A menina olhou em volta, lembrou-se de sua mãe que havia partido. Apesar de muito doente, sempre ia à igreja com a filha. Depois que foi chamada por Deus a menina ficou sem rumo na vida. Ao lembrar-se disso, já não chorava mais. Seu coração, embora nem sempre parecesse estar no lado certo do peito, parecia que explodiria de saudades. A menina, então, resolveu ir em busca de comida. Nisto ela era bastante esperta. Mercados,bombonieres, bodegas e padarias, já a conheciam. No final de sua jornada, tinha conseguido um saquinho de jujuba, dois pães e biscoitos.
No outro dia a artesã, que agora parecia determinada, levou doces para a garota. A pequena recusou. “Que tipo de criança não gosta de doces?” A mulher dando-se por vencida sentou-se na calçada. A menina estranhou a atitude e passou a observar a senhora de riso fácil, que usava vestido todo cheio de flores. A pequenina também se sentou e, por fim, deixou que dona Elisa se aproximasse. A gentil estranha pediu desculpas por tê-la assustado no dia anterior, apresentou-se e perguntou-lhe o nome. A menina olhou, mas não respondeu, e quando dona Elisa tentou repetir a pergunta, a menina saiu correndo. Dona Elisa dessa vez foi embora com a sacola na mão. Todos os dias a insistente senhora levava algo diferente para a criança, tentava perguntar-lhe alguma coisa, mas a menina nunca respondia, nunca aceitava os mimos e sempre ia embora sem dar explicações.
Dona Elisa chegou a perguntar aos alunos o que sabiam sobre a criança. Tive o prazer de lhe fornecer informações. Trocamos todas as gotas de conhecimento que tínhamos sobre aquela pequena criatura. Comentei que ela era uma frequentadora mais assídua que muitos alunos, embora do lado de fora.
Noutro dia cheguei cedo à escola. Lá já estava dona Elisa, com uma sacola...
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