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História A Era Mais Escura - A Serpente Prateada de Losran - Parte 1


Escrita por: MarleyMAlves

Notas do Autor


Hey! Assim como o anterior, este capitulo também acabou se dividindo em dois, parece que eu tenho um problema com textos pequenos... Bom, espero que gostem da leitura... E PELO AMOR DE DEUS, não esqueçam de comentar, preciso saber o que meus leitores andam achando da minha narrativa.

Capítulo 5 - A Serpente Prateada de Losran - Parte 1


Fanfic / Fanfiction A Era Mais Escura - A Serpente Prateada de Losran - Parte 1

General Logan Orioth acabava de almoçar no refeitório do castelo. Estava mais mergulhado em trabalho agora do que nunca, pois o monarca de Ravius estava ausente em uma reunião do conselho dos três reinos, o que só significava mais mudanças; mais visitas; mais bailes chiques e irritantes; e por fim, mais descontentamento do povo de Losran.

            Como se já não fosse o bastante, recebera uma carta com o selo real naquela manhã informando-o de que um representante de Ellia, capital de Zankar, estaria chegando naquela tarde como convidado de honra do rei e deveria ser tratado como um duque, no mínimo. Tantos trabalhos, tantos problemas, e só um dele.

            Um recruta, vestido com as cores vermelhas e a armadura leve que representavam sua posição, se sentou repentinamente ao seu lado, na maioria das vezes isso seria um insulto, na maioria das vezes tal recruta ouviria umas boas de seu superior, no entanto esse não era o caso.

            - Bom dia, tio. – Disse Den, filho de sua irmã e um dos soldados sob seu comando.

            - Sabe que não é diferente de ninguém aqui, não sabe? – Retrucou, fitando-o rigorosamente.

            - É claro que sei, mas isso não quer dizer que não possa almoçar com meu tio, não é? – O garoto poderia ser desmiolado, mas por outro lado, era verdadeiro, e hoje em dia essa era uma qualidade rara.

            - Claro que não, também não quer dizer você não vá lavar todos os banheiros daqui caso se atrase de novo para o seu turno.

            - Isso foi a um mês! E foi só cinco minutos!

            Batendo no ombro do sobrinho, respondeu exibindo um meio sorriso:

            - Aqui, antes de ser seu tio, sou quem manda.

            Não discordando, Den apenas devolveu o sorriso, voltando para sua refeição enquanto ele voltava para seus papéis.

            Enquanto planejava a guarda noturna da cidade para próxima semana, ouviu um homem adentrar o refeitório aos tropeços enquanto tentava chegar até sua mesa, este parecia assombrado e pálido, Logan não conseguia imaginar o que poderia ter o assustado daquela maneira.

            - General! – Se exaltou por fim, tomando vastos goles de ar para recuperar o fôlego. – Um... um soldado acabou de entrar pelo portão sul, ferido, ele disse que... que Mila Dameron escapou!

            De imediato duvidou da sanidade de seu subordinado, até porque as chaves para o calabouço da assassina estavam ali, no palácio e sobre sua supervisão, aquilo não poderia nem em um milhão de anos ser verdade.

            - Tenho certeza que isso deve ser algum tipo de brincadeira, é impo...

            Interrompendo-o repentinamente, o guarda, um jovem-adulto alto e esguio, disse:

            - Senhor, o soldado que chegou, ele era o responsável por guardar a masmorra na noite passada, e trouxe junto com ele o outro que estava junto no serviço, o filho do Sir. Dalbert, morto.

            Levantando uma de suas sobrancelhas arqueadas, parou por um segundo para considerar a possibilidade de que talvez as chaves não estivessem onde ele achava que estavam. Por um momento tudo o que acontecera anos atrás envolvendo a criminosa voltou a sua cabeça, deixando-o tonto.

            - O que? Damian esta ferido!? – Questionou o sobrinho desconcertado, encarando-o.

            Não respondeu o jovem, apenas levantou-se de supetão do acento, andando a passos largos para fora do lugar e rumo ao seu escritório, precisava tirar aquilo a limpo.

            Todos os outros que ali almoçavam, pararam repentinamente, alguns se entreolharam, ou passaram a mastigar vagarosamente o desjejum, mas todos o seguiram com olhos arregalados até a saída do local.

            Em sua longa experiência e pelo quão bem conhecia os padrões daquela mulher, o qual estudou durante muitos e muitos meses antes e após sua prisão (apenas por interesse pessoal), sabia que aquela não era uma situação comum. Afinal, havia um sobrevivente.

            Assim que pôs os pés para fora do refeitório começou a dar ordens ao subordinado que o seguiu desde sua mesa, exigia falar com o tal Damian o mais rápido possível. Precisava que toda aquela situação se esclarecesse.

            Sabia que tipo de reação em cadeia a fuga de uma das maiores assassinas do reino causaria: mais caos, mais medo nas ruas, e mais degradação da já desestruturada guarda da cidade, pela qual ele era responsável.

            Pensamentos como esse naturalmente já o faziam estremecer, mas agora, ainda teria que se preocupar com uma mulher imprevisível que durante anos teve o poder de escolher quem viveria e quem morreria. Contudo, uma parte reprimida em seu peito fez com que esse pensamento em especial, não o deixasse nervoso.

 

            Estava sentado atrás de sua escrivaninha girando freneticamente uma faca de arremesso entre os dedos em uma mão enquanto na outra empunhava uma pena, com a qual sem sucesso tentava escrever uma carta para o rei informando sobre a fuga da assassina.

            Encarava sua espada, que jazia ao lado de seu assento, a lâmina curva embainhada era uma relíquia de família, havia na empunhadura a imagem de uma cobra esculpida em aço. Era única, um dos poucos sabres feitos por uma sociedade esquecida em Orfílea, um lugar hoje proibido aos homens. Durante sua juventude sempre detestou o brasão da família, chamada de Nahash, a cobra prateada de olhos brancos, conhecida como a manipuladora, o monstro que sussurrou inveja e ira no ouvido de um rei apenas para ver seu reino ruir. Logo, quando recebeu a lâmina, assim como o dever de honrar sua casa, aceitou a tarefa com desgosto, porém, quem diria que alguns anos depois, ele teria sua opinião mudada, e hoje viria a aceitar a cobra como um símbolo a sua altura.

            Não conseguia formular as palavras para escrever a mensagem, nada ali parecia fazer sentido; as três chaves jaziam em seus respectivos lugares, intocadas. “Isso é uma brincadeira de mau gosto, a não ser que... não, esqueça isso, é impossível. ”, falou para si mesmo enquanto procurava juntar peças que para ele pareciam invisíveis.

            Preparando-se para o arremesso, se pôs a encarar o alvo do lado oposto da sala, onde também jazia uma imponente tapeçaria ilustrada pelo brasão de Ravius; a espada e o escudo dourados do primeiro guerreiro a atravessar os bosques de Ilca e escapar da ira do centauro que lá dizem fazer morada, estava prestes a atirar a adaga, quando a porta se abriu e um soldado entrou.

            - Senhor General. – Falou, enquanto fazia uma reverencia. – O recruta esta aqui para vê-lo.        

- Certo – Proferiu, enquanto largava tanto a adaga como a pena. – Mande ele entrar e deixe-nos.

            O primeiro homem saiu, para logo em seguida um segundo entrar, este não usava uniforme, mas uma camisa preta e calças marrons, além de uma muleta sob o braço, mancava visivelmente, parou na entrada da sala e bateu continência com uma certa dificuldade.

            - Permissão para entrar senhor? – Disse com voz firme.

            Não conseguiu conter o sorriso discreto; quantos soldados pediam permissão para entrar na sala de seus superiores, aquele garoto não sabia, mas havia ganhado alguns pontos.

            - Sente-se, precisamos conversar sobre uma certa mulher em comum que conhecemos. – Convidou-o cordialmente.

            Ao observá-lo entrar, analisou seus ferimentos: um hematoma na cabeça, e um ferimento na coxa, mesmo que este não estivesse visível, a expressão e o suor no rosto dele transpareciam seu sofrimento. Percebera que o relatório que recebera mais cedo não mentia, os ataques foram desferidos com maestria, em locais onde a dor lancinante seria garantida, mas não fatal. Curioso.

            Após esperar um certo tempo para o jovem ferido se sentar na cadeira do outro lado do móvel, disse:

            - Qual é seu nome? – Enquanto guardava a papelada que estava a sua frente dentro da gaveta ao seu lado.

            - Damian Adalion, general. – O recruta possuía olhos azuis, cabelos escuros e bem aparados, encarava-o com certo receio no olhar.

            - Muito bem, Damian, quero saber o que aconteceu naquela masmorra nessa madrugada, como Mila Dameron escapou e como seu companheiro acabou morto. – Havia relutância naqueles olhos de safira, algo não estava certo.

            - General, eu não sei se posso responder claramente... – Falou ele ao começar a evitar seus olhos.

            O que o incomoda? Pensou. Não parecia intimado, mas sim outra coisa.

            - Responda olhando para mim.

            Assim, chefe e subordinado voltaram a se encarar, e após segundos de silencio, decidiu mudar de abordagem.

            - Preciso saber o que aconteceu naquele maldito calabouço, a cidade pode depender disso, cada informação é valiosa demais para ser perdida soldado, você entende o que estou dizendo?

            O jovem assentiu com a cabeça e passou a mão no rosto, parecia desconfortável, perturbado, como se houvessem vozes em seus ouvidos confundidos seus sentidos.

            - Estou esperando. – Apressou-o, cruzando os braços na altura do peito.

            O recruta então, se endireitou na cadeira, respirou alto o suficiente para ele ouvir e enfim, começou a falar.

 

            Damian contou sua história, sobre como Albert de alguma maneira conseguiu abrir a cela e como só percebeu quando já era tarde, mas não tarde demais para impedir o jovem nobre e traidor de escapar, assim, teve a perna ferida e foi nocauteado. Descreveu perfeitamente seus passos, desde quando recuperou a consciência e mancou até a estrada, onde conseguiu chegar até Losran e informou os guardas sobre a fuga da assassina.

            Quando terminou, Logan recostou na cadeira, apoiando o queixo no punho, após alguns momentos fitando os olhos azuis do soldado, pronunciou:

            - Muito bem, é só isso, pode ir.

            A frase foi inesperada para o soldado debilitado, que surpreso se endireitou na cadeira, ficando sem reação enquanto encarava o chefe.

            - O que esta esperando? Esta dispensado. – Repetiu pegando a pena de cima da mesa com a mão livre.

            - Desculpe, senhor, espero ter sido útil. – Rapidamente para alguém em suas condições se levantou e mancou até a saída, mas antes que se retirasse, Logan ainda na mesma posição, falou:

            - Sabe o que apreendemos com situações assim?

  Se virando no meio do caminho, o outro respondeu:

            - Não, senhor.

            - Que pessoas como essa mulher não mudam, e pior, transformam pessoas de bem como eu e você, em cretinos mentirosos como ela. – Encarava-o friamente.

            - Como guardas da capital e soldados do reino devemos permanecer fieis a nossas crenças, para não cometermos estes pecados. – Replicou o jovem.

            - Tem toda razão garoto, tem toda a razão. – Admitiu, logo antes de fazer um movimento com a mão, sinalizando para que o recruta se retirasse.

            Damian Adalion bateu continência uma vez mais antes de se sair.

            Logan passou a mão em seus cabelos castanhos, pensativo, media tudo o que acabara de acontecer, todas as afirmações precipitadas que rugiam em sua cabeça, falsas certezas e antigas mágoas lutavam para dominar seus pensamentos. Assim, antes que enlouquecesse, voltou a encarar o papel a sua frente; uma parte dele acreditava que por um milagre as palavras perfeitas brotariam na folha, o poupando da exaustiva tarefa de escolher as formas mais agradáveis para passar uma notícia totalmente desagradável.

            Deuses, como odiava esse trabalho.

 

            Mais tarde, entrou em contato com um soldado que viu um companheiro conversando com uma jovem vestida em trapos perto do portão de entrada da cidade.

            Depois de reunir o máximo de informações que conseguiu com todos os guardas daquele turno, começou a buscar pelo tal homem.

            Só o localizou horas mais tarde, quando já ao cair do sol, este voltou fora do horário de serviço ao local onde conversara com a estranha. Imediatamente, o levaram até seu superior, o qual conduziu uma tranquila e sincera conversa, esta que terminou com o homem revelando que permitiu a passagem da atraente donzela quando ela o prometera alguns “favores”, logo como já esperava, a ‘donzela’ não retornou para devolver o favor.

            Como punição pela quebra das regras, e ter participado mesmo que sem saber, da provável entrada de uma perigosa mercenária na capital, o homem teve os turnos dobrados pelo próximo ano.

            Também garantiu, naturalmente, que a esposa dele ficasse sabendo de todos os detalhes do caso. Uma parte obscura do general que raramente era alimentada sentiu um enorme prazer ao receber a resposta da mulher, que em meio a agradecimentos pela sinceridade e comparações de seu marido com diversos animais (em especial suínos) lhe prometera que o homem nunca mais colocaria os pés em sua casa.

 

            Já com a lua alta, percebeu que o tal emissário de Zankar não havia chego, pelo menos não que tivesse sido informado, e duvidava que tivessem esquecido de lhe avisar; não seria surpresa que as grandes caravanas se perdessem nas estradas verdes de Ravius, já que eram acostumados com os campos áridos e frios ao sul.

            Já passavam das vinte e uma horas quando saiu de seu escritório; ia em direção a seu quarto, contudo em determinado corredor mudara seu rumo para a saída do palácio.

            Não tinha certeza de onde iria, mas algo o incomodava e não conseguiria ter uma noite de sono tranquila enquanto não tirasse uma dúvida que o afligira durante toda a tarde.

            Assim que atingiu o portão, os quatro guardas que estavam de prontidão, se endireitaram e ergueram suas lanças em aclamação.

            - Boa noite, General Orioth! – Exclamou o forte homem de armadura mais próximo.

            - Boa noite, soldados. – Disse ao passar com seu sobretudo preto e sua espada embainhada ao lado da cintura, suas vestes escuras exibiam adornos prateados, um destes, uma ombreira requintada e marcada com o brasão de seu rei, aquele item assegurava sua patente, estas eram peças feitas do mesmo metal que sua manopla, um pedido pessoal que usava na mesma mão onde seu sabre era empunhado.

            - Senhor, sair agora não seria recomendável, ainda mais com a onda de crimes que andam acontecendo, me permita chamar alguns homens para acompanhá-lo.

            Onda de crimes... seria a primeira desde o início dos tempos; aquilo não era obra de mercenários revoltados ou feras da noite com sede de sangue, havia algo acontecendo por baixo dos panos que não conseguia enxergar, algo pior, e isso o estava consumindo nos últimos tempos.

            - Não precisa se incomodar. – Acalmou-o levantando a mão. - Vou apenas esfriar a cabeça, se preocupe com seu posto. – Replicou amigavelmente.

            - Como o senhor preferir, General.

            Quando passou pelo portão, caminhou observando as lanternas nas laterais das ruas, as luzes brilhavam maravilhosamente, iluminando quase todos os cantos escuros da larga rua.

            Sabia que a situação da cidade estava se agravando, algo estava à espreita, algo tão ardiloso que conseguia se esconder dos mais habilidosos soldados, nas mais mínimas sombras, e agora, com a Lâmina Sinistra de volta ao jogo, não sabia o que seria do futuro da capital.

            Continuou seu caminho para fora do palácio, em direção a cidade noturna.


Notas Finais


E então? o que acharam?! POR FAVOR! Escrevam aqui embaixo suas opiniões e sugestões! Se está perfeito ou péssimo, preciso que me indiquem os pontos fortes e fracos, para que eu consiga estar sempre melhorando!


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