1. Spirit Fanfics >
  2. A Fênix >
  3. Cap. 11 - "O Agora - De pé!

História A Fênix - Cap. 11 - "O Agora - De pé!


Escrita por: FehCivinski

Notas do Autor


Olá :D
Quem é vivo sempre aparece né?! Então cá estou, espero que gostem...

Capítulo 12 - Cap. 11 - "O Agora - De pé!


Fanfic / Fanfiction A Fênix - Cap. 11 - "O Agora - De pé!

Cem dias me fizeram mais velho desde a última vez que eu vi seu lindo rosto. Milhares de mentiras me fizeram mais frio e eu não sei se eu posso ver isso da mesma maneira, mas toda distância que nos separam desaparecem quando eu sonho com o seu rosto. -Here Without You — 3 Doors Down

 

Londres, Evangeline Carter – 2016.

Eu queria poder dizer que aquilo não me afetou, que fui inteligente o bastante para ignorá-lo e seguir meu caminho, mas isso não aconteceu, naquele breve segundo da sua voz eu voltei no tempo, sentindo cada efeito seu me atingir em cheio. Cada parte de mim reagindo de formas diferentes, enquanto meu coração batia descompassado, minhas pernas perdendo as forças, minha cabeça levou-me a outro passado, aquele que ele também fazia parte, mas que não foi tão bonito e feliz. Um passado que me faz acordar, perceber que coisas boas não duram para sempre e o amor é apenas para alguns, outros como eu não foram feitos para esse sentimento.

Logo depois daquele segundo passageiro estou de volta ao presente, encarando de nariz em pé o homem a minha frente, tentando calcular suas intenções, prever suas palavras. Mas ainda que ele seja ele, e que por ilusão pareça igual, não é.

Algumas pessoas reaparecem do nada. É tipo um sexto sentido usado para embaralhar nossa cabeça e estragar de vez ou mais uma vez a tentativa de seguir. Ele é uma dessas pessoas. E antes mesmo que pudesse dizer mais qualquer coisa, eu me faço a seguinte pergunta: Vale a pena o desgaste emocional de deixá-lo fazer toda essa bagunça no meu peito? A resposta vai sempre pro lado do “não”, mas quem é que consegue controlar o coração e colocar esse bloqueio quando alguém que preencheu o passado de amor e ódio reaparece assim? Ele não tem esse direito, não depois de tudo, não pode aparecer assim do nada com palavras que ele sabe que de alguma forma fizeram parte de um história, a nossa.

— É Evangeline Carter pra você.

— Não gosta mais de “passarinho”? Você costumava gostar...

— Este apelido ridículo deveria significar alguma coisa para mim? — Pergunto o encarando.

— Significa mais do que gostaria não é? — Ele debocha.

Eu poderia gritar, expulsa-lo e tudo que provavelmente faria aos meus vinte anos, mas esta não é quem sou. Não mais. Ao invés disso um sorriso debochado surge em meus lábios, balanço minha cabeça divertida enquanto viro minhas costas disposta a não perder meu tempo.

— Algum problema senhora? — Dawson me alcança segurando um guarda chuva.

— Nenhum que vale meu tempo.

— Não me dê as costas Evangeline! — Ele grita e seu hálito de álcool me alcança.

— Patético! — Digo virando-me novamente enquanto encaro com desprezo aquele homem bêbado. Seus olhos tem o mesmo sentimento ao me olhar, raiva, desprezo e algo que nem mesmo eu consigo decifrar..

— Isso é parte da sua vingança?

— Sorrio. — É isso que pensa, que estou me vingando? — Balanço minha cabeça incrédula, me aproximo um pouco mais.

— Até onde quer chegar com isso Evangeline? Você já acabou com minha vida uma vez, não foi o bastante?

— Eu acabei com sua vida? Foi eu quem deixou tudo para trás, minha empresa, minha casa a minha vida.

— Não se compara com o que perdi. — Ele diz e eu engasgo em uma risada.

— Mas que porra você está falando? Você é inacreditável...

— Eu odeio você Evangeline, nunca pensei que poderia sentir algo assim por alguém, mas eu realmente sinto por você.

Suas palavras me cortam como lamina afiada, estou o encarando e em seus olhos eu vejo que é verdade, posso ver seu ódio, seu desprezo, seus olhos estão escuros e nesse momento percebo que este sentimento tão ruim e pesado é a única coisa que temos em comum.

— Não me importo com o que sente por mim, você não é nada Bieber, não me dou ao trabalho de cruzar o oceano para dizer isso.

— Acha que vim por você?

— Acho que você já pode voltar a sua vida perfeita e me deixar em paz.

— Quer que eu o tire daqui? — Dawson pergunta e eu apenas nego.

— É só um bêbado!

— Você não vai me ver cair Evangeline, seja lá o que tem feito para me derrubar não vai conseguir.

Ele me puxa pelo braço com força impedindo que me mova, suas palavras sai entre dentes carregada de tudo que me culpa. Também o culpo, também o odeio por tudo que me fez perder, que me fez sentir. Justin está tão perto que meu corpo toca no seu e um velho arrepio me atinge, olhos assustados de mais encaram um ao outro, sua boca se abre por vezes talvez para proferir mais acusações e ofensas, mas por alguma razão elas não saem.

— Vadia! — Ele diz em um sussurro rouco, eu deveria me sentir ofendida, mas o efeito é contrario, por alguma razão absurda me excita.

Meus olhos seguem aos pingos de chuva que escorrem por seu rosto até sua boca, lábio vermelho sangue costumavam ser tão macios... Breves segundos até me dá conta do seu jogo, ele quer me desestabilizar. Não admito que tente jogar comigo, não desta forma. Sem pensar minha mão atinge seu rosto com força o bastante para fazê-lo dar um passo para trás enquanto toca o local atingido. No mesmo instante Dawson se coloca a minha frente e o empurra para evitar qualquer reação de Justin.

— Vá para o inferno!  — Rosno.

— Se você não a deixar em paz agora eu mesmo te mostro o caminho do inferno. — Dawson diz levando-me para longe.

Meu segurança abre a porta do carro e ajuda-me a entrar, quando já está ao volante posso ver seu olhar pelo retrovisor. O encaro de volta esperando que ele não diga nada e ele não o faz. Dawson liga o motor e aos poucos o carro começa a se movimentar, meus olhos estão secos encarando a chuva através do vidro, tentando não me sentir tão afetada, sabendo que era isso que estava.

AUTORA:

A poucos metros dali um casal brigava, o homem gritava e segurava com força os braços da garota que chorava. E não importava quantas vezes ela dizia que estava trabalhando o homem parecia não escutar, ele apenas gritava e fazia acusações infundadas.

— Vagabunda, com quem você está transando? — O homem segurou com força o pescoço da garota, enquanto ela ficava na ponta dos pés e o seu rosto ficando vermelho.

— Chuck, por favor! — Jenna suplicava quase sem ar. — Me solta...

— Fala sua piranha, ou vou te matar.

— Não tem ninguém, eu juro. — Ela dizia enquanto ele apertava com mais força.

 

Seu namorado estava transtornado, havia sido demitido do bar onde tocava e naquela noite voltou mais cedo para casa e não a encontrou. Depois de algumas gramas de cocaína sua mente começou a criar fantasias que estava sendo traído, era mais fácil descontar nela toda sua fúria.

O rosto dela estava ficando roxo e nem assim ele soltava, parecia sentir uma doentia satisfação, e só quando ela parou de lutar que ele soltou e o corpo sem força dela caiu na calçada. Chuck não se importou, gritava enquanto ela apenas tentava recuperar o fôlego.

— Eu estava trabalhando, seu drogado de merda! — Ela diz num fio de voz.

— O que disse? Do que me chamou? — Ele se abaixou segurando os cabelos dela e fazendo com que o olhasse.

— Você ouviu! — Ela rosna.

 

(...)

 

Evangeline tinha um rosto cansado, seu segurança por vezes procurou palavras, mas se calou todas às vezes. Dawson já trabalhava para elas a quase um ano e em todo esse tempo nunca a viu tão triste como naquela noite, os olhos que sempre pareciam chamas vivas agora pareciam nublados e vazios. E ele apenas sentiu crescer em seu peito um sentimento escuro por aquele homem, suas mãos apertaram o volante com força por deixá-lo dizer tais coisas a ela.

 

O homem estava perdido em seus próprios pensamentos quando ouviu a voz autoritária dela gritar que parasse e imediatamente seus pés empurraram os freios com força fazendo o carro dançar na pista molhada e finalmente encostar. Ele olhou assustado para sua chefe, os olhos dela estavam cheios de raiva e ele seguiu na mesma direção e pode ver um casal brigando a alguns metros de distância.

 

— Faça alguma coisa! — Ela ordena e no mesmo momento Dawson obedece e sai do carro as pressas.

 

Evangeline desce do carro as pressas e sem cerimônia arranca seus saltos e corre na direção da jovem caída no chão.

 

(...)

 

Os paramédicos e a policia estão chegando, é possível ver as luzes vermelhas e o som da sirene abrir o transito. A chuva deu uma trégua e apenas finos pingos caem do céu enquanto Evangeline permanece ao lado de Jenna e Dawson mantém Chuck imobilizado.

 

Quando os policiais começam a fazer perguntas Dawson toma a situação para si, do outro lado Evangeline está enrolada em um cobertor enquanto os paramédicos fazem os primeiros socorros, é triste para ela ver uma garota tão jovem ser vitima de tal agressão. Ela olhava e se perguntava se a garota tinha alguma família para ser avisada, se havia uma mãe em casa esperando preocupada e sem querer se colocou no lugar dessa e tudo que pode sentir foi dor.

 

Deixando de lado toda sua pose e dando lugar ao ser humano que é ela acompanhou Jenna ao hospital e ficou esperando por noticias na sala de espera. Haviam horas desde que a levaram para fazer exames e nenhum médico havia voltado com noticias.

 

Londres, DAVID LEWIS – 2016

Meus olhos se abrem  antes mesmo que o despertador quebre o silêncio da manhã, o relógio ainda marcava 5:00AM e o sol mal saiu,  levanto-me silenciosamente para que Cindy não acorde, arrasto-me para o banheiro onde minha roupa para o treino matinal já está dobrada sob a bancada e no seu lugar deixo meu pijama, lavo meu rosto antes de sair para que consiga acordar.

Os raios de sol em uma mistura de vermelho e laranja começam a pintar o céu, fecho os olhos sentindo o calor atravessar as grandes janelas de vidro da sala de estar, essa é minha hora preferida do dia. Permito-me ficar ali por alguns minutos, nos poucos em que minha mente parece vazia e tudo parece calmo, o nascer de um novo dia é bonito e cheio de novas promessas é a oportunidade de viver mais um dia e fazer deste melhor do que aquele que já se foi e agora é uma mera lembrança.

Respiro fundo, juntando coragem. Olhando a minha volta o apartamento parece muito maior a essa hora, ou talvez apenas precise de mais alguns móveis como Cindy costuma dizer, mas prefiro pensar que tenho o suficiente. Antes de seguir para meu treino deixo a máquina de café ligada, gosto como o cheiro preenche todo o espaço.

O Elevador não demora a chegar, não tem muitas pessoas acordadas a essa hora e a sala de musculação sempre está vazia, mas antes que a porta do elevador se fecha ouço o som da voz da senhora Milles, coloco a mão no sensor impedindo que as portas se fechem, ela me dá um sorriso de agradecimento e me saúda com um bom dia.

Por três andares ela me conta entusiasmada que este é o melhor horário para ir á feira, de como as frutas e verduras são mais frescos e deliciosos, quando eu desço ela promete me trazer maçãs e abacates que segundo ela são os melhores, eu aceno e agradeço.

Como imaginei a sala de musculação está vazia e ao som de um solo do Slash em meus fones começo correndo na esteira, o suor escorrendo pelo meu rosto a medida que vou aumentando a velocidade para bater minha última marca, o ar entra por minha boca e rasga minha garganta, só um pouco mais rápido, um pouco mais é o que digo ao meu corpo. Quando a esteira para estou apoiando as mãos nos joelhos puxando o ar com força para meus pulmões, quando consigo respirar melhor sigo para a corda e as flexões. Uma hora depois minha roupa está molhada de suor e tudo que preciso é um banho e um café quente.

Ao voltar o delicioso cheiro de café me recebe na porta, o silêncio se foi e agora na TV ligada o noticiário, Cindy está sentada no sofá enrolada em um cobertor e ao me ver lança um beijo no ar.

—  Café? - Ela pergunta erguendo a xícara.

—  Depois do banho! Digo caminhando em sua direção e me curvando dou lhe  um beijo. - Bom dia!

—  Eca! Você ta suado... – Ela diz fazendo careta.

Ignorando seu comentário me afasto tirando a roupa e jogando na lavanderia, de modo que estou andando nu, quem sabe assim ganho uma campainha para o banho.

—  O que faz acordada tão cedo? – Pergunto divertido, ela não é uma mulher das manhãs, geralmente depois das dez apenas.

—  Senti sua falta na cama, você não pode ficar um pouco mais nem aos sábados?

—  Desculpe querida, é a força do hábito!

Ainda que seja sábado eu não consigo permanecer na cama, meu trabalho exige que eu esteja disponível a qualquer momento, eventualmente para uma reunião de última hora ou uma viagem, é normal que isso aconteça e eu preciso estar pronto. Mas para mim isso não é um sacrifício, eu amo meu trabalho é o que sei fazer de melhor.

—  Isso é conseqüência dos anos que você trabalha com aquela louca.

—  Ela também não é sua fã! – Não é novidade que Eve e Cindy não se suportam e não há nada que possa fazer para que minha namorada e minha melhor amiga se entendam. É mais fácil para minha saúde mental ignorar o que ambas.

—  Evangeline não gosta de nenhuma namorada sua David, ela quer controlar todo mundo e isso inclui você.

—  Você acordou cedo pra isso? Se for é melhor voltar pra cama, não to afim de voltar a esse assunto.

—  Você está certo, me desculpe. Tive várias idéias para hoje, só quero curtir esse final de semana com você. - Ela sorri maliciosamente enquanto caminha na minha direção.

—  Então vamos começar agora! – Digo a puxando para mim e beijando sua boca com vontade.

Minhas mãos estão por todo seu corpo, arrancando qualquer pedaço de pano que atrapalhe meus planos, seus beijos molhados me excita e nada melhor que sexo para começar bem o dia. Quero joga-la no chão, mas sei que prefere a cama, levanto seu corpo e suas pernas se encaixam em minha cintura, antes mesmo que possa dar um passo o som da tv me faz permanecer no mesmo lugar, olhos agora abertos e atentos enquanto Cindy ainda beija minha boca.

—  O que foi? - Ela pergunta cessando o beijo e me olhando.

—  Eve! - o nome dela se arrasta por minha garganta e solto Cindy para me aproximar da tv.

—  Você só pode estar de brincadeira David!

Enquanto ainda encaro a tv estou tentando achar meu celular, a voz de Cindy soa irritada atrás de mim, mas não estou ouvindo qualquer palavra sua, o numero dela está salvo na discagem rápida, mas Evangeline não me atende. Estou nervoso, preocupado demais para começar uma briga agora. Caminho as pressas para o banheiro, uma ducha rápida antes de sair.

—  David, onde você pensa que vai?

—  Você não viu o noticiário, não viu o que aconteceu?

—  Não é sua obrigação sair correndo para socorrer Evangeline Carter, você não é o cachorrinho dela.

—  Cachorro? É isso que você pensa que sou?

—  Não foi isso que quis dizer, você não precisa ir, ela tem outros empregados.

—  Empregado sim, amigos não. Ela precisa de mim agora.

—  David, eu juro que se for me deixar aqui para sair correndo atrás daquela mulher eu não vou mais estar aqui quando voltar.

—  Cindy, querida...

—  Se você sair por aquela porta terá escolhido ela.

—  Não precisa fazer isso, podemos conversar quando eu voltar.

— Estou cansada de ser sempre a segunda na sua vida.

—  Você não é a segunda, você precisa parar de ficar disputando. Você é minha namorada e ela é minha amiga e minha chefe, são coisas diferentes.

—  É isso que você diz a sí mesmo, mas não é a verdade.

Fecho meus olhos lutando para manter a calma, por quantas milhares de vezes eu terei que dizer que os sentimentos são diferentes? Evangeline sempre será minha amiga, a pessoa que me estendeu a mão e acreditou em mim quando ninguem mais o fez, é cansativo ter que fazer o mesmo discurso a cada novo relacionamento, tomar para obrigação ter que provar que o que sinto por Eve é gratidão e carinho, algo tão diferente de paixão. Eu a admiro em tantos sentidos, mas estes não são românticos, não posso e nem quero deixá-la em um momento assim.

—  Preciso ir agora, conversamos quando eu voltar. - É tudo que digo.

Saio assumindo o risco de não ter mais namorada quando voltar, não queria que as coisas chegassem a tal ponto onde teria que escolher entre uma amiga e uma namorada. Mas resolvo quando voltar, agora estou ligando para a empresa pedindo que cancelem toda a agenda da Evangeline pela manhã, se bem a conheço vai querer trabalhar mesmo passando a noite acordada. Peço que minha secretária assuma a recepção da Evangeline e sua agenda. Ligo para nosso escritório de advogados para que providenciem alguem para acompanhar Dawson ainda está na delegacia, depois providencio que Colin, um de nosso seguranças que estava de férias volte imediatamente para assuma seu posto por hoje e coordene a nova equipe contratada.

O cel está no viva-voz do carro enquanto corto o trânsito o mais rápido possível, ainda há alguns emails a serem respondidos e uma reunião que não consegui reagendar, converso rápido com Tireel da contabilidade para providenciar que sejam pagas as despesas do hospital em que Jenna está, e Luke nosso assessor de imprensa para que providencie uma nota sobre o ocorrido o quanto antes.

Ao desligar mais uma ligação, não consigo parar de pensar em como tudo está tão louco, poucos meses atrás as coisas caminhavam perfeitamente e nenhum incidente tão grave acontecia, a The Pheonix nunca se envolveu em qualquer escândalo,  Eve nunca pareceu tão abatida como naquelas imagens. Eu não sei quais serão os impactos nos últimos acontecimentos na sua vida, ela é sempre tão forte, a senhora Carter que todos veem que por vezes eu esqueço o quanto pode ser frágil, que ela é minha tão querida amiga Eve.

O sol já aparecia quando atravesso as portas do hospital, caminho as pressas até Evangeline, No mesmo ela me vê e se levanta vindo até mim, meu braços circulam seu corpo num abraço preocupado. Estava tão aliviado por vê-la bem, a afasto por um segundo para ter certeza que não havia nada de errado e volto a abraçá-la.

Em meus braços ela se acolhe como se eu fosse algum tipo de bálsamo, eu queria ser, ou apenas ter o poder de tirar-lhe os pesadelos que estão de volta.

— Porque não me ligou? — Pergunto sem soltá-la.

— Como soube?

— Pelo noticiário. — Sinto-me ofendido. — Está em todos os lugares. — Ao dizer isso ela me solta repentinamente e com uma expressão alarmada me encara, pisca algumas vezes.

— O que está em todos os lugares? — Ela pergunta nervosa.

— Que sua assistente foi vitima de agressão por parte do namorado e que você não saiu do lado dela.

— Esse tipo de gente gosta de fazer mídia em cima dos problemas dos outros. É só uma garota, o que menos precisa é que sua vida seja exposta assim.

— Você tem razão, já providenciei que divulguem uma nota e que preserve a senhorita Foks.

— Faça isso e veja tambem se ela tem alguma família, caso tenha veja se precisam de alguma coisa.

— Já cuidei disso. Ela não tem ninguém, parece que vivia com o namorado.

— Aquele desgraçado vai passar algum tempo atrás das grades. Providencie um novo lugar para ela morar, cuide disso para mim Dav.

— Dawson precisa de assessoria jurídica, também há as despesas do hospital, peça ao Tireel...

— Eve! — Toco seu braço para que me olhe... — Eu já providenciei tudo.

— Oh certo, é claro que você já cuidou de tudo. — Ela toca meu rosto, um gesto raro.. — O que faria sem você?

— Provavelmente contrataria outro… — Digo e consigo lhe arrancar um sorriso.

— Seu cargo de amigo é vitalício.

— Eu agradeço.. — Digo divertido.

— Agora preciso de um banho e porque uma reunião agendada para daqui uma hora. Mas não vou sair daqui sem noticias da garota.

— Eu tomei a liberdade de desmarcar sua agenda por hoje. Sabia que se recusaria a ir para casa, mas você precisa de algumas horas de sono Eve.

— Você não podia ter feito isso David.

— Me desculpa, mas antes de ser seu funcionário eu também sou seu amigo. Você precisa descansar, nem que seja por um dia.

Ela estava visivelmente exausta, mas ficou ali até o médico vir e nos garantir que Jenna Foks estava bem, embora tivesse algumas lesões eram leves e estava fora de qualquer risco. Ambos ficamos aliviados e contentes pela boa noticia.

— Graças a Deus a garota está bem... — Eve diz.

— Sim, agora me deixe levá-la para casa.

Ela assente ainda relutante, mas não há mais nada que possa fazer agora, a menina está bem e as duas precisam de descanso.

Não podemos sair pela frente pois está cheio de repórteres, Luke cuida deles, saímos pelos fundos onde deixei meu carro.  Olho de soslaio e ela tá quieta, olhos vagando longe, mas ela não quer conversar agora e nós apenas seguimos para casa. Ao chegar percebo que ela dorme, cabeça encostada no vidro da janela, lábios levemente abertos, bolsas arroxeadas em volta dos seus olhos marcam sua pele e seus cabelos estão um pouco fora do lugar, mas nada disso é capaz de deixá-la menos bonita.

—  Eve? - A champ, mas ela parece dormir profundamente. - Eve, chegamos! - Toco seu braço e só agora ela parece despertar.

—  Droga, eu dormi…

—  Você está cansada, vamos.

Abro a porta do carro e a ajudo, nós subimos e quando finalmente entramos Olivia salta do sofá e corre em nossa direção, a pequena sorri para mãe e toca sua mão com cuidado.

—  Eu vi você no jornal mamãe, você me deixou muito preocupada.

—  Oh meu Deus, não era minha intenção preocupa-la. - Eve diz divertida se abaixando para ficar a mesma altura da filha.

Seus olhos vai na direção de Beth, há uma bronca escondida neles por deixar que Olivia visse o noticiário, a garota se encolheu em seu lugar.

—  Eu vou cuidar de você. - Liv diz tocando o rosto da mãe.

—  Eu vou gostar disso! - Ela diz pegando em seu colo a pequena garotinha, as duas vão para o quarto animadas e fazendo planos de maquiagens e roupas, gosto de vê-las juntas, do modo que Evangeline é quando está com Olivia, quando está em casa.

—  Posso servi-lo um café senhor Lewis? - Olga pergunta.

- Sim e pode preparar uma bandeja por favor? Evangeline ainda não comeu, assim que ela tiver saído do banho eu mesmo levo.

—  Sim senhor. - Olga diz e logo desaparece para a cozinha.

—  Como está a garota senhor Lewis?

—  Ela vai ficar bem, o ex namorado já está preso e ela será acompanhada pelos melhores médicos.

—  Graças a Deus, nós ficamos tão preocupadas quando vimos o que tinha acontecido. Não foi de propósito que Olivia viu, eu juro.

—  Eu sei, eu sei Beth. Eve tambem sabe, ela só estava sendo protetora.

Foram alguns minutos até Olga fosse conferir se Eve já tinha saído do banho e eu possa levar a bandeja de café, dou duas batidas na porta antes que ela me permita entrar, não consigo conter a risada ao ver as duas vestidas em pijamas de pantufas de unicórnio.

—  David Lewis não ria! —  Evangeline diz séria.

— Unicórnios tio! —  Olivia estava visivelmente entusiasmada.

Levanto a bandeja de café em sinal de paz, escondendo o riso para que ela não me mate. Me junto as duas e tomamos café, e olhando para elas eu penso que talvez essa seja a minha segunda coisa favorita no dia. O breve momento onde não há nada fora dessas paredes capaz de tirar o sorriso da Eve, é o momento que ela é apenas a mãe, gentil e dedicada, sinto-me privilegiado por ser um dos poucos a vê-la assim. Não mudaria nada, eu a seguiria pra qualquer lugar.

AUTORA:

 

De olhos fechados o homem sentia como se estivesse em um bote a deriva, ondas o levando cada vez para mais longe em uma tempestade, mas era apenas o efeito do álcool agindo.

Ao abrir olhos ele encara o teto irregular e agora ele parecia afundar lentamente em pensamentos e sentimentos controversos. Uma única pergunta pairando sob toda as outras questões. “O que ele fazia ali?” Longe de sua casa, sua esposa, país e tudo que lhe pertencia. Ele apenas poderia pegar suas coisas e ir, voltar a vida que considerava boa o bastante. Nem mesmo ele conseguia encontrar uma explicação lógica para todas suas atitudes, eram tão imaturas.

 

O rosto de Evangeline em todos esses anos nunca esteve tão presente como agora, a raiva pulsante dividia lugar com um sentimento estranho que machucava, um sentimento egoísta que facilmente poderia ser confundido com mágoa e orgulho.Ela cumpriu tudo que jurou que faria, planos que dividiram juntos por muito tempo ela fez sozinha.

 

Um sorriso involuntário estampou seu rosto e por um breve segundo ele ficou feliz por ela ter conseguido. E mesmo bêbado era como se estivesse acordado de um sonho profundo, ele deveria saber de tantas coisas, mas simplesmente escolheu fechar os olhos. Era estranho perceber que a vida continuou para ela também. 

Seu telefone toca incansavelmente na mesinha do lado de sua cama, mas ele apenas fechou seu olhos novamente e ignorando o som ele dormiu.

 

Do outro lado do país, no conforto de sua casa uma mulher de cabelos negros balançava-se em uma cadeira de amamentar enquanto segurava junto a si uma roupinha de bebê, o perfume já fraco da criança ainda permanecia ali e se ela fechasse os olhos poderia ouvir um chorinho vindo do berço. Mas não havia ninguém alem dela alí, o quarto azul cheio de brinquedos estava sem vida desde que seu dono se foi. Dos olhos dela escorriam lagrimas enquanto seu peito doía em uma saudade que nunca teria cura. Nenhuma dor se compara a de uma mãe quando se perde um filho, uma vida que foi tão esperada e amada.

 

No porta retrato uma foto de uma família feliz. Um mãe sorridente tem em seu colo um lindo menininho que acabara de nascer, tão cheio de vida, tão bonito. De pé ao lado da cama o pai orgulhoso sorria para sua esposa, encantado e agradecido por ter lhe realizado um sonho. Sara nunca tinha o visto sorrir daquela maneira, Justin estava tão radiante, seus olhos brilhavam.  Eram uma família. Nenhum dia foi tão feliz desde então, mas agora aquele dia está preso em um porta retrato, seus braços estão vazios e Justin nunca mais sorriu daquela maneira.

 

O celular disca o numero dele novamente, a décima tentativa e mais uma vez cai na caixa postal. A casa parece tão fria quando ele não está, Justin viajou a poucos dias, mas sua esposa teme onde todas as coisas irão levá-lo. O rosto da mulher loira invade suas lembranças, ainda é uma ameaça vê-la tão chegar tão perto, por que só uma tola menospreza o poder de um passado.

 

Parece que foi ontem que a noticia se espalhou pela pequena cidade de  Stratford no Canadá. Em todos os lugares só se ouvia que o filho mais velho dos Biebers chegaria para passar o natal com a família. Faziam alguns anos desde que ele tinha partido para outro País a gosto da mãe para fazer faculdade, ele não voltou desde então, nem mesmo para visitá-los e talvez no fundo Sara soubesse o motivo.

 

Embora uma parte sua se sentisse culpada, sabia que tinha feito o certo, ele nunca partiria se ela pedisse que ficasse. Ela sentiu seu coração acelerar com a noticia, Justin era seu grande amor e por isso foi inevitável conter o sorriso ao lembrar-se do rosto dele, eles tiveram uma história. Na sala de aula enquanto explicava a matéria ela parecia diferente, tão visível que uma mãozinha se levantou em meio a turma.

 

— Senhorita Scott?! — Candice, uma menininha de 6 anos chamava.

— Sim?!

— A senhorita esta estranha. — A pequena observou curiosa enquanto o resto da turma também encarava a professora agora envergonhada.

— Uma estranha ruim?

— Não, uma estranha feliz.

— Recebi uma boa noticia então eu estou feliz. — Sara dizia sorrindo.

 

Aquele dia estava sendo difícil manter sua mente concentrada quando tudo que conseguia pensar era que se ele tinha mudado em todos esse anos longe, ela esperava que não, torcia que ele ainda tivesse os cabelos levemente compridos, que a cidade grande não tivesse lhe arrancado a timidez que era parte do seu charme. Ela não sabia que horas ele iria chegar se iria de taxi ou de ônibus, o conhecendo bem ele provavelmente iria no final da tarde porque gosta da vista quando o sol está se pondo e o céu ganha uma mistura de cores que refletem nos finos cristais de gelo grudados no campo. Pensando assim Sara encarava o relógio no final da sala, os segundos pareciam horas e ainda eram meio dia, a tarde demoraria uma eternidade a passar.

 

Em seu horário de almoço ela vestiu seu casaco e fazia o caminho mais curto até sua casa, acenava e cumprimentava os velhos conhecidos na rua, trocava saudações e sorria animada. Notou que velhas conhecidas da época da escola falavam a seu respeito quando passou pela lanchonete, mulheres agora, mas com os mesmo costumes.

 

No parque as crianças jogam futebol, alguns deles seus alunos da manhã chamavam seu nome é Dylan, um pequeno garotinho sorridente chuta a bola na sua direção, ela rapidamente chutou de volta e depois seguiu, dois passos depois a bola bate em seus calcanhares e ela sorri, trocando passes ela gasta seu tempo brincando com as crianças. Sara adora crianças, não é uma cena rara vê-la com eles.

 

Dylan se prepara para chutar e Sara olha com olhos semicerrados na direção do menino, bate as mãos disposta a não deixar que a bola passe por sua defesa ou seja por entre os dois tijolos na calçada.  O garoto se afasta tomando espaço, respira fundo como se aquele momento fosse a final da copa do mundo, correndo ele avança e chuta com toda a força que pensa ter, a garota se estica fingindo querer pegar a bola, mas é claro que ela deixa que ele comemore eufórico o gol. Ela sorri satisfeita enquanto corre para buscar a bola que quica no asfalto, os gritos de comemorações a distrai o bastante para não ver o carro que vem em sua direção. É possível ouvir o som dos pneus queimarem na rua, o motorista freia com tanta violência que imediatamente seu erbegue é ativado e seu rosto se choca naquele balão de ar, o grito de pânico da sua passageira soa alto. Os dois descem do carro para ter a certeza que a pessoa na rua está bem.

 

Sara está segurando a bola de futebol nas mãos, seus olhos paralisados de pânico e todo o sangue do seu rosto desapareceu. Olhou nervosamente para as crianças, ela eram que deveria dar exemplo e quem dizia sempre a eles para olhar os dois lados ao atravessar a rua. O homem olha preocupado para ela, vasculha superficialmente se ela está ferida.

 

— Oh meu Deus, você está bem? Eu não vi você. — Justin diz nervoso, tão nervoso que não reconhece a mulher a sua frente.

— Você é louca?— a garota loira grita nervosa.

 

O som da voz dele a faz piscar por alguns instantes, Sara o olha e suas pernas perdem as forças tanto que Justin precisa segurá-la para que não caia.

 

— É você... — Ela diz quase sem voz.

 

Só agora Justin se dá conta que tem em seus braços a garota que amou, aquele olhos negros e brilhantes o encaravam e ele poria jurar que ela estava feliz em vê-lo. Ele não desejou, mas seu coração bateu diferente olhando-a tão de perto a distância de um beijo. Ela desejava isso, suas mãos presas nos braços dele, no curto tempo que esteve tão perto era como se ele nunca tivesse partido, mas também era como se aquele não fosse mais o Justin que conheceu.

 

— Você está bem? — Ele pergunta sem tirar os olhos dos seus e ela apenas assente, incapaz de pronunciar qualquer palavra.

 

— Jus você está sangrando! — A voz da loira soa mais uma vez. Ela parece preocupada. Em um segundo os braços dele estão longe, ela quer pedir que não solte, mas é tarde.

— Não é nada. — Ele diz limpando o sangue que escorre do seu nariz com as costas da mão.

— Viu o que fez oh maluca?! — A loira furiosa a acusa.

— Eve, calma! Está tudo bem.

— Como calma? Ela quase nos matou, olha só você está sangrando. — Ela toca o rosto dele com carinho e ele não afasta.

— Você está bem? — Sara pergunta, sua voz gentil ganha atenção dele que balança a cabeça positivamente. — Eu sinto muito Justin, eu deveria ter olhado para os lados, eu ensino isso todos os dias aos meus alunos e veja só. — Ela fala rápido de mais envergonhada.

— Vocês se conhecem? — A loira pergunta confusa. Mas logo parece claro. — Obvio! Cidade pequena.

— Cidade pequena. — Ele concorda. — Você tem certeza que está bem? Podemos te dar uma carona ao hospital.

— A garota está ótima, é você que precisa de um médico.

— Não seja exagerada. — Ele sorri revirando os olhos, e lá está aquele sorriso que Sara tanto amava. Ele o olhou dos pés a cabeça e nem de longe ele se parecia com seu Justin.

— Ok. Se está todo mundo bem podemos ir? Estamos a horas na estrada e eu só quero descansar.

— Tem certeza que está bem? — Ele pergunta mais uma vez.

— Sim. —  Ela sorri e ele apenas acena dando-lhe as costas e abrindo a porta do passageiro para a loira. — Bem vindo de volta. — Ela diz e ele a olha mais uma vez e a loira ao seu lado a encara, então sem saber o nome da garota ela apenas completa. — Bem vinda também ....

— Evangeline, Evangeline Bieber. — A garota loira diz provocativa, o nariz empinado de mais, típico de gente da cidade grande. .

Sara olha nervosamente para Justin com a esperança que tivesse escutado errado e ele fosse corrigir aquela estranha, mas ele não o fez. Só nesse instante que Sara pôde se dá conta do obvio, eles eram um casal, ela deveria ter notado a mão dele descansando tão à-vontade na cintura da outra. Uma outra tão diferente dela.

— Foi um prazer conhecê-la. — Sara diz por educação, puxando do mais profundo de si, mas não é verdade.

— Não posso dizer o mesmo, você quase nos matou.

— Eve! — Ele tenta minimizar, mas ela dá de ombros.

— Se cuide Sara.

— Olhe para os dois lados da próxima vez. — A tal de Eve diz ao entrar no carro.

 

As duas garotas se encaram enquanto Justin contorna o carro. Duas mulheres, duas histórias de amor e só um homem. Evangeline não era tola, demorou a perceber, mas depois de alguns minutos ela sabia quem era Sara, não era a primeira vez que a via. Ela lembrou do seu rosto na foto que encontrou um dia nos livros de Justin. Mas aquela era a primeira vez que Sara via Eve, os olhos dourados daquela mulher, ela nunca mais os esqueceria.

 

Justin entra no carro e se vai com a garota que agora tem seu sobrenome. Sara não consegue tirar os olhos deles, seguindo até que desaparecem no final da rua. Num estalo mil vozes a sua volta, crianças e pessoas, ela nem tinha percebido que estava cercada por toda aquela gente.

Sara balança a cabeça tentando apagar tais lembranças, foi um longo tempo desde então. Olhando em seu dedo ela sorri orgulhosa, ela pegou o que era seu de volta e não se arrepende das escolhas que fez para chegar a este presente, ela tinha o homem que amava, uma casa linda e uma vida perfeita. Ela levantou-se decidida que ninguém tiraria sua felicidade, não ia ficar em casa amedrontada por alguém que Justin deixou.

 

Evangeline Carter – Londres.

Sentada na cama, estico meus pés até tocarem o chão, meu corpo sonolento está dolorido, sinto-me como se tivesse corrido uma maratona. É aquela sensação de ter dormido de mais e ainda assim parece que precisa mais algumas horas de sono, mas meus olhos seu recusam a se fechar.

Arrasto-me para fora da cama e tudo está no mais absoluto silêncio, já passam das 10h da noite, Olga já se recolheu e Beth diz algo antes de sair quando me vê surgir na sala, mas não dou importância. Bebo dois copos grandes de água e meu estomago ronca, só comi algumas frutas que David insistiu pela manhã, na geladeira há comida que Olga deixou para o jantar, parece delicioso e o cheiro que sai do microondas me faz suspirar.

Sozinha naquele grande apartamento eu como, não há nada mais deprimente na vida do que fazer uma refeição sozinha, para amenizar eu coloco uma musica, o som de um piado de notas calmas espalha-se pelo cômodo. Mas eu ainda estou sozinha.

Vou conferi Liv e ela dorme tranquilamente, fico ali por longos minutos só pelo prazer de vigiar seu sono, o som de sua respiração calma ameniza minha solidão. Penso que poderia ocupar minha mente trabalhando, mas por hoje eu não quero ver toda aquele monte de papel.

Minha mente a todo momento volta ao dia anterior, Justin, Jenna e todas as coisas que aconteceram, eu não queria, mas o estado de Jenna, ver seu sofrimento abriu uma brecha no muro que construí para esconder as lembranças do meu passado, eu não queria olhar, mas lá estava eu espiando novamente e uma brecha é o suficiente para se fazer grandes inundações.

Suspirei alto, meu corpo cansado e minha mente completamente cheia, não conseguia parar de pensar. Caminho descalça sentindo o frio do chão em meus pés, o silêncio do meu apartamento e a ilusão de paz chegar, só ilusão, porque o silêncio do mundo não significa paz, se o mundo pudesse escutar a loucura e os gritos de uma alma jamais ficariam em paz.

Mais um dia havia chegado ao fim e eu ainda estava de pé, consegui enganar todos que me cercam, fingindo sorrisos e uma força que quando estou sozinha não tenho.

De pé na porta do closet eu encaro as caixas que tão alto que mal alcanço. Eu tinha jurado que nunca mais mexeria naquelas porcarias velhas, mas  ao fechar a porta do meu quarto e me sentir sozinha eu não consegui me conter, quando me dei conta do que fazia já estava nas pontas dos pés para alcançar aquela caixa escondida no meu closet. Aquela caixa velha e amarelada, que já deveria ter ido para o lixo a séculos, a mesma que sempre fica escondida numa tentativa falha que chegue um dia que ela simplesmente desapareça e eu nunca mais precise alcança-la, sabia que não deveria abri-la, mas já era tarde, já estava na minha cama totalmente escancarada me fazendo olhar cada pedaço meu que guardei ali.

A primeira foto que vi era de uma jovem com um sorriso largo, eu mal me lembro como sorrir, eu perdi aquele sorriso com o tempo. Quem poderia imaginar?!

Solto a foto assim que meus olhos encontram aquela camisa velha, sem pensar a pego rapidamente e levo até meu nariz e fecho os olhos ao inalar o cheiro dele que ficou ali. Não consigo resistir e quando percebo eu já vesti aquela maldita camisa, ele costumava ficar tão sexy nela. As fotos são de uma época que experimentei a felicidade, aquele casal abraçados e completamente apaixonados, ainda com os olhos inchados de quem acabou de acordar de uma noite incrível e prazerosa, nossas noites sempre eram tão gostosas que era impossível não acordar sorrindo, quando nossas peles ficavam impregnadas pelo cheiro do outro. Esta foi nossa primeira foto depois de casados.

Sorrio ao olhar a outra foto, ele tirou enquanto estava distraída fazendo nosso jantar, lembro-me de ter queimado e tivemos que pedir comida japonesa, e comermos sentados no chão da sala. Aquele apartamento velho com cheiro de mofo e com algumas infiltrações parecia ter mais vida que qualquer cobertura cinco estrelas. Nós não tínhamos dinheiro para nada, mas nunca me senti tão rica quanto me sentia ali, as paredes eram verdes musgo, não porque era bonito, mas era porque a tinta estava em promoção e era o dinheiro que tínhamos, mas estávamos felizes porque tínhamos terminado de pagar o financiamento e aquele era nosso lar.

Era uma caixa de lembranças, parece tão distante e outras vezes acho que nunca vive esses momentos, são apenas fantasias da minha loucura. Mas no porta CD tem um DVD com a seguinte descrição “Mr & Mrs Bieber”

Eu sabia que não deveria, mas dei play. Era o video do nosso casamento, tão jovens, eu parecia mais feliz e bonita, mesmo com  o vestido barato e aquelas flores bregas no cabelo. Não precisava ouvir, lembro-me de cada palavra, cada promessa e sei decorado nossos votos. O modo que ele me olhava naquele dia me fazia pensar no para sempre, e mesmo agora depois de anos eu estou chorando mais uma vez ao ouvi-lo, ao ver o modo que ele sorria quando me olhava, o seu toque gentil em minha face, fecho meus olhos como se pudesse me tele transportar de volta aquele dia, só mais uma vez poder sentir sua mão tocar meu rosto, sentir o som da sua voz e o efeito que me causa.

Ele sorri e então começa a falar:

- “Eu sei que você odeia sentimentalismo, mas eu te amo. Eu sei que você odeia quando eu fico dizendo as bobagens que estão aqui dentro, mas eu te amo. Eu sei que odeia quando começo a falar demais, mas eu te amo. Me apaixonei por você mesmo contra todos seus avisos de “pare”. Desculpa, não resisti. “Eu não tenho muito para te oferecer. Também não sei como te provar tudo o que eu sinto, mas eu sinto, e sinto muito. Eu só preciso que você confie em mim e acredite que desde que você chegou, tornou meu mundo melhor e me fez sorrir como há muito tempo eu não sorria.”

- MENTIROSOO! - Rosno. Ele me fez acreditar nisso, olha só como eu estava feliz, eu realmente era dele. Minha voz soa no video e eu repito entre soluços as minhas juras e promessas cheias de verdades.

“Eu não odeio, na verdade não há qualquer coisa em você que eu não ame, até mesmo seu cabelo desarrumado. Eu odeio o modo que me ganha. Odeio o modo irracional que te amo, porque não precisou de muito  para me tornar sua. Como se não bastasse eu ser assim tão sua, são teus meus sorrisos, meu olhar, meus pensamentos, meus sonhos, cada palavra, cada uma das minhas linhas, são tuas. Você tem meu coração, meu corpo e minha alma. E  os terá para sempre.

“Para sempre” - Ele sussurra e beija aquela garota que eu fui um dia, a garota que acreditou que ele não iria embora.

Encolhida em minha cama, abraçada ao maldito leão de pelúcia que me deu e coberta por lembranças, ouvindo risadas felizes o que sobrou daquela garota do video chora, ainda perguntando o que aconteceu… O que aconteceu? Em que momento ele deixou de me amar…

 

Uma gota no oceano, uma mudança no clima eu estava rezando que você e eu pudessemos acabar juntos.

É como desejar a chuva enquanto estou no deserto, mas eu estou segurando você mais perto do que a maioria..

Porque você é meu céu

A Drop In The Ocean - Ron Pope


Notas Finais


Até o proximo :*


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...