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História A Filha do Coringa: a Origem - Ilusão


Escrita por: silvacomsifrao

Notas do Autor


Depois de quase desistir da fic, decidi voltar. Às vezes é necessário um empurrãozinho, então agradeçam à ~Starblue. Muito obrigada pela sua mensagem! Embora algumas pessoas tenham reclamado de um certo capítulo, outras querem que eu continue e eu não vou abandonar essas pessoas, tanto porque essa fic já conseguiu mais de 100 favoritos. É muito mais do que eu pensei que conseguiria em 6 meses. E eu só tenho a agradecer por causa disso!

Vai ter fanfic sim! E quem quiser continuar reclamando daquele capítulo eu peço gentilmente que pare de acompanhar essa fic, já passou dos limites e incomoda quem realmente se importa com essa história.

Capítulo 26 - Ilusão


 

 

 

 

 

 

Estava decidida.

            No dia seguinte cheguei um pouco mais cedo ao laboratório. O doutor nem tinha chegado ainda, de modo que eu tive que esperá-lo na porta de entrada. O porteiro do prédio onde ficava o laboratório quase não me deixou entrar, mas eu o convenci, felizmente. É claro, logo depois de jogar meus cabelos para o lado e sorrir para ele.

            Fiquei sentada com as costas apoiadas em uma parede com os pés cruzados, um em cima do outro. O pedaço de pano no bolso interno do meu casaco fazia pressão sobre minha pele, mesmo com camadas de tecido separando-os.

            Queimava de um jeito que queria rasgá-lo de uma vez. Aquele lenço fora a razão de noites de insônia decidindo se deveria confiar no Dr. Schaeffer e pedir para fazer o teste de DNA.

            Era uma manhã fria de outono. Já era possível ver algumas folhas secas caídas pela cidade, tingindo-a em tons de amarelo, marrom e vermelho. A vantagem do outono, era que o clima equilibrava e a temperatura ficava amena, nem o frio de congelar o nariz e nem o calor de derreter o corpo.

            O elevador parou e abriu as portas, revelando um doutor, ainda com olhos profundos de sono. Porém, ele estava bem humorado como sempre, havia um pequeno sorriso esboçado em seu rosto. Carregava uma maleta e seu jaleco estava pendurado em seu ombro. O doutor se assustou um pouco ao me ver.

            - Ah! Senhorita Cecy! O que faz aqui tão cedo? – apesar da pergunta, ainda continuava sorrindo.

            - Eu... eu precisava conversar com o senhor, doutor – disse, levantando-me do chão. Seu rosto se contorceu ao ver a expressão séria em meu semblante. Eu estava tensa, não era um favor que se pedia frequentemente à uma pessoa.

            - Tudo bem – ele notou que o assunto era sério e se apressou a pegar as chaves da porta. – Vamos entrar primeiro.

            O doutor me levou até seu escritório particular e me fez sentar em uma cadeira, enquanto ele encostou seu quadril na mesa de um jeito amigável e não sentado do outro lado da mesa. Por mais pequena que fosse, essa atitude me deixou mais confortável.

            - Então, qual é o problema? – perguntou com a afetividade de um avô, tirando seus óculos.

            - Não é nenhum problema – repliquei. – Eu queria pedir um favor.

            - Então fale logo – sorriu. – Talvez eu possa ajudar.

            Engoli em seco, adquirindo coragem para evacuar as palavras de minha boca.

            - Você pode fazer testes de DNA, certo?

            - Sim, eu posso. Faço alguns de vez em quando, embora não seja a especialidade do laboratório. – Ele suspirou. – Então você precisa de um teste de DNA. Paternidade?

            Assenti, piscando algumas vezes.

            - Acho que você já sabe que sou adotada, doutor.

            - Sim, eu sei. – Franziu as sobrancelhas. – E agora está investigando seus pais biológicos?

            - Sim. – Engoli o nó em minha garganta. - Mas antes de te contar o resto, eu preciso que você prometa que isso vai ficar apenas entre nós. Meus pais não sabem que estou tentando desenterrar o passado. Caso não concorde com isso, não tem problema, não estou obrigando-o a fazer alguma coisa.

            O Dr. Schaeffer fez uma longa pausa, examinando-me. Acho que eu não estava com a melhor das aparências, devido à insônia que obtive recentemente; porém, ele não estava apenas olhando meus aspectos físicos, senti que olhava minha alma também.

            - Já vem fazendo essa investigação à um tempo, não é? – declarou, sábio.

            - A algumas semanas.

            Mais alguns segundos correram em silêncio.

            - Tudo bem. Eu prometo que essa conversa e o teste de DNA morrerão comigo. Não contarei nada para ninguém.

            Eu sorri, aliviada. Estava com medo de que não aceitasse pois era muito amigo dos meus pais. Mas também era amigo meu.

            - Muito obrigada, Dr. Schaeffer! – agradeci. O ritmo do meu coração começou a diminuir.

            - Por nada – ele também mostrou seus dentes. – Ninguém merece crescer sem saber quem são seus pais... ou quem foram. Várias pessoas já me procuraram por causa desse mesmo propósito. Agora me conte o que tem.

            Tentei ser o mais breve possível e esconder as informações mais importantes. Contei a história de minha mãe e de como eu queria encontrar a ligação entre ela e meu pai biológico, mas não entrei em detalhes, contei apenas o que achei que precisaria saber sobre minha motivação. Abri meu coração ao contar que descobrira recentemente que meus pais adotivos vinham escondendo algumas informações a respeito de minha mãe, também sem revelar detalhes.

            E é claro que não contei sobre o Coringa. Apenas contei que consegui pegar escondido algo com o DNA de alguém que suspeitava ser meu pai. O doutor não precisava saber mais do que isso.

            Nossa conversa se seguiu até os outros funcionários chegarem e começarem a bater seus pontos. Por fim, acabei entregando o lenço ensanguentado para o doutor, ele ergueu as sobrancelhas mas não fez nenhuma pergunta. Acho que ele não queria saber como eu tinha conseguido aquilo.

            - O teste ficará pronto em mais ou menos uma semana – ele ergueu uma sobrancelha, olhando para o lenço em sua mão. - Talvez um pouquinho mais, não é tão fácil extrair DNA de sangue seco mas eu certamente irei conseguir.

            - Eu sei que vai. E muito obrigada mais uma vez – disse na soleira da porta.

            - Não é nada demais – ele sorriu sem mostrar os dentes. – Agora vá bater seu ponto antes que se atrase!

            Saí do seu escritório rindo da sua preocupação com o meu ponto.

            - E eu já estou indo ver o seu trabalho, senhorita! – gritou ao fundo.

 

Uma semana se passou e o meu trabalho se duplicou, agora estava fazendo um turno durante a noite para ajudar o Dr. Schaeffer em um projeto grande e importante para um cliente especial. Era alguma coisa relacionada à um inseticida bastante específico e requeria urgência, fiquei com pena do doutor por ficar das 9:00 da manhã até a meia noite no laboratório. Por outro lado eu não precisava mais ir durante a manhã, odiava acordar cedo.

            Com esse novo horário, Jason passou a vir me visitar e trazer o jantar para mim, juntamente com um cappuccino para me manter acordada. E ainda por cima, insistia em me levar para casa na calada da noite, e eu o convidava para entrar e ficávamos conversando, então cruzávamos olhares e acabávamos nos pegando.

            Era uma rotina nova muito boa para ser verdade.

            Porém, teve uma noite que ele parecia um tanto ansioso demais para eu terminar meu trabalho e irmos para casa. Quando eu perguntei a ele o que era, não me respondeu, sua desculpa foi que o assunto me distrairia e que conversaríamos em casa. O que não me ajudou, pois ele apenas transmitiu parte de sua ansiedade para mim.

             Quando finalmente chegamos em casa e eu fiz menção de sair do seu Porsche vermelho, ele segurou meu pulso.

            - Vamos conversar aqui mesmo – disse sombrio. As luzes dos postes iluminavam parte do seu semblante, projetando sombras em seu rosto. Fiquei tensa, de repente.

            - Tudo bem. Sobre o que é? – perguntei, receosa.

            - É sobre sua mãe, descobri algumas coisas.

            - Sério? – meus olhos arregalaram. – O que é? Me conte logo.

            Ele suspirou.

            - Pedi ajuda para Gordon como Robin, você sabe, como uma troca de favores. Ele me devia um. É claro que pedi que investigasse sigilosamente. Quando ele viu a foto da sua mãe, disse que a conhecia de algum lugar mas não conseguia se lembrar de onde. Ele investigou mais a fundo nos arquivos dos desaparecidos e descobriu que Judith Wood não é sua mãe, as fotos não combinavam, embora fossem parecidas fisicamente. Mas nem tanto assim.

            Meu queixo caiu no chão, em descrença.

            - Mas... mas a família Wood confirmou quem era ela em Arkham.

            - E depois a abandonaram como um cachorro na rua. Se fossem realmente parentes dela, pelo menos manteriam algum contato. Que pessoa desaparece e é reencontrada depois de anos sem receber a atenção e o conforto da família?

            Pensando no assunto...

            - Tem razão – cedi. – É tudo muito estranho. Mas se ela não é a parente deles e eles sabiam, então por quê mentir sobre tal coisa?

            - Andei pensando sobre isso e acho que talvez a família foi subornada. Alguém realmente não queria que você soubesse a verdadeira identidade da sua mãe.

            - Acho que faz sentido – balancei a cabeça, olhando para o nada. -  Mas quem subornou a família Wood?

            Jason não respondeu, apenas fixou os olhos nos meus com um certo pesar. Uma mensagem silenciosa foi transmitida para mim e quando finalmente percebi seu conteúdo, quebrei o contato visual e olhei para janela. Senti brotarem lágrimas no fundo dos meus olhos, mas não as deixei cair.

            Não. Não podia ser.

            Apenas o som entrecortado dos grilos tomava conta da atmosfera.

            - Não dá pra ter certeza ainda – murmurei.

            - Não, mas é nossa única suspeita até agora – seu tom de voz era suave. - O Coringa pode muito bem estar escondendo alguma informação muito importante de você, Cecy. Já te avisei, ele é um manipulador.

            - Eu sei – suspirei profundamente. Nunca tinha ficado tão frustrada e iludida quanto estava me sentindo nesse exato momento. Uma dor começou a tomar conta da minha cabeça e eu a bati contra o vidro da janela com a intenção de evacuar a dor. Mas ela só aumentou.

            Percebi então, que tínhamos entrado em um beco sem saída. A única maneira de descobrir mais alguma coisa era perguntando ao próprio Coringa. E isso não significava que eu conseguiria extrair a resposta dele.

            - Cecy, Cecy, olhe para mim – Jason pegou meus ombros, virando-me para ele. Encontrei seus olhos. – Vamos descobrir o porquê disso. Vamos descobrir tudo. Olhe só quanto progresso fizemos para o que parecia uma coisa impossível de desvendar! Estamos tão perto.

            Com um meio sorriso no rosto o abracei. O calor do seu corpo percorreu o meu e afastou e gelo que tinha se instalado em meu coração tão de repente.

            Pelo menos Jason ainda tinha esperança, porque a minha estava quase se esgotando.


Notas Finais


Um beijo na bunda de todos vocês! Tô de volta!


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