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História A Filha do Coringa: a Origem - Pistas


Escrita por: silvacomsifrao

Notas do Autor


Parece que o Papai Noel deixou um presentinho pra vocês!!! HO HO HO!!!

Capítulo 23 - Pistas


Ao sair do Departamento de Polícia, respirando o ar da cidade, deparei-me instantaneamente com Jason encostado em um poste bem em frente à entrada. Ele carregava uma carranca em seu rosto, que diminuiu levemente e tentou esboçar um sorriso ao me ver.

            Não consegui me conter e corri em sua direção. Um abraço, era tudo o que eu precisava para evacuar toda a minha raiva e mágoa. Uma sensação de reconforto e alívio preencheu meu espaço vazio. As últimas 24 horas tinham sido tensas demais, se não fosse aquele abraço apertado, estaria propensa a desabar a qualquer hora.

            - Você está bem? – ele perguntou. Sua pergunta tinha vários significados.

            - Agora estou – minha resposta saiu abafada em seu peito.

            Não tínhamos nos encontrado depois do que aconteceu. Não tinha encontrado Jason.

            - Me desculpe por ter te deixado sozinha. Foi estúpido da minha parte, achei que estaria segura. Nunca mais vou fazer isso – falou em meu ouvido. Senti meus pés saírem do chão.

            - Não precisa se desculpar, foi minha culpa. Eu que não fiquei quieta. Mas você estava lá para me salvar, eu sabia que estaria lá.

            - Mesmo assim, eu fui burro. Nossa como eu fui burro achando que estaria segura.

            - Ei – me afastei dele, colocando a palma de minha mão em sua bochecha. – Você me salvou, é isso o que importa.

            Nossos olhares se encontraram e ele me beijou, ternamente, aliviando ainda mais o peso que carregava. A sensação de ser amada e de que eu não estava sozinha no mundo me invadiu, e eu agradeci ao destino por nos ter feito esbarrar naquele dia na biblioteca.

            - Eu adoraria ficar assim o dia inteiro, mas temos que conversar sobre ontem – ele falou, afastando a cabeça. Seu olhar ficou mais sério.

            - Eu sei.

           

Fomos à mesma praça do nosso primeiro encontro naquele dia que nos conhecemos. Até nos sentamos no banco daquele anfiteatro, os pombos nos rondavam pedindo seus petiscos, mas não tínhamos nada para dar-lhes. Lembrei de Jason me perguntando se eu nunca tinha ido à um baile, eu fui em um na noite passada que acabou sendo mais agitado que o normal. Era incrível como a vida chegava a ser irônica.

            A praça estava vazia, só alguns corredores corajosos se aventuravam na trilha da praça. Eles iam e viam enquanto contava, novamente, à Jason o que aconteceu depois que ele me deixou sozinha no gabinete do prefeito, ele já tinha ouvido a versão que eu contei para o Gordon ontem a noite na ambulância, mas agora adicionei detalhes. Ele ficou quieto e não fez nenhuma pergunta, o que eu estranhei. Entretanto ele tinha um ar pensativo, como se estivesse em Marte e não na Terra.

            - Jason tem alguma coisa errada? Você está muito quieto – interrompi preocupada.

            - Estou tentando assimilar as coisas – ele estava encarando o nada, pensativo. - Deixe-me ver se eu entendi: Depois que eu te deixei sozinha, o prefeito apareceu com pressa fugindo da Arlequina, ela chegou logo em seguida e o matou, então escutou você soluçando e a descobriu em seu esconderijo.

            Confirmei.

            - Então ela simplesmente levou você como refém até o salão? Teve sorte de não tê-la matado.

            Fiz uma careta.

            - Não foi... simplesmente assim.

            - Como assim, Cecy? – dúvida e apreensão preencheram sua expressão.

            Não podia esconder aquilo dele.

            Olhei para os lados, verificando se ninguém estava nos bisbilhotando e ouvindo nossa conversa e me aproximei mais de Jason, abaixando o tom da minha voz.

            - Você precisa prometer que isso vai ficar apenas entre nós – meu olhar era sério. – Nem mesmo o Batman pode ficar sabendo disso.

            - Mas... por quê? – ele ainda estava confuso.

            - Apenas prometa – insisti.

            Um silêncio se manifestou entre nós, onde Jason estava fazendo sua escolha.

            - Prometo.

            Suspirei fundo antes de desabafar.

            - A Arlequina paralisou quando viu a cicatriz em minhas costas, mas nem sei como ela conseguiu enxergar, estava tudo escuro. Logo depois ela quis ver meus olhos, a cor deles para ser mais exata.

            - E?

            - Ela... me reconheceu. E depois disso falou que o Coringa ficaria feliz em me ver.

            - Que diabos, Cecy! Eles já te conheciam?

            - Ao que parece sim – baixei meu olhar. – Mas eu não conhecia eles.

            - Mas você descobriu o motivo?

            - Sim - engoli em seco, ainda sem encará-lo. Olhei para o chão, quase sussurrando -  Eu descobri que eu sou a filha biológica do Coringa.

            Outro silêncio tomou conta da atmosfera ao nosso redor.

            - Cecy, me diz que é uma piada.

            - Eu creio que não seja.

            - Quem te contou isso? Imagino que tenha sido o próprio Coringa – podia ver a raiva fluir pela suas veias.

            Confirmei com a cabeça, brincando com os dedos em minhas mãos. As unhas estavam todas roídas.

            - Mas... não faz sentido. Como? – agora a descrença estava afetando-o.

            - Eu andei pensando e algumas coisas realmente fazem sentido. A cor de um dos meus olhos é exatamente o tom de azul do dele. A cicatriz em minhas costas é um “J”, não um gancho, um “J” de Joker (Coringa); ele a fez em mim quando me seqüestrou quando criança. Eu não me lembro desse seqüestro e a razão disso é que, talvez, tenha sido tão traumatizante, que meu cérebro apagou todas aquelas memórias ruins. É mais comum do que parece, isso acontecer com crianças.

            - Cecy, como pode saber se é verdade? Ele pode muito bem ter mentido para você – estava ficando impaciente. – O Coringa é ótimo em mentir e manipular as pessoas para fazer sua vontade.

            - É por isso que eu preciso de sua ajuda para provar. Precisamos retomar a investigação da minha mãe biológica, eu tenho um pressentimento de que vamos encontrar algo.

            - Como? Você tem uma pista de onde começar            ?

            - Eu acho que sim... é só um pressentimento na verdade – ele percebeu a insegurança em minha voz.

            Jason fechou os olhos e passou a mão pelos seus cabelos negros, bruscamente e agarrou tufos em suas têmporas. Ele estava pensando. Escutei-o suspirar fundo antes de se voltar para mim, ajeitando sua postura.

            - Você quer provar que ele é seu pai biológico, mas para quê? O que vai fazer se estiver certa? Se mudar com ele viver fora da lei? Deixá-lo te ensinar o ofício?

            Ele me pegou de surpresa. Não sabia o que iria acontecer, o Coringa literalmente me deu seu sangue para eu fazer o teste de DNA. Ele tinha algum propósito nisso tudo, mas eu não podia revelar isso para Jason, pelo menos não agora. Não ia contar sobre o teste.

            - Eu... eu não sei. Eu só quero saber o que aconteceu com a minha mãe. Quero desvendar o mistério de uma vez por todas, não aguento mais meus pais mentindo para mim.

            Jason pegou minhas mãos e olhou no fundo dos meus olhos, enxergando meu sofrimento. Uma única lágrima escorreu de um dos meus olhos e ele a enxugou com seu polegar. Eu já estava farta daquele mistério, de todas as mentiras e de todas as surpresas que tive ontem.

            - Onde começamos? – ele perguntou, um pequeno sorriso se esboçou no canto de sua boca.

            - Em minha casa.

 

- Você tem certeza de que há alguma coisa aqui? – ouvi a pergunta de Jason vinda do quarto dos meus pais. Eu estava no closet deles, futricando em suas coisas e Jason futricava no quarto.

             - Não exatamente aqui, mas tenho quase certeza de que estão escondendo algo de mim – falei alto para ele me ouvir. Tinha aberto uma caixa de jóias baratas da minha mãe. – Pode estar em qualquer lugar da casa.

            Meus pais estavam trabalhando, era dia de semana e já tinham passado 2 dias desde o Massacre na Prefeitura, como todos estavam chamando agora. Eu e Jason procurávamos qualquer coisa que tenha ligação com minha mãe biológica, documentos, fotos, até antigos pertences dela.

            Decidimos começar pelo quarto, pois era o lugar mais íntimo para se guardar algo, se não encontrássemos nada iríamos para a mini biblioteca. Nossa procura era minuciosa, qualquer caixa era aberta, qualquer gaveta procurava-se um fundo falso e qualquer fresta suspeita era verificada, nem as paredes e os quadros escapavam da procura.

            Porém, passadas quase 3 horas da nossa investigação, já estávamos perdendo as esperanças. Tinha até verificado algumas coisas mais de uma vez. Acho que hoje não era o meu dia. Encostei em uma das paredes do closet, remexendo algumas jóias da minha mãe.

            - Não achou nada? – Jason gritou do quarto, esperançoso.

            - Não – suspirei. - A única coisa suspeita que achei foi uma caixa cheia de brinquedos eróticos.

            Escutei a risada dele, que me animou por alguns instantes, até perceber que não tínhamos feito nenhum progresso.

            - Melhor pararmos por hoje Jason, meus pais vão chegar daqui a duas horas e precisamos arrumar esse quarto antes que eles cheguem. Amanhã tentamos a biblioteca e o escritório – declarei, conformada.

            Silêncio. Estranhei quando não ouvi sua resposta, mas ouvi alguns estalos.

            - Jason? – chamei, atenta.

            - Cecy, eu acho que encontrei algo – mais estalos.

            Meu coração disparou e eu saí correndo do closet para o quarto. Encontrei Jason ajoelhado no chão, com o tapete em baixo da cama semi-erguido, revelando um buraco onde estava um dos tacos do assoalho de madeira. Tinha um compartimento secreto ali, e ele não estava vazio.

            Nos entreolhamos antes de tirar mais tacos, aumentando o buraco e logo já era possível ver que havia uma caixa achatada de madeira preenchendo o espaço. Rapidamente, Jason a tirou de lá, entretanto não conseguimos abri-la, pois possuía uma fechadura, e eu nem Jason nos lembrávamos de ter visto uma chave enquanto vasculhávamos suas coisas.

            - Vamos ter que abrir sem chave mesmo – Jason comentou, e logo tirou de seu bolso um estojo com alguns apetrechos pequenos do Robin. Ele pegou dois ferros finos o suficiente para passar pela fechadura e logo já estava trabalhando.

            - Você carrega esse estojo com você o tempo todo? – perguntei.

            - Quase o tempo todo – respondeu concentrado na fechadura, sem olhar para mim. - Quando eu me lembro de pegá-lo.

            - Anda logo! – apressei.

            - Calma, estou indo.

            Mais alguns instantes se passaram e logo ouvimos um “click”.

            A tampa da caixa se desencaixou e já era possível abri-la.

            Minha respiração ficou pesada e se esperasse mais alguns segundos, iria morrer de ansiedade. Jason empurrou a caixa em minha direção, me deixando abri-la. Respirei fundo e soltei o ar pela boca. Não queria criar muita expectativa, nossa pista podia muito bem não estar dentro daquela caixa.

            Então decidi arrancar o banda-id de uma só vez. Abri a tampada caixa rapidamente e meu olho se concentrou no conteúdo dela.

            Meu coração disparou na pista de largada.

            Eu não acreditava no que tinha encontrado.

            Minha mão foi direto para o arquivo dentro daquela caixa. O arquivo com o nome de Judith Wood. Minha mãe.

            Segurei o arquivo com medo de abri-lo. A resposta para minhas perguntas podia estar bem em minha frente, e ainda sim eu estava hesitante. Por que será?

            Ali podiam estar as respostas para todas as minhas perguntas.

            - Não vai abrir? – Jason perguntou suavemente.

            Chacoalhei minha cabeça um pouco, recuperando meu foco e arranquei o banda-id novamente. E o li com a maior atenção do mundo.

            O arquivo era do Asilo Arkham, afinal, era lá que ela tinha sido internada. Uma foto tirada logo quando ela ingressou o Asilo estava bem no topo da primeira página; ela parecia acabada, olheiras enormes despontavam dos olhos assustados, seu cabelo estava todo ensebado e embaraçado e seus osso do crânio se sobressaltavam, indicando que ela estava muito magra, provavelmente desnutrida.

            Apesar de fazer apenas 17 anos que ela tinha ingressado na instituição, a foto estava em preto e branco, sendo que naquela época existiam fotos coloridas. Ao lado de sua foto haviam suas informações como: nome, data de admissão, sexo, residência, peso, altura, características físicas entre outras coisas. Logo abaixo disso, haviam as anotações do psiquiatra responsável pelo caso, e era alguém que eu conhecia muito bem – ou  achava que conhecia.

            - Jason... minha mãe cuidava do caso dela – franzi o cenho em confusão, desacreditando no que estava escrito no papel.

            - Você não sabia, não é?

            - Não – comecei a folhear o arquivo, com páginas e páginas de anotação. – Eles diziam que não sabiam quase nada sobre ela, justamente por não terem cuidado do caso. Mas as assinaturas dela estão em todas as páginas, do início ao fim.

            - Que eles estão escondendo várias coisas de você, já sabemos. Mas por quê?

            - Eu não sei – disse deixando o arquivo de lado, eu ia lê-lo atentamente mais tarde.

            Ao invés de estar dando respostas, o conteúdo daquela caixa estava levantando mais perguntas.

            Voltei-me para a caixa novamente, haviam mais alguns objetos lá: uma moeda, um colar com pingente de coração e alguns papéis com rabiscos – provavelmente que ela escreveu durante sua estadia lá.

            A moeda não tinha nada demais, entretanto o colar tinha. O pingente de coração abria, revelando uma foto borrada impossível de distinguir a imagem e na outra metade havia algo gravado.

            H & G

            - “H” e “G”? – perguntei, encarando Jason. – O que significa? Será que são iniciais?

            Ele se arrastou para o meu lado e olhou o pingente mais de perto.

            - Eu não sei. Qual é o nome da sua mãe mesmo?

            - Judith Wood.

            - Não faz sentido, as iniciais não correspondem e a tinta da foto está escorrida e borrada. Será que ela roubou?

            Chacoalhei os ombros, pensando na possibilidade.

            - Quem sabe o que ela passou antes de parar naquela clínica? Talvez quisesse vender para arranjar comida.

            - É uma possibilidade.

             Também dei uma olhada nos papéis rabiscados, e descobri que nem tudo era rabisco; haviam alguns desenhos com linhas grossas e tremidas, indicando que ela os tinha feito com uma certa raiva. Não os entendi. E também haviam algumas palavras escritas, as que mais se destacavam era “MOEDA” e “ASSASSINO”.Perguntei-me se a primeira tinha alguma coisa a ver com a mesma moeda que estava na caixa, mas a do “assassino” não tinha idéia.

            - O que fazemos agora? – Jason perguntou, preenchendo o silêncio do quarto.

            Coloquei as coisas de volta na caixa e suspirei, em seguida, admirando o quarto bagunçado.

            - Bom, precisamos limpar essa bagunça antes que meus pais cheguem e antes de começar qualquer investigação – encarei-o com tédio estampado em minha face.

            - O Robin não se preocupa em limpar cenas do crime – implicou, sarcástico.

            Eu ri, levantando do chão com a caixa em mãos.

            - É, mas você não é o Robin, pelo menos não agora. Vamos, Filho do Morcego – estendi a mão para ele levantar-se, rindo da minha própria piada.

            - Ah, essa é nova – ele disse pegando minha mão.

            Vi por uma fração de segundos seu olhar se tornar safado e ao invés de levantar, Jason me puxou, fazendo-me cair em cima dele. Caímos na gargalhada até Jason me pegar no colo e se levantar. Quando achamos que as risadas tinham finalmente acabado, nos encaramos e voltamos a rir. Chegou a um ponto que não aguentava minha barriga dolorida e acho que Jason também não aguentava mais.

            Nossos olhares se encontraram novamente, porém ao invés de rirmos, nos beijamos.

            Eram momentos assim em que tinha certeza de que éramos feitos um para o outro. Havia uma... conexão entre nós, não sei bem explicar. Mas toda vez que nossos olhos se encontravam, eu sentia uma linha nos conectando, e ela sempre esteve entre nós, desde o momento em que nos conhecemos.

            E eu iria fazer de tudo para não estragar essa conexão, como eu fazia com tudo o que tocava.


Notas Finais


Feliz Natal e Feliz Ano Novo!!! Até Janeiro!!!
xoxo


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