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História A Escolha - A Promoção


Escrita por: MrsRidgeway

Notas do Autor


Oie gente!

Gostaria de me desculpar pelo atraso. O capítulo estava até pronto ontem, mas eu tive uma crise alérgica absurda no final da tarde. Me entupi de remédio e fui dormir.

Mas enfim, estou aqui para me redimir. Espero que gostem do capítulo.
Por favor, leiam as notas finais. Tem recadinho lá.

Agora vamos ao que interessa!

Capítulo 5 - A Promoção


– Você quer me foder, né ? – Angel me perguntou, incrédula – Porque isso não é possível, Ginny, não é!

– Ele era o único professor disponível – eu respondi tranquilamente – Todos os outros não estavam com o nome livre pra projeto.

– Você falou com a Sprout? Slughorn? Até com a McGonagall?

     Não.

– Sim – respondi totalmente fingida – Todos os três estão ocupados.

– Eu não acredito em você, sua bandida! – Angelina apontou para mim, acusadora.

Ela semicerrou os olhos, desconfiada. Eu soltei uma gargalhada.

– Ah, amiga. Qual é? – eu tentei anima-la – É só uma pesquisa. Snape não morde ninguém não.

     Pelo menos eu acho que não.

– Mas nos dá uma caralhada de trabalho pra fazer. Isso não é o bastante? – Angel indagou, contrariada – Eu levei duas semanas pra terminar a primeira parte do trabalho de Orgânica Fundamental IV.

– A gente da conta, fique tranquila.

Angel estava prestes a reclamar quando Miguel entrou na nossa sala. Ele puxava, animado, outra pessoa pela mão.

– Olha quem tá volta?! – ele perguntou, retoricamente.

– Katie! – Angel e eu falamos ao mesmo tempo.

Nós nos apressamos em abraçar a nossa amiga. Ela retribuiu a nossa aproximação na mesma intensidade, embora pudéssemos sentir que a tristeza estava presente nos seus gestos. Há quase dois meses nós não víamos Katie e era estranho saber que ela estava voltando sem notícias alegres.

– Como você tá, amiga? – Miguel perguntou amavelmente quando nós nos sentamos de volta. Ele segurou a mão dela em apoio.

– Levando, né? – Katie respondeu, tentando esboçar um sorriso natural – Tentando me acostumar. Eu sinto muita falta dele...

– Eu sei bem como é isso – Angel falou ao meu lado – Queria poder te dizer que a dor passa um dia, mas eu estaria mentindo. No fim a gente só aprende a conviver com ela. Você vai conseguir.

– Eu vou sim... – Katie concordou. Seus olhos começaram a ficar marejados – Eu só estou preocupada com mamãe... Ela finge que não, mas eu sei que ela tá pior que eu. Não sei o quanto ela vai aguentar.

– Sua mãe é forte. Ela vai aguentar o suficiente, tenha certeza – Angelina deu força e Miguel e eu assentimos  – E por falar nisso, nos desculpe por não termos ido ao enterro. A empresa não liberou a gente porque você já estava afastada e entrou dois funcionários fixos de férias esse mês. Não tinha ninguém pra cobrir mais três ausências.

– Não tem problema, gente. Vocês estão me apoiando mesmo assim – Katie nos tranquilizou – Até porque iria ficar muito difícil pra vocês viajarem até a serra. Lá que fica a cidade onde o papai nasceu e cresceu. Era o desejo dele ser enterrado lá.

Continuamos conversando mais um pouco, sem exigir muito de Katie. A ferida da morte do pai dela ainda estava bem recente e nós não queríamos deixa-la pior do que já estava. Nesse processo todo, Angel era a que mais parecia saber as palavras certas para dizer a Katie. Aos poucos ela conseguiu deixar a nossa amiga um pouco mais a vontade. O semblante de Katie foi ficando cada vez mais suave.

     Ela perdeu a mãe e os avós na infância, Ginny...

De fato, de todos os presentes aqui nessa sala quem mais saberia o que dizer seria Angel. Eu não conseguia sequer imaginar a minha vida sem a presença dos meus pais e dos meus irmãos.

– Por falar em empresa. Como tá sendo todo o processo administrativo? – eu indaguei. O pai de Katie era funcionário da corporação – Tá rolando sem problemas?

– Por incrível que pareça sim. Quando papai precisou fazer a cirurgia pra retirada do tumor, eles assumiram a dívida. Assumiram também o pós-operatório – Katie me respondeu – E depois quando papai piorou e teve que retornar ao hospital, o próprio Lúcio foi lá conversar com a minha mãe.

– Nosso chefe sempre nos surpreendendo – Miguel comentou.

– Sim. Ele ofereceu todo apoio necessário – Katie continuou – Até deu um jeito de agilizar a aposentadoria de papai assim que nós descobrimos o câncer. Pena que foi tarde demais...

– Realmente, isso deve ter sido de grande ajuda – eu falei, reconfortando-a. Katie balançou a cabeça, concordando.

– Não vou negar que eu penso que isso é bem estranho... – Angelina comentou, pensativa. Ela franziu a testa por alguns segundos e nós a encaramos, sem entender o que ela havia achado tão estranho assim. Angel se apressou em se manifestar novamente, mudando de assunto – Enfim, eu acho que tem uma coisinha que vai te deixar um tantinho mais animada, Katie. Harry conheceu o Miguel!

Miguel e eu soltamos uma gargalhada e Katie nos olhou divertida, totalmente perdida no assunto.

– Como assim? – ela perguntou – O que aconteceu nessa apresentação deles dois?

– Foi trágica, amiga – eu disse, relembrando a cara de Harry ao ver Miguel dentro do meu apartamento, sem camisa.

– Trágica é apelido, linda – Miguel falou, fazendo cara feia – Teve um momento que eu achei que o Harry iria voar no meu pescocinho. Fiquei com medo.

– Quando foi isso? – ela voltou a questionar, curiosa.

– Foi no mês passado – Miguel respondeu e apontou para mim – Essa criatura briga com o gato e me acorda pra chorar as pitangas. Eu, altruísta que sou, saio da minha casinha em um domingo, às nove horas da manhã, pra dar suporte emocional...

– Epa querido, não foi bem assim não, viu?! – eu o cortei rindo. Assumi a defensiva – Eu tive que te comprar pra você ir! Se não você ia me largar lá em casa e sozinha.

– Sozinha não, né minha filha. Porque o deus dos olhos de esmeralda chegou logo depois de mim – ele comentou e nós caímos na risada mais uma vez – Queria eu receber uma visita daquelas de manhã cedo. Eu não iria nem dormir, só esperando.

– Mas e aí? – Katie perguntou – Conta logo, Lito...!

– Sim, continuando... – Miguel retornou ao teatrinho dele – Eu chego à casa de Ginny e ela me recebe num robe que era a mesma coisa de dizer que ela estava nua. Dispensa explicações.

– Você é muito exagerado, Miguel! – eu voltei a me intrometer, mas ele apenas levantou o dedo para mim, pedindo que eu me calasse.

– Aí o que aconteceu? Eu exigi que ela fizesse o meu café, óbvio. Ninguém mandou ela me dizer que ia fazer qualquer coisa que eu pedisse...  – Miguel ignorou a minha intromissão – Nisso nós fomos pra cozinha e, como tava fazendo calor por causa do forno ligado, eu tirei a camisa. Vocês sabem que não precisa de muito pra eu começar a tirar a roupa. Assim que a gente acabou de comer o Harry chegou e só faltou matar nós dois quando ele me viu lá.

– E depois? – Katie questionou – Vocês contaram a ele que sua praia é outra né?

– Por mim eu contava logo, mas a Ginny ficou fazendo charminho só pra ver o namorado morrendo de ciúmes.

– Fiquei mesmo. O Harry mereceu tomar um sustinho pra aprender – Isso mesmo – E ele não é meu namorado.

– Ahan, linda. Vocês dois não serem namorados é diretamente proporcional à virgindade da Angel – Miguel replicou, irônico. Katie e eu rimos.

– Ei! Eu sou completamente virgem, viu?! – Angel se defendeu – Minha alma é imaculada.

– Só a alma, né amiga? Porque o corpo... – eu elucidei.

Angelina levantou do dedo do meio para mim, o que me fez soltar uma gargalhada. Permanecemos falando sobre algumas trivialidades até retornarmos de fato ao trabalho no laboratório. Nós recebemos a ordem de testar a velocidade de um novo composto e eu estava bastante animada para começar. Dediquei praticamente toda a semana nessa atividade, inclusive ao ponto de levar trabalho para casa, o que me fez quase não ter tempo para dar atenção a Harry. Depois da nossa briga por causa do aniversário de um ano do primeiro beijo, ele havia se tornado bem mais atencioso, o que estava me deixando bastante feliz. Na sexta-feira da semana seguinte o meu esforço para analisar o material foi recompensado gratificantemente.

– O que é isso? – Miguel pegou o envelope da minha mão e abriu, curioso. Eu esperei ele ler o conteúdo do papel.

– Eu recebi hoje, deixaram dentro da minha caixinha – expliquei. Eu estava um pouco nervosa – O que será que eles querem falar comigo?

– Não sei, linda. Mas não deve ser reclamação – ele me tranquilizou, sentando na beirada da mesa – Você é a melhor estagiária daqui. Eu me atrevo a dizer que você seja melhor do que alguns engenheiros já formados também.

Miguel segurou a minha mão e eu sorri. Katie entrou na sala logo em seguida.

– Oi gente... – ela nos cumprimentou, apressada. Katie andou o até o armário no fundo do laboratório – Alguém sabe onde estão os materiais pra destilação? A Angel tá quase arrancando os cabelos dos técnicos lá trás por causa disso.

– Tá no outro laboratório – eu falei – Como lá os materiais são mais completos eu acabei levando pra lá, enquanto eu terminava o meu estudo.

– Ah sim, eu vou pegar então. Obrigada, Gin – ela me agradeceu, andando em direção a porta novamente. Katie parou de se mover quando bateu o olho no envelope que estava na mão de Miguel. Ela apontou da direção dele – Você que ganhou isso?

– Isso? – Miguel levantou a mão que segurava o envelope – Não, não. A Ginny que achou na caixa de recados dela hoje.

Katie franziu a testa. Eu comecei a ficar preocupada.

– Parabéns amiga! – ela exclamou feliz logo em seguida.

     Parabéns pelo que, jesus?!

– Oi? Obrigada, eu acho... – eu não estava entendendo nada – Mas o que foi que eu fiz pra você estar me parabenizando?

Katie riu e veio até nós. Ela se sentou no banquinho de madeira ao meu lado.

– Meu pai sempre dizia que os envelopes pretos da administração só poderiam ser duas coisas. Ou eles estavam te promovendo ou eles estavam te demitindo – ela explicou, se inclinando na minha direção – A possibilidade deles te demitirem é praticamente nula, então, eu atrevo em afirmar que você está sendo promovida.

     Será?

Uma alegria incontrolável começou a tomar conta de mim. Ainda sim eu tentei me manter contida, ainda não havia recebido confirmação de nada. Por enquanto o envelope era apenas o comunicado de uma reunião marcada comigo para a próxima semana, quando o nosso chefe retornasse de viagem. Miguel, por outro lado, não fez um pingo de questão de se controlar com a informação. Ele batia palminhas ao meu lado, completamente animado com a possibilidade d’eu estar sendo promovida.

– Que dream, hein?! – Miguel disse com a cara mais sonhadora possível – Temos que comemorar!

Katie concordou, balançando a cabeça.

– Gente, calma. Eu só fui chamada pra conversar. Ainda nem sei sobre o que é.

– Como se tivesse muito mistério, não é? – ele retrucou – Vamos comemorar sim.

– Vamo, mas no final do expediente – Katie falou. Ela olhou a tela do celular e levantou do banco – Agora eu tenho que ir antes que a Angelina me mate. Ela já tá me xingando toda aqui por mensagem.

Nós rimos antes de Katie sair da sala, apressada. Miguel e eu aproveitamos a deixa para voltar ao nosso trabalho. Devido a umas complicações na resolução de alguns processos, nós só saímos da indústria quando já havia anoitecido. Como ninguém estava com cabeça para happy hour depois de tanto serviço, cada um resolveu seguir para a sua casa. Assim que cheguei ao estacionamento, dei de cara com Harry parado do lado de fora do meu carro, encostado. Ele jogava algo no celular, como sempre fazia quando estava entediado ou esperando alguém. Assim que Harry me viu ele fez sinal com a mão, me indicando que falaria comigo assim que finalizasse a jogada. Eu rolei os olhos, divertida. Menos de um minuto depois ele guardou o celular no bolso.

– Já não era sem tempo, né? Não aguentava mais esperar – Harry reclamou, fazendo cara feia. Ele me puxou pela cintura e aproximou os nossos corpos – Daqui a pouco você se muda de vez pra essa indústria.

– Seria uma boa, sabia? Iria economizar bastante gasolina – eu rebati, sarcástica.

Harry sorriu e me puxou para um beijo que eu não cogitei nem um pouco em recusar.

– Ao que devo a honra dessa visita, Potter? – eu perguntei quando nos afastamos.

– Vim me certificar se você ainda estava viva – ele respondeu – Eu quase não te vi essa semana. Nem parece que estamos de férias.

– Eu sei... – fiz um carinho na orelha dele – É que as coisas foram puxadas aqui no estágio essa semana. Mas pelo menos eu estou feliz, parece que eu vou ganhar algum tipo de promoção!

Minha exclamação animada fez Harry rir e me abraçar.

– Parabéns, pequena – ele disse, acariciando a minha bochecha. Logo em seguida Harry me guiou até a porta do carona – Isso merece uma comemoração lá em casa.

– Merece? – eu indaguei, divertida. Eu abri a porta do veículo.

– Merece – ele confirmou, sorrindo. Harry andou até a porta do motorista.

– Ué, cadê o seu carro? – eu perguntei colocando o cinto. Ele imitou a minha ação.

– Vim de táxi – ele comentou – Eu não poderia perder a oportunidade de andar no seu carro novo depois de você encher tanto a minha paciência pra voltar lá na concessionária.

Meu carro novo. Era um sonho escutar isso.

– Minha mãe vai comer o meu fígado quando souber que o papai fez a minha vontade – eu falei enquanto Harry dirigia para fora do estacionamento – Ela ainda tá irritada por eu estar apoiando a volta do Ron.

– Seu pai também não facilita, né? – Harry falou, rindo – Tudo o que você quer, ele vai lá e faz.

– Não é minha culpa se eu sou bebê dele – eu falei, empinando o nariz.

– Um bebê bem esperto, por sinal.

Harry e eu passamos no mercado antes de seguir para a casa dele. Nós compramos duas garrafas de vinho e alguns ingredientes para fazer o jantar. Assim que chegamos ao apartamento, Harry me convidou para tomarmos banho juntos. O tempo se estendeu e quando vi já havia passado mais de uma hora desde o instante que nós chegamos. Devidamente vestidos, partimos para a cozinha. Eu comecei a preparar um risoto para acompanhar o frango que nós havíamos comprado já pronto. Enquanto isso Harry apenas me assistia. Ele não sabia cozinhar nada, mas fez questão de ficar ali me fazendo companhia. Quando nós sentamos para comer já era quase nove da noite.

– E então... – Harry iniciou um diálogo – Como ficou a sua grade do próximo semestre? Vai ter tempo para respirar, pelo menos?

– Engraçadinho você – eu zombei fazendo cara feia – Tem tempo pra muita coisa. Até que nem ficou ruim. Eu tenho a tarde e a noite de sexta livre, mas eu acho que Snape vai querer usar esse horário pra o projeto.

– Ah, esse projeto... – ele fez cara feia – Precisava mesmo ser com Snape?

     Precisava.

– Não, mas ele era o único professor disponível – eu falei. Tentei soar convincente – Além de que ele é um professor bastante competente e conhecido. Vai ser bom pra pesquisa.

– Diga isso por você. O que eu mais queria era me livrar de Snape. Mas como sempre, alguma merda me fez ter que pegar uma matéria com ele.

– Por quê? – eu indaguei. Desde quando eu conheci Harry, mesmo não querendo ele acabava pegando matéria com Snape – É uma das obrigatórias?

– Sim. E pra piorar é uma daquelas que serve de pré-requisito pra várias outras depois – Harry fez cara feia, enquanto cortava o frango – Ou seja, eu não pude adiar. Tive que pegar com ele mesmo.

– Nossa... – preferi não dizer mais nada.

Eu não queria que a conversa acabasse virando uma briga, como sempre acontecia quando o assunto era a família de Harry. Ele agiu da mesma forma, mudando de assunto.

– Mas me fale sobre a sua promoção. Eu não sabia que estagiários poderiam ser promovidos.

– Teoricamente nós não podemos – eu concordei antes de completar – Mas a SeMz tem uma politica de progressão.

– Como é isso? – Harry franziu a testa, confuso.

– Basicamente, cada atividade que a gente faz vai gerando alguns pontos. No final esses pontos são convertidos em benefícios – eu expliquei – Por exemplo, nós, estagiários, não somos obrigados a pegar nenhum horário à noite ou durante a madrugada, mas quando a gente aceita esses expedientes, isso é contabilizado ao nosso favor.

– Então no final do estágio o melhor vai ser contratado? – ele me perguntou, interessado.

Eu meneei a cabeça em concordância. Limpei a boca com o guardanapo antes de voltar a falar.

– Os três melhores são. Os outros podem vir a ser depois, dependendo da demanda – eu coloquei o prato de Harry, que também já tinha terminado de comer, em cima do meu – A gente fica acompanhando as nossas colocações nos relatórios de progresso que sai todo final de mês.

– E você tá em que lugar atualmente? – ele perguntou enquanto nós levantávamos para levar a ouça para pia.

– Segundo – eu respondi, guardando o resto do vinho na geladeira – E a Angel em terceiro.

– Depois desse esforço todo não é justo você estar em segundo... – Harry me abraçou, me colocando entre ele e a pia – Quem é que tá em primeiro?

– O Krum – fiz cara feia e revirei os olhos ao falar o nome do namorado insuportável da minha amiga.

Harry riu da minha expressão.

– Logo o Viktor? Não consigo imaginar ele tão dedicado assim...

– Pra isso ele é, acredite... – eu confirmei – Ele é o braço direito do Lúcio Malfoy.

Após ouvir o nome do meu chefe, Harry fechou a cara.

– Malfoy... – ele se afastou um pouco de mim rapidamente, fazendo muxoxo. Eu segurei a sua mão antes que ele aumentasse a nossa distância.

– Ei, larga de besteira... – eu falei puxando ele de volta – Você tá me saindo muito ciumento esses tempos.

– Não é ciúme, Ginny... – ele negou, sem olhar para mim.

– É o que, então?

– Nada.

– É bom que seja nada mesmo – eu falei. Agora eu que estava de cara feia – Até porque você não pode me cobrar nada também.

Saí da cozinha e andei até a sala irritada. Eu não conseguia entender como Harry não conseguia me contar as coisas importantes da vida dele, mas era capaz de ficar me fazendo cobranças idiotas.

– Ginny... – ele foi atrás de mim – Foi mal, tá. Eu não vou ficar me metendo na sua vida.

     Eu quero que você se meta, Harry. Por completo.

– O que a gente é, Harry? – eu questionei, o encarando.

Ele demorou algum tempo para me responder.

– Eu sou o Harry e você é a Ginny. E nós estamos aqui agora, juntos. Somente isso que importa. Nada mais.

A resposta que ele me dera não foi nada satisfatória, contudo eu preferi não discutir mais. Era melhor eu me dar por vencida. Harry chegou mais perto de mim e começou a me dar beijinhos no ombro, tentando me subornar. Ele estava quase conseguindo até que a campainha tocou. Eu olhei de cara feia para Harry, sem entender quem estaria batendo na porta dele uma hora daquelas. Deveria ser alguém bem íntimo para não ter sido anunciado. Ele apenas levantou os braços, indicando que não fazia a mínima ideia sobre quem estava do outro lado. Harry andou até a entrada e espiou pelo olho mágico. Assim que viu quem era, ele abriu a porta rapidamente. 

– Mione... – escutei Harry falar. Sua voz parecia assustada – Vem, entra...

Eu me adiantei até eles, preocupada. Não era do feitio de Hermione aparecer na casa dos outros às onze da noite. Principalmente sem avisar nada a ninguém.

– Oi, Harry – ela o cumprimentou de volta enquanto ele fechava a porta. Ela se virou em direção à sala e deu de cara comigo – Oi Gin. Desculpa, eu não queria atrapalhar vocês dois... É que o Neville tá na casa da Hannah e aqui é o mais perto lá de casa... Eu me esqueci totalmente de que vocês poderiam estar juntos. Afinal de contas vocês são um casal, né?... É melhor eu voltar para casa e...

– Ei, deixe isso. Você não tá atrapalhando nada – eu falei, buscando tranquiliza-la. Hermione parecia muito nervosa e confusa – Aconteceu alguma coisa, amiga? Você não tá com uma cara boa...

– Viktor... – ela falou, encarando o chão.

– O que foi que ele fez? – eu indaguei, já com raiva. Se ele tivesse feito algum mal a minha amiga ele iria se ver comigo.

– Ele terminou comigo.

Harry e eu nos olhamos sem entender nada.

– Vem cá, Mione. Senta aqui – Harry a guiou até o sofá – Conta pra gente o que aconteceu. Vocês brigaram?

Ela se jogou no sofá e balançou a cabeça em negação, sem dizer uma palavra. Nós nos sentamos cada um de um lado dela.

– Vocês vinham se desentendendo por essas semanas? – eu indaguei.

Ela voltou a sacodir a cabeça, negando. Seu olhar estava fixo na mesa de centro.

     Que porra foi que aconteceu então?

– Ele apenas me... me disse... – Mione começou a se manifestar. Harry puxou o rosto dela pelo queixo, devagar. Ele parecia saber o que estava fazendo.

– Disse...? – Harry a encorajou a falar.

– Que precisava curtir a vida. E que eu estava atrapalhando.

     Que filho da puta!

Harry arregalou os olhos assustado. Eu só senti vontade de ir até a casa do Krum e encher ele de desaforo.

– Amiga... – eu cheguei mais perto dela e passei a mão pelo seu ombro, tentando conforta-la – Vai ficar tudo bem...

– É, eu sei... – a racionalidade de Hermione me espanta às vezes – Eu só preciso de um tempo pra me recuperar...

– E você, como tá? – Harry perguntou, assim como eu ele se demonstrou surpreso com a postura da nossa amiga – Vocês namoraram por muito tempo, é normal se sentir mal...

– Eu não sei se eu estou mal – ela admitiu. Cada vez mais nós ficávamos espantados com as respostas – Eu me sinto muito triste. E confusa também. Mas não sei se eu estou mal.

– Mi, você tem que colocar isso pra fora – eu disse, puxando a atenção dela.

– Como Gin? Viktor e eu tínhamos problemas, eu sei. Mas eu não esperava que fosse terminar dessa forma – Hermione começou a desabafar – E pra piorar ele ainda me diz que no futuro quer voltar comigo. Minha cabeça está a mil. Eu não sei o que pensar...

     Repito: que filho da puta!

– Por enquanto não pense em nada – eu a aconselhei – Somente descanse. Você pode dormir aqui se quiser.

O olhar de Harry sustentou a minha decisão.

– Não gente, eu não quero atrapalhar mesmo – ela negou – Eu só precisava que alguém me ouvisse. Vocês já me ajudaram bastante.

– Nada disso, Mione. Eu não vou deixar você ir embora. Hoje você fica – Harry comunicou – Tem um quarto sobrando e a Ginny pode te emprestar alguma roupa pra dormir.

– Mas domingo eu viajo, gente – Hermione argumentou – Eu não arrumei todas as minhas coisas ainda e tem m...

– Não tem porra nenhuma, Mione. Você tem o sábado inteiro pra isso – eu a cortei – Você fica e acabou. Quantas vezes eu já precisei de colo e você me ajudou?

Ela acabou esboçando um sorriso, agradecida.

– Eu amo vocês, sabiam?

– Nós também te amamos – Harry deu um beijo na testa dela, antes de se levantar – Eu vou arrumar o quarto pra você. É rapidinho.

Eu permaneci com Mione na sala enquanto Harry preparava o quarto de hóspedes para ela. Fiquei em silêncio, apenas dando suporte emocional a minha amiga. Diferente de mim, Mione era mais contida. Quando ela se sentisse a vontade para falar, ela se pronunciaria. Harry voltou e puxou assunto, tentando aliviar a tensão da situação. Parece que a estratégia deu certo, pois Hermione foi relaxando aos poucos. No final da noite alguns sorrisos verdadeiros haviam sido arrancados rosto dela.

Um tempo depois nós três nos levantamos do sofá, o sono chegara praticamente nos derrubando. O dia havia sido muito pesado pra cada um, ainda que de formas diferentes. Harry se despediu e foi para cama. Eu peguei um pijama dentro do guarda-roupa dele e segui com Hermione até o quarto de hóspedes.

– Ginny...? – Mione me chamou, olhando pelo vidro da janela.

– Oi, amiga – eu falei, parando do lado dela.

– Eu não consegui chorar.

     Que estranho.

– Por quê? – eu indaguei, curiosa. Se eu estivesse no lugar dela estaria me acabando aos prantos. Foram quatro anos de namoro – Não sentiu vontade?

– Senti. Mas o choro não veio – ela respondeu, me olhando – Isso não é normal.

Não era uma pergunta. Era uma afirmação.

     Não é normal mesmo.

– Olha, eu acho que é o seu corpo te avisando que não vale a pena gastar uma lágrima sequer com esse desg... Com o Krum.

– Você nunca gostou dele, não é? – ela me questionou. Não parecia estar brava comigo por isso.

– Sempre achei que você merecia algo mais satisfatório – eu admiti – Mas vamo parar de falar disso. Descansa amiga, amanhã você vai estar se sentindo melhor.

Eu desejei boa noite a minha amiga e segui para o quarto de Harry. Ele despertou quando eu me deitei na cama, ao seu lado. Harry me puxou para perto dele, me aconchegando entre os seus braços. Eu adormeci instantaneamente. Acordamos um pouco tarde na manhã seguinte. Mione preparou o café, segundo ela como forma de agradecimento pela noite anterior. Logo após o desjejum ela seguiu apressada para casa, com a desculpa de precisar terminar de arrumar as coisas da viagem. Pelo o que eu conhecia de Hermione, ela já deveria ter arrumado a mala há muito tempo. No fundo o que ela queria mesmo era passar mais algum tempo sozinha antes de viajar. Era de se entender.

Harry e eu terminamos de tomar café tranquilamente antes de seguirmos para o meu apartamento. Assim que chegamos a minha casa, fui dramaticamente arrastada para o quarto, sem direito a reclamações.

– Parece que alguém acordou com vontade... – eu falei. Harry já havia retirado a camisa e agora se concentrava em beijar o meu pescoço e abaixar o meu vestido.

– Eu dormi com ela... – ele respondeu e eu ri.

Nos nós arrastamos até a cama. Harry tirou os óculos e colocou no criado mudo, antes de voltar sua atenção ao meu corpo. Ele beijou os meus seios e um arrepio gostoso subiu pela minha pele. Pouco tempo depois eu estava só de calcinha e ele apenas de cueca. Nós continuamos nos acariciando, agora sem pressa nenhuma. A intenção era provocar o outro. Harry se colocou por cima de mim, se encaixando entre as minhas pernas. Continuamos a nos beijar. A vontade de que ele tirasse logo a minha calcinha só fazia aumentar. Harry desceu a mão pela lateral do meu corpo. Ele estava prestes a realizar de vez os meus anseios quando ouvimos uma voz bradar ao fundo.

— Ginevra! Você pode me dizer o que está acontecendo aqui?

O susto que nós levamos foi tão grande que minha única reação foi empurrar Harry para cima. Ele estava tão desnorteado quanto eu que se desequilibrou com o meu movimento brusco e caiu na lateral da cama. Harry levantou o rosto na direção da entrada do quarto. Um homem alto e forte, de cabelos tão vermelhos quanto o meu, nos observava. Ron estava parado a soleira da porta e suas expressões não pareciam nada amigáveis. Os dois se fitaram por alguns segundos. Os olhos verdes de Harry, assustados, contra os azuis de Ron, irritados.

Parece que o meu irmão estava de volta, estourado como sempre.

     Admita, Ginny. Você sentiu muita falta dele.

Senti mesmo.

Eu me levante rapidamente da cama, enrolada no lençol, e me joguei nos braços de Ron. Era bom matar um pouquinho da saudade daquele abraço depois de três anos longe.


Notas Finais


E aí, meus amores? O que vocês acharam do capítulo? Me digam aqui nos comentários. Fico muito curiosa em saber.

Se vocês quiserem saber como foi essa conversa de Hermione com o Krum, é só da uma olhadinha no capítulo 01 da troca ~ "A Notícia". Só dar uma olhadinha no meu perfil que vocês acham fácil :)

Beijos, até quarta!


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