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História A Encantadora de Dragões - A História de Pansy Parkinson - A Colina das Runas


Escrita por: RLSarzenski

Capítulo 11 - A Colina das Runas


Fanfic / Fanfiction A Encantadora de Dragões - A História de Pansy Parkinson - A Colina das Runas

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No dia em que finalizou sua última prova, Pansy e seus colegas saíram para dar uma caminhada pelos jardins. Fazia um dia agradável e límpido, e Pansy aspirou de olhos fechados o frescor dos pinheiros sob um céu coberto com um manto de nuvens azuis.

O terceiro ano letivo em Hogwarts estava encerrado, e agora tinham alguns poucos dias livres antes de partirem no trem de volta para suas casas. Pansy caminhava quieta ao lado de seus colegas, que conversavam em voz alta sobre as dificuldades da última prova de Transfiguração. Pansy no entanto preferia ficar em silêncio. Não que houvesse alguma coisa errada - pelo contrário. Pansy estava perfeitamente em paz consigo mesma. Pela primeira vez nos últimos dias ela se sentia serena, e desejava apenas desfrutar aquele momento.

Somente quando chegaram ao seu destino ela falou, com um sorriso sincero:

– Boa tarde, Prof.ª Grubbly-Plank.

 

***

 

Estavam em meio a uma vasta colina verde, situada no alto de um monte. O local era resguardado por uma muralha de altos pinheiros nos cantos, e aqui e ali se viam monolitos de pedra brotando da relva. Eram rústicos e de todos os tamanhos, e exibiam estranhos símbolos e runas que remontavam à antiga civilização celta. Daquela colina podiam ver toda a propriedade de Hogwarts: o castelo imponente, tenuamente refletido pelo Lago Negro, e algumas torres do campo de Quadribol se erguendo ao fundo. O cenário era rodeado por grandes montanhas, e para além delas uma fina chuva parecia cair no horizonte distante.

A paisagem era verdadeiramente deslumbrante.

Mas Pansy estava mais deslumbrada naquele momento com o animal à sua frente.

– Devagar.. - orientou a Prof.ª Grubbly-Plank, ao lado dela – Agora estenda a sua mão aberta e espere.

Pansy obedeceu. O unicórnio se aproximou com cautela e farejou os torrões de açúcar em sua mão. Em seguida os envolveu com os lábios, fazendo cócegas na palma de Pansy. Ela soltou um riso que transbordava de gosto.

A criatura era divinamente fantástica. Seu pelo era tão branco que causaria inveja à própria neve, pensou Pansy. Após comer todos os torrões de açúcar, o unicórnio se agachou para descansar, os joelhos dianteiros apoiados sobre a relva.

– Muito bem. - disse a professora sorrindo. – Acho que agora você pode tocá-lo.

Pansy deslizou o dedo delicadamente pelo longo chifre anelado, e então mergulhou a mão na crina suave e reluzente da criatura. A sensação era maravilhosa.

– Excelente! - cumprimentou Grubbly-Plank, sentando-se numa pedra. – Leva jeito com as criaturas mágicas, Srta. Parkinson. Os unicórnios em geral preferem o toque das mulheres, mas mesmo para uma bruxa experiente não é fácil conquistar sua confiança.

Pansy também se agachou sobre a relva, juntando suas pernas a um lado. Agora acariciava o comprido focinho equino na sua frente, e ela sorriu desejando que suas amigas vissem aquilo. Elas estavam rodeando o unicórnio encantadas havia poucos minutos, mas então se dispersaram pela campina como todos os outros.

Pansy olhou para trás e viu que Dafne e Tracey ainda estavam perseguindo fadas - pequenos pontinhos de luz que ondulavam no ar próximo ao chão. Draco perambulava entre os monolitos de pedra estudando atentamente as runas inscritas. Um pouco mais ao longe, os meninos perscrutavam a orla da floresta (eles juravam que haviam visto centauros passando entre as árvores) e Emília parecia ter se perdido seguindo pegadas de trasgo.

Mas tudo bem, pensou Pansy despreocupada. Talvez fosse melhor conversar longe de uma multidão por alguns instantes.

– Ele é tão lindo. - comentou ela, ainda acariciando o unicórnio.

– De fato. - respondeu Grubbly-Plank, acendendo seu longo cachimbo de cerejeira. – São criaturas excepcionais, os unicórnios. A maioria pensa que são dóceis e inofensivos, mas se forem irritados são capazes de matar um leão.

Pansy olhou para o rosto afável da professora, emoldurado por um cabelo curto tecido com fios de algodão.

– Isso é incrível. - disse Pansy, voltando o rosto para o ambiente à sua volta. – É assim que deveriam ser as nossas aulas. Queria que a senhora fosse a nossa professora, e não aquele guarda-caças. Sinceramente, não sei no que Dumbledore estava pensando.

– Ora.. - disse ela, num tom amável e conciliador. – Tente dar uma chance a ele. É a primeira vez dele como professor. Talvez não tenha pegado o jeito ainda, mas garanto que Hagrid tem muita coisa a ensinar a seus alunos.

– Nossas aulas se resumem a alimentar vermes com alfaces. - informou Pansy sem emoção. – Tem sido assim o ano inteiro.

– Oh.. - disse a professora, um tanto surpresa. Dessa vez parecia incapaz de encontrar uma forma de defender o colega.

Mas em seguida recomeçou:

– Bem.. suponho que ele esteja tentando compensar o incidente na primeira aula. Não posso negar, hipogrifos logo de cara para uma turma iniciante.. talvez ele tenha começado um pouco “grande” demais.

Pansy ficou calada por uns instantes. Estava relembrando o episódio com o braço de Draco e o desdobramento daquilo até ali. Ao fim das contas, ficou sabendo que o Ministério decidira não responsabilizar Hagrid. Pansy supôs que o dedo de Dumbledore estava metido nisso: infelizmente ele também era um bruxo bastante influente e poderoso. Podia forçar suas decisões injustas no Ministério da mesma forma que fazia em Hogwarts.

– O hipogrifo cinza.. - lembrou Pansy – ..ele não foi mesmo sacrificado, foi?

– Assim sentenciou a Comissão. - respondeu Grubbly-Plank, de repente muito séria. – Mas por algum inexplicável artifício, ele conseguiu escapar bem na data marcada. Ninguém até agora sabe dizer como.

A professora olhou para um ponto distante no céu.

– E pensar que ele desapareceu bem debaixo do nariz da Comissão. Ele já estava com o machado afiado, o carrasco. - ela riu enquanto soprava alguns anéis de fumaça.

Pansy estremeceu.

Ela olhou para Draco, que caminhava solitário entre os monolitos como uma alma vagando por um cemitério esquecido. Pensou no que Hermione dissera a seu respeito. Seria possível que ele houvesse planejado aquilo desde o início? Usado ela, armado para provocar a demissão de Hagrid e a execução da criatura que alçou Potter a um breve minuto de glória?

Não.

Foi a conclusão a que Pansy chegou, quando o viu se recostar sob a sombra de uma árvore. Ali seus olhos se fecharam e Draco imergiu num repouso manso e sereno.

Granger deve ter se enganado.

Pansy conhecia Draco melhor do que ninguém: ele podia ser frio e rude por fora, mas por dentro era dotado de um espírito vibrante. Aquele era o mesmo garoto que tinha dado a luz à sua autoestima, que até então nunca tinha existido.

Ele jamais mentiria para ela daquela forma.

– Gosta de criaturas grandiosas, verdade? - perguntou a Prof.ª Grubbly-Plank, arrancando-a de seus devaneios.

– Ah, sim.. - respondeu Pansy, virando-se para a professora um pouco sem jeito.

– E qual seria o seu animal mágico favorito, Srta. Parkinson?

Ela baixou os olhos e pensou por um minuto. Então um sorriso brotou em seu rosto. O sorriso de alguém que acabou de descobrir a resposta para uma difícil charada:

– Dragões.

A Prof.ª Grubbly-Plank arregalou os olhos.

– Dragões?

Pansy balançou a cabeça afirmativamente, ainda sorrindo.

– Intrigante escolha. Eles não te assustam?

– No começo, me assustavam.. - respondeu ela devagar. – Mas ultimamente eu tenho tido um interesse cada vez maior neles.

– Posso imaginar. Afinal de contas, são as criaturas mágicas mais poderosas e temíveis que existem.

Grubbly-Plank disse aquilo num certo tom de solenidade, e Pansy sabia que isso tinha um grande significado vindo de uma especialista tão experiente. Ela puxou a varinha do bolso e mostrou para a professora.

–  É feita com corda de coração de dragão, sabe? O núcleo da minha varinha.

– Deve se sentir orgulhosa. - comentou Grubbly-Plank sorrindo. – Poucos bruxos conseguem uma dessas. Estão entre as mais raras, as varinhas feitas desse material. Não é todo dia que se mata um dragão, você sabe.

– O Sr. Olivaras me disse a mesma coisa, quando eu fui escolher.

– Aposto como ele também te disse, que é a varinha que escolhe o bruxo. - corrigiu amavelmente Grubbly-Plank, levando o cachimbo à boca.

– Tem razão. - lembrou Pansy. – Ele disse.

– Posso lhe perguntar, Srta. Parkinson, se a senhorita já viu um dragão de verdade na vida?

– Só na ilustração de um livro.. - respondeu Pansy, em voz baixa.

Lembrou do seu velho exemplar de Animais Fantásticos que agora jazia no piso sujo de um banheiro abandonado. Não queria voltar a pensar naquilo.

– Entendo. Devo lhe advertir nesse caso, como minha aprendiz e uma futura criadora em potencial. Ouça o conselho dessa velha bruxa: nunca brinque com um dragão. Eles não tem senso de humor.

Pansy achou aquele conselho estranho. Ele lhe soou de certa forma familiar, como se houvesse visto ou lido algo parecido em alguma parte.

– Eles não são como os hipogrifos ou os unicórnios, sabe. - continuou a mestre, fazendo longas pausas para soprar anéis de fumaça. – Eles não vão se curvar a você nem permitir que os acaricie. Ninguém jamais conseguiu domesticar um dragão. É impossível.

Pansy ouvia sua mestre em silêncio, absorvendo cada palavra com a máxima atenção.

– Conheço um domador de dragões habilidoso. Carlinhos Weasley, é o seu nome. Ele trabalha na Romênia, onde fica a maior reserva de dragões do mundo. É extremamente competente no que faz, o melhor domador que já conheci. Se você visse os braços dele.. todas aquelas cicatrizes. Poderiam ser as listras de um tigre.

Pansy ergueu uma sobrancelha.

– Nesse caso, ele não pode ser tão bom assim.. pode? - perguntou ela.

Grubbly-Plank riu.

– Conheceu o Sr. Kettleburn, o último professor-sênior de Trato das Criaturas Mágicas?

– Não.. soube que se aposentou ano passado, antes do tempo.

– E a senhorita sabe o motivo?

Pansy balançou a cabeça negativamente.

– Ele se descuidou por um segundo. Teve a perna esquerda inteira arrancada. Devorada, para ser mais precisa. Por um Dente-de-Víbora Peruano, e essa nem é a espécie mais perigosa que existe.

Pansy sentiu o estômago revirar. Grubbly-Plank sorriu colocando o cachimbo de volta na boca.

– Acredite, Srta. Parkinson. Um braço mutilado é a prova máxima que você é um perito, quando se lida com dragões.

De repente a definição de “galinha gigante” que Draco usou para um hipogrifo parecia bastante apropriada. Ela tornou a olhar para o menino, que dormia debaixo de um cipreste com um braço erguido apoiando a nuca.

– Mas deve haver alguma maneira de conquistá-los. Os dragões, quero dizer.

– Conquistá-los? Céus, não.

Ela descartou a ideia sem a menor hesitação.

– Veja bem, você pode enfeitiçar um dragão. Fazer ele ir na sua direção, ou prendê-lo por um tempo em correntes de ferro para navios. Você pode admirá-los, estudá-los, e talvez até compreendê-los.. Mas se tem uma coisa que eu aprendi com Carlinhos Weasley, é que você jamais irá conquistá-los.

Aqui ela fez uma breve pausa, e sua expressão se tornou algo melancólica.

– Não se deixe enganar.. não é da natureza dessas criaturas nutrir qualquer tipo de afeto, exceto por si mesmas. Certas espécies estão simplesmente a serviço da morte. E se brincar com serpentes, você será picada.

Um silêncio denso se abateu sobre as duas.

Pansy ouviu as risadas cristalinas de Tracey e Dafne ao longe. As meninas estavam rodeadas por pontos de luz, suspensas alguns centímetros no ar. Um tropel de cascos se ouvia ao fundo, nas entranhas da floresta, enquanto os meninos corriam pela orla. A cena parecia extraída de um sonho, do qual apenas um menino não participava. Lá, em meio àquela colina onírica, Draco Malfoy estava mergulhado em seu próprio mundo misterioso, inacessível para Pansy. Como um sonho dentro de um sonho.

Pansy achou que adentrar as profundezas de uma bola de cristal era difícil. Raramente conseguia enxergar algo além de uma névoa espiralada e sem forma. Mas agora que pensava, a mente de Draco era muito mais enigmática. Mais do que a esfinge. Ao menos no último exame com a Prof.ª Trelawney, ela tinha conseguido ver alguma coisa.. uma sombra. Algo dotado de chifres e asas negras.. ela não soube dizer na hora o que era. Somente agora que já era tarde a resposta lhe ocorria.. e a ironia dessa resposta era tão esmagadora que Pansy não pode evitar de sorrir.

“Nunca se esqueça, Srta. Parkinson. O orbe nunca revela destinos pequenos.”

O unicórnio ao lado de Pansy relinchou com vigor. Ela se assustou, mas Grubbly-Plank pareceu compreender o protesto. Ela retirou mais alguns torrões de açúcar de sua bolsa de couro e os passou para Pansy, que alimentou o unicórnio e o presenteou com mais algumas carícias. Grubbly-Plank reforçou suas recomendações aos meninos para que não invadissem o domínio dos centauros, a menos que quisessem ser atravessados por flechas. Em seguida voltou-se novamente para sua aprendiz:

– Mas devo dizer, querida.. - recomeçou – Seu interesse por essas criaturas é muito peculiar. Dentre todos os animais fantásticos.. por que dragões?

Pansy pensou naquilo por um tempo, mas aquele era mais um enigma para o qual ela não tinha outra resposta a não ser o silêncio.

– Você é uma mocinha adorável, Srta. Parkinson. - disse a professora, no tom de ternura mais suave que ela já tinha ouvido. – Tenho certeza que não teria problema nenhum em conquistar qualquer outra criatura que quiser. Por que não escolhe uma mais amigável? Seria muito mais fácil.

Pansy ficou lisonjeada ao ouvir aquilo.

– Talvez. - disse, muito modesta.

E em seguida acrescentou, escolhendo com cuidado as palavras:

– Mas se fosse fácil.. qual seria a graça?

Grubbly-Plank soprou lentamente outra baforada de fumaça, mas dessa vez ela não saiu em forma de anéis. Pela primeira vez ela estava inteiramente concentrada em Pansy, e seu olhar emitia um certo brilho que podia ser algo parecido à admiração.

Pansy terminou de dar seus torrões e se levantou sacudindo a saia.

Em seguida virou-se para Draco, que ainda dormia a alguns metros de distância debaixo da árvore. Na mesma hora seu corpo parou. Naquele momento a visão de Draco adormecido na relva lhe pareceu a obra de arte mais bela do mundo, e por alguns segundos Pansy só conseguiu admirá-la. Uma brisa de montanha começou a soprar, e ela precisou afastar o cabelo dos olhos para continuar apreciando o rosto sereno e angelical esculpido diante de si.

– Está decidido. - falou Pansy, sentindo o calor de sua nova resolução lhe queimar o peito.

Ela se virou para a Prof.ª Grubbly-Plank com as mãos unidas atrás das costas, e seu sorriso era puro e frágil como o de uma criança.

– Serei uma encantadora de dragões.

 

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Notas Finais


É isso, pessoal.. com este capítulo minha fanfic está oficialmente na metade.

Quero agradecer muito a todos que me acompanharem até aqui. É com um pouco de tristeza que eu estou anunciando uma pausa na publicação.. tem sido um pouco difícil pra mim continuar escrevendo, por conta de motivos pessoais. Mas aos meus (poucos) leitores, quero deixar bem claro que de forma alguma pretendo abandonar essa fic. Podem ter certeza que irei até o final com ela. Só preciso de um pouco de tempo pra me readaptar, e enquanto isso eu vou aproveitar pra aperfeiçoar algumas coisas (vou corrigir alguns erros de formatação, acrescentar imagens, etc).

Não sei dizer quanto tempo isso vai levar, mas prometo que tentarei ser o mais breve possível. Até lá, procurem divulgar essa fic, compartilhar com amigos que tenham o mesmo interesse.. eu realmente agradeceria muito.

E mais uma vez, muito obrigado a vocês.. e até a próxima!


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