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História A Filha do Coringa: a Origem - Segredos (não) revelados


Escrita por: silvacomsifrao

Notas do Autor


Dois segredos.
Apenas um é revelado.

*Desculpa, eu sei que ficou meio grande, mas eu não consegui dividir em 2 capítulos...*

Capítulo 12 - Segredos (não) revelados


Meus ouvidos doíam. Uma mulher asiática de uns 40 anos, estava cantando no pequeno palco e ela não cantava nada bem. Chegou a um ponto, no meio da música, que praticamente todos no espaço, tentavam disfarçadamente tapar os ouvidos com a mão, inclusive eu e Jason. O pior, era que a mulher tentava alcançar umas notas bem altas, o que incomodava os tímpanos.

Eu e Jason nos encarávamos, segurando o riso até a música acabar, o que pareceu uma eternidade. Acho que aquilo serviu para pagar todos os nossos pecados.

Quando a mulher finalmente saiu do palco, toda radiante, – pensando que tinha cantado maravilhosamente bem – todos do bar relaxaram e demorou um pouco até alguém subir ao palco de novo.

- Eu pensei que as pessoas que freqüentavam este lugar não era tão ruins assim – comentei, e ninguém do bar podia ouvir pois estávamos em um lugar meio isolado.

- Ela é uma exceção – ele deu de ombros, rindo. Então ele começou a apontar para umas pessoas no local. – Está vendo? A maioria dos  clientes desse lugar são jovens hipsters e alternativos.

Tentei olhar disfarçadamente para eles, e vi algumas meninas de boinas ou chapeis, outras usavam tricôs, saias longas, croppeds, e etc. Vários meninos usavam óculos de nerd e toucas, vi pelo menos três caras com dread e alguns estavam meio esfarrapados, usavam chinelos e roupas simples um pouco rasgadas.

Mas também haviam pessoas  “normais” no lugar, alguns adultos e até tinha um casal de idosos. Esse karaokê parecia um restaurante alternativo para pessoas que procuravam um lugar diferente para passar a noite. Na verdade, a atmosfera do local era muito serena e animada ao mesmo tempo, não havia nenhum furdúncio. Eu, particularmente, me sentia bem nesse lugar – o que era meio raro.

O karaokê ficava em um beco, no centro da cidade e havia apenas uma placa bem pequena anunciando o lugar, que era praticamente invisível durante o dia. Mas à noite, ela ficava iluminada, só que mesmo assim era possível passar despercebido pelo lugar, já que ele não tinha tanta fama assim.

- Eu me pergunto como você achou esse lugar. Sério, acho que ninguém percebe que ele existe, é meio escondido sabe?

Ele riu.

- Eu também não sei muito bem. Eu lembro que eu estava fazendo uma caminhada noturna e começou a chover forte, então eu entrei num beco próximo onde havia algumas pessoas e esbarrei nesse karaokê. Desde então eu venho aqui de vez em quando para esfriar a minha cabeça quando estou tenso – Jason balançou seus ombros de leve.

Demorei meu olhar no dele, antes de uma dúvida brotar em minha mente.

- Por quê você estava fazendo uma caminhada no meio da noite?

Jason desviou o olhar do meu, constrangido.

- Tinha brigado com meu pai.

Pisquei algumas vezes, em entendimento.

- Parece que vocês dois brigam bastante.

- Sim, mas também nos divertimos de vez em quando – ele tentou sorrir. – E você? Briga com seus pais, também?

Ele pegou seu coquetel e deu um gole, esperando minha resposta.

- Não brigo tanto assim, o problema é que eles me chateiam e eu chateio eles, constantemente. Então nossa relação também não é das melhores.

Ele franziu a testa, confuso.

- Como assim?

- É complicado... – suspirei.

Então, antes que ele pudesse me fazer outra pergunta, a garçonete chegou com o nosso pedido. Enquanto ela colocava a comida em nossa mesa, eu fingi que estava olhando distraidamente o restaurante, mas podia sentir o olhar de Jason tentando me penetrar.

Quando ela foi embora, a primeira coisa que fiz foi pegar uma batatinha frita e comê-la. Um silêncio constrangedor pairava sobre nós.

- Nossa, que fome – comentei, tentando mudar de assunto.

Mas ele não tinha esquecido do assunto.

- O que é complicado? – o problema era que ele estava completamente impassível e sério, ao mesmo tempo. Eu sentia que ele estava tentando arrancar uma resposta de mim, à qualquer custo, como um chefão da máfia.

Eu finalmente o encarei. Nos olhos. Seus lindos olhos verdes.

- Podemos falar disso depois?

- Depois quando?

- Quando estivermos indo embora – olhei para as outras pessoas. – Aqui é muito público.

Jason pensou um pouco antes de me responder.

- Tudo bem, então – ele cedeu. – Seria um segredo?

- Talvez.

Apesar da nossa pequena tensão durante o encontro, nos divertimos enquanto a noite durou. Nenhum de nós foi cantar, porque ambos de nós tínhamos vergonha de cantar em público, mas ficamos julgando os cantores que subiam no palco como juízes do The X Factor e do American Idol. Rimos bastante.

Entretanto, eu podia ver no olhar dele que algo o incomodava.

Mas, tudo que começa tem o seu fim. Quando anunciaram que iam fechar o karaokê, pagamos a conta e estávamos saindo do local, quando Jason me puxou para um canto no beco, longe das outras pessoas.

- Então, você disse que iria contar o seu segredo – ele mal tinha soltado a minha mão quando perguntou. Ele cruzou os braços.

Caramba, ele é muito persistente.

Eu o encarei, com um pouco de medo. Estava estranhando esse lado sombrio dele. Nunca o tinha visto.

- Sim, eu vou.

- Então pode começar.

Eu olhava para todos os lugares do beco, menos para ele.

- Olha, eu quero deixar bem claro que eu queria ter falado isso antes para você... mas se eu contasse, você provavelmente não iria querer me ver nunca mais. Então, desculpa por ter escondido isso de você.

Jason meneou a cabeça, indicando para eu continuar.

- Eu... eu tenho uma... doença – comecei devagar. Meu coração apertou dentro de meu peito – Se chama, Transtorno Dissociativo de Identidade. – Suspirei. – Mas é mais conhecida como segunda personalidade.

- Uma... uma segunda... uma segunda personalidade? – ele estava meio surpreso. Chacoalhou a cabeça em descrença.

- Sim – eu encarava o meu pé, constrangida.

- Mas você tem certeza disso?

- Sim, os meus pais me diagnosticaram e outros vários psiquiatras chegaram à mesma conclusão.

Ele estava confuso, parecia que seu cérebro estava trabalhando à mil por hora. Piscou milhares de vezes e então suspirou profundamente.

- Tá, então você tem dupla personalidade. O que isso significa? Como funciona? Me conte mais.

- Existem vários graus em que essa doença ataca, e o meu, segundo os doutores, é um  dos mais fortes. Eu posso escutar a voz da minha outra personalidade dentro da minha cabeça, falando comigo de vez em quando. – Fiz uma pausa. – E... é possível saber quando ela toma conta do meu corpo, porque eu tenho crises, onde eu fico completamente insana e faço coisas que um ser humano em plena consciência não faria.

- Crises? – ele tinha voltado a me encarar, mais calmo agora. – Quer dizer que tipo, você fica...?

- Fale. Ande. Fale que eu sou louca – me distanciei dele em alguns passos.

- Eu não quis dizer que você é louca. Na verdade, eu não estou acreditando muito em você porque você não parece maníaca.

- Bom, mas eu sou... Ou a minha outra personalidade é – desviei meu olhar.

Jason se aproximou de mim, um pouco hesitante, e colocou a mão em meu ombro.

- Conte para mim, como essas crises são?

Suspirei, encontrando uma centelha de confusão e preocupação em seu olhar.

- Elas acontecem meio aleatoriamente, mas quando eu estou triste ou quando minha depressão ataca, elas são mais frequentes. É horrível a sensação quando ela está tentando tomar posse do meu corpo e da minha mente, eu consigo sentir ela constantemente tentando me usurpar, tentando se libertar. E eu tenho que fazer um esforço constante para empurrá-la para o fundo da minha mente.

Ele não disse nada, primeiramente. Ficou processando a informação. Parecia que ele iria fazer mais perguntas, então fiquei calada, observando-o. Quase podia ver as barrinhas de “carregamento” que parecem nos jogos e etc.

- Como ela é? A sua... outra personalidade, quero dizer – ele  finalmente perguntou.

Bufei.

- Ela é o meu oposto. Tudo o que eu não sou, nem gostaria de ser. Se você soubesse as coisas que ela fez...

- Me conte – Jason carregava franqueza em seus olhos e, definitivamente, não parecia disposto em me abandonar... ainda.

- Não, você não quer saber – balancei a cabeça. Se ele soubesse...

Ah... se ele soubesse...

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA

Expulsei a voz de minha cabeça ao chacoalhá-la levemente. Não podia entrar em pânico agora. Não, não agora. Não na frente dele.

Eu não sabia como eu estava conseguindo me manter calma.

- É ela, não é? – ele percebeu o meu pequeno descontrole.

Afirmei com a cabeça.

- Me conte, por favor, eu quero saber com o quê terei que lidar.

Depois de encará-lo nos olhos por um longo momento, buscando sua franqueza e entendimento, novamente, cedi.

- Tudo bem. Vou contar o que ela fez recentemente e que trouxe um problemão pra mim, mas é a maior catástrofe que ela causou até agora – ele meneou a cabeça, indicando para eu continuar.

Sentei-me na escada de emergência perto de nós e peguei a mão dele, puxando-o para se sentar perto de mim.

 – Lembra quando eu falei que tinha feito o último ano do colégio em casa, por vontade própria? Não foi bem assim...

“Eu... eu tinha um amigo. Meu melhor amigo. O George. Ele era a única pessoa que parecia alheio da minha condição, conversava comigo como se eu fosse normal e que me ajudava quando precisava. Nossa amizade começou na 4ª série, quando um incidente aconteceu e eu virei a ‘louca’ da escola. George não me excluiu como os outros fizeram, ele se aproximou de mim, mesmo eu não querendo sua amizade.

“A cada ano que passava, nossa amizade ficava ainda mais forte e os nossos colegas nos excluíam ainda mais. Mas George não ligava, ele só queria estar perto de mim. Nós criamos uma rotina sabe... – sorri ao me lembrar dos velhos tempos - toda sexta-feira depois da escola, íamos para a única sorveteria do subúrbio, comprávamos uma casquinha e nos sentávamos no mesmo banco no parque minúsculo em frente à ela. Passamos por várias aventuras juntos e pelas várias crises que eu tive. Na verdade, acho que o George foi a minha salvação, se não fosse por ele, acho que a minha ‘outra eu’ já teria tomado posse do meu corpo por completo e eu estaria em um manicômio.”

Meu sorriso se dissipou, pois estava chegando à parte principal de toda a história.

“Só que... nos últimos meses antes de acontecer o incidente, havia uma tensão romântica entre nós. Ele, em uma sexta-feira depois da escola, revelou que gostava de mim mais do que um amigo gostaria e me beijou. E eu também gostava muito dele, só que tinha medo de revelar, tinha medo de que ele risse da minha cara. Então depois desse beijo, as coisas mudaram entre nós e George meio que virou meu namorado, só que decidimos não contar pra ninguém, nem para os nossos pais. Sempre namorávamos em lugares escondidos e etc, onde não havia ninguém por perto.

E a parte principal havia chegado.

“Então, em um dia na escola no meio do intervalo, Emilia Jacoby, a menina que eu mais odiava expôs nosso namoro para toda a escola. Sério, eu não sei como ela descobriu, mas eu fiquei muito irritada, tão irritada que perdi o controle da minha “outra eu” e depois disso eu não lembro de mais nada. Apenas lembro quando recobrei minha consciência - com muito esforço - aliás, de ver George caído no chão inconsciente e Emilia Jacoby também no chão, só que gemendo de dor, seu nariz estava sangrando muito.

“Todos me olhavam paralisados, não podia ouvir nem as respirações deles. Quando percebi que eu tinha feito aquilo com George, abracei-o e chorei, pedindo desculpa um milhão de vezes.

“Depois de um tempo, a polícia e duas ambulâncias surgiram lá na escola, juntamente com meus pais. Eu me desliguei do mundo depois que fui abraçar minha mãe correndo, eu estava em choque. Só sei que a polícia precisou interrogar alguns alunos para saber o que tinha acontecido, já que não lembrava de nada e também estava em choque.

“Meus pais me levaram para casa e depois que conseguiram fazer eu voltar à consciência, disseram o que tinha acontecido. No meu acesso de raiva, tinha batido na Emilia várias vezes e George foi me deter, só que eu acabei empurrando ele com tanta força, que suas costas bateram no banco de concreto perto de nós, antes de cair no chão.

“Eu chorei a noite inteira e implorei para que eu fosse visitar George no hospital no dia seguinte. E nós fomos, só que encontrei os pais dele chorando e brigando com os médicos e quando a mãe dele me viu, quase veio me bater.

“Fiquei em um canto isolado esperando meus pais que estavam conversando com os pais dele - na verdade estavam gritando - muito receosa com a notícia que estava por vir. Quando eles voltaram e me contaram que George tinha perdido o movimento das pernas, eu desmoronei na hora. Eu passei mal e precisei até tomar meus remédios pra me acalmar.

“Mas eu só queria vê-lo e pedir desculpas. E quando me deixaram entrar em seu quarto, finalmente, ele falou coisas tão horríveis para mim que eu saí correndo do hospital em lágrimas. ‘Olhe o que você fez comigo. Você é um monstro que destrói tudo o que toca. Destruiu minha vida. O inferno tem um lugar reservado para você. Eu te odeio.’ – essas foram apenas algumas das coisas que ele jogou em minha cara.  Eu estava arrasada. Nunca tinha me odiado tanto na vida. Fui parar em um pátio vazio e gritei, tentando extravasar tudo. Mas não funcionou, o peso que carregava em meu coração pesava toneladas.

“Depois disso, minha vida só piorou: fui expulsa da escola, me tranquei em meu quarto pelo resto do ano, regredi tudo o que tinha melhorado com a ajuda do George e meus surtos ficaram tão freqüentes que chegou à um ponto em que eu estava cogitando suicídio.

“Foi difícil me recuperar. Passei por muitas sessões de terapia e também passei alguns dias em observação no Hospital Psiquiátrico. E foi lá, vendo a realidade alienada dos outros loucos que eu decidi que não queria passar minha vida inteira entre aquelas paredes. A partir daí, voltei para casa determinada à me recuperar. Comecei a fazer umas atividades para ocupar minha cabeça, e até consegui me formar no Ensino Médio estudando em casa. E aqui estou eu, nesse mesmo ritmo.”

Eu terminei minha história olhando para o chão, com vergonha do que Jason acharia de mim. Era muita informação de uma vez, ele ficou vários segundos tentando processar tudo aquilo.

Nós estávamos muito próximos, minha coxa roçava com a  dele e eu podia ouvir sua respiração,  calma.

Meu Deus, como eu queria sair correndo dali e enfiar minha cabeça em um buraco.

Agora Jason sabia quem eu realmente era.

- É sério tudo isso? – ele perguntou em um tom baixo, cautelosamente.

Assenti com a cabeça. Ainda sem encará-lo.

Segundos passaram correndo por nós.

- Escute – comecei. – Se você quiser ir embora e nunca mais me ver, pode ir. Eu não ligo – menti. – Pessoas demais já me abandonaram e acho que mais uma não faria diferença. Então vá antes que eu passe mais vergonha ainda...

Virei-me para o lado oposto do dele, evitando-o. Segurei uma única lágrima em meu olho, que continha toda a minha dignidade no momento. Sentia um nó no fundo da garganta. Só queria sentar em um canto frio e úmido e chorar.

Queria que ele fosse embora logo para eu parar de passar vergonha, mas isso significava que ele estava me abandonando. E a última coisa que eu queria era que ele me abandonasse.

- Ei... – ele alcançou minha mão e a segurou com a maior delicadeza do mundo. – Eu não vou à lugar nenhum.

Encontrei o olhar dele em espanto. Jason sustentava meu olhar tão carinhosamente que deu vontade de me aninhar em seu ombro e abraçá-lo eternamente.

- Mas você... você entende o que eu acabei de te contar? Que eu machuquei pessoas,  quase matei uma pessoa, quase me matei e que eu posso ter uma crise em qualquer momento de fragilidade emocional? Você entende isso?

Jason piscou uma vez.

- Eu entendo. Só não sei como lidar – seu olhar era honesto. – Mas você vai me ajudar a lidar com isso, não vai?

- Se for realmente o que você quiser, eu vou. Mas tem certeza disso? É imprevisível e... você sabe do que eu sou capaz.

- Por quê você fica arranjando pontos negativos? É como se você não quisesse que isso dê certo – ele elevou um pouco o tom da voz.

- Eu quero que dê certo, por isso eu tenho medo de qualquer coisa que vá acontecer no futuro – contestei.

- Mas se não tentarmos, como iremos saber se nós dois conseguimos lidar com essa situação?

- Eu sei... é que... você não está sendo muito precipitado? Não quer pensar um pouco à respeito? - agora eu segurava suas mãos. – Isso é coisa séria, é uma doença mental que pode me fazer surtar à qualquer momento. E não desejo que fique comigo porque tem pena de mim. Só quero que entenda isso

Dessa vez, Jason não disse nada. Sua expressão se enrijeceu, ponderando minhas palavras. Era exatamente o que eu queria, que ele pensasse a respeito, é uma decisão séria. Mas tinha medo de o “não” que podia receber me desestabilizasse novamente.

Então, interrompendo o nosso silêncio, o celular de Jason fez um barulho rápido. Acho que era uma mensagem. Mas Jason nem se deu ao trabalho de checá-lo. Ele se desvencilhou de minhas mãos e coçou suas têmporas, suspirando.

- Ok. Eu vou pensar um pouco a respeito, se é o que você quer. Mas até eu decidir, vai ter que me contar mais sobre a sua outra personalidade. Quero saber cada detalhe. Combinado?

- Tudo bem, é justo – concordei.

Seu celular recebeu uma outra mensagem. Mas Jason continuou ignorando. Seu olhar, então, se voltou para mim, agora suavizado e com estima.

-  Eu sabia que você escondia algo desde quando te conheci na biblioteca naquele dia. Eu decidi não pressioná-la, se fosse importante iria me contar. E eu fico feliz de você ter me contado isso porque se importa e confia o suficiente em mim.

Meus lábios se curvaram em um pequeno sorriso e nossos olhares se cruzaram. Ainda estávamos muito próximos um do outro, o que contribuiu para que nos inclinássemos para nos beijar, inconscientemente.

Entretanto, nosso momento foi interrompido quando a música do Darth Vader tocou.

Jason paralisou, à centímetros da minha boca, e suspirou, pegando o telefone no seu bolso. Ele o checou e notei uma centelha de surpresa passar pelo seu rosto ao ver a tela do celular.

Apenas fiquei ali, encarando-o meio chateada, porque ele não tinha sido honesto comigo ainda.

- Não vai contar o seu segredo? – alfinetei.

Jason apenas prendeu seus olhos aos meus de uma maneira meio desesperadora e ao mesmo tempo pedindo desculpas. Ele sabia exatamente do que eu estava falando.

- Desculpe, eu... eu preciso ir embora – ele engoliu em seco. – Agora.

Ele levantou rapidamente, pegando algo em seu bolso. Parecia apressado.

- O quê? – eu estava alarmada. – Tem que ir embora? Por quê? O que aconteceu?

Eu também estava de pé, agora. Procurando por uma explicação.

- Eu não tenho tempo para explicar agora, mas eu prometo que vou– ele me deu o dinheiro que estava em sua carteira e um cartão com um número de telefone. – Não vou poder te levar para casa. Ligue para esse número, é de uma taxista amiga minha. Ela é confiável. Tem dinheiro para pagá-la, aqui.

Fiquei meio relutante em pegar aquelas coisas, mas ele a colocou em minhas mãos, me obrigando à pegá-las.

- Jason, por favor me fale o que está acontecendo! –  Minha voz se elevou. Eu estava espantada, não conseguia pensar direito.

Jason, então, deu um rápido selinho em mim, apressado. Mas parou apenas alguns instantes para me responder.

- Prometo que vou tentar explicar depois. Mas agora não tenho tempo. É um assunto urgente – ele parecia relutante em ter que me deixar sozinha.

Como eu estava atônita e confusa e pasma e não sabia o que fazer ou falar, apenas concordei:

- Tudo bem – quase sussurrei.

- Me desculpe. Eu tenho que ir.

Minha mão entrelaçada com a dele ficou pendente quando ele se afastou de mim, correndo. Mas antes de perdê-lo de vista, pude ver seu rosto procurando  pelo meu, uma última vez, angustiado e pedindo desculpas mentalmente.

Fiquei plantada no lugar sem saber o que fazer por alguns momentos. E em um impulso, tentei correr atrás dele, mas quando cheguei na calçada, o carro do Jason passou bem em minha frente em alta velocidade, os pneus atritaram com o asfalto, provocando o típico barulho.

Apenas assisti o Porsche em alta velocidade até virar uma esquina e sair da minha visão.


Notas Finais


Espero que tenham gostado!
Twitter: @AMAQblog


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