História A Era Vermelha - Hannah

Os dias na Fortaleza eram sempre os mesmos.

Pessoas andando de um lado para o outro apressadas em seus serviços.

Mercadores em seus pontos de trocas de mercadorias.

Ferreiros batendo seus martelos no aço.

Algumas crianças correndo e rindo.

Os guardas fazendo suas vigias.

Marceneiros construindo alguma casa nova ou arrumando alguma coisa quebrada.  

A Fortaleza é um lugar enorme, situada no Rio da Prata, fazendo divisa com, outrora chamado, Uruguai e Argentina. 

 Foi construído uma muralha enorme com quatro portões principais , rodeada por terras ao norte, sul e oeste, e água ao leste.

É um ponto estratégico muito bom para defesa. Há um Porto com alguns barcos na praia utilizados na pesca e quando tem ataques.

 A grande maioria dos moradores são humanos, há entre eles uns três lobisomens e uns 2 vampiros. Foram aceitos depois de muitos testes de lealdade e provações de que não matariam nenhum humano.   

Ela é como uma cidade grande, há de tudo que é necessário para sobreviverem.  Não há uma pessoa sozinha como responsável, mas foi organizado um comitê de líderes para ajudar no progresso e harmonia cotidiana.  Esse comitê é formado pelos 5 humanos mais velhos.  Quando algo acontece de bom ou ruim são eles que procuram a melhor solução para ajudar a resolver ou enaltecer o ocorrido. O povo da Fortaleza já enfrentou diversos perigos e tentativas de invasões, não apenas de monstros, mas também de grupos de humanos que se unem para saquear aldeias e vilas, tentam algumas vezes atacar a Fortaleza sem sucesso. Tem apenas dez anos que uma sensação de paz e quietude contorna a região. Houve no início guerras com os monstros que vivem do outro lado.  Hannah lembra bem quando um grupo de lobisomens tentaram atacar a Fortaleza, ela tinha apenas seis anos. Muitas pessoas morreram, seus pais foram um deles.  Por ter perdido seus pais tão cedo ela foi criada pela anciã mais velha, Hannah chama ela carinhosamente de Lala. As duas procuram fazer muitas coisas juntas sempre que Lala está em casa. Ela tem 106 anos e presenciou todo o terror e caos do aparecimento da Lua Vermelha. Faz parte do Conselho dos cinco e é uma exímia guerreira e muito sábia. Todo treinamento e conhecimento nas artes marciais e sobre como matar um lobisomem e um vampiro que Hannah tem foi ensinado por Lala.  

Hoje Hannah está com 17 anos e participa de missões protegendo os comboios de alimentos que são levados para as colônias que se uniram com a Fortaleza. Ela sabe lutar com espadas e armas de fogo, porém o Arco e flecha é o seu favorito.  Lala lhe deu um Arco cromado de um metal maleável e extremamente resistente com um poder de alcance incrível, Hannah está sempre com ele, já usou algumas vezes em suas missões. Suas experiências em combate se resumem em pequenos ataques aos comboios por ladrões, um vampiro perdido na mata acreditando que era forte o bastante para enfrentar 20 homens e um trio de lobisomens que atacaram uma colônia em que ela estava uma vez que se tornou um massacre com as cabeças dos lobisomens presas em estacas na entrada da colônia como aviso.  

São 08h agora, Hannah está em seu quarto observando a noite que está fria para seu primeiro dia de inverno, mas não o suficiente para nevar.  Hannah gostava de quando a neve caía, o chão ficava coberto pela neve branca que refletia a luz da lua, era algo que apreciava, pois a paisagem mudava seu tom obscuro.  Tudo estava tranquilo e quieto demais.  Um arrepio percorreu o corpo de Hannah, lhe dando a sensação de que alguma coisa não estava certa, sentia-se sendo observada, será que seria só sua imaginação?  Os dias desta semana haviam sido longos, pois não teve nenhum descanso trabalhando por horas na biblioteca. Era lá que ela ficava quando não era chamada para uma missão. Resolveu ir ver se Lala já havia chegado, mas ela não estava, devia estar em alguma reunião do Conselho ainda.

A sensação de arrepio continuava, decidiu sair e dar uma caminhada até a praça Central. As ruas da Fortaleza estavam movimentadas, cheias de conversas e risadas o que fez com que Hannah se tranquilizasse.  Chegou na Praça e ficou sentada na Fonte observando as pessoas.  Distraída em seus pensamentos não viu quando Cris se aproximou. 

-Oi pimentinha! – Cris tem a mesma idade de Hannah, cresceram juntos.  E por causa dos cabelos ruivos e da facilidade como Hannah ficava vermelha quando estava brava ele lhe deu esse apelido.  Hannah odeia o apelido que já causou muitas brigas entre os dois, mas ela já desistiu e resolveu aceitar.  

-Oi Cris!  - Ela respondeu sem muita emoção.  Nas últimas semanas se sentia apreensiva perto dele e incomodava o fato de não saber o motivo, havia momentos em que gostaria de estrangulá-lo por ser tão idiota e insensível com ela.  

Cris ficou encarando Hannah por um bom tempo, estava prestes a lhe fazer um pergunta que há dias estava querendo, mas um estouro muito alto lhe impediu.  Hannah olhou assustada para ele e levantou num pulo. – Preciso procurar a Lala! – E saiu correndo em direção ao prédio do Conselho.

Cris foi junto correndo atrás dela procurando evitar esbarrar nas pessoas curiosas e agitadas na rua.  Tudo indicava que a aquele estouro era um ataque. Olhando para o oeste era possível ver fumaça, mas não dava de saber se era de dentro ou de fora da Fortaleza. Hannah correu o mais rápido que conseguiu, quando alcançou o prédio viu pessoas saindo e Lala entre elas. Aliviada por vê-la bem, aproximou-se lhe dando um apertado abraço. Lala ficou surpresa e riu da cara de preocupação que Hannah fazia. Cris chegou ao lado das duas quase sem fôlego e perguntou o que havia acontecido. Lala não sabia nada além do que eles sabiam.  Hannah chamou Cris para ir ao portão oeste para se informarem, saíram deixando Lala bem com os outros anciões.   

O portão Oeste estava uma confusão, pessoas gritando e correndo.  Havia fogo vindo de uma casa e um grupo já estava formado para apagar o fogo e conter o incêndio.  Hannah perguntou para um senhor que estava ao lado dela o que aconteceu e ele respondeu que o próprio Alan que explodiu a casa com suas experiências malucas.  Hannah já ouviu sobre Alan algumas vezes através da Lala, que é um homem inteligente e curioso demais e que um dia sua curiosidade iria matá-lo.  

Tanto Hannah como Cris foram ajudar a apagar o fogo e depois organizaram a bagunça que ficou em volta.   

Hannah voltou para casa exausta e toda suja.  Foi direto tomar um banho para cair na cama. Quando foi deitar percebeu algo sobre seu travesseiro, havia um envelope roxo sobre ele.  Pegou-o e abriu, dentro havia apenas um cartão com um endereço e no verso o mapa.