. O avô de Donna ficou preso em um local que soltava radiação e eu troquei de lugar com ele...
O Doutor explicava a história quase atropelando as próximas palavras, demonstrando como ele era hiperativo, entretanto a moça pode perceber um leve tom de tristeza em sua voz.
― Eu sinto muito Doutor... ― Ela disse e apertou a mão dele de leve, afinal de contas ele não havia soltado desde o momento que as entrelaçou. ― E Donna? Ela...?
― NÃO! ― Ele gritou, mas foi quase num lapso de reafirmar a si mesmo que ela estava bem. ― Ela ajudou a salvar o mundo antes disso. Ela foi a mulher mais importante da história da criação, mas isso custou a sua memória. Eu tive que apagar todas as aventuras que nós tivemos para que ela não morresse.
― Ela está bem pelo menos, eu senti falta de Donna nesses anos que não te vi. Ela sempre me pareceu incrível. Pena que nem de mim ela lembra mais...
― E você... ― O Doutor mudou de assunto, evitando que a tristeza se instaurasse entre eles. ― Viajou com alguém ou ficou sozinha?
― Teve essa menina, Charllote. Ela tinha pouco mais de dez anos, era órfã e me ajudou em um problema que tive nos Estados Unidos. Depois disso ela começou a viajar comigo por quase um ano, sempre que eu tentava achar um lar para ela não dava certo. Era como se ela devesse ficar comigo, mas um Dalek... ― Ela pausou a explicação, suspirando pesadamente. ― Você sabe o que Daleks fazem...
Por um pequeno momento o Doutor pareceu ficar quieto e assim a moça também o fez. Observou o horizonte por alguns instantes. Se o Doutor e a Duquesa tinham algo de parecido era que sempre eles perdiam as pessoas, mas no fundo sabiam que também tinham um ao outro por todo tempo e espaço.
― Bom, mas nós estamos em Veneza e podemos aproveitar um pouco certo? ― O Doutor deu um salto sorrindo, na tentativa de esquecer todas aquelas histórias tristes que os dois tinham. ― O que pode dar de errado?
Duquesa não queria dar o braço a torcer porque adorava a regeneração em que ela conheceu o Doutor, entretanto aquela versão mais nova e mais hiperativa também era extremamente legal. Ela sorriu e levantou ficando de frente com ele.
Ele pegou a sua mão e deu um sorriso malandro. Doutor começou a correr puxando a mão da Duquesa.
No entanto enquanto eles corriam pela cidade puderam ver Amy e Rory correndo na direção deles. Os senhores do tempo pararam e assim o casal também o fez.
― Vampiros em Veneza! ― Amy proferiu num misto de preocupação e animação que deixaram Duquesa curiosa.
― VAMPIROS EM VENEZA! Eu disse, o que poderia dar de errado? ― O Doutor proferiu com ar de espertalhão.
***
O plano dos três era simples, mas acabou requisitando muito deles e dessa forma Duquesa também tinha que fazer muito. Ela se infiltrou antes de Amy afim de ficar de olho neste caso algo desse errado.
No fim, o Doutor havia salvado a todos como de costume e ela havia lhe ajudado, como adorava fazer.
Amy e Rory estavam dentro da TARDIS, haviam se cansado muito sendo assim o Doutor e a Duquesa ficaram mais alguns minutos sentados num banco conversando.
― Eu acho que eu fui uma boa companion hoje, não acha? ― Duquesa questionou olhando o horizonte.
― Sim, nós devíamos fazer isso mais vezes. ― O Doutor comentou e a moça apenas assentiu com a cabeça. ― AAH!
O Doutor gritou assustando a ruiva que apenas olhou seu rosto com medo. Ele estava regenerando? Estava com dor? O que estava acontecendo?
― O que foi Doutor? ― Questionou rapidamente preocupada.
― Você me prometeu que um dia iriamos viajar juntos. Vamos logo!
O homem levantou-se, arrumou a gravata borboleta e puxou a mão da senhora do tempo correndo em direção a sua TARDIS. Ela não protestou. Havia prometido viajar uma vez com ele e ela realmente queria fazer aquilo. Riu enquanto corriam novamente. Entraram na máquina do tempo e sumiram de Veneza. Ela, os Pond e o Doutor em uma viagem onde eles com certeza iriam encontrar muitos problemas, porém também iriam ajudar muitas pessoas.
Duquesa tinha certeza disso.
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