História A Filha do Palhaço - Uma Escolha

Depois daquela noite, Bruce pediu para eu ficar ao seu lado. Ele me deu uma vida que não estava acostumada a ter, morando na mansão Wayne, tinha tantos privilégios que desconhecia. Ele fez um quarto especial para Lucy, nada nos faltava, estava conhecendo os privilégios de ser uma grande senhora. Ele disse que queria casar-se comigo, porém neguei, disse que não era digna de ser a senhora Wayne, meu nome estava na lama e ninguém jamais aceitaria a essa decisão. Depois de muita insistência ele aceitou. A verdade era que eu  estava me sentindo presa, eu tinha o amor que tanto desejei, uma vida da qual sempre ambicionei, precisei roubar coisas para tentar chegar perto de ter uma assim. Lucy era um amor, mas ainda assim, eu sabia que aquela vida de responsabilidade nao era pra mim. Eu nao sei explicar, nao sentia o mesmo êxtase e nem aventura que passava ao roubar, ou pular de prédio em prédio. Além disso, aquela garota nem minha filha era, e essa culpa estava me matando.

Toda vez que vejo Bruce brincar com ela e chamá-la de "filha" me pesa a conciência. O que eu fiz? Eu nunca pensei em dizer isso, mas acho que a verdade machucaria menos, embora achasse que seria pior naquela época. Se passaram cinco meses desde o nascimento da garota, agora não vejo  a hora de ir embora, eu nao tenho coragem de dizer isso a ele e muito menos falarei sobre a verdade. Eu ja causei muitos estragos, talvez se afastar seja a solução.  -Olhei entre o fresto da porta do quarto, Bruce estava brincando feliz com ela. Bem, talvez eu tenha feito algo de bom, ao menos ao lado dele ela terá uma vida boa, quem sabe o que Harley faria com ela naquela noite se não tivesse aparecido e nem houvesse aceitado leva-la comigo. Ela merece tudo isso, esse ambiente calmo, diferente do qual ela cresceria, um lugar repleto de loucura, insanidade e até assassinatos. - Tinha a certeza que ela estaria bem ao lado de Bruce. Eu nao tinha forças para dizer o que queria, então decidi escrever, e assim que eu o fiz, passei por eles na sala que sorriram para mim, era a ultima vez que os veria assim, felizes! Fui até a cozinha e deixei a carta encostada na torradeira, sair pela porta dos fundos não seria tão má ideia assim.  Virei-me e dei alguns passos em direção a ela, quando de repente uma voz resoou atrás de mim.

-Você sabe, Senhora Kyle, se sair por aquela porta nunca mais entrará aqui. -quando virei-me avistei Alfred, o mordomo.

-A gente é livre para fazer escolhas. Eu só cansei da que eu fiz. -confessei.

-As nossas escolhas são livres, mas as consequências delas não; nós não podemos controlar o que acontece depois que tomamos uma decisão, nunca. -suspirou. -Não se esqueça disso, Senhora Kyle.

Eu o observei por alguns instantes, ele era sábio no que dizia, talvez fosse verdade. Mas não era acostumada a viver de passado, nem futuro. Eu vivia do presente e faria o que estava sentindo naquele momento. Virei-me e atravessei a porta, a minha decisão já estava tomada.