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História A Escolha - A escolha de Victarion Arenhart (Reescrito)


Escrita por: MoniOliv

Notas do Autor


Oii, pessoinhas!
Esse foi meu recorde de sumiço... Me desculpem! O trabalho apertou, tive uns problemas pessoais. Minha vida sentimental estava um caco e eu não conseguia escrever... Até meu violino juntou um pouquinho de poeira >.<
Eu prometi à Yukina_chan e à Helokadonw que postaria na sexta. Desculpem-me, meninas! O Capítulo estava pronto, mas eu não tive tempo de postá-lo.
Boa leitura!

Capítulo 9 - A escolha de Victarion Arenhart (Reescrito)


- Lua cheia? – Kalon fez uma careta. – É dentro de três semanas. Você vai se casar tão rápido assim?

            Eu estava deitada no colo de Kalon, analisando a flor colorida que tinha em minhas mãos. Sua pétala tinha um tom dégradé, que começava do rosa escuro, laranja e então amarelo. Ela tinha um aroma suave e doce. Estávamos debaixo de uma árvore cheia dessas pequenas flores de cinco pétalas, Kalon escorado no tronco dela. O riacho estava ali perto, fazendo com que o barulho de suas águas me deixasse com uma deliciosa sensação tranquilizadora.

            - Você sabe do meu noivado há anos e ainda acha que vou me casar rápido?

            - Tem cinco dias que você conhece Victarion. – Ele rebateu.

            - Não, Kalon. Tem treze anos que eu conheço Victarion. E mesmo se assim não o fosse, meu pai me faria casar com ele da mesma maneira. Victarion poderia ser um velho cheio de pelancas e ainda assim eu me casaria com ele. – Fiz uma rápida careta. Não por causa da imagem de um Victarion velho, mas por me casar com um desconhecido. -  Falando no meu pai e em sua fixação com Victarion, você não faz ideia de como o rei ficou furioso ontem quando me viu treinando arco e flecha com Aidan.

            Lembrei-me da cólera que meu pai sentira. Levou-me até o seu quarto e me falou sobre como Aidan e Seamus eram falsos, que eles tentariam me ludibriar para que eu desejasse me casar com Aidan e não Victarion. Jogou palavras duras, dizendo que eu era apenas uma marionete tola em uma apresentação maior de poder.

            - Aquele reizinho pensa que sou idiota! – Dissera meu pai, andando de um lado para o outro em seu quarto, batendo os pés fortemente. – Seamus reclama que há apenas duas pessoas de sangue real disponíveis para seus filhos; você e Victarion. Se vocês dois se casarem, não restará sangue real para Rosalie e Aidan. Ele pensa que sou idiota! – Meu pai gritava, com o rosto vermelho, me deixando apreensiva, recuando-me para a parede. - Se você se casar com Aidan, ele herdará o Oeste e o Sul. Rosalie herdará o Norte, casando-se com Victarion. Seamus poderá bater no peito e dizer que tem toda Cyrídia em mãos! Não! Não enquanto eu estiver vivo! E você, Elaisa... Deixe de ser estúpida! No terceiro dia que esses malditos estão em nosso castelo e você fica dando brechas para o esperto Aidan! Fique com Victarion enquanto ele demonstra interesse em você! Se ele escolher Rosalie... Não! Eu não quero nem pensar! Não quero nem pensar no que eu faria com você!

            - Outro principezinho mimado. – Kalon revirou os olhos verdes, trazendo-me de volta para o presente.

            - Kalon! Não tem nada disso! Aidan é muito gentil, engraçado...

            - Posso vomitar agora? – Kalon me interrompeu, fazendo cara de nojo.

            - Nenhum é bom o bastante, certo? – Eu perguntei com certa ironia.

            - Não. – Ele concluiu com naturalidade. – Não conheço esse tal Aidan, mas deve ser um tolo, assim como Victarion. “Alteza isso”, “senhorita aquilo”, tudo sem sinceridade e com muita regra para seguir. – Agora foi a minha vez de revirar os olhos, mas Kalon prosseguiu, sem se importar. – Aquele Victarion é tão estranho! Tão frio, tão contido! Se você fosse minha noiva, eu... Eu...

            - Você o quê, Kalon? – Eu quis saber, vendo o rosto de Kalon contorcer-se, como se ele tivesse alguma dor. Eu me levantei, fitando meu amigo, que fechara os olhos, certo de que eu o obrigaria a me encarar. – Kalon? – Eu o segurei pelos ombros e o balancei. – Vamos, Kalon! Sabe como eu odeio ficar curiosa! Diga-me, Kalon! Vamos, diga!

            Kalon abriu os olhos e me deixou tonta com tanta intensidade de seu olhar.

            - Eu só beijaria você, Elaisa! O tempo todo! – Kalon tinha um olhar determinado, mas sua bochecha estava rubra. Um tom de vermelho que eu nunca havia visto em seu rosto.

            Olhei para a boca de Kalon, tão rosada e grossa, pensando se seus lábios seriam tão macios o quanto pareciam ser. Lembrei-me de Milla e de suas ideias do beijo de língua. Seria estranho receber a língua de Kalon em minha boca? Estranhamente, eu não me senti enojada; na verdade, minha curiosidade se mesclava com desejo.

            Kalon também me analisava, evitando piscar. Rapidamente eu virei o rosto, lembrando-me que eu era uma garota comprometida, que não deveria estar pensando nos lábios de outro homem se não do meu noivo. Céus, o que estava acontecendo comigo? Desde que Victarion despertara em mim aquela estranha e deliciosa sensação entre as pernas, ela parecia mais familiarizada, indo e vindo quando bem entendia, cada vez mais frequente. Ela estava ali agora, vibrando, e nem com Victarion eu estava! Estava com Kalon – meu melhor amigo!

            - Que besteira, Kalon! – Eu o repreendi, enquanto me repreendia internamente por estar com aquela sensação excitante. – Ele respeita o noivado, só poderá me tocar quando se tornar meu marido.

            - Exato! Vocês humanos são estranhos demais. Dão importância demais a rituais como o casamento. Nós, criaturas da floresta, nos entregamos aos sentimentos. Só ficamos com um parceiro quando gostamos dele e demonstramos isso através de beijos, abraços, palavras carinhosas e... E outras coisas. – Kalon se calou de novo, olhando para as mãos.

            - Que coisas? – Eu perguntei, sentindo mais uma pontada entre as pernas, sem entender o porquê. Meu corpo parecia saber a resposta e minha mente pedia para eu ter cautela com as perguntas, mas minha curiosidade sempre foi acima do seguro.

            - Bom... eu não devo falar sobre isso! – Kalon ficou com o rosto ainda mais rubro, como se fosse possível. Aquilo me despertou ainda mais a curiosidade.

            - Diga-me, Kalon! – Eu segurei seus ombros novamente, mas nem precisei balançá-los, já que o Aluri me deu um olhar irritado. – O que é “isso”, Kalon?!

            Ele se conteve por alguns segundos, mas respondeu impaciente:

            - Amor, Elaisa. – Ele respondeu, me encarando com o rosto corado. – Sexo!

            Soltei meu amigo imediatamente.

            - Ahn, você também com essas histórias. – Agora era minha vez de ficar com o rosto rubro.

            - Não me diga que Victarion fala disso com você! – O rosto de Kalon saiu da vergonha para o choque. – Não me diga que ele fez amor com você!

            - Claro que não, Kalon! – Fiquei embaraçada que Kalon pudesse ter chegado àquela conclusão com tamanha rapidez. - É Milla quem fala disso comigo! – Kalon soltou o ar, relaxando. Eu não entendia por que ele ficaria nervoso, já que logo eu seria de Victarion e ele seria meu; o sexo seria uma consequência natural de nosso casamento. Pensar nisso fez meu coração acelerar. Achei melhor mudar de assunto. – Kalon, eu gostaria de te pedir uma coisa.

            - E o que seria? – Ele pegou sua flauta e começou a arriscar uma melodia alegre, claramente aliviado pela mudança de assunto. Eu fiquei um pouco receosa sobre como eu pediria aquilo a Kalon.

            - Gostaria que ficasse um pouco aqui. – Eu disse, depois de alguns segundos ponderando. Talvez fosse melhor ser objetiva. Kalon largou a flauta, com uma expressão ofendida e eu tive de me corrigir: – Não me entenda mal, Kalon! Eu gostaria de ter certeza de que você ficaria em segurança lá! Não sabemos como é o Norte.

            - Por isso mesmo eu não deixarei você ir sozinha, Elaisa. – Kalon usou um tom de voz que indicava que não mudaria de ideia, que não teria discussão. – Eu nunca faria algo assim.

            - Eu não irei sozinha, Kalon. – Eu insisti. - Vou com Milla e grande parte da corte. Meus pais irão e... E tem Victarion.

            - É justamente em Victarion que eu não confio! E se ele não for um bom marido para você, Elaisa?

            - Eu não poderei fazer nada, Kalon, e nem você. Casar-me com Victarion é meu dever! Meu pai me criou para esse dia. Sou uma princesa e...

            - Não me importo para o que seu pai te criou! Se Victarion for um péssimo marido, te levarei comigo, mesmo que à força! – Kalon disse com um semblante fechado. – Eu te defenderei até o fim. Com minha vida se for preciso!

            “Espero que ele seja tudo o que você sonhou. Eu amo você.”. Lembrei-me do recadinho de Kalon, o qual eu não dormia a noite sem antes ler. As palavras sinceras e a letra elegante sempre me acalentavam, mesmo o aluri não estando em meu quarto. Os olhos verdes de Kalon me encaravam agora, cheios de afeto. Eu acabei o abraçando, comovida, tendo certeza de que Kalon sempre seria meu porto seguro, sempre seria a muralha que me defenderia de qualquer coisa. Com ele eu não tinha nenhuma dúvida, Kalon só me trazia certezas. Ele retribuiu o abraço, me envolvendo com seu calor. Metade do meu rosto se perdia em seus cachos macios, me inundando com seu cheiro de floresta, que me deixava tão feliz.

            - Eu também te amo, Kalon! – Eu disse, feliz por tê-lo como amigo. – Eu não mereço sua amizade!

            Ele me afastou, segurando meus ombros, acariciando-os com o polegar.

            - É claro que merece! Você me salvou, lembra? – Abriu um sorriso com os caninos levemente saltados. Não eram grandes como o de um vampiro, mas eram levemente maiores que dos humanos. Eu achava o sorriso dele ainda mais lindo com aquele detalhe.

            - Eu só desfiz alguns nós, bobinho. Não foi nada demais.

            - Foi muito mais que alguns meros nós, Elaisa. Eu tinha acabado de perder os meus pais, eu estava perdido, sozinho. Sim, eu tinha Vougan, mas ele sempre fora bruto e frio demais. Cuidadoso, mas frio. Você era o sol que me aquecia, que me dava vontade de continuar vivendo. Sua amizade me manteve feliz durante todos esses anos.

            - Sinto-me da mesma forma, Kalon. – Eu sorri, emocionada, colocando a florzinha em seu cabelo, apoiada no chifre. Eu sorri ao ver como aquela florzinha se destacava nos cachos castanhos do cabelo de Kalon.

            - Tire isso de mim! – Ele ordenou. – Devo estar ridículo!

            - Está uma gracinha! – Eu respondi segurando suas mãos, não permitindo que ele tirasse a florzinha.

            - Elaisa! – Kalon agora sacudia a cabeça, mas a florzinha ainda se mantinha teimosamente firme. Ele também tentava soltar sua mão, sempre tomando cuidado para não me machucar. – Solte-me!

            - Não! – Eu respondi, rindo. – Você está lindo assim!

            - Lindo? Devo estar parecendo uma fêmea! Tire isso de mim, imediatamente!

            - Ha ha ha! Não tiro!

            Eu ria ainda mais ao ver o quanto Kalon se debatia, revoltado! Ele tentou rolar para o lado, tentando desvencilhar de mim, mas eu joguei meu corpo para cima dele, ainda rindo. Kalon ficou estático embaixo de mim, me encarando. Parei de rir quando vi seu rosto sério e rubro.

            - O que foi, Kalon?

            Ele aproveitou que eu tinha me esquecido de segurar suas mãos e se soltou, mas sua primeira ação não foi tirar a pequena flor de seus cabelos e sim acariciar meu rosto. Senti minhas bochechas ficarem em chamas, ainda mais quando senti a outra mão de Kalon na parte inferior das minhas costas.

            - Você não tinha um compromisso agora? – Ele disse em tom ameno, me avaliando.

            - Nossa! É mesmo! – Eu me levantei rapidamente. Kalon se sentou e bateu a mão no cabelo, tirando a florzinha dali. – Você podia ter me lembrado antes! Minha mãe deve estar furiosa com meu atraso.

            - Eu queria me aproveitar mais um pouco de você, enquanto ainda posso. – Kalon deu de ombros, melancólico.

            Eu estava ajeitando a minha saia, tirando os carrapichos dela. Lancei um olhar censurador para Kalon.

            - Não seja bobo! Nada mudará entre nós dois.

            Kalon se levantou, encarando-me de cima.

            - Você diz isso, mas já queria que eu não fosse para o Norte.

            - Não foi isso que eu disse! Eu só queria ter certeza de que é seguro antes de você ir!

            - E como me avisaria, Elaisa? Iria me mandar um pombo correio? Treinou alguma ave a chegar até minha humilde morada na floresta? – Ele disse com ironia, me irritando.

            - Não seja estúpido, Kalon! Eu me preocupo com você! – Comecei a caminhar para longe dele, irritada com o sarcasmo, mas Kalon me segurou pelo pulso, virando-me para encará-lo.

            - Eu vou, Elaisa! – Ele disse, sério, com o rosto tão próximo do meu que eu sentia se hálito quente acariciar minha face. – Não me importa o que diga. Eu irei! Mesmo que você ache que Victarion te bastará e que não precisará mais de mim.

            Senti lágrimas brotarem em meus olhos, e pisquei rapidamente para afastá-las. Eu não entendia como as coisas haviam mudado tão repentinamente.

            - Como pôde dizer algo tão estúpido como isso, Kalon?

            - Você ficou irritadinha quando eu quis dançar com você na festa. Só queria saber daquele príncipe idiota!

            - É isso agora? Está com ciúmes?

            Kalon fechou a cara, semicerrando os olhos.

            - Tchau, Elaisa! Aproveite seu chá de menininhas! – Ele se virou, caminhando rumo à floresta, me deixando sozinha na clareira.

            - Tchau, Kalon! – Eu respondi, cheia de orgulho. Virei-me tão repentinamente que minha saia rodopiou.

            Caminhei pisando forte, com raiva de Kalon. Aquele cabeça-dura achava que eu não me preocupava com ele! Que ele fora só um consolo enquanto não tinha Victarion. Estúpido, estúpido, estúpido! Andei mais um pouco, acompanhando o riacho até que vi a árvore com o cipó que há anos Victarion usara para atravessar o riacho. O cipó agora estava seco e com certeza não serviria mais para uma travessia. Aquele velho cipó me trazia lembranças dos dois homens em minha vida; Victarion e Kalon. Virei para esquerda, rumo ao castelo e logo enxerguei os muros de pedra cinzenta. Fui andando ao lado da pedra fria até achar a falha na muralha que me permitia sair para ver Kalon - aquele aluri orgulhoso e burro.

            - Céus! Por que demorou tanto, Elaisa?! – Milla me repreendeu, assim que eu passei para o lado de dentro da muralha. Entretanto, quando ela viu o quanto eu estava afetada pela as idiotices de Kalon, se preocupou: - O que houve?

            - Não quero falar sobre isso! Vamos? – Eu passei por Milla, deixando-a para trás. Ela logo acelerou o passo para ficar ao meu lado.

            - Brigou com Kalon? – Milla agora usou um tom mais ameno, preocupada comigo.

            - Ele é um imbecil! – Eu senti lágrimas se formarem em meus olhos, mas eu lutei contra elas. - Não quero falar sobre isso.

            - Está certo. – Milla decidiu não insistir, percebendo o quanto eu estava alterada.

            Passamos pela fonte, andando ao lado dos arbustos de rosa. O chá da tarde seria oferecido no jardim, perto das camélias que minha mãe tanto se orgulhava de dizer que eram cultivadas por ela. Dentre as convidadas, estavam as odiosas Cesari. Durante esses dias que os Cesari se hospedaram em nosso castelo, eu percebi o quanto eu não aguentaria nem Dara nem Rosalie por muito tempo. Rosalie fazia questão de ser falsa e desagradável, já que eu era sua oponente amorosa. Eu achava estúpido, claro! Ela nunca teve nem uma chance: Victarion era meu noivo desde os meus sete anos de idade! Mesmo assim, ela fazia questão de me dedicar comentários cheios de maldade e ironia, coisa que minha mãe dizia ser da minha cabeça. “Rosalie é agradável, Elaisa! Você está exagerando!”. Eu tinha minhas dúvidas se ela realmente pensava daquele jeito ou se estava apenas tentando amenizar a situação.

            Já Dara Cesari parecia se achar a mulher mais incrível de toda Cyrídia. Ela se gabava por ter se tornado rainha tão jovem e como tinha engravidado rapidamente, dando à luz a um herdeiro tão belo e saudável como Guliard. Minha vontade era de me cortar com a faca de passar geleia quando ela falava dos tratamentos que fazia para deixar o cabelo tão macio e sedoso.

            E lá estava eu: indo tomar mais um chá com essas mulheres, logo depois de uma discussão com Kalon! O que me tranquilizava um pouco era saber que minha mãe e Julie Arenhart estariam lá. Eu tentava me agarrar à ideia de que seriam apenas alguns minutos e logo eu poderia visitar Lucile, como estava planejando.

            Aproximei-me de meu destino e vi as quatro mulheres já sentadas à pequena mesa que fora colocada no jardim – as damas de companhia aguardavam um pouco mais distantes do que o costume, logo eu não iria ter a presença reconfortante de Milla ao meu lado. Minha mãe foi a primeira a me ver e me deu um olhar de censura pelo atraso, mas logo ela colocou um sorriso no rosto, disfarçando para que as outras mulheres não percebessem alguma bronca.

            - Majestades, alteza... – eu as cumprimentei, tentando parecer alegre, já que a presença das Cesari me irritava e eu ainda estava triste pela discussão com Kalon – Por favor, queiram me perdoar pelo meu atraso.

            Rosalie parecia se divertir com minha gafe. Ela estava com os cabelos presos em uma bela trança, nenhum fio fora do lugar. Por mais que eu amasse meu cabelo trançado, os fios sempre escapavam da ordem imposta. Sua madrasta também estava bela, em um vestido azul claro com renda carmesim. Já Julie, tinha os cabelos dourados soltos e sorria com sinceridade para mim.

            - Não tem problema, minha querida. – Minha futura sogra pegou minha mão e deu tapinhas delicados, enquanto eu me sentava entre ela e Dara. – Chegamos há pouco também.

            - Está tudo bem, Elaisa? – Dara abriu um sorriso branco e impecável, passando a mão entre meus cabelos e puxando um pequeno galho, descartando-o logo em seguida. – Seu cabelo está um pouco fora de ordem.

            Minha mãe olhou com censura para Milla e minha amiga engoliu seco. Rosalie estava com dificuldade para se manter séria.

            - Oh, isso não é nada. – Eu passei as mãos em meus cabelos, fazendo gentilmente com que Dara tirasse a mão dali. – Eu gosto de andar pelos jardins e inevitavelmente acabo levando um pouco dele comigo. – Na verdade, eu deveria ter conseguido aquele galinho enquanto rolava com Kalon, mas eu não queria pensar naquele idiota naquele momento.

            - Que passatempo adorável, Elaisa! – Rosalie sorriu e eu tinha certeza que era com falsidade. – Eu estava perguntando agora mesmo o que as rainhas gostavam de fazer, quais conselhos elas têm para as princesas aqui.

            - É verdade. – Eu devolvi o sorriso, não precisando me esforçar para que ele fosse verdadeiro, já que estava olhando para Julie. – Espero um dia ser uma boa rainha e eu estou um pouco ansiosa, já que meu casamento e coroação estão tão próximos.

            Rosalie fechou o sorriso e eu alarguei o meu. Mostrei a ela que eu também sabia provocar. Dara estava alheia ao clima pesado entre mim e a enteada e respondeu animada:

            - Antes de tudo, meninas, vocês devem aprender a estar sempre impecáveis para os seus maridos. Uma boa rainha deve usar belas joias e vestidos finos. Nós devemos ser a imagem da beleza e pureza para o reino. – Ela sorria, certa de que dava o melhor conselho, olhando para mim e Rosalie. – Já que o rei representa a força e a segurança do reino, nós devemos representar a beleza e a esperança.

            - Que belas palavras, Dara. – Minha mãe disse sorrindo. Tal quadro representaria perfeitamente os meus pais, já que meu pai era rígido e guerreiro, enquanto minha mãe era bela e bondosa. Embora as palavras de Dara realmente soassem profundas, elas me pareciam fúteis, já que eu queria ser muito mais para Victarion do que apenas uma rainha bonita.

            - Realmente, é importante passar uma boa imagem para seus súditos. – Julie falava com calma e graça. – Mas também é importante ser justa. Vocês escutarão as súplicas dos súditos e deverão decidir sabiamente como agir, ao lado do rei. Vocês devem decidir escutando o coração e a razão. Coloquem-se no lugar da pessoa, mesmo que pareça impossível. Devem ser duras e ao mesmo tempo brandas. É um trabalho difícil. – Ela deu uma bebericada no chá de camomila, dando um sorriso cansado. – Bem difícil, mas é altamente compensador.

            - É verdade. – Minha mãe se pronunciou. – É importante sempre estar de acordo com o rei, ou pelo menos na frente dos súditos, para que não pensem que ideias divergentes dos regentes possam enfraquecer o reino.

            Rosalie voltou a sorrir e eu já esperava um comentário maldoso.

            - Elaisa terá de trabalhar bem isso. – Ela deu uma mordiscada na torta de amora e rapidamente engoliu. A fruta deixou os lábios da morena ainda mais diabolicamente vermelhos. – Não me leve à mal, alteza, mas você e Victarion têm ideias bem divergentes quanto a criaturas mágicas.

            Rosalie abordou um assunto delicado para mim. Eu realmente tinha medo da minha relação com Victarion, já que eu odiava o fato de ele matar criaturas da floresta. Céus, meu melhor amigo era um aluri! Como Victarion reagiria quanto àquilo? Entretanto, tentei não me afetar. Eu não daria aquele gostinho a Rosalie.

            - Sei que um rei pode acatar algumas decisões de sua rainha. Eu só preciso ser paciente. – Servi-me com um pouco de pão e geleia de mirtilo. Rosalie sorriu ainda mais. Julie e minha mãe estavam apreensivas com o assunto, enquanto Dara parecia estar com a cabeça em outro lugar. Provavelmente estava pensando na próxima mistura que passaria no cabelo para deixá-lo ainda mais “incrível”.

            - Não acredito que será tão fácil com Victarion, Elaisa. – Ela fixou os olhos em mim, com seu olhar sarcástico e silabou: - Ele o-de-i-a criaturas da floresta. – Tirei a atenção do pãozinho em minhas mãos para encarar Rosalie. – Seria mais fácil com Aidan, você sabe... – Ela deu de ombros, não se importando com a presença da mãe do príncipe Arenhart ali, escutando tudo.

            - Sinceramente, eu não compreendo essa sua colocação. Meu noivo é o Victarion, Rosalie. Acho que se esqueceu deste detalhe. Meu casamento já está acertado.

            - Não me esqueci. Só estou deixando clara a sua situação. – Deu um elegante balançar de ombros.

            - Rosalie, chega. – Dara pareceu sair do mundo imaginário em que ela se encontrava e censurou Rosalie. Apesar de terem praticamente a mesma idade, como madrasta, era papel de Dara cuidar da educação de Rosalie; e obrigação de Rosalie honrá-la.

            - Sim, mamãe. – Rosalie respondeu com um pouco de sarcasmo, mas que não pareceu afetar Dara. – Desculpe-me, Elaisa.

            - Não tem problema. – Voltei minha atenção para o pãozinho, tentando ignorar a presença da princesa sulista.

            Julie sorriu, abriu a boca para falar algo, provavelmente mudaria de assunto, mas Rosalie ainda estava engajada em tirar minha paciência.

            - Acho que Victarion tem mesmo que enxergar sua bondade, Elaisa. – Rosalie agora estava se servindo com um pouco de chá de menta. – Você é uma pessoa pacífica, que quer igualdade entre aqueles que vivem em casas civilizadas e aqueles que vivem nas florestas, em meio à lama. – Respirei fundo, tentando não me levantar e esbofetear Rosalie. Ela percebeu meu esforço e sorriu, orgulhosa. – Acho tão altruísta sua atitude, tão bela! Mamãe, você viu o amigo de Elaisa no baile? Ele era um plebeu nem tinha instrução! Mal sabia segurar uma taça. – Apertei a saia do meu vestido, sob a mesa, extremamente irritada, já sentindo lágrimas nos olhos. – Ele pisou no pé dela em vários momentos da valsa e mesmo assim Elaisa o olhava com tanto carinho! Apenas um rapaz sem modos.

            - Ele não é nada disso! – Eu respondi gritando, no mesmo tempo em que me levantava. Ela não sabia que Kalon era um aluri e mesmo assim me provocava pois certamente vira o quanto eu me importava com ele.

            - Elaisa Saens! – Minha mãe me censurou, extremamente irritada. – Sente-se!

            - Desculpe-me, alteza. – Rosalie tinha um rosto assustado, mas era uma expressão totalmente fingida. – Eu não quis te ofender.

            Aquilo foi demais para mim. Joguei no chão o guardanapo de pano que tinha em mãos e sai correndo. Escutei minha mãe me chamar, exigindo que eu voltasse, mas eu não voltei. Continuei correndo pelos jardins do castelo, sem me importar para onde meus passos me levavam. Tudo que eu pensava era na pressão em que eu estava. Kalon, Victarion, Aidan... Eu amava Kalon e não queria nunca me separar dele, mas eu também amava Victarion. Por que eles tinham de ser tão antagonistas? Se eu me casasse com Aidan, poderia ele aceitar meu melhor amigo? Mas como eu deixaria Victarion e todos os meus sonhos com ele para trás?

            Maldita Rosalie! Eu queria fazê-la engolir tudo aquilo que ela dedicara ao meu melhor amigo. Kalon era perfeito, lindo e educado - como um aluri poderia ser. Ele não era sem modos por não ser um humano! Ele era muito superior que ela – uma humana de coroa e etiquetas!

            Eu chorava como uma criança, correndo como uma louca. Tudo era tão errado! Esse ódio entre raças me incomodava tanto! Por que as pessoas não poderiam ser como Lucile? Sábias e compreensivas? Tudo aquilo estava me deixando tão sensível: a pressão do casamento, o medo da mudança de Victarion, as implicâncias de Rosalie, minha briga recente com Kalon, meu medo de perder meu amigo...

            Minha corrida só terminou quando, em meio a lágrimas, eu me esbarrei em um homem, caindo sobre ele. Levantei-me rapidamente, completamente envergonhada.

            - Desculpe-me, Keith. Eu não te vi. – Abaixei o rosto, tentando esconder meu rosto inchado, aproveitando-me do meu cabelo solto que desfizera o penteado durante a corrida.

            - Estou acostumado com mulheres correndo para os meus braços, alteza. – Keith respondeu, divertido. – Nunca a mulher do meu melhor amigo, mas com você, posso me acostumar. – Ele deu uma risadinha, mas logo percebeu meu rosto. – Espera aí, está chorando? O que houve, princesa?

            - Oh, Keith! – Escondi meu rosto no peito de Keith, molhando sua camisa com as minhas lágrimas. Keith ainda era um desconhecido para mim, mas se Victarion confiava tanto nele, por que eu não poderia? Além do mais, eu estava tão sensível. Eu precisava de alguém para desabafar. Qualquer um...

            Keith me deu um abraço amistoso, dando batidinhas leves em minha cabeça.

            - Chore, princesa. Coloque tudo para fora. – Ele disse em tom tranquilizador. – Você vai se sentir melhor assim.

            - Eu odeio tanto aquela maldita Cesari! – Minha voz estava rouca por causa do choro, mas eu não me importei. – Eu odeio essa diferença entre humanos e inumanos. Eu odeio ter que odiar coisas!

            - Ora, o que Rosalie andou aprontando com você? – Ele desfez o abraço, me puxando pela mão para uma fonte próxima. Sentamo-nos na pedra fria e Keith me analisava com os olhos gentis. Nem parecia o rapaz tarado que era. – Conte-me tudo.

            Contei para Keith o que acabara de acontecer no chá da tarde, mantendo Kalon de fora da narrativa. Kalon tinha o codinome Brendan – assim como ele se apresentara na festa para Victarion – e foi de Brendan que falei. Falei da minha insegurança com Victarion, do quanto ele havia mudado. Contei até do quanto eu gostava da presença de Aidan e como tudo aquilo estava me deixando confusa.

            - Aí céus! Eu não deveria estar te falando tudo isso! Você é o melhor amigo de Victarion!

            - Ora, isso não quer dizer que eu não saiba guardar segredos. Vic não sabe de tudo que acontece comigo, principalmente quando mulheres estão envolvidas. – Ele me deu uma piscadela, me fazendo rir um pouco. – Mas te colocarei em um grupo diferente de mulher, um inédito para mim, pode ser?

            - E qual seria? – Eu perguntei, limpando uma lágrima que estava descendo no meu rosto.

            - O grupo de amiga, já que você pertence ao meu regente. – Dei mais uma risadinha e concordei, balançando a cabeça. – Perfeito, minha primeira e única amiga. – Keith sorriu. – Agora vamos começar com Rosalie: ela é uma invejosa! – Eu ri do adjetivo usado por ele, ainda mais com o tom afetado o qual ele usara. – Uma invejosa extremamente gostosa, mas ainda assim uma invejosa, definitivamente! – Eu ri ainda mais, deixando me levar pela áurea divertida de Keith. – Não se importe com ela, Elaisa. Ela fará de tudo para te desmerecer como a escolhida de Victarion. – Parei de sorrir e encarei Keith, com os olhos arregalados. O rapaz riu um pouco do meu rosto incrédulo. – O que foi, Elaisa? Você é a escolhida dele, sim! Como você pode ser tão tonta? Vic é caidinho por você!

            - Mas... Mas...

            - “Mas ele é tão frio”, imagino que poderia dizer isso. – Eu apenas concordei com a cabeça. Era tanta coisa que parecia errada sobre Victarion, mas eu não poderia sair contando isso para Keith. – Tenha paciência com ele. Há coisas que giram em torno de Victarion que ele acredita que você não entenderia. Fique perto dele, ofereça seu apoio... Tenho certeza que as coisas entre vocês ficaram melhores.

            - Ele mudou tanto, Keith.

            - Acredite, Elaisa, eu vivenciei essa mudança de perto, e eu o entendo. Você também vai entender... Um dia. Quanto ao Aidan, ele é um Cesari, Elaisa! Poxa! Nunca confie em um Cesari!

            - O que os Cesari têm de tão errado? – Meu pai também insistia que os Cesari não eram dignos de confiança. – Além de Rosalie, é claro! E Guliard... E Dara! – Keith começou a rir das adições e eu acabei rindo também. – Ah, Keith! Aidan e Seamus são tão engraçados, carismáticos, gentis! Eles não merecem ser incluídos em listas negativas dos Cesari.

            Keith ficou sério.

            - Eu acho que os dois são os mais perigosos. Dara e Rosalie são transparentes, não conseguem esconder seus planos e vontades. Já Seamus... Sei lá! Eu não confio nele! Já falei isso diversas vezes para o Vic, mas ele é tão teimoso quanto a noiva!

            - Fico feliz que finalmente temos uma característica em comum! – Dei um sorriso sem graça.

            - Eu não acho que seja só isso. – Keith ignorou meu desânimo. – Ambos têm Cesaris apaixonados aos seus pés, ambos são inseguros quanto à escolha do outro e ambos têm companhias atraentes! – Keith me deu uma piscadela. - Cá entre nós, Elaisa, Milla é uma mulher linda! E eu sou um pedacinho de mau caminho.

            Eu larguei um pouco da minha insegurança e melancolia e ri de Keith.

            - Você é um metido, isso sim!

            E assim eu passei o resto da minha tarde: esquecendo-me, mesmo que por um instante, dos meus medos e tristezas. Nem sequer me preocupei com a bronca que eu levaria da minha mãe por ter saído daquela forma da mesa, ou do que a rainha Julie pensaria do meu comportamento infantil e instável. Fiquei ali, rindo de Keith, permitindo que ele me acalmasse.

            Despedi-me dele e, com o coração apertado, vi que já era tarde demais para visitar Lucile. Eu faria isso amanhã, logo depois do desjejum, sem falta! Entrei pela ala menos usada do castelo, andando pelas sombras, na tentativa de fugir de minha mãe. Ela com certeza estaria irada comigo.

            Durante o caminho, fiquei pensando em tudo em que Keith dissera; sobre como Victarion gostava de mim, do quanto ele se sentia inseguro por causa dos problemas misteriosos que tinha e com medo de que eu escolhesse Aidan – como se tal escolha coubesse a mim. Por mais que Aidan fosse belo e gentil, eu ainda suspirava por Victarion, mesmo com sua personalidade tão diferente do que eu tanto idealizava.

            Fui andando com cautela, escondendo-me quando escutava vozes. Porém, uma melodia me chamou a atenção, vindo do salão de música. Há muito tempo eu não escutava o som do piano sozinho e a música era tão linda quanto era triste. Decidi que seguiria o som daquela bela balada, não fazendo ideia de quem seria o exímio pianista. A música foi ficando cada vez mais intensa com a minha chegada e eu não imaginava como era possível que fosse apenas uma pessoa tocando, tamanha complexidade da melodia.

            Escondi-me atrás de uma coluna de pedra assim que eu vi quem era o pianista. Ele estava de costas, mas o cabelo negro solto inegavelmente pertencia a Victarion. Fiquei impressionada com a perícia que ele tinha com as teclas marfim do piano negro de cauda. Victarion intensificou ainda mais a música, batendo com tanta força nas teclas que tremia o corpo todo.

            Victarion se expressava através da música, me fazendo sentir sua melancolia e sua agonia. Eu tive vontade de chorar de novo enquanto ele tocava. Victarion tinha docilidade com as teclas mais agudas e brutalidade com as graves. Ali, no meu esconderijo, eu admirava meu jovem noivo em seu momento ímpar – em um momento de extrema sensibilidade. Até então, Victarion sempre me parecera firme e seguro.

            Notei que não era só eu quem admirava o som produzido pelo jovem príncipe. Sua mãe estava ali, de pé atrás dele, enquanto ele continuava com sua música intensa, alheio ao público. Fiquei grata por estar bem escondida, pois nem Julie me veria dali. Percebi que Victarion estava chegando ao final da música, pois ela estava intensa e acelerada. Com preocupação, vi que havia um pouco de sangue nas teclas do piano. Se Julie percebeu o mesmo, foi paciente e esperou que o filho terminasse a peça.

            Assim que Victarion levantou as mãos, Julie o abraçou por trás.

            - Meu anjo, há quanto tempo está tocando? – Ela o soltou para poder sentar-se no banco, ao lado do príncipe. Ela pegou suas mãos e carinhosamente as beijou. – Veja os seus dedos... Estão sangrando!

            - Estou bem, mãe. – Victarion respondeu, frio, sem afetação pela preocupação da mãe. Retirou as mãos do alcance de Julie e voltou a brincar com as teclas, criando uma melodia baixa e triste.

            A rainha Julie não se afetou com a frieza do filho e se pôs a brincar com as teclas mais agudas, tentando tirar a melancolia das teclas graves de Victarion.

            - Ainda está preocupado com o casamento, Victarion?

            Essa era uma conversa que eu não deveria ouvir, mas eu estava curiosa demais para saber da resposta de Victarion. Além do mais, caso eu saísse dali, Julie me veria, já que ela não estava tão atenta ao piano quanto Victarion.

            - Eu não sei se estou fazendo o certo, mãe.

            - É claro que está, meu filho. Elaisa é uma mulher linda e sensível. – Julie soltou o piano para acariciar os cabelos lisos do filho. – Ela será uma rainha justa e cuidadosa. Sinto que ela será a melhor rainha de Cyrídia.

            - Exatamente. Eu não a mereço.

            - Não diga isso! – Julie retirou a mão da cabeça do filho rapidamente, como se tivesse sido queimada. – Nunca, Victarion!

            - E nem meu pai a merecia, mãe. – Victarion continuou, impiedoso, dando um toque ainda mais sombrio a música que tocava. – Esta é uma família amaldiçoada! – Tremi quando ele disse tal palavra. Eu não conseguia imaginar que tipo de maldição poderia pairar sobre os Arenhart, já que o norte era um reino próspero e seus regentes eram saudáveis e justos.

            - Victarion...

            - Você sabe que estou certo.

            - Se está indeciso sobre sua escolha, confie em seu pai. Ele sempre me disse o quanto Elaisa era a mulher certa para você. Darion sabia que você e Elais...

            - Não me fale dele! – Victarion exclamou, entredentes, batendo nas teclas e interrompendo a música por um instante.

            - Ele é o seu pai! – Julie respondeu, igualmente firme. – Você deve honrar sua memória!

            - Tsc. – Victarion virou o rosto, contrariado. O respeito dele pelo pai poderia não estar ali, mas ele respeitava Julie acima de tudo.

            - Se está com medo de escolher Elaisa, fique com Rosalie! – Julie o confrontou e Victarion, pela primeira vez, vacilou.

            - Não posso.

            - E por que não?

            - Você sabe que eu a amo! – Victarion parou a música, batendo com força nas teclas, deixando o som ecoando pelo salão. - Desde criança! Céus! Eu não sei como posso estar pensando em fazê-la sofrer ao meu lado! Por amá-la tanto, não posso fazer isso com ela.

            Minhas pernas vacilaram e meus olhos, que há pouco tempo tinham cessado as lágrimas, voltaram a produzi-las com intensidade. Eu não acreditava no que estava ouvindo. Victarion havia me escolhido porque amava Rosalie e queria poupá-la do que ele dizia ser uma maldição. Enquanto eu o amara desde a infância, ele nutria o mesmo sentimento por Rosalie. Agachei-me, abraçando minhas pernas, chorando silenciosamente em meu esconderijo.

            - Já sabe o que fazer então. E sabe também o quanto Aidan está interessado em sua noiva. – Julie se levantou e beijo o topo da cabeça do filho. Saiu em passos discretos da mesma forma a qual entrara.

            - Maldito Cesari! – Victarion disse baixinho, para si mesmo.

            Victarion não demorou muito a sair dali também, deixando-me, mais uma vez, sozinha.


Notas Finais


Tem como o Kalon ser mais maravilhoso? Acho que estou começando a virar teamKalon, hehehehe
Maaas, na estória ainda tem muita coisa para acontecer...
Pobre Elisa. Está de coração partido!

Gente, obrigada por não desistirem dessa autora sumida! Juro que vou tentar arrumar minha vida e me entregar ainda mais à esse hobby que tanto amo!
Beijos e até a próxima!


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