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História A Escolha - O Remetente


Escrita por: MrsRidgeway

Notas do Autor


Oi bbs,

Desculpem a demora na postagem, o processo criativo nem sempre vem tão facilmente. O capítulo saiu um pouco menor do que o de costume, mas isso faz parte da história. Creio que não irá interferir na compreensão de tudo.
Ainda sim, espero que gostem.

Agora vamos ao que interessa.

Capítulo 25 - O Remetente


– E isso é tudo.

Encerrei a longa história da minha vida para Hermione.

– Harry... – ela respirou fundo – Eu...

– Não precisa falar nada, Mione.

Mione me encarou, sem palavras. Isso já era previsto. O que não me era esperado foi o abraço afetuoso que ela me deu. Retribuí, agradecido pelo toque apaziguador.

– Eu sinto muito. – Hermione sussurrou ao meu ouvido.

– Eu também. – respondi, sincero.

Ela se afastou complacente. Remo, que até então estava alheio ao entrosamento, falou pela primeira vez em horas.

– Mione, já tá bem tarde. – ele olhou pela janela e sorriu – Quer dizer, bem cedo. Acho melhor você descansar um pouco antes de ir pra casa.

De fato, o sol já estava raiando. Contudo, eu sabia que o motivo do pedido de Lupin era mais do que apenas o bem-estar da sua aluna. Ele queria falar a sós comigo.

– Segunda porta a esquerda. Pode ficar a vontade.

– Obrigado, Remo.

– Por nada.

Hermione se afastou em direção ao corredor, deixando nós dois a sós. Lupin se virou na minha direção.

– Se você tá esperando um pedido de desculpas, eu não vou te dar. – avisei, seco.

– Na verdade eu estou esperando uma explicação. – ele retrucou.

– Eu também.

Remo franziu a testa, confuso.

– Por que você mentiu pra mim?

– Eu não estou entendendo, Harry.

– Ah, não? – ironizei – Então você não sabia do rombo de 30 milhões de dólares que a empresa levou no ano que... – engoli a seco – Em 1998.

A cor sumiu do rosto do homem a minha frente. Lupin desviou o olhar.

– Quem te deu essa informação...? – perguntou, com a voz baixa.

– Isso importa? – rebati, magoado.

– Quem te disse isso, Harry?!

A voz de Remo soou um pouco mais alta e mais urgente. Eu diria até mais desesperada.

– O detetive... – falei – Mad.

Lupin riu, nervoso. Ele se levantou e sacodiu as cabeças algumas vezes consecutivas.

– O que mais ele te disse?

– Que você e o Snape conseguiram recuperar parte do dinheiro.

– Só isso?

– Infelizmente sim.

Remo andava de um lado para o outro. Observei os seus movimentos repetitivos.

– Remo, olhe pra mim... – pedi.

– Eu não acredito que você foi mesmo atrás dele. – Lupin estava inconformado.

– Remo, eu tô falando com você... – insisti. – Olhe pra mim...

– Eu te pedi tanto, Harry...

– Olhe pra mim!

Perdi a paciência e acabei gritando em plenos pulmões. Pelo menos isso serviu para que ele me encarasse.

– O que vocês fizeram...?!

Embora existissem toneladas de urgência na minha voz, Lupin não respondeu de imediato. Ele voltou a se sentar no sofá e jogou a cabeça no encosto do estofado. Seu peito subia e descia, ofegante.

– As coisas não são como parecem, Harry... – o ouvi dizer, tempos depois.

– Vocês sempre dizem isso – falei, inconformado – Eu já tô cansado das mesmas respostas.

– São as únicas que eu posso te dar.

– Eu queria poder voltar a acreditar em você.

Remo suspirou e assentiu lentamente.

– Sua mãe... – ele umidificou os lábios, após um breve instante – Foi a Lily que recuperou aquele dinheiro.

Como se o meu mundo estivesse girando mais rápido do que o normal, senti o mundo aos meus pés virar de ponta a cabeça.

– Co-como assim? – indaguei, confuso e desesperado – Você a viu? Quando? Como foi isso?!

– Não, não a vimos. – Lupin negou rapidamente – Pelo menos não eu.

– Então como você sabe que foi ela?

– Porque é o que tudo indica.

     O que tudo indica...?

Remo prosseguiu com a história.

– Quando o diretor financeiro da época sinalizou o roubo, aquilo já havia acontecido. Tanto que foi o Snape quem recebeu a notícia. Alguns dias depois eu recebi um envelope. Nele, além da procuração que passava a administração das ações da corporação que estavam no nome do seu pai para mim, havia também uma carta. Uma carta com a letra da Lily.

– Carta...?

– Sim. Snape ganhou um envelope igual, com o papel da sua guarda e a procuração com o direito as ações da sua mãe.

– E o que tinha nessa carta?

– Instruções... – ele completou. – Instruções para recuperar o dinheiro roubado.

Fechei os olhos lentamente e me deixei largar na poltrona, sem saber o que entender daquilo tudo o que Remo me contara. Não era o tipo de informação que eu esperava receber, mas, ainda sim, era muito mais do que eu soubera ao longo de todos esses anos de busca.

– Nós fizemos tudo o que a sua mãe indicou naquelas folhas, Harry. – a voz de Lupin ressoou outra vez. – Mesmo assim parte da quantia nunca reapareceu. A polícia abriu um inquérito na época. Foi uma ação em conjunto. Levaram-se anos de investigação, mas não chegaram a nenhum resultado. O processo acabou sendo arquivado.

– Como ela sabia onde estava o dinheiro?

– Isso sempre foi um mistério para nós. Assim como quem realmente enviou a carta com todos aqueles documentos.

– Foi ela. – eu disse, certeiro – Foi a mamãe que enviou.

Remo negou com a cabeça.

– Não podemos afirmar, Harry. Pelo que parece, seus pais tinham noção que existia um impostor infiltrado entre eles. Eles poderiam muito bem ter confiado os documentos a alguém, para que essa pessoa nos enviasse quando algo pior acontecesse.

     Infelizmente, esse algo pior aconteceu.

Lupin se aproximou. Apreensivo, pude perceber. Ele se sentou a beirada da banca de centro.

–Eu sei que você tem todos os motivos do mundo pra sentir raiva de mim, mas não te contar fazia parte disso tudo.

– Por quê?

– Era uma das coisas que a carta pedia claramente.

Remo me encarou.

– Mas ainda que não houvesse nada do tipo escrito, Harry, eu não te falaria nada. Você é como um filho pra mim. Eu preferia dar a minha vida a te colocar em alguma situação de perigo.

Eu sabia o quanto aquilo era verdade e isso me comoveu por dentro. Lupin esteve nos melhores e piores momentos da minha vida. Quando eu mais precisei, fora ele que me dera assistência. Quando eu tinha uma dúvida ou precisava de um conselho, era a ele que eu procurava.  Para mim, Remo também era como um pai. Ele nunca virara as costas para mim. Independentemente do que Lupin tenha feito ao longo desses anos, nada ia diminuir a importância dele na minha vida.

Esquecendo boa parte da minha raiva, eu me estiquei até Remo e o abracei. Fui correspondido com afinco no mesmo instante.

– Me desculpe, Harry... – ele sussurrou – Por favor, me desculpe. Eu sei o quanto isso é importante pra você.

Sorri de canto e acordei com a cabeça. Lupin sorriu de volta e bagunçou mais ainda os meus cabelos, como fazia quando eu era criança.

– Você ainda tem essa carta? – indaguei.

– Tenho...

– Eu quero vê-la.

– Vamos à mansão mais tarde. É lá que ela está.

Assenti mais uma vez, em silêncio.

– Agora é melhor irmos dormir um pouco. Essa noite não foi fácil pra nenhum de nós.

Quando eu entrei no quarto do Teddy, Hermione dormia como uma pedra, enrolada em uma colcha verde de bichinhos. Imaginei o quanto ela deveria estar cansada, após esse fim de dia conturbado. Embora Mione mantivesse uma postura firme e inabalável na maioria do tempo, eu sabia que ela não era totalmente indestrutível. Era essa uma das coisas que eu mais admirava nela, a capacidade de ser forte sem perder sua delicadeza.

Diferentemente da minha amiga, quase não consegui pregar os olhos. Meus pensamentos se misturavam, confusos, dentro da minha cabeça. Quando Lupin bateu a porta do quarto, algumas horas depois, eu já estava de pé. Pouco tempo depois, nós dois seguimos juntos até a mansão. Voltamos ao mesmo escritório da noite passada.

Remo se dirigiu até o armário do canto. O vi se curvar para vasculhar uma caixa dentro da gaveta, mais ao fundo. Ele se levantou alguns segundo depois, trancando o móvel novamente antes de vir até a mim.

– Aqui.

Remo estendeu a mão e me entregou o envelope. Admirei o papel envelhecido, amarelado pela ação do tempo.

– Obrigado. – agradeci, sincero.

Com as mãos nos bolsos, Lupin meneou a cabeça levemente. Ele me observava, acho que esperando que eu abrisse o envelope ali mesmo. Admito que essa era a minha vontade naquele momento. Ainda sim, não tive coragem de abrir.

Eu estava a pensar em inúmeras coisas a mais para perguntar ao homem a minha frente quando um barulho de vidro se quebrando ecoou no piso superior. Encarei Remo, alarmado.  Foi quando ouvimos uma das empregadas da mansão gritar. Lupin e eu corremos em direção as escadas.

Assim que chegamos ao andar, a mulher veio até nós. Ela estava nervosa e falava várias coisas, todas sem nexo algum. Tentei acalmar a mulher enquanto Remo se adiantou até o cômodo. Em pouco tempo outros três empregados nos alcançaram. Consegui fazer com que um deles aparasse a mulher e me adiantei até o quarto onde Lupin entrara.

Ao atravessar a porta do quarto me deparei com Snape caído no chão, inanimado. Próximo ao seu corpo, o tapete estava molhado e com muitos cacos de vidro espalhados. As flores que antes estavam apoiadas em cima da bancada, jaziam no chão, ao lado de uma das mãos de Snape. Mão essa que estava bem ensanguentada.

Em pé e andando de uma lado para o outro, Remo falava ao telefone com a central de primeiros socorros.

– Ok, tudo bem... – ele concordou com algo, visivelmente nervoso. – Estamos esperando. Por favor, não demorem.

Remo pôs o celular no bolso novamente. Nós nos encaramos, ambos assustados. Pensei em chegar ainda mais perto, mas, como se lesse a minha mente, ele fez sinal me impedindo.

– Não, não chegue perto. – avisou.

– Ele tá vivo? – perguntei, incrivelmente preocupado.

– Sim, está. Mas não sabemos como ele caiu. Severo pode ter batido a cabeça ou tido alguma lesão. É melhor não mexermos nele.

– O que houve?!

– Não sei...

– Por que ele caiu?!

– Eu não sei, Harry! – Lupin passou a mão pelos cabelos. – Eu... eu não sei.

Observei o corpo de Snape. Seu rosto estava mais pálido do que eu jamais vira antes. Por um momento imaginei que talvez os motivos que causaram o desmaio não fossem novos. Que talvez eles sempre existissem e ninguém tivesse se dado o trabalho de percebê-los.

Não continuei a pensar. Ao fundo, um som de ambulância restrugiu. O socorro havia chegado.


Notas Finais


Então, meus amores. O que vocês acharam do capítulo?
Deixem aqui embaixo os lindos comentários de vocês. Pode até não parecer, mas eu preciso muito do review de vocês.


Beijos!


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