História A filha da empregada - Independência

Hermione e Neville tinham voltado da universidade juntos de ônibus. Apesar de a morena ter sentido falta da presença do namorado, era impossível não se distrair com Neville. O moreno não parava de fazer gracinhas, e ela agradeceu internamente quando chegaram no ponto em que desciam. Ela tinha certeza que devido à sua alta gargalhada os outros passageiros queriam expulsá-la do transporte e se o fizessem ela levaria Neville junto com ela, pois não terminaria o trajeto sozinha a pé por culpa dele.

Quando chegaram na mansão Weasley para iniciarem seus expedientes eles entraram pela porta da cozinha como sempre faziam. Riam desesperadamente da cara dos outros passageiros que estavam incomodados com o "escândalo" — segundo Neville — que Hermione fazia no ônibus ao gargalhar. Deram de cara com Gina e Rony na cozinha, os dois pareciam empenhados em frente a pia da cozinha com a torneira aberta jorrando bastante água.

— O que estão fazendo? — Hermione perguntou chamando a atenção para si.

— O jantar! — Gina respondeu prontamente voltando à atenção para a pia.

— O jantar? Mas eu ainda nem fiz o almoço!

— Acho que os dois estão com algum relógio diferente do nosso, Mione. Definitivamente ainda não é a hora do jantar. — Neville disse.

— Eu estou fazendo o jantar! — Gina disse indo mexer nas panelas.

— E eu estou ajudando. — Rony disse e Hermione aproximou-se dele para verificar o que ele fazia na pia.

— Sim eu pedi a ajuda do Rony, mandei ele cortar as cebolas... — Gina disse mexendo nas panelas.

— Gina! O que deu na sua cabeça quando pediu para o Rony mexer com as facas? — Hermione perguntou incrédula — Ele não sabe quebrar um ovo! — naquele momento Hermione fechou a torneira e pegou um pano de prato para envolver as mãos de Rony.

Era isso o que faziam na pia quando chegaram, tentavam fazer um sangramento devido a um corte feio nas mãos do ruivo parar. Hermione puxou uma cadeira na mesa da cozinha e pediu para que Rony se sentasse, buscou uma caixinha de primeiros socorros e passou a limpar o ferimento do ruivo. Gina ignoraria completamente a advertência de Hermione se não fosse pelo drama que o irmão começou a fazer depois que a namorada havia chegado só para ganhar atenção.

— Foi um cortezinho de nada, pare de drama! E termine logo com isso para voltar a cortar as cebolas que você não terminou! — Gina brigou com o irmão.

— Por que vocês estão fazendo o jantar? Ainda mais há essa hora? — Neville perguntou.

— Provas!

— Que provas?

— Quero provar ao meu pai que sou independente! E para isso, estou começando a mostrar que não vou morrer de fome se morar sozinha! — Gina respondeu.

— Aparentemente você não consegue. — Hermione disse pronta para fazer um curativo nos dedos de Rony.

— Oras Hermione, quem não sabe cortar cebolas é o babaca do meu irmão e não eu... — assim que terminou de dizer ela acabou derrubando a colher que mexia nas panelas no chão, fazendo sujeira.

— Gina, por que é que você está na minha cozinha fazendo o jantar antes do almoço? — Hermione irritou-se.

— A cozinha não é sua, você pode comandá-la, mas não é sua. E eu já expliquei! Quero morar sozinha... com o Harry para ser mais óbvia, mas meu pai não quer deixar. Acha que eu ainda sou muito jovem pra morar com meu namorado e eu vou provar que ele está errado!

— Não pode provar pra ele que pode pedir uma pizza se tiver fome? — Hermione perguntou concentrada no curativo.

— Não, não posso. Desse jeito não vou convencê-lo!

— Tá, mas por que você está fazendo o jantar agora? — Neville perguntou.

— Porque eu tentei fazer o café da manhã e não deu muito certo... — dizendo isso ela apontou para o cesto de lixo que estava cheio de panquecas queimadas — Então eu resolvi começar o jantar o quanto antes possível, assim não terá a chance de nada dar errado!

— Acho que você estava um pouco enganada... — Hermione disse.

— Só um pouco? — zombou Neville.

— Eu te amo. — Rony disse assim que Hermione terminou o curativo. A forma manhosa como ele falou parecia que tinha acabado de amputar um de seus braços.

— Eu te amo também. — ela respondeu beijando os lábios do namorado e logo foi puxada por Gina que a abraçava chorando assim que sentou-se numa cadeira ao seu lado.

— Hermione você precisa me ajudar! — pediu chorando e assim que a morena conseguiu desvencilhar-se dela ela deitou-se na mesa escondendo o rosto nos braços.

— Ajudar no quê?

— A convencer o meu pai! Ele confia em você e vai te escutar! Por favor!

— Não vou contrariar o seu pai! — exclamou indignada com o pedido da amiga.

— Por que não?

— Porque não, oras!

— Hermione, não me faça tomar medidas drásticas! — disse apontando a faca para ela.

— Tudo bem, acho que já tivemos acidentes demais por hoje! — disse abaixando a faca das mãos da ruiva — Eu posso tentar falar com o seu pai, casualmente. Mas não garanto nada! Você é jovem e nunca teve a experiência de morar sozinha e terá que assumir muitas responsabilidades. O Harry é uma boa pessoa e é super confiável, mas seu pai é pai né, é óbvio que ele será do contra. E você é a princesinha dele Gina, todo o mimo que recebeu todos esses anos não ajuda em nada numa situação como essa...

— Mas eu não sou mimada!

— Gina, pelo o amor de Deus todos aqui te mimam! O próprio Rony se eu não der uns puxões de orelha nele ele te trata como uma garotinha de cinco anos! — assim que ela disse aquilo à ruiva voltou a chorar aceitando que era mimada.

— Ginny não chore... — Rony começou.

— Eu já sei! — disse levantando a cabeça — Você pode falar com ele no jantar de família, Mione!

— Que jantar? — perguntou.

— Jorge convocou um jantar com a família inteira lá na casa da minha mãe, e meu pai também vai. Então você fala com ele!

— Mas eu não fui convidada!

— É claro que foi! Jantar-de-família, você faz parte da família então você vai.

— Eu ia falar com você mais tarde Mione, mas parece que a Gina já fez isso por mim. — Rony explicou.

— Se a Mione não quiser ir, eu vou. Comida de graça é comigo mesmo! Não me importo de ser sua namorada por uma noite, Roniquinho. — brincou.

— Cale a boca, Longbottom!

— Não vou garantir nada, ok? — Hermione disse já se arrependendo de ter entrado nessa enrascada.

— EU TE AMO CUNHADINHA MAIS LINDA DO MUNDO! — Gina pulou no pescoço da morena para abraçá-la. — O que seria de mim sem você?

— Tudo bem, tudo bem, de agora em diante deixe que eu faça as refeições ok?

— É bom que seja você mesmo, Mione. Parece que as panelas da Gina estão queimando! — Neville avisou e a morena correu para desligar o fogo.

— Neville, prepare o carro! — Gina disse se levantando — Estou precisando de uma terapia depois disso aqui.

— Aonde vamos?

— As compras! Eu vou me trocar e já volto. — ela saiu da cozinha determinada.

— É assim que sua irmã demonstra maturidade? — Neville perguntou sarcástico e antes de Rony responder ele se retirou.

— Posso saber por qual motivo, razão ou circunstância você estava ajudando Gina com essa maluquice? — Hermione perguntou jogando água nas panelas queimadas.

— Você sabe que eu não consigo dizer "não" a ela! — a resposta do ruivo a fez revirar os olhos.

— Que jantar é esse? — mudou de assunto.

— Foi o Jorge que inventou.

— E eu fui realmente convidada?

— É claro que foi! Minha mãe está reclamando dizendo que não te viu desde que começamos a namorar.

— Bem, ela me viu no lançamento da Gina.

— Sim, mas vocês não trocaram mais do que duas palavras. E ela gosta de oferecer jantares para os respectivos parceiros dos filhos dela.

— Que interessante... como foi na última vez em que você levou sua parceira lá?

— Na verdade eu nunca levei...

— Nunca?

— Nunca. Você sabe que eu não tive nenhuma namorada antes de você, Hermione.

— Pensei que a Lilá cor-de-rosa Brown já tivesse participado de um jantar desses...

— E você também sabe que eu nunca tive com a Lilá o que tenho com você, nunca tive com ninguém!

— Será mesmo? — disse desconfiada.

— Quer que eu prove? — ele se aproximou dela maliciosamente prendendo-a contra a pia da cozinha.

— Não, obrigada. — disse desvencilhando-se dele — Agora se me der licença, eu tenho que limpar o estrago que sua irmã fez antes de começar a fazer o almoço. Pelo o que conheço de você e dos outros moradores da casa, vocês não gostam de esperar pela comida.

— O que houve? — Rony perguntou desconfiado.

— Nada.

— Não, não é nada. Você não gosta de bancar a namorada ciumenta e controladora. Vai, me diz o que houve...

— Não é nada, eu só... por que você não foi a faculdade hoje?

— Porque eu disse que ia ajudar a Gina, só isso.

— Só isso mesmo?

— Só. Por que está desconfiada?

— Por nada, me desculpe. — ela disse e Rony a pressionou com o olhar ainda não convencido com a resposta dela — É sério, não é nada.

— Se você diz... — disse se aproximou dela para abraçá-la e depositou um beijo no topo de sua cabeça.

— Eu vou colocar meu uniforme, ok? — disse olhando-o e antes que ela saísse ele lhe roubou um beijo.

Ela estava desconfiada. Inteligente como sempre fora, já era de se esperar algo assim. Mas ele poderia segurar a desconfiança dela por mais um dia, só mais um. E então contaria a ela sua grande novidade.