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História A Filha - A Casa 421


Escrita por: thairsc

Capítulo 5 - A Casa 421


Depois de quase três horas na estrada, as três amigas chegaram a Thompson. De acordo com a informação que elas tinham, haviam "mães solidárias" que abrigariam alguns estudantes durante aquela semana.
Maju estacionou o carro em frente a uma cafeteria 24 horas, pegou o telefone e tentou entrar no site da universidade em busca de mais informações. A listagem dos estudantes e suas respectivas casas era extensa, mas não demorou para que ela identificasse.
- Precisamos ficar na mesma casa, vocês tem certeza que colocaram preferência para nós três? - disse Larissa, um pouco ansiosa.
- Tenho certeza sim, Lari. Especifique bem que éramos amigas, da mesma sala, e que queríamos ficar juntas. - afirmou Maju enquanto passava o olho pela listagem. - Pronto. Graças à Deus! Estamos na mesma casa, e pelo que eu estou vendo, seremos só nós três.
- Nossa, graças à Deus. Porque ninguém merece ficar pelada na frente de desconhecidos. - disse Bruna revirando os olhos. Todas riram em seguida.
- Anota aí, Larissa. RuaTravessa das Rosas, número 421, bairro Braúna. Tem um ponto de referência aqui, em frente à Funerária Santa Helena.
- Credo!!!!! Morar em frente à funerária não é sinal de boa coisa. Dizem que as almas das pessoas que vão pra funerária ficam rondando pelas casas vizinhas...
- Para de crendice, Larissa! Você fala cada coisa...
- Ué, Bruna... O povo lá da roça sempre disse isso. Eu acredito muito nessas coisas negativas.
- Ai, gente, parem de falação. Liga o GPS aí, Bru, mal vejo a hora de esticar as pernas.
Demoraram cerca de meia hora para achar o local. Ao chegarem em frente à funerária indicada, avistaram um casarel antigo, mas com um aspecto de reformado a pouco tempo. Maju conferiu três vezes se o endereço do GPS condizia com o anotado.
- É aqui mesmo, Maju. Vai na frente.
- Eu? Por que eu?! Vamos nós três. Juntas.
Maju desligou o carro e destravou o cinto. Larissa e Bruna fizeram o mesmo, e então saíram do carro. Um arrepio na nuca tomou conta de Larissa, que lembrou do ocorrido mais cedo, lembrou-se do rosto daquele rapaz misterioso, quis chorar, mas respirou fundo e fechou os olhos e engavetou essa história e a deixou pra lá. Ao menos por agora.
A luz do poste parecia estar ficando mais fraca, dando algumas piscadelas de quando em vez. As três amigas estavam de braços dados, encolhidas, pararam em frente a casa onde havia o número 421.
A casa era uma mescla de casa da família Adams com um hotelzinho mixuruca de beira de estrada. Aquele tipo albergue, que tem como proprietária uma senhorinha solteirona que ama gatos.
Bruna ergueu a mão para apertar a campainha, mas antes que conseguisse fazer, a porta se abriu. As três garotas, como se tivessem combinado, deram um passo para trás, levaram a mão à boca e um gritinho agudo de susto.
- Boa noite, meninas! - disse a voz parada à porta, com um sorriso de seiscentos dentes e os olhos semicerrados.
Assim como no albergue, a figura que aparecera na porta era de uma senhora, com cerca de cinquenta e poucos anos, roliça, com o cabelo cortado chanelzinho. Ao perceber a reação das garotas, a figura continuou.
- Me desculpa de assustei vocês, estava tão empolgada com a chegada que assim que ouvi o barulho de carro parando não me contive.
As garotas, atônitas, esboçaram um sorriso forçado e sem graça. Larissa, a bondade em pessoa, se aproximou da senhorinha estendendo a mão para um cumprimento, mas a mesma a puxou e a envolveu em uma espécie de abraço de urso.
- Meu nome é Márcia, mas se quiser, podem me chamar de mamãe!!!! - disse a dona da casa com um sorriso congelado, convidando-as para entrar.
- Aí meu Deus, a velha é pirada. - sussurrou Bruna, tão baixo que apenas Maju conseguiu ouvir e a cutucou como quem pedia pra outra ficar calada. As garotas entraram e ficaram paradas, de braços dados e morrendo de pavor daquela situação.
- Então, dona Márcia, é um prazer conhecer a senhora. E estamos muito agradecidos pela hospedagem. - disse Maju, tentando manter uma calma que inexistia naquele momento.
- Que nada, minha linda. Sintam-se em casa. Vou preparar um lanchinho pra vcs, podem buscar as suas coisas que eu já deixei os quartos preparadinhos pra vocês.
Dona Márcia seguiu sentido ao que parecia ser a cozinha, e as garotas foram para fora buscar as suas malas.
- GENTE, ESSA MULHER É LOUCA!! - disse Bruna, enquanto seguiam em direção ao carro.
- Eu tô com medo, cara... na moral! - disse Larissa levando a mão ao rosto. Uma mania que sempre teve ao ficar nervosa.
- Gente, eu tbm acho que ela não bate bem. Mas acho que a universidade não deixaria uma mulher pirada de verdade nós abrigar. Talvez ela só esteja empolgada com a nossa presença.
As garotas tiraram todos seus pertences do carro e seguiram para a casa 421. Ao entrarem, dona Márcia já as esperava com uma mesa recheada de tudo que se possa imaginar.
- Então, meninas, eu não sabia do que vocês gostaram... Então, resolvi fazer de tudo um pouco. Tem bolo, pães, frutas, sucos, leite, café, achocolatado...
- Ah, muito obrigada dona Márcia. - disse Larissa, se sentando rapidamente à mesa morrendo de fome, se esquecendo por um minuto o que achava da dona da casa.
Maju e Bruna ajeitaram seus pertences num canto da sala, enquanto Lari devorava tudo que via pela frente.
- Aí meu Deus, isso aqui tá muito bom!!!! - disse Larissa segurando uma fatia de bolo de chocolate.
- Ah, linda!!!! Obrigada, fico feliz. - disse Márcia, ainda com o sorriso no rosto, saindo para a cozinha.
Em seguida, as duas amigas se juntaram à Lari e por uma meia hora as três fizeram um lanche, riram e esqueceram de dona Márcia.
- Então, estava tudo gostoso????? -disse Márcia, por trás de Bruna, que não havia percebido ainda sua presença ali. Maju e Larissa também não.
Lari, a discrição em pessoa, ao perceber a presença de Márcia começou a tossir e engasgar-se. Precisando de um copo dágua para se recuperar.
- Estava tudo muito saboroso, dona Márcia.
- Você já disse, princesa, quero saber o que as suas irmãs acharam.
Larissa se sentiu um pouco ofendida e nervosa pela forma que a senhora havia falado. Bruna, que não é nem um pouco doce com as palavras, olhou bem no fundo os olhos de Márcia, suspirou e disse: - Ela está apenas dizendo o que todas nós dissemos em sua ausência. E não somos irmãs.
Maju e Larissa trocaram olhares, esperando por uma resposta de Márcia. O maior medo delas naquele instante era serem mandadas embora. Ja passava das dez e não havia nada aberto naquele domingo.
Márcia não havia respondido nada, apenas continuou com aquele sorriso, semicerrou os pulsos e por fim disse: - Fico feliz por terem gostado. Quando acabarem é só dizer para eu poder levá-las até os quartos.
A casa 421 era de dois andares. No andar debaixo, ao abrir a porta da sala, dava-se de cara com uma mesa no centro da sala, com um armário de madeira, antigo, com algumas garrafas de bebidas antigas. À direita, havia um cômodo que parecia uma sala, com algumas poltronas e um sofá com estampa de bicho, e uma estante com alguns objetos de decoração. À esquerda, havia a copa, com uma mesa, q geladeira, uma pia grande e um armário para as louças e talheres.
No canto da sala, havia uma escada de madeira, onde as levava para os quartos, uma sala, e um banheiro. Somente o quarto de Márcia era suíte. Tendo outros três quartos na casa. Havia uma sala de televisão, com um sofá médio, uma estante com uma TV e atrás do sofá havia uma pintura que parecia ser amadora. A sala dava de frente para os três quartos. Os dois de lado estavam com as luzes acesas, as portas abertas e dava para ver as camas feitas em ambas. O quarto que ficava à frente, também estava com as luzes acesas, mas a porta estava trancada. Da porta da sala podia se ouvir o som como se fosse de caixinha de música ecoando pelo andar.
Uma diferença peculiar do andar de cima para com o debaixo, era o cheiro. Não que no primeiro andar não fosse perfumado. A casa era um brinco, e o cheiro de casa limpa reinava. Mas o odor era mais acentuado no andar de cima. Muito mais.
Ao subirem com as malas, as meninas sentiram na hora o odor diferente, mas não comentaram nada. Márcia as guiou até a sala, dizendo que eram seus respectivos quartos e que era para de sentirem à vontade.
Bruna e Maju entraram em seus respectivos quartos, enquanto Larissa levava a mão à fechadura da porta que se encontrava fechada.
- NÃO!!!!!!! - gritou Márcia, fazendo com que Larissa soltasse da fechadura rapidamente dando um passo para trás. Bruna e Maju olharam rapidamente para Márcia, assustadas. Aquele sorriso estranho surgiu no rosto de Márcia novamente: - Esse quarto é da minha filha. Laila o nome dela. Ela já está dormindo, não queria incomodá-la. Desculpe se as assustei.
Larissa se afastou, pedindo desculpas e dizendo que não tinha intenção de atrapalhar. Ela só pensou que o quarto era para ela.
- Não, minha querida. Eu que devo desculpas. É que Laila estava tão cansada, preferi deixá-la descansando. Amanhã vocês irão conhecê-la com certeza.
- Não, dona Márcia, tudo bem. Eu que peço desculpas, deveria tê-la perguntado antes de ir abrindo a porta assim.
- Não, minha linda, erro meu não explicar. O problema é que me informaram que seriam duas moças.
- Ah, é que estava dando erro na minha inscrição, ouve uma alteração e tal. Não devem ter passado atualizado pra senhora. - disse Bruna meio sem graça, por lembrar de como era enrolada e deixou tudo pra em cima da hora.
- Mas não tem problema!!! Uma dorme aqui na sala e as outras duas se acomodam nos quartos.
As três amigas se entreolharam, mas ninguém falou nada. Apenas concordaram com a cabeça.
- Tudo bem, a gente se ajeita. - disseram em coro.
- Então tá ótimo, meus amores. Agora vou me retirar, pois tomo remédios que me dão sono cedo. Mas amanhã estarei de pé para preparar um delicioso café para vocês.
- Boa noite, dona Márcia. - disse Maju acenando.
- Boa noite!!! - disseram Bruna e Lari em seguida.
Márcia se aproximou das meninas, as envolveu em um abraço demorado. Daqueles de tirar o ar. Beijou o topo da cabeça de todas, e disse: - Boa noite, meus anjinhos. Até amanhã!
As três sentaram no sofá, se entreolharam,  e olharam em direção ao quarto de Laila. Em seguida, Maju sussurrou baixinho:
- Sem condições alguma de nós dormir aqui na sala. Podem dormir vocês duas em um quarto, eu durmo no outro.
- Para de doidera, vai dormir nós três em um quarto só. Larissa, você trouxe aquele colchão inflável, certo?!
- Certo.
- Então a gente se ajeita.
As três pegaram as malas, colocaram todas num canto do quarto. Havia apenas uma cama e um guarda roupa no quarto. Em cima, havia uma mala antiga trancada por cadeado. As portas do guarda roupa eram trancadas à chave. Bruna ficou com a cama, enquanto Maju e Lari arrumaram o colchão inflável.
O telefone de Maju nesse instante começou a tocar, ela olhou para a tela do celular e todas já sabiam quem era pelo seu sorriso.
- Oi, amor.. que bom que ligou! - disse Maju saindo do quarto.
Bruna, enquanto colocava o pijama, olhou para Lari e sorriu.
- Acho que Maju encontrou o cara certo. Ela tem muita sorte.
- Você acha mesmo? - disse Larissa olhando para ela enquanto ajeitava o forro do colchão.
- Ah, ele é lindo. Atencioso. Tem um futuro garantido como fisioterapeuta do hospital em Dalton. Cara, e eles formam o casal mais lindo do mundo. Acho que vai durar.
- Ah, Bru, talvez sim talvez não né. Não podemos afirmar, já que só os dois vivem o relacionamento. Pode ser que muita coisa seja de aparência.
Nesse momento, Maju entrou para o quarto, segurando no celular com uma cara de apaixonada.
- Gente, Pedro é incrível. O namorado mais perfeito do mundo.
Nesse momento, Bruna olhou pra Larissa e fez um sinal como quem dizia: 'eu não disse?!'
Todas se ajeitarem na cama e apagaram a luz.
- Boa noite, meninas.
- Boa noite, Lari. - responderam num coro.
Tudo ficou em silêncio na casa 421, a não ser pelo som ecoado pela caixinha de música que perdurou a noite toda.



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