História A Filha do Palhaço - Nós o Veremos Novamente

Narrador:

"Aquele era um dia chuvoso. O ar estava gélido, apesar de ser manhã o tempo parecia sombrio. Todos estavam reunidos por uma causa triste. Aquela era uma das datas que ninguém gostaria de lembrar daqui ha alguns anos. Passos se aproximam, cabeças baixas buscando forças para continuar. Um buquê de flores brancas é lançado, rosas tao lindas para uma causa tao triste. Aquele era Bruce, com a aparência abatida, olhos cobertos de lágrimas, segurava a cadeira de rodas de Barbara, que chorava inconsolávelmente. Bruce abaixou a cabeça novamente, como se estivesse decepcionado com sigo mesmo. Ele havia feito o que o Comissário lhe pediu, colocou um fim no plano do Coringa, mas esse fim estava o destruindo,  e nao só a ele, ha tantas outras pessoas também. Na lápide escrita, o nome do respeitável "Comissário James Gordon", e ao lado sua esposa "Barbara Gordon". Barbara chorava vendo aquela cena, mas estava feliz de certa forma também. Seu pai havia cumprido com sua missao. Porque ao final de nossas vidas, efetivamente tudo o que resta aos demais é saudades."

POV Lucy:

Eu fiquei no carro, papai estava terminando de enterrar o corpo de seu amigo. Eu quis evitar toda aquela gente, não gostava de estar em público. Ao menos essa causa triste me livrou do tratamento por um dia. Não entendia porque tinha de fazê-lo. Ouvi passos de salto se aproximando do carro, me encolhi, quem seria? Será alguém que meu pai pediu para olhar-me? Ele adorava fazer isso, nunca me deixava sozinha. De repente a porta se abre, vi um salto entrar e após uma moça sentou-se ao meu lado e fechou a porta, eu nao estava com medo, só nao estava com vontade de conversar. Ela tinha os cabelos na cor castanho médio, eu nao a conhecia.

-Oi! -me cumprimentou simpática.

-Quem é você? -permaneci olhando reto.

-Não se lembra de mim? -questionou com uma voz triste.

Não dei importancia, se ela nao queria dizer, eu nao insistiria.

-Sou sua mãe. -retomou

Olhei espantada para ela. Minha mãe? Será que estava falando a verdade? Tinha tantas questões que precisavam ser respondidas por ela. Calei-me por alguns minutos. Estava tentando associar a situação.

-Por que me deixou? -perguntei.

-Isso já não importa. -concluiu.

Eu olhei para baixo, era meu direito saber. Por que estava me privando?

-Mas se você insiste tanto, por que não vamos até um bar? Lá eu te explico. -ela encostou em meu braço.

Decidi ir, pois estava curiosa.

POV Barbara Gordon:

Eu nem ao menos consigo respirar, doi tanto. Ver meu pai ali, naquele lugar para onde todos vao ao final da vida. Meu coração estava apertado, as lagrimas nao queriam se deter, abraçava meu corpo. O que seria de mim sem meu pai? Eu era uma inútil, além de ter perdido meu pai, perdi também a vontade de viver quando o doutor me disse que eu não poderia andar. Meus sonhos haviam sido destruídos. O Coringa me roubou tudo, agora mais que tudo nao posso obrigar Bruce a ficar comigo, ele não me merece. Tudo o que me resta é ficar sozinha para o resto da vida. Dei um sinal para que ele me tirasse dali, já me lamentei o suficiente, não havia mais nada a se fazer. Ele estava tão perto, mas jamais saberia o que eu sentia por ele.

-Nós o veremos novamente. -falou tentando me consolar.

-O Coringa me roubou tudo. -disse com certa magoa.

Eu sabia que fora ele o assassino de meu pai. Bruce abaixou a cabeça, não entendi ao certo o porque.

-É... Barbara, eu vou ver Lucy você pode ficar um minuto aqui? 

-Claro. -respondi.

-Tem certeza que vai ficar bem? -ele me pareceu preocupado.

-Sabe que sim. -assenti.

Ele partiu, depois disso comecei a chorar novamente. Quando de repente percebi passos se aproximarem de mim. Levantei a cabeça e franzi a testa quando vi, aquele era... Dick? Não, eu só podia estar sonhando.

-Dick? -questionei.

-Barbara... -respondeu só assim comprovei que era ele. -Eu sinto muito. -completou.

-Obrigada. -respondi.

Eu nao soube o que dizer, fazia tanto tempo que não nos viamos.

POV Bruce Wayne:

Caminhei até o carro onde estava Lucy. Passei o polegar sobre meus olhos, sim, eu estava chorando. Alem de ter perdido o meu melhor amigo, tinha e lidar com a culpa e ter o matado. Não pude evitar quando Barbara disse que Coringa o matou, se ela soubesse a verdade nunca me perdoaria. Eu nao quero perde-la, é uma ótima amiga. Chegando até o carro percebi que a porta estava aberta. Senti uma grande aflição ao ver que Lucy não estava lá, a fechei novamente. Olhando ao redor vi os cabelos de Lucy atrás de uma árvore e logo percebi que estava acompanhada por alguém. Aquelas costas... Só podia ser uma pessoa! Puxei seu braço e a virando para mim, comprovei. Era Selina. Lucy se assustou, mas nao pude evitar meu odio. Entao quer dizer que ela acha que é só voltar e tudo bem?

-O que faz aqui? -meus olhos estavam repletos de ódio.

-Eu só estava convidando Lucy para tomar algo. Ela quer saber o que aconteceu.

-Você contou? -perguntei sacodindo seu braço.

-Está me machucando. -reclamou.

-Lucy! Para o carro! -ordenei, cabisbaixa ela obedeceu.

-Por que retornou? -a soltei com desprezo.

-Eu queria ver Lucy! 

-Você nao tem direito a nada! -cuspi essas palavras. -Vá embora! -a empurrei de leve.

-Não! Eu nao vou. Não sem contar a verdade! -virei-me para ela.

-De que verdade você está falando? -perguntei furioso.

-Lucy não é sua filha!

Ao ouvir ela me dizer isso, senti um fogo percorrer meu corpo. Inpensavelmente agarrei em seu pescoço e a pressionar contra a árvore.

-O que você está dizendo?

-Ela não é nossa filha! -concluiu com certa dificuldade.

Foi quando eu percebi que a estava sufocando e a larguei.

-Você está louca! -quis negar a mim mesmo.

-Não. -senti que sua voz fraquejou, ela começaria a chorar. -A nossa filha morreu ao nascer. -senti ela encostar suas mãos em meu peito, mas me livrei de seus toques. -Eu encontrei Lucy...

-Por que não disse isso antes?! -gritei tornando a chacoalhar seus braços.

-Você não merecia aquilo! -contou entre choros.

Senti uma lágrima escorrer sobre meu rosto. Como ela teve coragem de mentir? Quer dizer que Lucy não era minha filha? Eu fui enganado a minha vida inteira!

-Onde você pegou ela? -questionei, mas ela não falou nada, apenas baixou a cabeça.

-Onde você pegou ela?! -tornei a pergunta, minha voz se elevou.

-Dos braços de Harley! -disse ela chorando ainda mais.

-Que Harley? -questionei.

Ela procurou forças para dizer e dando um suspiro finalmente falou:

-Harley Quinzel...