História A Filha do Chefe - Capítulo XII

- Gostou do lugar que escolhi? - Emma perguntou ansiosa. - Achei que precisávamos de privacidade.

- É lindo, Emma. - Regina respondeu olhando ao redor. - Você tem um ótimo gosto.

Swan apenas riu e puxou a cadeira pra que Regina sentasse e em seguida tomou seu lugar a frente dela. Elas tinham voltado de Storybrooke havia um mês e desde então se encontravam na casa da empresária ou em algum motel de luxo que Emma pagava. Para Regina aquela situação toda não era muito confortável, ela queria poder dizer a sua família, exceto Lana que já sabia, que estava envolvida com Emma. Porém combinaram de ter paciência. A empresária já tinha falado com os próprios pais e eles obviamente aceitaram, gostaram muito de Regina e puderam ver com a filha ficava feliz quando estavam perto uma da outra. A morena nem gostava de imaginar como seu pai reagiria, Emma era sua sócia e aquela relação delas poderia levar a empresa da loira pra o buraco caso seu pai não aprovasse. Ela sabia que Henry gostava muito de Emma, mas aceitar aquilo não ia ser fácil para ele. Mesmo sem querer admitir, ela sabia do favoritismo que o pai tinha em relação a ela, sempre a tratava como sua garotinha e seu maior orgulho. E ela tinha medo disso, de decepciona-lo ao falar de seu envolvimento com uma mulher e de como seus sentimentos por essa mulher eram mais fortes do que ela poderia imaginar. E por falar em sentimentos, Regina não sabia como Emma lidava com os dela. A morena sabia que ali havia confiança, respeito, segurança e desejo. Mas e amor? Será que o coração de Swan disparava quando a via chegar perto ou quando falava com ela? Por que Regina sentia-se assim. Ela poderia passar horas falando sobre as reações de seu corpo quando estavam próximas e temia isso. Temia não ser correspondida. Porém, Emma era tão atenciosa, carinhosa e paciente, o que lhe dava uma quase garantia de que Swan também gostava muito dela.

- Não foi nada difícil arrumar tudo, tive que fazer apenas algumas ligações e aqui estamos. - Emma a olhou, o brilho das velas iluminando seu rosto. - É muito bom está aqui com você.

- Digo o mesmo, está tudo tão perfeito.

- Eu quero te conhecer melhor, Regina. Preciso que me diga coisas sobre você.

- Como o que? - A morena perguntou com um simples sorriso.

- Não sei. - A empresária deu de ombros. - Uma coisa bem clichê, como por exemplo sua cor favorita.

- Eu gosto de preto e você?

- Vermelho. - Ela respondeu.

- Próxima pergunta?

- Apenas me fale sobre você. - Emma disse.

- Bom, eu tenho 21 anos, eu morava com minha avó em Londres antes de vim pra cá. Nunca fui popular na escola, nunca namorei de verdade, tenho uma irmã gêmea e amo cavalos.

- Cavalos?

- Sim, eu tenho um. - Regina disse animada. - Se chama Rocinante.

- Eu costumava cavalgar com Henry. Ele é fascinado por cavalos.

- Sério?

- Sim, tive que montar um estábulo só pra ele lá. - A loira falou rindo enquanto lembrava da insistência do menino. - Talvez pudessem cavalgar qualquer dia desses, nós três.

- Eu ia amar fazer isso. - Regina encarou Emma por alguns minutos. Elas estavam mesmo planejando algo como se fossem uma família? Era como um sonho. - Henry é um menino incrível, Emma.

- Devo isso a meus pais, eles fizeram e ainda fazem parte da criação dele. Eu tive sorte de te-los.

- E quanto a mãe dele?

- Henry não chegou a conhecer ela. - Ela falou. - Ela faleceu durante o parto, nós achamos que ela aguentaria, mas estávamos errados.

- Eu sinto muito, Emma. - Regina falou enquanto pegava a mão da loira sobre a mesa. - Ela com certeza está satisfeita com o que estão fazendo.

- Obrigada. - Emma lançou-lhe um sorriso. - E você pensa em ter filhos?

- Eu... É, eu não sei. - Ela respondeu meio sem graça. - Ainda não pensei nisso. Meu pai já deixou claro que quer ver aquela casa cheia de crianças! Zelena já tem o Roland e não pensa em ter outro, Lana então nem se fala, ela não quer mesmo.

- Eu acho que te deixe desconfortável. - Emma passou a mão pela nuca, não devia ter feito aquela pergunta.

- Não tem problema, estamos num encontro. É normal querer saber coisas assim.

- Tudo bem, mas me avise se eu invadir sua privacidade ou te deixe desconfortável.

- Bom, já fomos pra cama diversas vezes e eu acho que essa coisa de privacidade já nem se aplica a nós.

Emma gargalhou alto com a observação da mulher. Desde que tinham voltado de Storybrooke, Regina estava bem mais a vontade quando falava com ela. Por diversas vezes ainda a provocava e falava coisas como aquela e ainda assim parecia tudo tão natural, nada como antes, quando ela "forçava" uma personalidade que não tinha. Emma estava encantada por ela.

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Eu queria ter levado você para minha casa noite passada, porém iriamos ter um grande problema: eu não te deixaria sair da minha cama nunca mais, senhorita Mills.

Emma enviou a mensagem e saiu do carro, o seu motorista logo ganhou as ruas e voltou para casa. O dia tinha amanhecido chuvoso, mas para Swan ele não podia estar mais lindo. Ela entrou no elevador e sentiu o celular vibrar, era a resposta de Regina.

Devo confessar que senti falta da sua cama essa noite. Acho que ficar lá para sempre não seria um problema, desde que fosse com você. Já estou a sua espera na empresa...

Emma abriu um sorriso ao ler. O jantar da noite passada tinha sido o melhor de sua vida, ela e Regina passaram horas conversando sobre suas vidas como se o mundo lá fora não existe, apenas elas ali. A comida quase não fora tocada e quando viram que estava muito tarde, resolveram que era a hora de ir. Emma a deixou na casa de uma amiga da faculdade e partiu, mas não sem antes de enche-la de beijos e promessas de que aqueles encontros as escondidas logo acabariam. Ela não via a hora de ter uma relacionamento normal com Regina, estavam tão felizes e nada poderia por fim naquilo.

- Bom dia, Belle. - Ela falou animada parando a mesa de sua secretária. - Como vai? 

- Bom dia, senhora Swan. - Belle falou estranhando a animação da chefe. Era segunda-feira e Emma não costumava ser bem humorada naquele dia da semana. - Estou muito bem, obrigada.

- Que ótimo! - Disse rindo - O que temos pra hoje?

- Alguns papeis pra assinar e reunião com os empresários de Nova York. - Belle disse checando a agenda. - Ah, eu ia esquecendo! Chegou um envelope para senhora.

- Estranho. - Emma pegou o envelope e franziu o cenho, não dizia de quem viera. - Toda a minha correspondência vai pra minha casa.

- Eu não estava aqui quando chegou. O entregador deixou com um dos seguranças que quando me viu deixou comigo.

- Tudo bem, Belle. - Ela tranquilizou a secretária que começava a ficar nervosa. - Obrigada.

Emma e Regina passaram o dia ocupadas com seus afazeres não conseguiram se encontrar nem mesmo durante o horário de almoço. Quando a noite chegou, Swan estava extremamente exausta e precisava descarregar a tensão com algo. Talvez um bom sexo com Regina a ajudasse, pensou sorrindo. A essa hora ela já devia está se arrumando pra sair, então Emma pediu pra Belle dizer que estava sendo requisitada em sua sala.

A loira organizou alguns papéis que estavam na mesa e só então reparou que tinha deixado o tal envelope esquecido ali. Por curiosidade o abriu, vendo que tinha um CD dentro. Nada escrito nele e nem um bilhete. Puxou o notebook e foi ver o que continha no CD. Ela não podia acreditar naquilo. Estava tudo ali: ela, sua cicatriz, seus gemidos e ele lhe dando prazer.

- Soube que quer me ver, chefe. - Regina falou entrando na sala, com um sorriso safado no rosto. Conhecia Emma bem e sabia de suas intenções, porém não obteve resposta da outra, que estava completamente vidrada na tela do notebook. - Emma?

- Você. - Emma levantou os olhos, cheios de lagrimas, e a encarou. - Como pôde?

- Do que está falando? - A morena perguntou sem entender.

- Disso, Regina! - Swan gritou com raiva, virando o notebook em sua direção e ela viu um vídeo de si mesma, transando com Robin em seu quarto. - Porque fez isso? Com ELE? Comigo?

- Emma...

- Eu quero você fora da minha sala, quero você fora dessa empresa, fora da minha vida. - Emma lutava pra que suas lágrimas não caíssem. - Não quero te ver nunca mais, está me ouvindo?

- Por favor, não faz isso. - Regina estava chorando enquanto implorava. - Emma, eu t...

- Não quero ouvir o que tem pra falar. - A loira lhe deu as costas. - Saia daqui antes que eu mesma de coloque pra fora e posso garantir que não vai ser nada bom.

Regina achou melhor sair antes que piorasse as coisas, então ela correu pra sua sala ignorando os gritos de Belle. Chamou seu motorista e não consegui segurar o choro por muito tempo. Ignorou também o chamado dos pais quando chegou em casa e se trancou no quarto, sentindo uma dor horrível em seu coração. Aquele vídeo não fazia o menor sentido, ele nunca esteve com Robin e pra falar a verdade, não o via há um bom tempo. Não era ela no vídeo, claro. E só podia ser uma pessoa no mundo que era idêntica a ela.

Regina não conseguiu pensar mais, sentiu um enjôo muito forte e correu até o banheiro, colocando tudo pra fora. Ela ouvia as batidas insistentes em sua porta e os gritos de sua mãe, mas resolver não atender. Ainda chorando, ela tomou um banho e deitou em sua cama. Na manhã seguinte tiraria a limpo aquela história.

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Emma já tinha quebrado metade das coisas do escritório e bebido quase todo o uísque de uma das garrafas do mini bar. Belle tentava acalma-la, mas era em vão. Swan nem a ouvia. Não podia acreditar no que Regina fizera. Ela sempre teve um pé atrás com Robin e no fim sua desconfiança estava certeza, Regina tinha um caso com ele.

- Como eu pude ser tão cega? - Ela falou jogando o copo de vidro na parede. Belle soltou um gritinho assustada, ela nunca tinha visto sua chefe daquela forma.

- Senhora Swan...

- O que ainda está fazendo aqui? - Emma virou para ela e deu passos em sua direção. - Vá embora.

- Mas...

- Sem "mas", senhorita.

A loira parecia ainda mais ameaçadora quando estava com raiva. Belle não quis testar a paciência dela, sabia que naquela situação apenas quando ela se acalmasse poderiam ter uma conversa. Saiu da empresa e deixou alguns seguranças sabendo da situação da chefe.

Não demorou muito pra que Emma saísse também, mesmo que tivessem tentado impedir, afinal, ela tinha bebido e não estava em condições de dirigir. Porém, ninguém ousou desafia-la quando ela ameaçou despedir todos. Depois de dirigir meio sem rumo, Swan parou em frente à boate ja conhecida, estava ali pra ver sua dançarina favorita.

Era quase meia-noite e o show principal já havia acabado. Cambaleando um pouco, Emma seguiu pela lateral do estabelecimento, onde encontrou uma porta que dava acesso ao camarim. Antes que pudesse entrar, esbarrou num corpo que ela conhecia muito bem.

- Ora, ora, Emma Swan, que visita agradável. - Lana falou satisfeita. - Chegou um pouco tarde, perdeu o show.

- Eu não quero saber de show. - A loira falou e prensou a mulher na parede próxima e atacou seus lábios num beijo faminto. - Sentiu a minha falta?

- Todos os dias, pode acreditar. - Lana segurou um gemido quando Emma apertou seus seios e mordeu seu lábio inferior. - Mas acho que aqui não é o lugar apropriado pra isso. Venha comigo.

Lana puxou a mão de Emma. A empresária quase não sustentava seu próprio corpo e se deixou guiar. Sentiu que estavam entrando num carro e se movimentando pelas ruas, depois sentiu a maciez de lençóis e um beijo em sua boca.

- Regina. - Ela sussurrou antes de apagar completamente.