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História A Escolha - A Declaração


Escrita por: MrsRidgeway

Notas do Autor


Oie bbs,

Desculpem o atraso mínimo e os possíveis erros ortograficos que esse capítulo possa vir a ter. Eu só apareci aqui rapidinho para posta-lo como prometi, mas não tive como dar aquela conferida básica na gramática, pois estou super sem tempo. Fora esse fator, espero que gostem.

Agora vamos ao que interessa!.

Capítulo 23 - A Declaração


— Isso explica muita coisa.

Eu comentei, assertiva. Eu e minha mais nova chefe de departamento tomávamos um café na lanchonete da SeMz. Nós duas estávamos sentadas na mesa mais reservada, no fundo do recinto.

— Draco me pediu ajuda há um tempo – Tonks comentou, após um gole no café preto – Eu de início não achei uma boa ideia, mas acabei mudando de pensamento.

— O que te fez voltar atrás? – indaguei, curiosa.

— Algumas adversidades da vida...

A mulher de cabelos roxos sorriu de canto, como se estivesse se lembrando de algo que somente ela sabia. Eu a observei, tentando ler suas expressões. Para mim, Tonks parecia ser uma pessoa legal. Eu sabia bem que ela era de confiança. A noite na mansão dos Malfoys me mostrara isso.

   Muito bem até.

Agradecia aos céus por ela ter aparecido na hora certa naquele dia fatídico.

— Mas e você?

A pergunta de Tonks me fez voltar à realidade.

— O que tenho eu?

— Como caiu nessa história?

— Pra ser sincera, eu nem sei mais... – suspirei antes de me apoiar na mesa com os cotovelos – Draco também me procurou pedindo ajuda e não sei o que deu na minha cabeça que eu acabei aceitando. Mas isso já acabou.

A chefe do departamento franziu a testa, sem entender. Eu prossegui.

— Eu tô fora do plano.

Percebi que Tonks mordera a parte interna da bochecha. A mulher balançou a cabeça, processando as minhas palavras. Ela me encarou por alguns segundos, porém, não disse nada sobre.

— Eu garanto que não comentarei nada com ninguém, prometo – me adiantei em assegurar – Eu entendo o que o Draco quer fazer, apesar de não saber os motivos. E também acho que se o Lúcio for desmascarado isso vai ser bom pra muita gente.

— Começando pela própria família dele – Tonks elucidou, com uma nota de acidez na ponta da língua.

Eu ri, achando engraçado o seu tom de voz. Conversamos mais um pouco, sobre coisas casuais, até que ela olhou no relógio de pulso, se ajeitando rapidamente logo em seguida.

— Bom, eu tenho que ir resolver alguns assuntos agora. Te vejo lá em baixo – Tonks se levantou – Até mais tarde.

— Até... – respondi.

Ela esboçou um sorriso para mim e saiu apressada. A observei partir, enquanto bebericava meu suco de laranja.

A manhã passou bem rápido. Tonks não retornou para a sala, como disse que faria. Perto do horário do almoço eu arrumei minhas coisas e fechei o laboratório. Desci para o estacionamento logo em seguida.

Eu estava prestes a entrar no carro quando uma mão pousou no meu ombro. Assustada pelos últimos episódios do mês, me afastei rapidamente do toque, amedrontada. No ensejo, soltei o meu material. A mesma mão que me tocou impediu que o notebook fosse direto para o chão. Draco me observou por alguns segundos antes de me devolver o equipamento.

— Desculpe, eu não quis te assustar – ele falou, estranhamente educado.

— Não foi bem... culpa sua – passei a mão livre pelos meus cabelos – Eu... – pigarrei – Enfim, o que houve? Algum problema? – mudei de assunto.

— Não exatamente – o loiro respondeu, com um sorriso de canto – Você tá insinuando que eu só venho te procurar quando tenho algum problema? É isso?

— Basicamente.

Draco se deixou rir mais abertamente. Eu acabei o acompanhando.

— Eu vim te chamar pra almoçar.

— Nem vem, Malfoy, você não vai me fazer mudar de ideia.

— Eu não disse isso.

— Mas vai dizer.

O loiro rolou os olhos.

— Qual foi, Ginny, é só um almoço – ele insistiu – Eu juro.

Respirei fundo.

— Só um almoço? – indaguei e olhei de canto para o meu relógio de pulso – Posso confiar em você?

— Que um raio caia nesse meu corpinho lindo caso eu esteja mentindo.

Draco fez uma careta inocente e eu não tive como não rir. Aceitei acompanha-lo no almoço.

Malfoy me levou a um dos restaurantes chiques próximos a SeMz. Os funcionários já o conheciam, então, ainda que o lugar estivesse cheio e com fila de espera, fomos passados para frente facilmente. Uma mulher muito educada, e bem vestida, nos guiou até uma das mesas mais reservadas, a pedido do loiro.

— Deseja algo para beber? – a maître perguntou.

— Uma gin tônica – respondi.

— O mesmo – Draco concordou.

Franzi a testa, achando graça. A mulher assentiu e se afastou.

— O que foi? – ele questionou.

— Nada... – falei – Só tô te achando muito estranho.

— Você sempre acha isso, Weasley.

Ele sorriu, mas não discordou. Um garçom veio trazer nossas bebidas alguns minutos depois. Aproveitamos e fizemos o nosso pedido.

Draco e eu almoçamos cordialmente, falando sobre trivialidades e de vez em quando brincando sobre algumas questões sem importância. Quando vieram retirar a louça do almoço o mesmo garçom de antes reapareceu com a sobremesa. Fui surpreendida com petit gateau.

— Cortesia da casa, madame – o homem disse, sorrindo educado.

Sorri de volta e agradeci. Assim que o garçom se afastou eu encarei Malfoy, séria.

— O que é isso...? – indaguei.

— Uma sobremesa – o loiro respondeu.

Me mantive firme.

— Draco... o que tá acontecendo?

Ele suspirou. O loiro coçou o topo da cabeça e se largou na cadeira, de olhos fechados.

— Eu tô tentando te pedi desculpas – ele disse, por fim – Mas eu não sou nada bom nisso.

O observei por alguns segundos antes de me manifestar.

— E pelo que exatamente você está me pedindo desculpa?

— Eu soube do ocorrido na sua saída da minha casa, no dia do coquetel.

Malfoy se debruçou na mesa rapidamente.

— Ginny, eu... – ele engoliu a saliva – Eu nunca imaginei que isso pudesse acontecer com você, ainda mais estando próxima a mim. Nunca foi minha intenção te colocar em nenhuma situação de perigo. Eu preciso que você acredite em mim.

Draco parecia tão atrapalhado que eu acabei pondo a minha mão sobre a sua, para acalma-lo.

— Eu acredito em você.

Ele me olhou, agradecido, e apertou os meus dedos de volta. Eu nunca tinha visto Draco nesse estado, tão vulnerável. Admito que gostei de ter acesso a esse lado dele.

— Eu vou dar um jeito nesse filho da puta do Justino – ele disse, decidido.

— Draco, não... – comecei a falar – Você não tem qu...

— Nem vem, Ginny! – Malfoy me interrompeu, soltando minha mão – Justino e eu temos alguns assuntos pra resolver, e depois do que ele fez com você, as coisas só pioram pra o lado dele.

Balancei a cabeça, inconformada.

— Não, não... – passei a mão pela minha testa – Porra, isso tá errado, Draco!– exclamei – Tudo isso... o seu plano... esse cara! Tudo! Tá tudo errado!

— Você não entenderia...

— Então me explica!

Meu tom era de súplica. Eu estava cansada de todo mundo me escondendo tudo sempre.

— É complicado... – essa foi única resposta que eu recebi do loiro.

Ri, desgostosa.

— Ok...

Pelo visto cabia a mim  somente lamentar, em silêncio. Puxei a minha bolsa para o meu colo.

— Weasley... – o loiro me chamou.

— Não...

— Ginny, por favor, tente me entender...

— Eu já tento demais entender todo mundo, Malfoy, e as pessoas vivem se aproveitando disso. Eu tô cansada – senti a vista molhada – É você, é o Harry, é até o meu irmão... Todo mundo tem um segredo que nunca pode contar!

Enxuguei o canto dos meus olhos marejados. Malfoy me fitava. Eu não iria chorar. 

— Mas tá tudo bem, pode ficar tranquilo. Eu que sou a idiota, que sempre tento ajudar todo mundo, ainda que ninguém confie em mim o suficiente pra ser sincero. Não é culpa sua.

Me levantei da mesa sob o olhar desapontado de homem a minha frente. Fui embora do restaurante, sem tocar um dedo na sobremesa.

O sábado amanheceu resplandecente, digno de uma festa. Acordei um pouco mais tarde do que o de costume e, para minha surpresa, o meu irmão já estava de pé.

— Bom dia, polegar – ele me cumprimentou, animado.

— Bom dia – respondi logo após um bocejo – Formiga na cama?

— Haha, a mais engraçada você.

— É o que dizem.

Ron fez uma cara feia e voltou a mexer no que estava fazendo, junto ao fogão. Eu ri e me sentei em um dos bancos altos da bancada.

— O cheiro tá bom – comentei – Tá fazendo o quê?

— Panqueca de creme  de castanhas, morangos e nozes – ele respondeu, como se esse menu fosse algo corriqueiro – Hmm, precisa de um pouco mais de canela – disse, após provar um pouco do creme.

— Nossa, você realmente acordou empolgado...

— Você não sabe o quanto, Polegarzinha.

Semicerrei os olhos para ele. Ron depositou uma das panquecas mais bonitas que eu já tinha visto na vida no meu prato.

— Ron... – o chamei, desconfiada.

— Sim...?

— O que aconteceu?

— Digamos que a Mione vai dormir aqui em casa essa noite... – a confissão foi feia em um tom teatralmente corriqueiro – Por causa da sua festa de aniversário, claro.

Pus a mão na cintura, perplexa. No fim, todos os homens eram iguais nesse caso.

— Ronald, não me diga que você só tá pensando em...

— Shhh – Ron ergueu o indicador – Onde estão os seus modos, Polegarzinha?

— Enfiados no se...

— Olha a boca!

O meu irmão enfiou uma garfada do seu café-da-manhã na minha boca. Mastiguei de contragosto, não sei porquê, já que a panqueca estava bem gostosa.

— Ela sabe das suas intenções? – questionei, após mastigar.

Ron abriu um largo sorriso e me entregou a garrafa de suco.

— Deve saber, já que aceitou o convite – ele deu de ombros.

— Achei que vocês estavam só na fase de teste.

— Eu não disse que não estávamos.

— Aff... – bufei, inconformada – É que eu não sei quase nada sobre vocês. Odeio ficar de fora do assunto.

O meu irmão sorriu, compreensivo. Ele se levantou e depositou o prato a pia, antes de voltar em minha direção.

— Você não tá de fora do assunto, Ginny. A gente ainda tá se entendendo, não tem nada sério – Ron pôs as mãos nos meus ombros, por trás de mim – Por enquanto...

 A última parte foi dita em um sussurro, como um cochicho. Sorri, imaginando o meu irmão e a minha amiga como um casal. Percebi que a imagem me agradava.

— Fico feliz por vocês dois – eu disse, sincera.

— Eu sei disso – Ronald depositou um beijo na minha testa e voltou a se afastar – Vou dar uma passada no mercado pra comprar as cervejas. Quer que traga algo mais?

— Acho que não precisa – falei – Mas qualquer coisa eu te ligo.

— Falou – ele pegou as chaves do meu carro – Tô indo então.

— Ah, a Lu mora perto do supermercado. Você pode passar lá pra busca-la na saída?

— Passo sim, pode deixar.

Foi com essa confirmação que o meu irmão saiu porta a fora, me deixando sozinha com o meu café-da-manhã maravilhoso.

Mione chegou logo após o almoço. Ron já havia retornado com Luna há muito tempo. Juntos, nós quatro conseguimos dar conta de toda a preparação da festa. No fim da tarde Ron e Luna, que já estavam prontos, saíram para buscar o bolo, me deixando a só com Hermione.

— Agora me conta tu-do! – exigi, me sentando em uma das cadeiras – A gente não teve oportunidade de conversar direito nessas duas semanas. Quero todos os detalhes!

— Contar o quê? – ela se fez de sonsa, enquanto enxugava a pia – O que você quer saber?

— Primeiro como você tá, né?

Esperei, ansiosa pela resposta. Mione se virou na minha direção, se apoiando na base de inox da pia.

— Muito feliz...?

A expressão radiante no rosto da minha amiga não indicava nada além disso. Sorri, contente. Eu já tinha internalizado que vê-la com o meu irmão me agradava bastante. Conversamos um pouco mais sobre o assunto, distraídas.

— Por falar em felicidade, mocinha... – Mione comentou, também se sentando – Cadê o Harry que não chegou até agora pra fazer a sua?

— Boa pergunta – levantei as sobrancelhas, relembrando – Ele me disse que só poderia chegar aqui mais tarde.

     O Harry definitivamente tinha probleminhas.

— E a segunda parte da surpresa? Já teve?

— Não. Segundo ele vai ser hoje. O Harry é maluco, amiga. Eu já desisti de entender o que passa na cabeça dele.

Bufei, inconformada. Não nos falávamos desde o dia anterior, quando ele sumiu sem me dar satisfações.

 – Ele tá todo misterioso esses dias – comentei – Essa semana principalmente.

— Concordo...

Havia um quê a mais na resposta de Hermione. Analisei a minha amiga, desconfiada. Não sei se estávamos falando sobre o mesmo assunto, mas Mione me pareceu preocupada com algo. Preocupada com o Harry, para ser especifica. Eles eram muito amigos, talvez até mais do que nós duas. Eu sabia que os problemas de Harry a afligia.

Por alguns minutos, pensei um tudo o que o Draco não me dissera. Pensei também em tudo o que o meu irmão escondera e até me lembrei do próprio Harry e dos seus segredos. Eu não queria repetir as mesmas atitudes. Eu sabia que eu não estava sozinha e que havia pessoas que poderiam me ajudar a levar os meus planos a diante.

     E se...?

Hermione era de confiança. Ela era família.

— Mi, me espera aqui rapidinho – falei, me levantando apressada – Eu já volto!

Mione meneou a cabeça em concordância, sem entender o motivo da minha afobação. Corri para o meu quarto e vasculhei uma das gavetas do meu armário. Abri a caixa que eu estava procurando e tirei de lá o colar da mãe de Harry, me embrulhado no mesmo envelope pardo que Snape me entregara há algum tempo atrás.

Retornei a cozinha no mesmo passo e sentei novamente na cadeira.

— Mi, você tem que me prometer que não vai contar isso a ninguém. Nem mesmo ao Ron.

Hermione me olhava curiosa.

— Promete?

— Prometo... – ela assentiu de imediato.

Estendi o envelope para a minha amiga, um pouco tremula. Ela o pegou com certa pressa. Hermione desembrulhou o colar dourado, que caiu delicadamente em sua mão esquerda.

Mione me olhou, confusa, e eu, muda, a encorajei a abrir o relicário. Seus olhos castanhos se arregalaram ao ver a pequena fotografia.

— Gin...? – ela indagou, quase sem palavras – Essa não é a...

— Sim. É a mãe do Harry – confirmei.

Hermione parecia não saber o que falar. Continuei a explicação.

— Eu conferi assim que recebi. A foto bate com a mesma mulher dos porta-retratos da casa dele.

A minha amiga ainda analisava a joia em suas mãos.

— Onde você achou isso? – questionou – O Harry te pediu pra guardar?

— Não – neguei – Ele nem sabe que eu tenho conhecimento da existência desse colar.

A interrogação na testa de Hermione indicava que ela não aceitaria somente aquilo como esclarecimento. Soltei um suspiro.

— Snape que me deu.

Como eu imaginei, a reação da mulher a minha frente foi de total espanto. Mione me inquiriu, boquiaberta.

— Quando foi isso?

— Têm uns dois meses.

Expliquei com detalhes como eu havia recebido aquele colar e como fora a minha surpresa ao descobrir quem era a dona dele. Hermione prestava atenção na história, completamente entretida.

 – E aí ele falou “as semelhanças são inquestionáveis” – imitei a voz do meu orientador – E depois disse que ia servir. Foi aí que ele sumiu!

— E você?

— Fiquei procurando ele, mas ele tinha desaparecido.

— Então ele não te entregou o colar diretamente?

— Não... – respondi – Ele deixou em cima da mesa – expliquei – Aí eu abri, por curiosidade e vi que era o relicário.

— Então talvez não tenha sido pra você – Mione observou, com a mão no queixo.

— Como não, Mione? – rebati – Ele fala isso e sai do laboratório. Eu sei que o Snape não é normal, mas não acho que ele seja louco a esse ponto.

— É, eu também não – ela concordou – Mas e então, o que aconteceu depois?

— Nada demais. Eu trouxe o colar pra casa e ele estava guardado até então.

Mione suspirou.

— O Harry não sabe disso, né?

Neguei com a cabeça, muda.

— Isso não é bom, Ginny. Isso não é nada bom.

— Mi, eu preciso de um direcionamento. Não sei o que fazer.

— Eu acho que você deveria contar a verdade pra ele, Gin – ela me aconselhou – O Harry não vai gostar nem um pouco de saber disso.

— A questão não é que eu não sei se eu quero devolver isso aqui, entende?

Senti o meu rosto quente por dizer aquilo.

— Pelo menos não agora...

Mione franziu o cenho. Apertei os olhos antes de contar tudo o que eu estava sentindo.

— Mione, há quase três anos eu conheço o Harry e ele sempre foi fechado quando o assunto é a família dele. E mesmo depois da gente ficar junto, ele nunca, eu repito, nunca me contou nada sobre o que aconteceu. Essa... – apontei para o relicário – É a única oportunidade que apareceu pra eu descobrir o que aconteceu de verdade.

Mione umidificou os lábios, de testa ainda franzida. Estava claro que ela estava com medo das reações que aquela omissão poderia gerar. Tivemos um breve debate sobre a questão até que subitamente ela encarou o teto, sem dizer nada. Meu coração disparou quando ela guardou o colar de volta no envelope. Eu ansiava por uma resposta.

— Se você acha isso, siga em frente então...

Hermione me entregou o relicário.

— Mas com cuidado, Gin. Eu sei que vocês se gostam muito. Não sei se vale a pena você se arriscar ao ponto de prejudicar o relacionamento de vocês dois.

Sorri agradecida, e aliviada. A puxei um abraço apertado e verdadeiro.

— Muito obrigada, Mi – agradeci, com a cabeça apoiada em seu ombro – Eu só precisava que alguém consciente me dissesse que eu não tô louca por querer investigar isso.

— Se eu estou concordando com você, talvez eu não seja tão consciente assim não – ela rebateu, me fazendo rir.

Seguimos juntas para o meu quarto, para nos arrumarmos para a minha festa de aniversário. Vasculhei a mochila de Hermione e depois de muita insistência, a convenci a usar um vestido perolado, lindo, justo no corpo. Vendo a minha amiga ficar divina, foi a minha vez de me arrumar. Enquanto Mione tomava banho, eu abri o meu guarda-roupa e comecei a busca por algo legal. Encontrei o que eu queria logo depois.

— Hoje vai ser você... – sussurrei, passando a mão pelo tecido brilhoso.

Aquele definitivamente era um belo vestido. Sua saia era justa ao quadril e ia até o meio da coxa. A parte de cima era mais folgada, presa por alcinhas no pescoço, criando um grande decote e deixando as costas abertas. O vestido era todo coberto por pequenas pedrinhas pretas e brilhantes. Era charmoso na medida certa. Ousado mais do que devia. Era o tipo de roupa que chamava a atenção.

     Então tá do jeito que eu gosto.

E realmente estava. Ri comigo mesma enquanto retirava a peça do cabide.

Miguel foi o primeiro convidado a chegar. Já passava das dezenove horas. Assim que nos viu, ele nos elogiou, animado. Conversamos um pouco até que as outras pessoas começarem a apertar a campainha. Em menos de uma hora a casa já estava cheia.

– Gin, meu amor – Miguel me chamou, quando passou por mim com uma bandeja de salgados – Você convidou quantas pessoas?

– Algumas... – respondi, rindo de canto – Acho que acabei perdendo um pouquinho a conta...

– Um pouquinho? – uma voz indagou, logo atrás de nós.

Angelina sorria, deslumbrante como sempre. Ela se aproximou e me deu um abraço.

— Isso aqui tá cheio pra caralho!

— Gente popular é outro esquema, né linda? – Miguel disse, fazendo uma careta.

Nós duas rimos. Em pouco tempo os dois já estavam lá, puxando a atenção de todos com as suas histórias engraçadas. Eu estava tendo uma súbita crise de risos quando a sineta tocou mais uma vez. Cedrico se adiantou para atender a porta e quando ele retornou, foi com Harry em seu encalço.

— Até que enfim, Potter! – Angel levantou os braços – Ia perder a melhor parte.

— Que parte? – ele indagou, curioso, se aproximando.

— Estamos contando pra geral os podres da Ginevra – Miguel respondeu.

— Ei! – reclamei.

Harry riu. Ele me abraçou por trás e me deu um beijo molhado na nuca. O cheiro do seu perfume refrescante envolveu as minhas narinas.

— Ficarei encantado em ouvir... – ele disse, se sentando no sofá e me puxando para o seu colo.

Pus as mãos ao redor do seu pescoço.

— Onde você esteve o dia todo? – questionei, interessada.

— Você vai saber em breve...

O olhar verde, maroto, deixava claro que ele não iria me dizer mais nada. Não me importei. Estava ansiosa pela surpresa, mas não deixaria isso demonstrar. Dando falsamente de ombro, sorri, sem insisti. Harry levantou as sobrancelhas, surpreso.

Os meninos voltaram a contar diversas coisas sobre a nossa rotina na SeMz, arrancando risos de todos. Quase uma hora se passou, nessa concentração. Comecei a me preocupar, pois Ron e Luna ainda não haviam retornado da casa de Caridade com o meu bolo de aniversário. Pedi licença ao pessoal e puxei Harry pela mão. As piadinhas, claro, não deixaram de aparecer.

— Eles não conseguem esperar nem até o fim da festa! – Neville exclamou, divertido.

— Ah, querido, estando no lugar dela eu que não esperaria mesmo! – Miguel completou.

Nós e todos os outros gargalhamos. Harry e eu andamos até a sacada, onde estava mais silencioso. Ele se apoiou no beiral enquanto eu telefonava para o meu irmão. A ligação não completou.

— Droga! – bufei, irritada – O celular do Ron deve tá descarregado.

— Por falar nisso, o meu tá quase também. Me esqueci de carregar antes de vir pra cá.

Eu estava prestes a comentar algo quando o meu smartphone vibrou. O rosto de Luna apareceu na tela. Atendi apressada.

— Lu?

— Amiga tá me ouvindo? O sinal tá péssimo aqui.

 – Oi, tô ouvindo sim.

— Ah, maravilha! – a loira pareceu respirar aliviada – Eu tô ligando pra dizer que aconteceu um pequeno acidente com o seu bolo.

Arregalei os olhos.

— Acidente?! – exclamei – Como assim acidente com o meu bolo, Luna?!

Harry me fitava, num misto de curiosidade e medo.

— O que vocês dois fizeram?

— Amiga, calma, não foi nada demais. Cari já tá dando um jeito e em breve estaremos chegando aí.

— Tem certeza?

— Absoluta – ela garantiu – Bom, era só isso mesmo – completou – Até daqui a pouco.

— Até...

Com essa despedida, ela desligou a ligação. Fiquei olhando para a tela do celular, incrédula. Não sei onde eu estava com a cabeça na hora que eu mandei a Luna e o Ronald buscar o bolo. Harry riu da minha expressão.

— Acabou a rodada de ligações? – ele questionou.

— Acabou – respondi.

— Ótimo.

Antes que eu dissesse ou fizesse algo, Harry me puxou e me beijou. Sua língua pediu espaço na minha boca, com urgência. Respondi ao beijo na mesma intensidade, pondo as minhas mãos em seus ombros. Harry apertou a minha cintura com uma mão e, com a outra, segurou o meu rosto, firme. Ele capturou o meu lábio inferior, dando uma mordida de leve. Um arrepio gostoso subiu pela minha coluna.

— Agora sim... – Harry disse quanto fazia carinho no meu maxilar – Boa noite.

Sorri, ainda de olhos fechados.

— Boa noite – respondi, o abraçando.

Ele me apertou de volta.

— É muito chato ter que dividir você com essa gente toda, sabia?

— Você aguenta por algumas horinhas, Potter.

Harry sorriu anasalado. Continuamos abraçados até que alguém puxou a porta da varanda. Olhei pela lateral do braço de Harry e vi Parvati se aproximar. Cedrico veio logo atrás dela.

— Desculpa gente, eu não quis atrapalhar... – Parvati disse, envergonhada.

— Que besteira! Você não tá atrapalhando nada – garanti.

— Acabei de chegar – ela estendeu a mão com um embrulho para mim – Vim te entregar isso aqui.

Aceitei o presente de bom grado.

— Oh, Pat. Que amor! Muito obrigada! – agradeci, a puxando para um abraço.

— Espero que você goste...

— É logico que eu vou gostar.

Pelos ombros de Parvati vi Harry dar um tapa na barriga de Cedrico com o dorso da mão.

— Tá fazendo o que aqui? – ele questionou, de olhos semicerrados.

— Vim... hm – Cedrico pigarreou, cínico – Trazer a Parvati. Ela não sabia onde a Ginny estava.

— Ah, claro. Quantas boas intenções da sua parte.

— As melhores possíveis.

Eu, Harry e a própria Parvati riu. Iniciamos uma conversa trivial ali mesmo. Hermione se juntou a nós pouco tempo depois, preocupada com a demora de Ron e Luna. Garanti para a minha amiga que estava tudo bem. Harry e Cedrico fizeram piada sobre o assunto. Mione rolou os olhos para os dois, ainda que estivesse sorridente.

— Como é que vocês mandam aqueles dois irem buscar um bolo, sozinhos ainda por cima? Vocês queriam que desse merda mesmo – Harry comentou.

— Não é bonito julgar os amiguinhos desastrados, Potter – Cedrico replicou, divertido.

— Estão sim – respondi, apoiada na amurada – Daqui a pouco eles chegam.

— Ótimo, porque eu tenho um plano para executar ainda hoje...

Harry me encarou, intenso. Senti minha face se avermelhar de vergonha.

— Agora me deem licença que eu vou colocar o meu celular pra carregar antes que ele morra – ele avisou.

— Coloca lá no quarto, Harry – sugeri – As tomadas da sala estão ocupadas.

– Eu não sei onde ficam as tomadas do seu quarto – Harry reclamou, enquanto andávamos para fora da varanda – Elas ficam todas escondidas.

– Você que não sabe procurar! – rebati.

Nesse meio tempo, a campainha tocou outra vez. Parvati, que percebi que estava ao meu lado, se adiantou até o hall de entrada e abriu a porta. Vi Viktor Krum do outro lado, no corredor. Harry e eu trocamos olhares, tensos.

Krum perguntou algo a Parvati, sorrindo simpático. Ela respondeu com a mesma amistosidade  e apontou para a varanda. Ele agradeceu com a cabeça e seguiu para a sacada.

— Devemos fazer alguma coisa? – perguntei, alerta.

— Melhor não... – Harry respondeu, baixinho – Acho que não vai dar em nada.

— Tem certeza...?

     Me diz que eu posso ir lá socar a cara desse ridículo!

— Tenho. E de qualquer forma, o Cedrico está por lá.

— Certo... – concordei de contragosto – Vem, vamo colocar logo esse seu celular pra carregar – o puxei pela mão mais uma vez naquela noite.

Saímos do quarto cerca de vinte minutos depois. Harry se adiantou na direção de uns amigos nossos em comum. Eu dei uma olhada ao redor, procurando uma das meninas, até que Neville passou por mim, apressado.

— Ei, Neville! – o chamei – Onde você vai?!

— Buscar a Hannah – ele respondeu, afobado – Ah, o seu irmão tá te procurando...

— Onde ele t...?

Antes que eu terminasse a pergunta, o meu amigo já havia sumido. Sorri, perdida, até que dei de cara com uma figura desagradável. Minha expressão deve ter mudado, pois Krum parecia envergonhado. Ele se aproximou de mim, com as mãos nos bolsos.

— Weasley...

— Krum... – retribuí o cumprimento.

— Eu só queria te desejar feliz aniversário – ele disse – Eu sei que a data foi no meio da semana, mas, enfim...

— Não tem problema... – assenti, tentando ser cordial – Bom, quer beber alguma coisa?

— Ah, não. Obrigado. Eu já tô indo. Passei só pra falar com a Mione e te dar os parabéns.

— Tudo bem, então – já vai tarde!— Eu te acompanho até a saída.

Andamos juntos até o hall. Abri a porta para Krum.

— É... – ele se virou na minha direção, já do lado de fora do apartamento – Eu sinto que você não gosta muito de mim, Ginny.

— Seus sentimentos estão corretíssimos.

— Independente disso, eu também queria te pedir desculpas pelo ocorrido no aniversário do Harry. Eu vacilei legal naquele dia.

— Você foi um idiota, sendo bem especifica – deixei escapar.

— É, eu sei... – Krum concordou, sorrindo de canto – Enfim, parabéns mais uma vez.

Assenti, muda. Krum se afastou em direção ao elevador. Eu fechei a porta logo em seguida, agradecendo aos céus que ele tivesse ido embora.

Visualizei fios de cabelos tão vermelhos quanto os meus na cozinha e corri na direção de Ron. Agradeci ao meu irmão por ter trazido o bolo e perguntei pela Luna. Ele me disse que a loira estava no banheiro. Sem nenhuma cerimônia, fui atrás dela. Encontrei Luna dentro do quarto de Ron. Acabamos nos distraindo enquanto olhávamos alguns objetos e fotos do meu irmão. Demorou até que nós duas retornássemos a festa.

Já era quase meia noite quando alguém lembrou que estava na hora de bater os parabéns. Luna e Angelina me arrastaram até a mesa do bolo, que por sinal estava lindíssimo, e puxaram o coro, animadas. As pessoas cantaram bem empolgadas, muitas delas pela ação do álcool, provavelmente.

Me juntei as batidas, cantando as felicitações para mim mesma. Quando achei que já havia terminado, Harry pediu a palavra.

— Ei, por favor, eu gostaria de um minutinho da atenção de todos vocês...

Ele andou até o centro da sala, que somente nesse momento que eu percebi que estava estrategicamente vazio, e se virou na minha direção.

Harry parecia nervoso, no entanto exibia um dos sorrisos mais lindos que eu já tivera a oportunidade de admirar. Devagar, seus dedos passaram pelo emaranhado de fios de cabelo negros, como sempre bagunçados. Ele respirou fundo e continuou.

— Bom... essa é uma cena atípica, eu diria.

Algumas pessoas riram do comentário. Eu continuava o fitando, interessada no desenvolver do discurso.

— Quem me conhece sabe que eu odeio falar em público. Eu não gosto das pessoas me olhando da forma que vocês estão me encarando agora – mais risos – Porém, algumas coisas na vida são necessárias e hoje, essa é uma delas – ele umidificou os lábios – Estamos aqui hoje reunidos por um motivo muito especial: para comemorar o de aniversário de uma estrela, como ela mesma disse na quarta-feira.

Eu sorri, relembrando a minha mini festinha na cantina da universidade. Harry se aproximou.

— Eu levei uma semana tentando escrever algo digno, mas não consegui. A única coisa que me vinha a minha cabeça era que essa mulher aqui, ela... ela é louca. Completamente maluca. E eu digo isso com total propriedade – ele assentiu com a cabeça – Eu afirmo porque, mesmo com uma fila de caras atrás dela, se matando por um segundinho de atenção, ela me escolheu. O que eu consideraria uma péssima escolha, por sinal.

Assim como eu, todas as outras pessoas da festa escutavam com atenção, interessadas no desenrolar da história.

— Três anos atrás atravessou na minha frente a mulher mais linda que eu já tinha visto na vida. Ela sorriu e se afastou, saiu correndo na direção da Hermione e do Neville, e me deixou sozinho. Eu fui pra casa pensando nela, embora não quisesse admitir. A partir daquele dia, ver aquela ruiva se tornou parte da minha rotina. Eu esperava todos os dias, sentado de frente ao pátio, o momento que ela atravessaria apressada, sorriria e sairia correndo outra vez.

Harry sorriu, nostálgico.

— Mas a gente tá falando da Ginny, e ela nunca gostou de nada pela metade. Um dia ela simplesmente andou até mim e se sentou do meu lado. Ela se apresentou, e começou a conversar, como se fossemos grandes amigos. Mais uma vez isso virou rotina, e, quando eu dei por mim, já não havia um dia que eu não falasse com ela.

Eu também me lembrava dessa época, das nossas trocas de olhares e das nossas conversas pós-almoço. Eu já estava interessada nele há muito tempo. Harry continuou.

— O resto da história, acho que boa parte de vocês já conhece. O que vocês, e ela, não sabem é que eu já estava apaixonado pela Ginny desde as tardes que eu esperava no pátio. E que se isso aconteceu, foi graças inteiramente a ela. A Ginny é fascinante. Ela tem luz própria, não precisa de ninguém pra se colocar por ela. Essa mulher tem sido muito mais do que eu mereço. Acho que eu nunca vou consegui ser igual ao seu Patrick, mas com certeza você conseguirá fazer uma lista sobre as 10 coisas que você odeia em mim. Ou mais até.

As meninas riram, achando graça do trocadilho com um dos filmes de comedia romântica que eu mais gostava. Uma onda de comoção subiu pela minha face, incontrolável. Devagar, uma lágrima caiu dos meus olhos.

— Você nunca desistiu de mim. Apesar de todas as nossas brigas, de todas as minhas confusões, de todas as coisas que eu te disse, mas principalmente, todas aquelas que eu não disse, você continua aqui.

Harry deu a volta na banquinha de centro, chegando ainda mais perto.

 – Eu só queria que você soubesse o quanto eu te admiro. O quanto eu adoro o seu jeito imperativo de resolver as coisas. O quanto eu respeito a sua dedicação e compromisso com as coisas que deseja pra si... – Ele me puxou delicadamente pela mão – E, principalmente, o quanto eu invejo a sua coragem de fazer o que quer, quando bem quer, e não ter vergonha disso. E é por essa coragem que eu tô aqui agora, falando abertamente pra todo mundo...

Harry segurou o meu rosto molhado pelas lágrimas.

— Ginny, essa enrolação toda aqui é pra eu dizer que te amo. Que eu te amo muito. E que eu não vejo mais a minha vida sem você, pequena. Você aceita, oficialmente depois de todos esses anos, ser a minha namorada?

Olhei ao meu redor e mesmo com a visão embaçada, pude ver que as pessoas esperavam a minha resposta, ansiosas. O próprio Harry me encarava. Sua respiração era vertiginosa, como se ele tivesse acabado de correr uma maratona. Sem mais nenhuma enrolação, gritei aquilo que estava preso no meu peito há muito tempo, banhada em êxtase.

— Eu aceito!

Com a minha resposta vieram os gritos e palmas dos convidados. Harry me beijou, apaixonado, e naquele momento eu me senti a mulher mais feliz do mundo.

— Ela tá chorando, que bonitinho...! – ouvi Kate exclamar atrás de mim – Achei que eu nunca veria isso!

— Ahh, linda, mas pode deixar que eu gravei tudo! – Miguel comentou, com animação – Preciso guardar essa cena pra posterioridade!

Harry e eu rimos da observação. Ficamos juntos por mais um tempo, brincando e conversando com os nossos amigos. Logo depois Harry se afastou rapidamente e eu fui até o meu irmão. Ron fez uma cara assustada ao ver que eu corria na sua direção.

— Ron! Você mentiu pra mim! – gritei para ele – Só você sabia sobre aquilo que o Harry disse!

Sem dar tempo para ele se defender, me joguei em seus braços. Recebi de volta um abraço reconfortante, regado a risadas divertidas e algumas brincadeiras sobre o meu estado choroso.

Embora Ron conversasse comigo da forma mais atenciosa possível, percebi que o seu olhar estava triste.

— O que houve? – indaguei, preocupada.

Ron sorriu anasalado.

— O de sempre – respondeu, bebendo um gole da sua cerveja.

     Hermione, claro.

Pus a mão em seu braço. Os olhos do meu irmão estavam concentrados do outro lado da sala, onde Mione conversava timidamente com o Harry e com alguns colegas de trabalho meu.

— Vocês brigaram?

— Pra ser sincero, eu nem sei que porra foi que aconteceu. A gente tava bem, aí eu me irritei por causa do Krum, e ela deve ter se irritado por alguma coisa também.

Rolei os olhos.

— Vocês parecem duas crianças – comentei, com um sorriso de canto.

— O que é que ele veio fazer aqui?! – Ron parecia inconformado.

— Você vai ter que perguntar a Mione, irmãozinho. Eu não te direi nada.

O meu irmão fez um biquinho, irritado. Sua postura deixava claro que ele não abaixaria a guarda tão cedo. Sorri e puxei a sua bochecha de maneira irritante antes de me afastar novamente, em meio aos convidados.

Com o passar das horas as pessoas foram se despedindo. Pouco depois das três da manhã o apartamento estava quase vazio. Hannah, Neville, Harry e Hermione terminavam de me ajudar com a limpeza superficial de algumas coisas.

Joguei uma pilha de copos descartáveis no lixo da cozinha e retornei para a sala rapidamente.

— Acho que por aqui já tá bom, gente – falei – Valeu pela ajuda.

— Por nada – Hanna respondeu, simpática – Vamos? – ela se virou na direção do namorado.

— Quando quiser – Neville respondeu.

A loira fez sinal com a cabeça indicando que aquela era a hora. Neville veio até mim e me abraçou.

— Obrigada por ter vindo.

— Fique a vontade pra me convidar pra todas as suas festas.

Sorri. Ele se afastou para saudar Harry enquanto Hannah substituiu o seu lugar. Assim que o casal terminou os cumprimentos, Hermione se manifestou.

– Será que vocês poderiam me dar uma carona? – ela perguntou, tímida, com as mãos juntas em frente ao corpo.

– Claro, Mione – Neville respondeu.

– Achei que você fosse dormir aqui – interpelei.

– Não sei mais se é uma boa ideia.

Um silêncio estranho pairou por alguns segundos.

– Bom, o Ron tá na sacada, Mione – Harry disse, quebrando o gelo – Se você vai agora é melhor você se despedir logo dele.

Hermione assentiu com a cabeça e se afastou em direção a varanda. Assim que ela desapareceu pela porta de vidro, Harry fez sinal para o outro casal ao nosso lado.

— Agora vaza vocês dois... – ele ordenou, empurrando o braço de Neville levemente – Rápido...!

— Mas... – Hannah apontou para a varanda – A Mione disse qu... ahn? – ela balbuciou, sem entender.

Neville, no entanto, foi mais rápido.

— Não pergunta, amor. Só anda... – ele disse, rindo – Tchau, gente. Até segunda.

Nós nos despedimos dos dois. Como imaginamos, Hermione não retornou. Devagar, Harry e eu andamos até o meu quarto, grudados um no outro. Ele se sentou na beirada do colchão e me puxou para o seu colo. Nós nos beijamos sem pressa, por longos minutos.

— Você é uma caixinha de surpresas, Harry Potter – comentei, quando afastamos os nossos lábios brevemente.

Ele afagou a minha têmpora, carinhoso.

— Você gostou mesmo...? – Harry perguntou. Senti um pouco de insegurança nos fundos daqueles olhos verdes.

— Pareceu um sonho – respondi, sincera, acariciando os seus cabelos – Foi tão bonito que chega ser difícil de acreditar que realmente aconteceu.

Harry sorriu. Nossos narizes se roçaram, próximos.

— Eu te amo, pequena.

A frase, outra vez, me causou arrepios. O fitei intensamente. Meu coração já não batia mais descompassado. Eu sabia que aquele sentimento era sólido. Não tínhamos mais pelo que temer.

— Eu também te amo.

Sem esperar qualquer reação a mais pela minha resposta, uni nossos lábios novamente, desejosa. Harry prendeu os seus braços ao redor da minha cintura, firmes, e me repousou sobre a cama.

Aquela, definitivamente, era uma noite de comemoração.


Notas Finais


Então, meus amores. O que vocês acharam do capítulo?
Deixem aqui embaixo os lindos comentários de vocês. Pode até não parecer, mas eu preciso muito do review de vocês.

Pra quem quiser acompanhar o outro lado da história, esse capítulo faz ligação com outro lá na Troca, então:
==> Se vocês desejam saber a outra perspectiva do aniversário da Ginny é só dar uma lida no capítulo 23 - "O Artigo".

~~ https://spiritfanfics.com/historia/a-troca-6361436 ~~

Beijos!


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