História A Filha de Zeus - Me Metendo em Encrenca

- Srta. Furtwängler, por acaso é divertido ficar dormindo em sala de aula? - a voz irrtante da professora me fez acordar, com cara de louca descabelada. 

Ajeitei meu cabelo loiro e rebelde rapidamente, encarando a professora Smith com todo o meu deboche. 

- Sabe como é que é, professora, às vezes nós precisamos sacrificar algumas aulas chatas para nos divertirmos um pouco... - dei meu típico sorriso travesso de lado. - Sem ofensa. 

Os outros alunos riram, enquanto a professora ficou totalmente contrariada e vermelha. Parabéns, Mia, você acabou de arranjar uma passagem só de ida para a diretoria. 

- Diretoria, agora! Quero ver você fazer essas gracinhas na frente do diretor, Mia! - ela berrou, enquanto eu calmamente me levantei e caminhei até a saída. Enquanto ela voltava para a frente do quadro, coloquei minha cara no vidro da porta e fiz uma careta, conseguindo arrancar mais risadas dos meus colegas. 

Rapidamente saí de cena, indo em direção à diretoria. Aquilo era comum para mim, já que eu simplesmente não conseguia prestar atenção nas aulas. Meu senso de humor servia apenas para mascarar minha déficit de atenção e hiperatividade. Por isso, todos os professores me odiavam, mas aquela alí parecia que não sabia qual era o pior: Mia Furtwängler x Capeta. 

Dei três batidas leves na porta da diretoria, ouvindo um "entre" logo em seguida. Respirei fundo e entrei na sala, enquanto o diretor me fulminava com o olhar. 

- Mia Furtwängler, é a terceira vez só nessa semana. O que foi desta vez? - perguntou, enquanto fazia um gesto para eu me sentar. 

Me sentei na cadeira à sua frente, e tentei explicar a situação: 

- Seu diretor, eu não fiz nada! Só dormi um pouco na aula da srta. Smith, ela fez uma piada comigo, e eu fiz outra com ela, então ela ficou nervosinha e me mandou sair. Fim da história.

- Você não está colaborando, Mia. Você sabe o que vai acontecer... 

- Sr. Miller, por favor, não conte para ela... Ela não... Entende. - hesitei, morrendo de medo. Não queria incomodar a minha mãe com problemas escolares, ela já era muito ocupada, trabalhava demais. 

Ele me analisou detalhadamente com seus olhos cinzentos, por um momento que pareceu uma eternidade. Então, por fim, disse: 

- Tudo bem. Eu vou aliviar a sua "barra" por que eu compreendo os seus problemas. Mas da próxima vez... Suspensão. Pode voltar para a aula, e não durma dessa vez. 

Acenei com a cabeça e me levantei rapidamente, louca para sair dali. O sr. Miller era bem rígido, mas sabia dos meus problemas com atenção, e por isso me defendia. 

Voltei até a sala rapidamente e me sentei, enquanto era observada por metade da turma. Gregory, meu melhor amigo, me enviou um bilhetinho escrito: 

"Você sobreviveu ao inferno?" 

Sorri e rapidamente escrevi no mesmo papel: 

"Você não contava com a minha astúcia, Greg." 

[...]

Naquela noite, eu tive um pesadelo. Meu pai estava diante de mim, porém, eu não conseguia ver seu rosto. Era um homem alto, forte e musculoso. Vestia aqueles vestidos gregos muito loucos, e isso era absurdamente estranho. Como eu sabia que era ele? Não sei, mas eu sabia, de algum modo. 

- Tudo vai mudar, Mia. - Ele falou, enquanto raios caíam e o céu relampejava. - Prepare-se. 

Um raio caiu onde ele estava, e meu pai simplesmente desapareceu. Em seguida,  eu acordei.

[...]

Estava louca para comentar sobre o meu sonho com Greg, afinal, ele me entendia mais do que qualquer um. Quando eu comentei com ele que a professora Smith era um demônio, ele disse: "Pura verdade". Qualquer um que é inimigo dela é meu aliado. Um dia desses, quando eu coloquei amoeba na bolsa dela, Greg foi quem me encobriu. 

O encontrei mexendo em seu armário, que era relativamente perto do meu. Cheguei por trás dele, quase o fazendo derrubar a pilha de livros em suas mãos. 

- Que susto, Mia! - exclamou, colocando os livros no armário e fechando a porta. - O que foi? 

- Eu tive um sonho com o meu pai! - exclamei, quase saltitando de felicidade. Ele sabia que eu sempre quis conhecer meu pai, já que eu nunca vi nem mesmo uma foto dele.

Descrevi todo o sonho, que foi bem rápido, mas bem importante. 

- Isso não é bom... Seu pai sabe que a hora está chegando, seja lá quem ele for... - Murmurou, mas eu consegui ouvir. 

- Como assim? 

- Mia, eu preciso te contar uma coisa. Eu não sou quem você pensa que eu sou. Na verdade eu sou um sátiro, e minha missão é mantê-la segura, e levá-la até o Acampamento Meio-Sangue. Você, na verdade, é filha de um deus grego com uma mortal, e... 

- Quero falar com você, docinho. Agora.  - A srta. Smith apareceu magicamente nas minhas costas. 

Greg fez uma cara de pânico imperdível. 

- Eu não fiz nada, professora! - protestei. 

- Eu sei. Venha até a minha sala. Sozinha. 

Suspirei. Ela seguiu na frente, enquanto Greg colocava algum objeto na minha mão. 

- Tome cuidado, Mia. É sério. 

Ainda nem tive tempo de digerir o papo maluco do meu amigo, quando entrei na sala da professora.