*Nathan POV*
Eu e Amie fomos dar uma volta para conhecer um pouco do resort. O lugar era lindo e muito bem organizado e tinha um bar espetacular.
- Amie, olha esse bar! - exclamei
- uau. Devem ter milhares de tipos de bebidas.
- vem! vamos escolher uma bem exótica! - falei puxando-a
- ahm, Nate, eu não estou com vontade de beber.
Amie estava meio estranha ultimamente e recusar uma bebida diferente me fez realmente ficar preocupado. Não que sempre bebíamos, mas sempre tomávamos um vinho ou um drinque diferente, principalmente quando estávamos de férias.
- porque? - perguntei sem entender
- eu... eu não estou com vontade... - ela deu de ombros
- mas você sempre quer experimentar bebidas novas...
- Nate, eu não estou a fim.
- o que está acontecendo Amie? você está estranha.
- estranha? eu?
- é.
Ela me olhava como se quisesse me dizer algo e eu tinha certeza que tinha a ver com o imbecil do David.
- Se é sobre o David eu não quero saber.
Já comecei a ficar nervoso só de pensar.
- David? porque tudo você acha que tem a ver com ele hein? que coisa!
Amie saiu batendo os pés e se sentou em uma das mesas que estavam vazias. Eu aproveitei para ir ao bar e pegar uma bebida.
- uma batida com vodka e um suco de melancia, por favor.
Melancia era a fruta preferida dela. Acho que um suco ela ia querer. Pois é. Eu sou sempre o exagerado e sempre sou o que penso no David, mas se eu realmente estivesse exagerando não teria visto o que eu vi. Me virei com o suco em uma mão e a minha bebida na outra e dei de cara com David e Amie conversando. Aquele cara era meu pesadelo, definitivamente.
- veio beber com a gente também?
Perguntei cinicamente, com sangue nos olhos.
- é, até que é uma boa... vou até o bar, só um minuto!
Ele saiu sorridente e eu fiquei parado com as bebidas na mão. Eu fui irônico e aquilo não foi um convite, mas ele não entendeu ou não quis entender.
- suco de melancia? - Amie perguntou interrompendo meus pensamentos
- é. Peguei pra você...
Amie fez uma cara de nojo e saiu correndo. Não entendi nada, mas nem consegui ir atrás dela porque o imbecil do meu pesadelo sentou na mesa comigo.
- e ai cara? faz tempo que não conversamos!
- não conversamos, porque nunca tivemos assunto David.
- ah mas agora temos! somos uma família!
- família?
- é. vocês são nossos padrinhos!
- e padrinho é família?
Eu já estava ficando nervoso de novo.
- praticamente.
- David, já que somos parentes, como você diz, não é legal esconder as coisas um do outro certo!?
Ele me olhou sem entender e começou a se mexer na cadeira.
- ahm, sim, eu acho. - respondeu
- você ainda é a fim da minha mulher?
Eu tive que ser direto. Nunca fui de rodeios.
- que? eu? como?
- não precisa gaguejar. foi só uma pergunta.
Eu tomava meu drinque olhando nos olhos dele, esperando uma resposta.
- você só pode estar maluco. Claro que não.
Ele respondeu sem me olhar, o que me fez pensar que ele estava mentindo.
- você não está sendo sincero.
- qual é o objetivo disso Nathan?
Ele também começou a ficar nervoso, claro, tinha culpa no cartório.
- o objetivo é saber se você ainda tem interesse na minha mulher.
- e qual é o seu interesse em saber disso?
- então você está admitindo que tem?
- não estou admitindo nada.
Revirei os olhos e continuei a falar.
- David, você nunca me enganou. Não somos seus padrinhos de casamento a toa.
- eu não posso impedir o que você pensa ou deixa de pensar Nathan.
- então porque fica nos perseguindo?
- eu? perseguindo?
- porque está neste resort?
- porque é novo e queríamos conhecer oras.
- tá.
Fingi que acreditei.
- oi!
Amie chegou sorridente na mesa e o assunto encerrou.
- porque saiu correndo? - perguntei
- fui até o banheiro.
- não vai tomar seu suco?
- não. obrigada.
É. Realmente ele mexia com ela. Isso estava tão na cara quanto dois mais dois.
- eu já acabei. vamos para o quarto? - pedi
- tudo bem. - ela deu de ombros
- vou dar uma volta por aí. Até mais!
David deu uma última olhada em Amie e ela retribuiu o olhar. Eu não estava louco. Eu não era exagerado! Eu estava entendendo muito bem o que estava acontecendo.
(...)
Ao chegar no quarto eu comecei a arrumar as minhas coisas.
- o que está fazendo? - ela perguntou
- vamos voltar pra casa.
- mas porque?
- porque ou voltamos ou vamos nos separar.
Amie arregalou os olhos e sentou na cama.
- o que?
- eu não vou entregar você de bandeja para o David.
- que? do que você está falando Nathan?
- é isso mesmo Amie! Desde que essa história de padrinhos aconteceu eu não tive mais paz! Ele não quis que fôssemos padrinhos dele a toa! Ele ainda ama você! Quer dizer, ama nada, ele só quer você, tem obsessão por você desde sempre!
- você está maluco Nathan! isso não existe!
- você não percebe, mas eu já entendi tudo e não vamos ficar aqui nem mais um minuto!
- eu vou ficar. Se quiser ir pode ir sozinho. Não vou enfrentar a estrada de novo por causa de um ciúmes bobo.
Eu não acreditava no que ouvia. Cruzei os braços e continuei falando.
- você também está balançada não é? quer ficar aqui com ele? isso foi combinado entre vocês?
Amie levantou da cama nervosa e se aproximou mais de mim.
- você está me ofendendo!
- então me explica, porque quer ficar? porque não tomou o suco? ficou nervosa ao vê-lo? ele ainda mexe com você?
Amie começou a bufar e eu comecei a achar que ela me daria um tapa.
- você está me ofendendo por causa de um ciúme idiota! você só pensa no David e nesse amor que você diz que ele sente por mim desde o colégio. Você está tão cego Nathan, que nem percebe o quanto isso pode desgastar o nosso relacionamento. Está tão cego que nem percebeu que eu estou grávida e que você será pai!
Descruzei os braços imediatamente e pisquei sem parar. Fiquei com cara de idiota e tentando assimilar o que tinha acabado de ouvir.
- eu? pai?
Ela não respondeu. Continuou me olhando com muita raiva.
- Amie, meu Deus! me desculpa... eu...
- está feliz? - ela perguntou ainda séria
- sim! claro! claro que sim!
Comecei a rir sem parar enquanto ela começava a derramar as primeiras lágrimas. Imediatamente a abracei bem forte e pedi desculpas sem parar.
- tudo bem, mas que isso não se repita Nathan.
- Não me chama de Nathan, por favor...
- é o seu nome.
- mas você só me chama assim quando está com raiva.
- tá.
- porque não me contou antes? desde quando você sabe?
- já faz uns dias. Eu estava assustada, sei lá, queria esperar um pouco. Temos tanta coisa pra fazer na clínica, tantos pacientes e ainda tem a minha deficiência...
- o que tem a sua deficiência?
- meus ossos doem, mais do que o normal agora. Eu sinto a diferença.
- claro. os ossos estão se adaptando ao seu novo corpo.
- acho que precisarei de repouso.
- mas claro que sim Amie! eu não vou deixar que nada aconteça com você nem com o bebê.
- mas eu não queria Nate! quero trabalhar! tenho meus pacientes!
- transferimos seus pacientes pra mim, por enquanto. E tem o John também que pode ajudar.
- se fizermos isso vocês não terão mais vida.
- eu vou trabalhar até o nosso filho nascer. Depois disso eu te ajudo e refazemos as nossas agendas.
- eu devia ter me atentando mais ao anticoncepcional.
- eu acho que esse é um ótimo momento para termos um filho. Você vai ter um filho meu Amie, tem noção disso?
Ela começou a sorrir, finalmente.
- claro que tenho. Eu sempre quis ter uma família com você Nate.
Me enchi de orgulho e nos empolgamos tanto que fomos parar na cama.
- não vai dizer que vamos incomodar o bebê se transarmos? - ela perguntou com um sorriso torto
- não. Eu sou médico e sei que não vai incomodar em nada.
Ela abriu um sorriso largo e continuamos o que estávamos fazendo.
(...)
No dia seguinte acordamos cedo e fomos para a praia. Eu me sentia outro cara. Eu seria pai e estava assimilando tudo isso. Tudo o que eu pensava era com relação à Amie e ao bebê. Era inevitável.
- vou pedir um suco de...
Eu ia continuar, mas lembrei dos enjoos que ela estava sentindo.
- quer uma água?
Ela sorriu entendendo a minha pergunta.
- quero. obrigada.
Deixei Amie na praia e fui até o bar pegar as nossas bebidas.
- uma água e uma cerveja, por favor.
Enquanto esperava o garçom, tive que falar com o meu pesadelo.
- e ai? bom dia!
- bom dia David.
- e a Amie?
Era a minha deixa. Eu não ia deixar esse cara perguntar da minha mulher na cara dura depois de tudo o que conversamos. Ele tinha que saber que ela seria mãe de um filho meu.
- está enjoada, mas está bem.
- enjoada?
- eu vou ser pai! isso não é maravilhoso?
Eu falei de propósito e David não escondeu a frustração que sentiu.
- ahm, ah é? poxa... parabéns...
- estamos muito felizes. Agora somos uma família completa!
David me encarava como se estivesse recebendo a notícia de alguma morte. Ele nunca me enganou e a cara dele só provou o quanto ele gostaria de estar no meu lugar.
- eu... eu vou chamar a Cloe para irmos para a praia... - ele disse desconcertado
- e eu vou ficar com a minha esposa e com o meu filho... ou filha...
Minha cara de felicidade contrastava com a cara dele de decepção. Cara de pau!
(...)
Ficamos a manhã toda na praia. Amie estava linda e radiante, como nunca esteve antes.
- o que está olhando? - ela perguntou
- vocês.
Ela sorriu envergonhada e eu aproveitei para beija-la.
- oi mamãe do ano!
Nos assustamos com os gritos da Cloe. Amie a olhou e me olhou logo depois com cara de interrogação.
- David me contou! parabéns!!!
- como o David soube? - Amie perguntou sem entender
- ahm... ah, eu acho que contei pra ele... - dei de ombros
- Nathan! Nem fui ao médico ainda! Eu pedi para você esperar para contar!
- ah Amie, estamos entre família! - disse Cloe
Esse papo de "somos família" me deixava puto!
- Amie, eu fiquei empolgado e acabei contando... - justifiquei
- e porque está sozinha aqui na praia Cloe? - Amie perguntou
- David está mau humorado por algum motivo e eu o deixei no quarto.
Ahá! O mau humor dele tinha explicação e eu sabia qual era!
- porque não ficamos na piscina agora? estou cansada de areia... - disse Amie
E então, fomos para uma das piscinas que havia no resort. Aproveitei que Cloe estava sem o noivo irritante e investiguei o porque deles decidirem passar as férias no mesmo lugar que nós.
- Cloe, porque vieram para esse resort? Alguma comemoração especial em família? - perguntei
- ah, decidimos de última hora. Foi o David que insistiu e ainda de quebra trouxe a prima chata dele. Não entendi nada, afinal, estamos nas vésperas do casamento e não deveríamos ter saído da cidade. Ainda tem muita coisa pra resolver...
Fechei os punhos de ódio. É óbvio que ele insistiu. Ele descobriu, não sei como, que a Amie estaria neste resort e veio atrás dela. Meu Deus, ele era mesmo obcecado por ela! Pela minha mulher! E eu precisava fazer algo, urgente!
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