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História A Filha do Coringa: a Origem - Encontro


Escrita por: silvacomsifrao

Notas do Autor


Oi gente, desculpa a demora de novo... tô sem tempo pra escrever direito.
Porém as coisas começam a esquentar nesse capítulo!!!

Espero que gostem :3

Capítulo 11 - Encontro


Eu e Jason saímos praticamente todos os dias desde que saímos pela primeira vez. Visitamos parques, comemos muitas porcarias em restaurantes e cafés, ficamos em um fliperama o dia inteiro e praticamente andamos por metade de Gotham. Cada dia que nos encontrávamos era melhor que o outro.

E logo depois desses encontros, nós continuávamos nos falando através de mensagens e uma vez ou outra, ele ligava para mim aleatoriamente, muitas vezes no meio da noite, dizendo que queria ouvir minha voz. E também, passamos algumas madrugadas em claro, trocando mensagens até o sol aparecer em minha janela.

Acho que nunca fiz tantas memórias felizes em um período tão curto de tempo.

Eu estava muito bem, minha “outra eu” não estava me incomodando tanto quanto antes, e eu não tive nenhuma crise nesse período. Ponderei se enquanto eu estivesse feliz, ela ficaria reprimida. Geralmente em meus períodos mais conturbados, ela fazia da minha cabeça seu próprio brinquedo.

Descobri que Jason tinha um carro, e não era simplesmente um carro, era um carro de luxo, um Porsche vermelho. Mas fiquei irritada ao saber que ele sempre estava com seu carro enquanto nós andávamos quilômetros e mais quilômetros pela cidade. O que me impediu de bater nele, foi sua desculpa bem estruturada: “Você não ia conhecer a cidade se nós apenas andássemos de carro, além disso eu mal conhecia você, não queria que se sentisse desconfortável.”

E era verdade, eu mal conhecia ele. De fato, ele agia meio estranho algumas vezes, parecia que ele lutava ou passava por uns maus bocados, pois eu via alguns hematomas e arranhões em sua pele, de vez em quando percebia que ele estava mancando de leve. Mas sua desculpa era sempre as lutas de boxe que fazia com seu pai, ele afirmava que era o vício deles. Também encontrava-o na Biblioteca com a cara de quem não tinha dormido à noite, exausto. Mas mesmo assim, quando eu perguntava se havia algo errado, ele respondia que não e sorria.

Mas eu sabia que ele estava mentindo.

Assim como eu.

Entretanto, acho que a pior parte disso tudo, algo que eu estava tentando evitar o máximo que conseguia, era que meus pais finalmente o iriam conhecer. Tínhamos combinado um encontro mais formal à noite e ele iria me buscar em casa. Eu estava tensa, principalmente porque eu não sabia o que iria acontecer, se meus pais iriam aprová-lo ou não, ou quem sabe alguma coisa pior acontecesse. Haviam tantas possibilidades que eu nem queria pensar muito e me preocupar com elas.

 Nós iríamos à um bar karaokê, uma opção que ele encontrou para substituir a balada. Ia ter música, dança e bebidas, só que sem toda a parte principal das baladas: a multidão bêbada, um barulho estrondoso e loucuras, muitas loucuras.

Minha mãe estava me ajudando a me arrumar, estávamos em meu closet e ela estava fazendo meu cabelo e maquiagem – os quais pedi para ela não exagerar, pois era apenas um encontro casual. Eu estava sentada em frente ao meu espelho, a cortina estava aberta, e estava tentando não encarar o espelho por tempo demais, para evitar alguma surpresa. Meu objetivo era olhar para  chão o máximo que conseguia e tentar esquecer minha “outra eu”. Mas era inevitável já que eu queria ficar um pouco mais bonita para esse encontro mais formal.

Minha mãe tinha feito uma trança meio bagunçada em mim, apoiada em um dos lados do meu ombro e a maquiagem que estava terminando de fazer era simples, apenas olhos delineados com sombras clarinhas e uma boca vermelha, mais puxada para o laranja.

- Então... você já contou à ele? – ela tentou parecer casual, mas sua voz tremeu um pouco. Ela estava passando um pouco de laquê em minha trança.

- Não – me sentia culpada, já devia ter contado para ele. - Mas acho que não sou a única guardando segredos.

- O que quer dizer? – ela se posicionou em minha  frente, para examinar meu cabelo e meu rosto.

- Ele também está escondendo alguma coisa, sei disso. Ele age estranho de vez em quando. Ele aparece todo machucado e exausto de sono e a única resposta que ele me dá é que vai à academia de madrugada lutar boxe e outras coisas. Outro dia ele apareceu com um corte no pescoço, duvido que aquilo foi culpa do “boxe”. E também Jason recebe essas mensagens do seu pai quase todo dia e fica meio irritado com elas – suspirei. – Mas eu sei que tem alguma coisa por trás de tudo isso, suas respostas são muito secas e breves para serem toda verdade.

- Bom, eu já suspeitava que ele escondia algo de você.

- Como assim? – indaguei, olhando em seus olhos.

Ela colocou as mãos em meus ombros e me encarou com sinceridade em seus olhos.

- Filha, toda mãe tem um sexto sentido – ela revirou os olhos. -Você disse que o pai dele tinha uma empresa pequena e ele de repente aparece com um Porsche. Um carro de luxo.

- É, eu também achei isso meio estranho – confessei, contorcendo o rosto.

Ela se ajoelhou diante de mim, bloqueando parcialmente minha visão do espelho e pegou minhas duas mãos, afetuosamente.

- Primeiro de tudo, vocês dois tem que colocar as cartas na mesa e serem sinceros um com o outro. Antes que essas mentiras arruínem o seu relacionamento. Ou seja, essa conversa precisa acontecer o quanto antes.

Por mais que eu não quisesse admitir, mamãe tinha razão, essas mentiras podiam significar o fim do nosso relacionamento e a última coisa que eu  queria era que ele acabasse. Eu iria ser sincera com ele hoje a noite.

Eu iria contar tudo.

- Você tem razão, não posso mais esconder isso dele.

Mamãe sorriu e deu tapinhas em meu rosto de brincadeira.

- Essa é a minha garota – ela disse.

Essa é minha garota – escutei uma voz no fundo de minha mente.

Essa é minha garota. Essa é minha garota. Essa é minha garota. Essa é minha garota. Essa é minha garota. Essa é minha garota. Essa é minha garota. Essa é minha garota. Essa é minha garota.

Hahahahaha!

Flashes de um sorriso vermelho e cabelo verde tomaram posse de minha mente. Minha visão estava toda confusa e degenerada. Qual era a realidade?

- Essa é minha garota – a voz disse. O portador dela e do sorriso vermelho assombroso deu tapinhas em minha bochecha e a apertou forte.

Hahahahahahahahahahaha!

Ele andou ao meu redor, falando coisas que não conseguia distinguir. Eu estava assustada. Presa. Não podia me mexer, nem falar...

Hahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha!

Me assustei quando uma mão tocou meu ombro de repente. Quase pulei da cadeira. Meu coração estava acelerado. Pisquei várias vezes, voltando à realidade.

- Está tudo bem, Cecy? – olhei para trás e vi minha mãe preocupada. – Você se desligou...

Havia muito peso naquelas 3 últimas palavras.

- Eu estou bem, sim – meneei a cabeça várias vezes, meio nervosa. – Foi só um... um devaneio... nada demais – sorri um sorriso meio falso, tentando desastrosamente passar segurança para minha mãe.

Ela me encarou com uma sobrancelha levantada, desconfiada.

Então quando eu achava que não podia mais sustentar seu olhar em mim, a campainha tocou. Era Jason.

Fiquei meio desesperada de repente, eu nem tinha me vestido ainda. Então minha mãe me ajudou a me vestir, sem comentar mais nada sobre o assunto que tinha morrido entre nós.

Cinco minutos depois, eu estava em frente ao espelho me admirando. Tínhamos escolhido um vestido branco com flores azuis que cobriam a cintura do vestido e pareciam ter “crescido” nele. Nos meus pés havia um par de sandálias anabela azuis, o salto não era muito alto, o que me deixava mais confortável. Quanto às jóias, apenas estava usando um conjunto de um colar, uma pulseira e um anel, todos de prata. Para incrementar o look, minha mãe me emprestou uma de suas bolsas clutch de cor nude.

Era estranho, porque eu me olhava no espelho e aquela não parecia “eu”. Aquela era um impostora. Era uma menina com uma vida invejável e com um futuro certo, cheio de sucesso.

Aquela, sem dúvida, não era uma menina degenerada, louca e sozinha, que destruía tudo o que tocava. Não era eu.

Mas, mesmo assim, minha mãe me elogiou:

- Você está tão linda, Cecy – seu reflexo no espelho sorria para mim. Ela aparentava estar orgulhosa.

- Bom, sem sua ajuda eu não estaria assim. Obrigada – então me aproximei dela e a abracei. Eu não era muito de abraços, mas aquele momento merecia um.

- Eu acho que é melhor você ir logo, Deus sabe o que seu pai está aprontando com Jason lá em baixo – ela disse, terminando o abraço.

De repente eu fiquei meio desesperada e saí correndo do quarto com minha mãe logo atrás de mim. Quando cheguei nas escadas até o térreo, eu diminuí o ritmo consideravelmente até empacar e ouvir uma conversa agradável de dois homens na sala de estar. Minha mãe, que tinha me alcançado, me encorajou a ir primeiro. Respirei fundo e desci as escadas devagar, muito nervosa e com o coração na garganta, rezando para não tropeçar em meus próprios pés.

Depois de descer alguns degraus, a conversa agradável se transformou em silêncio. Tudo o que se ouvia era o som do atrito dos meus sapatos com os degraus da escadaria. Eu estava prestando atenção nas escadas, mas em algum momento, se tornou inevitável cruzar olhares com Jason. Então quando nossos olhares finalmente se encontraram, eu sorri, corando. Ele sustentava um olhar intenso sobre mim.

Jason que estava de pé na sala, rapidamente veio me receber aos pés da escada. Ele estendeu sua mão direita, e eu a aceitei, parando no último degrau da escadaria. Deu um beijo em minha mão e sorriu.

- Você está linda – ele falou baixinho.

- Obrigada – agradeci, corando.

Se eu estava linda, Jason parecia um modelo da GQ Style. Ele estava maravilhoso usando uma camiseta branca, um blazer azul escuro e jeans um pouco mais claros. Seu perfume impregnou minhas narinas imediatamente. Era um cheiro almiscarado, tão bom que senti vontade de me afogar naquela essência para  sempre.

- Você também está bonito – elogiei tímida.

- Nada comparado à sua beleza neste momento – Jason declarou todo poético.

Levantei uma sobrancelha.

- Sério? O encontro nem começou ainda e você já está me envergonhando. – Cheguei mais perto dele e sussurrei: - Na frente dos meus pais.

Seu sorriso se abriu para mim, mas ele não respondeu nada.

Ficamos ali, estáticos, admirando mais atentamente um ao outro, por alguns milésimos de segundos.

- Pronta para ir? – ele quebrou o silêncio.

Eu meneei a cabeça, concordando. Meu coração tinha acabado de sair da largada, acelerando tudo o que pôde. Ainda segurando minha mão, ele me puxou, indo em direção aos meus pais, que nos esperavam perto da porta de entrada.

Percebi que meu pai o examinava com um semblante desconfiado. Ainda não sei qual o problema que os pais geralmente têm com meninos que estão saindo com suas filhas. Já mamãe, sorria avidamente para ele, toda refinada. Parecia que ela estava feliz por eu ter feito um amigo... ou um mais que amigo.

- Prazer em conhecê-la, Sra. Ainsley – Jason a cumprimentou, já que não a tinha conhecido ainda pois estava me ajudando a me arrumar.

-  O prazer é meu, Jason. Espero que vocês dois se divirtam – ela disse simpática. – Não fiquem preocupados com o horário, a noite é de vocês.

Meus olhos se arregalaram um pouco. Eu fiquei surpresa com a liberdade que minha mãe estava me presenteando. Desde quando nós nos mudamos, ela tinha me dado uma liberdade que à alguns meses atrás ela não iria me dar.

Percebi meu pai, disfarçadamente, olhar alarmado para minha mãe, que continuava sorrindo despercebida para eu e Jason. Quase pude ouvir os alarmes soando em sua cabeça. Ele pigarreou, tentando chamar atenção, antes de Jason responder algo.

- Só... não voltem tão tarde. De preferência antes do amanhecer – papai encarava Jason intensamente, intimidando-o. Vi de relance, minha mãe revirar os olhos, meio impaciente.

Se meu pai conseguiu intimidá-lo ou não, não consegui perceber. Jason carregava um semblante impassível, de pedra, mas sorrindo levemente.

- Não se preocupem, não planejávamos voltar tão tarde. O bar-karaokê, não fica a noite inteira aberto, de qualquer modo. Ela estará de volta antes do sol raiar, eu prometo – senti ele apertar minha mão levemente, embora ainda estivesse com sua atenção voltada para os meus pais.

- É, não se preocupem – tentei confortá-los. – Não é como se fôssemos ficar loucos ou coisa parecida.

- Bom – foi só o que meu pai disse, ainda sem tirar os olhos de Jason.

E houve um silêncio constrangedor. Só nossas respirações eram ouvidas.

- Então, eu acho melhor vocês irem logo – mamãe teve coragem de quebrá-lo. Ela indicou a porta de entrada com sua cabeça, quase imperceptivelmente, como se dissesse: “Saiam daqui, agora.”

Meu olhos arregalaram levemente, compreendendo sua mensagem.

- Sim, vamos – eu puxei meu par, que também encarava meu pai com a mesma intensidade.

Sério, qual o problema dos homens?

- Tchau, mãe. Tchau, pai – me despedi, rápida e seca, abrindo a porta de entrada.

Enquanto ia arrastando Jason para o seu carro, ele também se despediu dos meus pais.

- Até logo, Sr. e Sra. Ainsley!

- Divirtam-se! -  minha mãe gritou. Nós já estávamos descendo as escadas.

Fiquei admirada com a velocidade com que arrastava Jason, usando saltos. Ele logo conseguiu acompanhar meu passo, a até se apressou para abrir a porta do carona para que eu entrasse em seu Porsche.

Jason suspirou fundo depois de fechar a porta do carro.

- Até que não foi tão ruim quanto eu pensei – ele comentou, colocando a chave na ignição.

Eu o encarei, obstinada.

- Sorte a sua.

Ele riu. Sua risada era como uma droga, viciante.  Podia ouvi-la sem parar durante anos, que nunca me enjoaria.

- E eu não ganho nenhum beijo? – ele declarou, aflito. – Acabei de sobreviver à 10 minutos sozinho com seu pai.

Eu ri e então dei um selinho nele.


Notas Finais


O próximo capítulo será um pouco... revelador...

Twitter: @blogAMAQ


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