1. Spirit Fanfics >
  2. A Escolha >
  3. O Relógio

História A Escolha - O Relógio


Escrita por: MrsRidgeway

Notas do Autor


Oi gente!

Desculpa, mas só deu pra chegar agora. Achei melhor vir logo, porque mais tarde eu não terei tempo.

Espero que gostem do capítulo. Adianto que ele tá bem quente, em todos os sentidos, haha.

Agora vamos ao que interessa!

Capítulo 4 - O Relógio


– Harry, esse é o Miguel – Ginny disse ainda de costas para o carinha. Ela abriu passagem para mim e me encarou, sarcástica – Satisfeito com a apresentação?

Ginny fechou a porta e seguiu para a cozinha. Ela estava vestindo o robe que eu mais gostava para um cara que eu não fazia a mínima ideia sobre quem era, e que, para piorar a minha situação, estava seguindo todos os passos dela pela casa. Nenhum dos dois pareciam se importar muito com a minha presença naquele lugar.

     Que porra é que está acontecendo aqui?

Não sei. Minha cabeça começou a latejar.

     Devem ser os seus chifres crescendo, Harry.

Se bem que não seria exatamente uma traição, visto que eu nunca oficializei nenhuma relação com Ginny.

     Santa burrice sua, por sinal.

– Os olhos dele causam mais impacto pessoalmente – o tal do Miguel comentou com Ginny, como se eu não estivesse ouvindo a conversa – E algumas outras coisas também, viu?

– Eu te disse – ela falou, sorrindo.

– Só não me disse que ele era tão ciumento assim – o carinha olhou divertido para ela, enquanto guardava uma jarra de suco na geladeira.

Ginny ficou levemente vermelha, mas eu pude identificar uma expressão de satisfação com o comentário.

      Você tá sobrando, Harry...

– Alô?! – eu sinalizei impaciente, estalando os dedos no ar – Alguém pode me explicar o que tá acontecendo aqui ou eu sento no sofá e finjo que essa situação é normal?

– Por que essa situação não seria normal, Harry? – Ginny me perguntou, fazendo uma cara totalmente fingida de quem não estava achando nada demais – Você encontrou algum problema por aqui? Engraçado... logo você, que nunca vê problema em nada, não é mesmo?

O carinha prendeu o riso, colocando uma mão na frente da boca.

– O que é que ele tá fazendo aqui?! – eu apontei para o tal do Miguel. Ele não pareceu se abalar nem um pouquinho – Com você de robe, ainda por cima?

– Até onde eu saiba a casa é minha. Eu posso vestir o que eu quiser estando dentro dela – Ginny respondeu, ácida – E colocar quem eu quiser aqui dentro também.

Antes que eu retrucasse, Miguel se pronunciou.

– Vocês são divertidos – ele andou rindo até o encosto do sofá e pegou a camisa, vestindo-a – Mas, embora o show esteja muito bom de assistir, eu vou deixar vocês se resolverem sozinhos.

– Tá bom, Lito – Ginny concordou. Ela andou até ele e o abraçou. Minha vontade era puxar Ginny de perto dele – Desculpe por toda essa cena.

– Não tem problema, Gin. Amanhã a gente se fala e você me conta o que resolveu desse babado todo aqui.

Ginny confirmou balançando a cabeça. Miguel andou até a porta de saída. Antes de transpô-la deu uns três passos para trás e se esticou para ficar no meu campo de visão.

– E ah, Harry...? – ele me chamou com um sorriso no rosto – Fica tranquilo, lindo. Pode ter certeza que você me interessa muito mais que ela.

Minha ficha caiu. Caiu não, desabou. Passei a mão no rosto e sorri amarelo, afundado na vergonha.

– Ei! – Ginny protestou, divertida – Eu até que dou um caldo, viu?!

– Você dá até uma sopa inteira, amiga, mas pra quem gosta desse tipo de refeição – Miguel rebateu e Ginny soltou uma gargalhada – Agora tchau pra vocês.

Assim que Miguel deixou o apartamento às feições de Ginny passaram de alegres para irritadas. Ela me encarou por alguns segundos e sentou no sofá, de braços e pernas cruzadas. Ginny fez um sinal com a cabeça indicando que eu me sentasse também, porém no móvel a frente dela. Eu obedeci sem fazer nenhuma objeção.

– E então...? – ela perguntou – Tem alguma coisa importante que você queira me dizer?

     Tem coisa demais até.

– Eu queria me desculpar por sexta – eu falei – Eu não queria ter cancelado o nosso encontro.

– E por que cancelou?

Ginny continuou com o semblante impassível. Estava ficando cada vez mais difícil esconder dela todas as questões da minha vida.

– Eu tive que resolver uns problemas com Snape, Gin – eu me expliquei. Não era bem uma mentira o que eu dissera – Algumas questões sobre a minha saída definitiva de casa.

– E isso não podia esperar?

– Ginny... – eu não sabia o que responder sem me complicar – Eu não... Por favor, não insista em saber sobre isso...

O olhar de Ginny passou de raivoso para triste. Vê aquela expressão no rosto dela toda vez que nós chegávamos a esse assunto me matava aos poucos.

     Então conta a verdade pra ela, seu estúpido.

Eu não posso envolvê-la nisso. Ginny não merecia carregar todo esse fardo comigo.

– Eu nem sei pra que merda eu te pergunto isso, Harry – ela soltou um longo suspiro antes de continuar – Me dói tanto saber que você não confia em mim pra compartilhar as coisas da sua vida, pra me contar quais são os seus problemas...

– É lógico que eu confio em você, Gin! Confio sim, e muito... Eu só não quero te magoar... – eu estava sendo completamente verdadeiro sobre isso – Eu não quero... Eu só acho que você não precisa gastar o seu tempo se incomodando com isso.

– Como não?! – ela indagou. Sua voz mesclava irritação e descontentamento – Como você não quer me magoar se a sua vida é me deixar no escuro, Harry? Como você não quer me magoar se você vive sumindo por aí, vive se perdendo nessas suas brigas com Snape e com sei lá mais o que é que você faz? Me diz, Harry?! Como você não quer me magoar desse jeito?!

Eu engoli seco. Ginny estava certa em esbravejar com tudo aquilo. Eu tinha noção que eu a fazia sofrer com o meu silêncio. Talvez a melhor coisa que eu poderia fazer para resolver todo esse problema era me afastar de vez dela. A questão é que me distanciar de Ginny não era bem uma opção facilmente aceitável para mim. Eu me mantive calado, sem saber o que dizer.

– Tá vendo, Harry? Nem você sabe o que me dizer... – Ginny descruzou os braços e se deixou afundar no encosto do sofá – Eu realmente estou cansada disso. Desse joguinho que a gente vem fazendo há um tempão.

– Ginny, me escuta – eu me manifestei – Não é joguinho. É que isso seria muito complicado pra você entender...

– Então me explica! – ela pediu, me olhando sincera – Me explica, por favor...

– Eu não posso...

Ginny sorriu de canto, fechando os olhos por alguns segundo. Ela levantou do sofá e andou até o balcão da cozinha, ficando de costas para mim enquanto mexia na bandeja de frutas, agitada. Eu já estava acostumado com essa atitude dela. Sempre que Ginny estava nervosa ela descarregava toda energia em alguma atividade motora.

– Nem é sua obrigação né? – ela disse ainda de costas – Você não me deve satisfações mesmo, até porque a gente não tem nada e...

Antes mesmo que Ginny completasse a frase eu me levantei e andei até onde ela estava. Eu a puxei pelo braço e a encostei na parede do corredor lateral, pressionando o meu corpo contra o dela logo em seguida. Pude sentir o coração de Ginny acelerado.

– Não diga isso – eu curvei o meu corpo para ficar com o rosto mais próximo do dela – Não diga que a gente não tem nada, porque você sabe que é mentira.

Ginny não me uma palavra sequer, só me encarou. Acho que ela estava assustada com a minha reação. Eu aproveitei a deixa para continuar a falar.

– Droga, Ginny. Eu gosto de você, porra! – ela começou a fazer cara feia, prestes a rebater a minha afirmação, mas eu me adiantei em continuar – A gente não precisa ficar brigando toda hora. E pelo mesmo assunto. Eu não quero isso.

– Você não quer muitas coisas, Harry – Ginny comentou emburrada, com a mesma cara de acriança birrenta de costume. Não pude deixar de rir com a observação dela. Eu achava tão lindo quando ela fazia manha.

– Tem uma coisa que eu quero sim... – eu afirmei afundando o meu rosto no pescoço dela. Eu escorreguei os meus lábios pela pele exposta e pude senti-la se arrepiar sob mim.

– Não, Harry... – a voz de Ginny saiu vacilante. Ela tentou me empurrar levemente, sem sucesso – Sai daqui... não encosta...

– Mas eu quero você, pequena...

Eu apertei a sua cintura e a pressionei mais ainda contra a parede. Lentamente, fui descendo os meus beijos em direção à fenda do decote do robe que ela estava usando. Afastei um pouco o pano e me dediquei a começar a explorar o local. Em pouco tempo a minha língua alcançou o bico do peito de Ginny. Eu comecei a lamber o local em movimentos circulares, dando algumas mordidinhas bem leves. Ela acabou deixando escapar uma sucessão de gemidos, o que me fez sorrir satisfeito.

– Isso não é justo, Harry! – ela exclamou desgostosa, embora estivesse rindo – Não é justo!

 Ginny puxou o meu cabelo com uma das mãos, com força. Eu gritei em reclamação. Ela me obrigou a me afastar dos seios dela e olhar para cima, para encara-la.

– Você acha que você pode chegar aqui e me dizer essas coisas todas pra me deixar derretida, e depois afundar a cara no meu peito como se tudo fosse assim tão fácil? – ela indagou e apertou mais ainda o puxão de cabelo. Eu só soube rir com o desespero dela – Não mesmo, Harry! As coisas vão ficar mais difíceis pra você!

– Ah vão? – eu repliquei desafiador.

– Vão! – ela confirmou, obstinada.

Com um movimento rápido eu segurei o quadril de Ginny e ela acabou soltando o meu cabelo. Sem contar tempo, eu usei a minha mão esquerda para prender seus braços acima da cabeça dela. Ginny se debateu, rindo.

– Harry, me solta! – Ela ordenou, se balançando. Eu tinha a vantagem de ser mais alto e mais forte fisicamente, então não era muito esforço continuar segurando-a mesmo assim.

– As coisas ainda vão ficar difíceis? – voltei a questionar.

– Mais ainda agora – ela insistiu na resposta.

– Então tá.

Eu passei a língua pelo lóbulo da orelha de Ginny, provocante. Ela retesou-se e travou as pernas, em protesto. Eu continuei brincando com a orelha dela por um tempo antes de descer até o maxilar. Ginny estava apertando os olhos e controlando a respiração. Desci mais um pouco até a sua clavícula, meus dentes arranhando-a no enquanto percorriam o caminho. Alguns minutos depois voltei a subir, encostando a minha boca na de dela. Ginny emperrou os lábios, prendendo o riso.

– Ainda difícil? – perguntei. Ela sacodiu a cabeça indicando que sim.

Prossegui com o meu trabalho, dessa vez mordendo o seu queixo. Retornei o meu interesse ao decote temporariamente esquecido. Ginny se movimentou e eu senti o corpo dela um pouco mais leve. Sem perder tempo, puxei o laço que mantinha o robe fechado, expondo aquele belo par de seios que eu adorava e uma calcinha branca e simples, de renda. Usei a mão livre pra apertar um dos peitos e mais uma vez ela não conseguiu refrear um gemido.

– Isso não vale... – Ginny comentou ainda de olhos fechados.

– Quem te disse isso? – eu perguntei, sussurrando ao pé de ouvido dela – Aqui quem faz as regras sou eu...

Ela sorriu e eu não perdi mais tempo. Capturei o seu lábio inferior e ela correspondeu, transformando a investida em um beijo. Não havia delicadeza no nosso gesto, apenas o desejo de matar a saudade que sentíamos. O beijo foi se aprofundando cada vez mais e eu percebi que o corpo de Ginny já estava completamente entregue.

 Deslizei minha mão por sua barriga, até a chegar a lateral da calcinha. Eu a alisei por cima da renda. Ginny se contorceu um pouco, gemendo novamente. Mantive o movimento sem pressa, sentindo-a se movimentar devagar encostada em mim. A peça estava molhada. Puxei sua calcinha para o lado e a acariciei mais uma vez antes de introduzir dois dedos no lugar. A reação dela foi instantânea. Suavemente, soltei a mão que prendia seus pulsos. Ginny se manteve de olhos fechados e segurou a minha nuca firmemente, enquanto eu continuava movendo os meus dedos.

– Harry... – ela chamou o meu nome de forma mais urgente.

Eu aumentei a velocidade do movimento e a intensidade dos gemidos também aumentou consideravelmente. Ginny apertou o meu ombro com força e jogou a cabeça para trás, liberando toda a energia antes contida nela. Eu observei aquela cena, extremamente excitado. Era uma das melhores visões que alguém poderia ter na face da terra. Ginny se largou, um pouco amolecida, mas isso foi por pouco tempo. Alguns segundos depois, ela tirou a minha camisa, jogando-a no chão e me puxou para um beijo tão urgente quanto os outros. Logo em seguida minha calça, minha cueca, e a calcinha de Ginny também foram parar no chão do corredor.

 Ali mesmo, apoiando-a na parede, eu a levantei do chão e invadi o seu corpo de uma vez. Ela enroscou os dedos pelos meus cabelos enquanto eu intensificava o movimento. Eu a segurava com firmeza, segurando a sua bunda. Suas pernas enroscavam o meu quadril, me prendendo cada vez mais dentro dela, enquanto o ritmo se acelerava sem controle. Ginny não economizou arranhões pelas minhas costas, incitando que eu me movesse com mais veemência. Eu a apertei com mais força e a desencostei da parede. Andei até a cozinha ainda encaixado nela, trazendo-a até perto da pequena mesa de jantar. Quando eu a coloquei no chão e me afastei por alguns segundos, Ginny ficou de costas para mim e apoiou os cotovelos no mármore a sua frente.  Fiquei com a visão da sua bunda empinada na minha direção.

– Perdeu o fôlego foi? – Gin olhou para mim por cima do ombro, convidativa.

Ela mordeu os lábios e sorriu maliciosa. Não perdi nem mais um segundo e voltei sem nenhuma dificuldade ao meu trabalho de antes, enrolando uma das mãos em seus cabelos vermelhos. Eu introduzi novamente, com rigidez. Nós permanecemos nessa posição até atingirmos o clímax, juntos. Rindo e extremamente cansados, nos jogamos no chão da cozinha. Eu puxei Ginny para mais perto e a abracei.

– Eu tava com saudade – falei, apertando-a mais contra o meu corpo.

– Eu também – ela passou a mão pela minha cintura e eu beijei a sua testa. Ginny segurou o meu rosto – Você nem tirou os óculos. Vem cá...

Ela retirou a minha armação com delicadeza e pôs do lado dela. Ficamos mais alguns minutos deitados no chão, fazendo carinho, sem dizer nada. O que nós queríamos era apenas sentir o calor que emanava de um para o outro.

Passamos o resto do dia juntos, praticamente grudados. Permaneci o apartamento dela até anoitecer por completo. Eu me despedi de Gin depois do jantar e segui de volta para a minha casa. Embora Snape estivesse ficando com a mansão, eu ainda possuía direitos legais sobre ela. O caso é que, pra ser sincero, brigar com ele por aquela casa não me valia a pena. Era um espaço grande demais para eu fazer questão de morar ali sozinho. Entrei na mansão e estacionei o carro do lado de fora da garagem mesmo. Atravessei o jardim e adentrei a edificação rapidamente, decidido a começar a arrumar as minhas coisas. Eu me mudaria o mais rápido possível, de preferência ainda naquela semana.

Transpus a sala e subi em direção ao meu quarto. No segundo andar eu pude ver que a luz do escritório estava acesa e a porta entreaberta. Infelizmente Snape estava em casa. Tentei ser o mais silencioso possível, contudo a minha discrição não serviu para muita coisa. Antes que subisse o último lance de escadas, Snape apareceu na porta do cômodo. Retornei devagar assim que eu escutei a sua voz me chamando.

– O passeio deve ter sido muito bom pra você sumir o dia todo – ele falou de braços cruzados, levantando levemente as sobrancelhas.

– Não que isso seja da sua conta, mas foi ótimo – eu respondi. Meu encontro tinha sido tão bom que eu nem fiz questão de responder de forma mais grosseira que o habitual.

– Eu imagino... – Snape falou, me analisando – Por falar nisso, a sua namoradinha já te contou que ela me pediu para assumir o projeto dela?

Acho que o meu sangue congelou por alguns segundos.

– Ela fez o quê? – se havia uma coisa que eu realmente não queria era que Ginny se aproximasse demais do meu antigo tutor – Você aceitou?

Snape balançou a cabeça, confirmando.

– Algum problema, Potter? – ele inquiriu com um risinho presunçoso no rosto – Existe alguma coisa da sua vida que ela não possa saber?

Eu não respondi a pergunta, apenas olhei para Snape com o semblante raivoso.

– Não se preocupe, Potter – ele fingiu que me tranquilizou, saindo completamente do cômodo. Snape trancou a porta do escritório e colocou a chave no bolso – A minha relação com a Weasley será estritamente profissional, sem conversinhas aleatórias. Dessa vez será você que irá se enforcar, sozinho.

Ele começou a descer as escadas em direção a sala, ainda com o risinho triunfante no rosto. Antes que ele sumisse totalmente das minhas vistas eu voltei a me pronunciar.

– Eu estou arrumando as minhas coisas – avisei sem cerimônia.

– Fique a vontade – Snape respondeu – Se você quiser, eu até chamo o caminhão de mudança pra me livrar mais rápido de você. Será um prazer, por sinal.

Subi para o meu quarto e iniciei o meu trabalho de arrumação. Algumas horas depois eu me joguei na cama, cansado. As duas semanas seguintes passaram nesse mesmo ritmo. Gin e eu quase não nos encontramos fora da faculdade. Ela ocupada com o estágio e com o projeto e eu atarefado com a mudança. Sem contar que nós ainda estávamos no período das provas finais do semestre. A minha rotina se fixou basicamente em uma corrida da universidade até a mansão e da mansão até o apartamento, porém no fim da última tarde de aula Ginny me ligou. Ela parecia animada.

– Sério que precisa ser agora, Gin? – eu perguntei diante da manha dela.

– Precisa sim, por favor Harry...! – Ginny insistiu – Já tem uma semana que Ron depositou o dinheiro e eu não tive tempo de ir lá. Além de que você entende dessas coisas mais do que eu.

Eu ponderei por uns segundos, mas acabei deixando ela me convencer.

– Tá bom – eu falei e ela soltou um gritinho empolgado do outro lado da linha – Me encontra na frente da concessionária, em meia hora.

Quando eu cheguei ao local combinado Ginny já estava lá olhando alguns automóveis. Eu me aproximei dela e nós trocamos um beijo em cumprimento.

– Você não disse que o seu irmão queria uma moto? – eu perguntei, sem entender porque ela olhava tão interessada para aqueles carros.

– Ele quer... – ela me respondeu – Eu que me interessei por esses aqui.

Eu franzi a testa, achando engraçado.

– Esses carros não são muito grandes para o seu tamanho não? – indaguei observando a SUV que ela admirava.

– Não acho – ela replicou empinando o nariz, orgulhosa – Eles são do tamanho ideal para a minha capacidade automotiva.

Eu ri com a afirmação dela. Nós nos dirigimos a outra parte da concessionária destinada às motocicletas.  

– Ron ia ficar louco aqui dentro – ela comentou, passando a mão em uma Ducati laranja.

– Ele gosta tanto assim de pilotar? – eu indaguei, curioso. A Ginny falava tanto desse irmão que ficava quase impossível não querer conhecê-lo.

– Acho que é uma das coisas que ele mais adora fazer na vida – ela falou, sorrindo – Depois de comer, claro.

– Ah, nisso você não são muito diferentes não.

Ginny mostrou a língua para mim. Continuamos a busca pela moto perfeita por mais algum tempo, sem pressa. A procura começou pelos modelos mais simples, pacientemente. Contudo, assim que Ginny me passou as especificações que Ronald pediu, eu já sabia que não era ali que nós encontraríamos o que ele desejava. O vendedor, ao perceber a mesma coisa que eu, nos trouxe para a ala das motocicletas mais potentes.

– Essa é a Super Duke 990.  Este modelo tem um motor de 399 cc, pode chegar até 210 km/h – ele nos explicou, totalmente didático – É um modelo bastante procurado por aqui por quem gosta de velocidade.

– Quantos cavalos de potência? – eu questionei, olhando a moto mais de perto. Ginny nos observava sem entender muita coisa do que estávamos falando.

– Essa tem 59 cv de potência – o vendedor conferiu na plaquinha ao lado.

Eu avaliei, pensativo.

– Ela é bem interessante, mas acho que não vai ser uma boa opção pra o irmão dela – eu esclareci, ainda apreciando a motocicleta. Era um modelo muito bonito – Ele quer com uma potência um pouco maior, sabe...

– Mas se é pra rodar somente na cidade não precisa de tanta potência... – ele tentou me convencer e fiz sinal com a cabeça, indicando que isso já era com Ginny e não comigo. Ele virou-se para ela – O seu irmão tem pretensão de viajar com a moto ou algo do tipo.

Ela confirmou com a cabeça, incerta.

– É bem capaz dele viajar.

– Bom... então nesse caso – o vendedor nos puxou para mais a diante, apontando para outro modelo – Tem essa aqui, a Street Triple. 107cv. Acho que essa é a mais indicada para o seu irmão.

Ginny e eu nos olhamos, divertidos. A mesma conclusão passou pela nossa cabeça. A tal da Street Triple, aquela era realmente era a moto perfeita.

– Vai ser essa – ela disse, animada.

– Vamos fazer o teste? – o vendedor perguntou.

Nós confirmamos e seguimos com ele. Eu fiz os testes necessários e tirei todas as outras dúvidas. Enquanto isso, Ginny resolvia a parte burocrática do pagamento. Quase três horas depois nós saímos da concessionaria. Fiquei encarregado de ir buscar a moto dali a uma semana, quando chegariam os modelos na cor que Ginny solicitou. Como já havia anoitecido, Gin e eu paramos para jantar em um restaurante próximo e logo após seguimos para a casa dela.

No sábado de manhã eu fui direto para o apartamento. Ginny ressonava tranquilamente quando eu saí. Ela estava dormindo tão profundamente que eu fiquei com pena de acordá-la só para me despedir. Colei um recado na geladeira avisando que eu havia marcado de me encontrar com Luna e desci para a portaria logo em seguida. Na noite anterior Ginny reclamara de ainda não ter sido apresentada ao apartamento, só que minha intenção era leva-la quando tudo já estivesse no seu devido lugar. Ela seria a responsável pela estreia oficial da minha nova casa. Parei em um café e comprei algumas coisas para comer no carro, antes de seguir de vez até o meu condomínio. Assim que eu entrei em casa, o porteiro interfonou. Luna havia chegado. Eu autorizei a subida dela.

– Olá Harry – Luna me cumprimentou assim que eu abri a porta.

– Oi Lu – eu abri passagem para ela – Vem, entra.

– Com o pé direito, pra dar sorte – Luna comentou, sorrindo. Eu retribuí o gesto.

Ela entrou na casa e começou a admirar o local.

– Nossa... Harry, ficou tudo tão bonito. Nem sei mais pra que você me chamou aqui.

– A Mione fez um bom trabalho mesmo, ela que me ajudou nessas semanas – eu falei, sorrindo. Agradeci mentalmente pelo bom gosto de Hermione – Mas eu te chamei pra outra coisa. Quero doar alguns utensílios que eu não uso mais. E eu acho que cairia bem lá no projeto social que você participa.

Os grandes olhos azuis de Luna brilharam empolgados.

– Vai ser ótimo, Harry! – ela disse feliz – Estamos precisando de muitas coisas mesmo.

– Espero que ajude então – eu falei, sincero – Porque tem coisa pra caralho separada aqui. Vem, me diz o que serve e o que não serve.

Eu arrastei Luna pra o quarto de hóspedes, onde estavam as caixas de dispensa. Ela começou a fazer algumas pilhas, cada uma representando uma categoria de material que seria embalado cuidadosamente nas folhas de jornal e levado para o orfanato. Luna ficou surpresa com o número de brinquedos e alguns outros utensílios da minha infância que eu ainda guardava.

– Eu não acredito que você tinha tanto brinquedo assim. Tem muitos! – ela exclamou, levantando um carrinho de controle remoto – Você é um só, Harry! Tudo isso aqui dá pra divertir umas quinze crianças!

– Até parece que você não teve brinquedo também – me defendi – Sempre acaba acumulando com o tempo!

– Não tive não. Meu pai sempre foi bastante minimalista – ela retrucou – O importante era ter apenas o necessário.

– Snape nunca pensou assim não – eu comentei, dando de ombros – Acho que ele me enchia de coisas pra eu me entreter e esquecer a presença dele. Aí ele não precisava ficando olhando pra minha cara o dia inteiro.

Luna soltou uma gargalhada com a minha observação e eu acabei a acompanhando. Assim que terminamos de lacrar a caixa dos brinquedos, partimos para separar as revistinhas em quadrinho. Fui pego no flagra enquanto escondia algumas delas. Luna olhou feio para mim e esticou a mão, pedindo-as.

– Vamos, passa pra cá isso aí – ela ordenou, apontando para a pilha ao meu lado.

– Mas é do Batman – eu tentei argumentar, abraçando uma das revistinhas – Eu gosto do Batman, Lu...

– Você nem lê mais isso aí, Harry! – Luna replicou, rindo – Tá na hora de desapegar.

– Você está completamente enganada – eu insisti. Larguei a revistinha que eu estava abraçado e me estiquei até a bancada para pegar outra do memso personagem, um pouco mais longe – Essa aqui, por exemplo, é uma das que eu m...

Eu puxei displicentemente a revista em quadrinho de cima do móvel. Um relógio de bolso antigo, que estava escondido dentro dela, provavelmente por causa da bagunça da mudança, voou longe com o movimento brusco. Ele caiu no chão e quebrou o vidro da frente, além de soltar algumas peças. Eu me adiantei até onde o relógio parou. Acho que o desespero no meu rosto estava marcado, pois Luna veio até mim rapidamente. Eu me ajoelhei e peguei o que sobrou da do relógio. Não sei por quanto tempo eu fiquei parado, somente observando. Uma vontade súbita de chorar apareceu em mim.

– Harry... – Luna me chamou. Ela também havia se ajoelhado, ao meu lado – Eu sinto muito...

– Eu me lembro do meu pai brincando com isso, sabe? – eu levantei a sobra do relógio pela corrente. O objeto pendeu para os lados, balançando lentamente – Ele dizia que relógio de bolso era o charme do século XVI. Mamãe sempre ria dessas palhaçadas que o meu pai fazia.

– Ele deveria ser uma pessoa muito engraçada – Luna comentou, olhando pra mim. Eu não senti pena no seu olhar, apenas compreensão. Isso me encorajou a respondê-la.

– Ele era sim – algumas memórias se avivaram na minha cabeça. Eu olhei para a peça quebrada na minha mão – Das poucas coisas que eu me lembro deles dois isso aqui fazia parte.

– Você não precisa se martirizar com as lembranças, Harry – Luna falou, ainda me encarando. Ela parecia saber o que estava se passando na minha mente, ainda que eu não tivesse contado nada – Você também não precisa revivê-las. Pense nessas lembranças como se fossem fotografias felizes e siga em frente.

– Como? – minha pergunta saiu um tanto infantil – Eu sinto tanta falta deles. Desde que eles... desde que...

Minha voz falhou. Não consegui continuar a frase.

– Shhh, tá tudo bem... Não precisa me falar nada – Luna pegou o que sobrou do relógio da minha mão enquanto algumas lágrimas caíam dos meus olhos – E eu vou ficar com isso aqui.

– Por quê? – eu indaguei. Um relógio quebrado e difícil de consertar não seria de grande valia em lugar nenhum além da minha memória.

 – Tá na hora de você deixar o tempo passar de verdade, Harry. Você precisa começar algo novo.

Luna esticou os braços e eu tombei a cabeça para o lado, na direção dela. Ela me apoiou e eu encaixei a minha cabeça na curva do seu pescoço. Nós ficamos ali até que eu me sentisse melhor para levantar. Logo depois reiniciamos a nossa arrumação, embora agora não houvesse a mesma animação de antes. Luna foi embora um pouco depois do almoço, levando consigo todos os meus antigos pertences, inclusive a carcaça do relógio. Apesar de ter doído um pouco vê-la carregar consigo aquela peça, eu estranhamente me senti mais leve depois disso.

Talvez Lu estivesse certa.

     Está mesmo na hora de começar algo novo, Harry.

Eu só não sabia como me desprender da dúvida do passado.


Notas Finais


E entãaaaao?
O que vocês acharam do capítulo?
Deixem aqui nos comentários a opinião de vocês. É muito importante para mim saber como vocês estão recebendo a história.

Beijos, até sexta <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...