Vou falar pra vocês, não faço ideia de como meus pais aguentam a profissão. Passei a semana toda ajudando com a programação da igreja, desde inscrições para o coral, achar professores de canto interessados em se voluntariar, até acompanhar minha mãe de porta em porta pela vizinhança para nos apresentarmos e convidarmos as pessoas para o culto.
Enquanto cumpria meus deveres como a filha desocupada que eu sou, palavras do irmãozinho querido, e fazia a vontade dos meus pais tive basicamente 3 pensamentos:
1° - Essa vida de vendedora de Avon não é pra mim. Nunca mais passo de porta em porta para nada.
2° - Quando é que esse dia vai acabar pra eu voltar pra casa e botar meus lindo pezinhos para cima?
3° - Preciso ir numa festa.
Com o último pensamento lembrei que ei! Eu tenho uma festa para ir!
Tudo bem que eu já tenha sido avisada antecipadamente sobre ‘os adolescentes desvirtuados’ da rua que armavam tais festas pelos meus pais os próprios, mas não custa tentar. Afinal, eu estava numa semana de sorte. Meu plano com Jessica tinha dado certo, meus pais estavam me incentivando a fazer amizades e eu conseguira cumprir com todas as minhas obrigações na igreja sem muitos problemas. Só precisava que essa sorte se estendesse por mais um dia. Armaria um plano para perguntar se podia ir amanhã, que era quando a festa aconteceria.
E teria tudo dado certo claro, se não fosse pela minha mãe querendo passar em uma parte da vizinhança que não tínhamos ido e desse de cara com Yoona ou melhor, a própria ressaca em forma de gente, atendendo a porta.
A irmã mais velha logo apareceu, em um estado bem mais apresentável, e deu a deixa para Yoona voltar para dentro.
Uma característica bem marcante na morena mais velha é sua simpatia. Yuri era uma das pessoas mais simpáticas que eu já conhecera. Era educada, gentil, cativava as pessoas com seu jeito animado porém tranquilo e seu lindo sorriso só contribui para isso. Porém nem Yuri em toda sua simpatia conseguia passar pelos julgamentos intensos da Sra. Hwang.
Primeiro mamãe bateu os olhos em seus cabelos arrumados, até aí tudo bem, mas bastou uma leve brisa para afastar seus cabelos e revelar o pescoço repleto de marcas roxas, chupões primeiro fora. Mamãe não demonstrou espanto, já esperava aquilo. Seus olhos desceram então para a barriga a mostra da morena, que por sua roupa parecia estar prestes a sair para se exercitar, roupas vulgares segundo fora.
Seu olhar voltou ao rosto da menina que com um sorriso estendeu a mão para mamãe em um comprimento pouco formal, essa por sua vez escutou atenciosamente a garota se apresentar e fez o mesmo por educação, sua expressão mudou de calma para surpresa quando Yuri me chamou pelo nome e perguntou se eu já tinha uma resposta sobre sexta.
Me olhou interrogando, fato que não passou despercebido por Yuri. Apenas neguei e expliquei a razão de estarmos ali, a convidando para a igreja.
Ao contrário do que eu esperava Yuri demonstrou interesse e até pediu mais informações, mamãe apesar de desconfiada respondia a menina. Nos despedimos brevemente e voltamos para casa.
Prince já vinha correndo para minhas pernas quando foi quase acertado pelos passos pesados de mamãe, logo se escondendo debaixo do sofá. Olhei para o filhote confuso que retribuía como se soubesse que o clima não estava bom e era mais segura manter distância.
Segui mamãe até a cozinha pois sabia que seria questionada e não adiantava de muita coisa adiar. Demorou em média 15 minutos até que ela voltasse sua atenção para mim.
“Garota simpática aquela Yuri” Lá vem.
“Sim, conheci ela enquanto levava Price pra passear outro dia” Me encarou desconfiada, esperando qualquer pingo de mentira transparecer.
“Simpática até demais, como pode te conhecer em apenas um dia e já querer combinar algo” Fez que não com a cabeça “Aliás por que não nos contou sobre isso, sabe que não poderá ir sem nossa permissão”
“Eu sei, eu sei. Ia perguntar dependendo da hora que Jessica chegasse, se ela não estivesse disposta eu não iria de qualquer forma então queria saber tudo certinho antes”
Virou-se tirando algumas frutas da geladeira para preparar um suco.
“Agora eu já sei então me dê detalhes” Falou dura.
“Seria uma festa de boas-vindas à vizinhança.” Ficou atenta após ouvir a palavra festa então tratei de continuar. “Ela disse que seria pouca gente então eu podia ir à vontade.”
Fez um simples “hm” antes de se virar para a pia e continuar o preparo do suco. Saí da sala torcendo para que a simpatia de Yuri tenha servido para algo, nunca dei motivos para desconfiarem de mim poxa, subi para meu quarto.
Já estava perto do horário do almoço mas decidi tentar tirar uma soneca mesmo assim. Fui acordada com um Leo impaciente em cima de mim falando que estava morto de fome e precisava voltar para o trabalho logo. Desci ainda sonolenta e descabelada, cumprimentei meu pai já sentado na mesa e fui para meu lugar. Antes de iniciarmos a refeição meu pai pediu para darmos as mãos para a oração.
“Pai, muito obrigado por mais esta refeição. Bendito seja teu nome eternamente.”
Me servi de uma porção do macarrão que mamãe tinha preparado. Papai contou sobre como seu dia estava indo, parecia alegre que cada vez mais gente estava se interessando em comparecer na igreja.
Assunto vai, assunto vem e tal que Sra. Hwang toca no assunto da festa. Não preciso nem dizer que assim que meu pai descobriu que a festa é organizada pelas duas irmãs que ele tanto ouvira falar ele negou meu pedido de ir. Tentei falar que era apenas uma reunião pequena, mas ele estava com a mente feita e não me deixaria ir, parece que minha sorte tinha chegado ao fim.
A mesa ficou em silêncio até Leo perguntar sobre Jessica e papai falar que iremos a buscar no aeroporto pela manhã do dia seguinte. Mal podia esperar pela hora que minha prima chegasse.
Acabamos de comer e Leo e papai tiraram a mesa para que eu lavasse a louça. Terminei meus afazeres e subi para mexer um pouco no computador. Ainda tinha a tarefa de buscar por um voluntário para ensinar canto ao recém formado coral da igreja e iria usar o facebook como ferramenta para achar meu salvador.
Fiquei um pouco emocionada vendo fotos de meus amigos de L.A, conversei um pouco com minha antiga colega de classe Ashley que me atualizou sobre o pessoal e contou que logo logo iria partir em uma viagem pelo país tentando fazer com que sua carreira de cantora decolasse, desejei boa sorte e nos despedimos devido ao fuso horário. Pensei em chamar por Jessica mas me lembrei que esta já devia estar dentro do avião com destino a Seoul. Sem mais nada para fazer decidi então ir tomar um banho.
Me animei no chuveiro. Cantava a plenos pulmões em meu showzinho particular para o condicionador. Estava tão alto que mal escutei minha mãe me chamando do outro lado da porta pelo que parecia ser a vigésima vez.
“STEPHANIE YOUNG HWANG!”
Ih caramba. Gritei para ela esperar só um minuto e rapidamente finalizei meu banho. Saí do chuveiro ainda enrolada na toalha com os cabelos pingando.
Mamãe não tinha ficado brava, apenas gritava por impaciência. Me avisou que iria para o mercado e depois voltaria para ajudar meu pai na igreja. Falei que ficaria tudo bem que não era para ela se preocupar e a liberei.
“Fique longe daquelas irmãs” me avisou por último. Fiz que sim com a cabeça.
Coloquei uma calça legging e uma blusa larga com a estampa do ‘Eu escolhi esperar’, felizmente não planejava sair de casa com aquele look horrendo.
Desci procurando algo doce para comer. Meus pais costumavam não comprar muito por não acharem saudável, porém eu sabia que Leo escondia algumas barras de cereal pela casa. Não achei nada no armário então segui para seu quarto. Uma bagunça definia. Procurei por suas gavetas, mas a única coisa que achei foram revistas sobre carros e algumas camisinhas. Busquei então embaixo da cama, bingo. Puxei uma das barras de chocolate amargo dali e as carreguei para a sala.
Liguei a televisão que tinha a maior parte de seus canais bloqueados por serem considerados desrespeitosos por papai. O noticiário local fazia propaganda da próxima Seoul Fashion Week e por esse motivo passava um especial sobre o evento do ano passado, fazendo uma recapitulação dos escândalos, acidentes e famosos que prestigiaram o evento.
Com moda sendo uma de minhas principais paixões mal notei o tempo passando. Ao final do especial já eram 17h e eu mal tinha feito alguma coisa, meus pais iriam reclamar um pouco, mas com tudo que ajudei já certeza que deixariam passar.
Prince começou a pular no meu colo exigindo atenção então decidi o levar para uma volta. Foi só na metade do caminho que lembrei da blusa constrangedora que eu usava. Calma Tiffany, não precisava ajudar assim também, mas não é como se fosse possível fugir do título de filha do pastor.
Pouco após o começo da caminhada Prince resolveu que não andaria mais, tentei pega-lo no colo, porém o pequeno soltou um rosnado de reclamação e deitou na calçada. É hoje senhor.
Se eu estava fazendo papel de idiota ao tentar convencer o filhote a andar na conversa? Sim eu estava, mas por algum motivo aquele parecia o jeito mais fácil, ou o menos cansativo, de lidar com a situação. Me sentei na calçada junto ao filhote, não tinha nada melhor pra fazer de qualquer forma.
Mal notei quando uma garota alta parou do meu lado me assustando.
“Ai deus, desculpa não era minha intenção assustar. Sou Joohyun prazer” estendeu a mão para mim.
“Tiffany” correspondi o aperto.
Olhei em volta e só então percebi que estava na casa do Sr. Saiam no meu quintal. Fiquei um pouco inquieta e já ia pegar Prince quando Joohyun percebeu e me acalmou.
“Relaxa, papai não tá aqui, você pode ficar” A olhei surpresa “Vi ele dando uma bronca nas Kwon quando você tava junto, mas fica tranquila a implicância é mais com elas mesmo.”
“Algum motivo especial para isso?” Perguntei, curiosa sobre a relação das irmãs com a vizinhança. Joohyun pareceu organizar os pensamentos antes de voltar a falar.
“Hmm, o pessoal da vizinhança é meio conservador sabe. Meu pai então, nem se fala.” Falou com um semblante cansado. “Aliás, Tiffany. Não é você que é a filha dos Hwang?” Fiz que sim com a cabeça. A garota pareceu de repente um pouco desconfortável e cautelosa demais, me deixando alerta.
Lembrei que naquele dia Yoona estava em desespero nessa casa então elas devem ser amigas.
“Acho que já fiquei famosa como a filha do pastor né?” Sorriu tímida. “Quanto mais distante eu tento ficar das loucuras dos meus pais, mais eu fico conhecida como parte delas”
“Pera, você não gosta?” Parecia que um peso tinha saído de seus ombros, a garota ficou instantaneamente mais relaxada.
Ri e logo fiz uma cara de nojo apontando para a camisa que vestia. Conversamos e rimos mais um pouco juntas até que o tempo começou a mudar e ficar frio. Nos despedimos e voltei para casa. Leo ainda não tinha chegado, o que era estranho, era para seu turno já ter acabado. Peguei um copo de água na geladeira, a caminhada e conversa tinham me dado sede.
Mamãe me ligou avisando que amanhã ocorreria um evento para arrecadar fundos para a igreja e por este motivo ficariam lá até tarde.
Aproveitei a noite tranquila para ler um pouco. Entrei no site e procurei a história desejada na categoria fantasia. A história se passava focada na vida das governantes de 3 grupos de elfos. Meus pais consideravam esse tipo de leitura inútil então eu aproveitava a saída deles para ler um pouco em paz. Alguns capítulos depois decidi dar uma pausa, vi que tinha 2 pedidos de amizade pendentes de Yuri e Yoona e rapidamente os aceitei. Logo uma janela de chat surgiu na tela.
“Ei menina de Deus! Te esperamos na festa!!!” Era Yoona
“Ei menina naturista! Não vou poder, meu pai não quer me liberar…”
Ia mudar de janela, mas logo outro chat apareceu.
“Qual é Tiffany você tem que viiiiir. Conhecer a galera da rua poxa” Agora era Yuri.
“Vocês tão do lado uma da outra por acaso? Acredite eu adoraria mas parece que meus pais não querem que eu conheça ‘os jovens da rua’ ”
A janela de Yoona voltou a dar sinal
“Pô mó tristeza....MAS PERA! Vou falar com a Seo ela vai dar um jeito de seus pais deixaram!!!”
“Seo?” Perguntei curiosa.
“Minha amiga, filha daquele cara que deu a bronca na gente.”
“Joohyun tem uma irmã?”
“A Seo é a Joohyun, a gente chama ela de Seohyun, apelido de colégio que pegou pra vida, sabe comé qui é”
“Ah, mas nem adianta, Sr. Seo o próprio alertou meus pais sobre as irmãs Kwon…”
Agora a de Yuri que voltava a dar sinal.
“Aquele velho não merece toda a gentileza com a qual eu trato ele.... Mas ok então. Mesmo assim tente aparecer, estaremos esperando.”
“Prometo.”
Prometi mais por educação, sei que seria impossível aparecer na festa. Ainda mais com a chegada de Jessica que certamente iria querer dormir. A conversa se encerrou por ali e voltei para minha leitura.
Leo chegou mais tarde trazendo uma pizza pela metade, tinha saído com os garotos do trabalho e separou um pouco de pizza para mim, melhor irmão não é mesmo.
Após comer já passava das 22h então decidi que como amanhã iria cedo para o aeroporto estava na hora de dormir.
Acordei no dia seguinte com a luz do sol tentando me cegar, toda vez eu esqueço de fechar as cortinas do meu quarto e toda vez me arrependo. Fui obrigada a me levantar para voltar a dormir, porém meus planos foram pelo ralo assim que me deitei, com três batidas na minha porta.
Foi impossível conter um resmungo enquanto me levantava em direção a porta. Foi com meus olhos ainda fechados que papai mandou eu me arrumar para irmos pegar Jessica.
Que Jessica o que eu quero é dormir. A cama me chamou, me provocou, me seduziu entre outros, mas eu fui forte e segui em direção ao banheiro.
Saí de lá já mais acordada só faltando trocar minhas roupas. Como indicado no noticiário uma frente fria tinha chego na cidade e o clima tinha esfriado, não muito, mas o suficiente para usar mangas compridas. Coloquei um jeans azul, uma blusa branca lisa que ficava um pouco larga em mim e um cardigã preto, nos pés um par de tênis brancos que eu tinha lavado a pouco tempo por isso permaneciam com sua cor original, simples, porém estilosa.
Desci e cumprimentei minha mãe, Leo trabalharia no turno da noite por isso permanecia dormindo em seu quarto. Me servi de uma tigela de cereal e aguardei meu pai acabar seu café para irmos logo.
No caminho para o aeroporto meu pai discursava sobre como minha prima estava precisando de orientação, para tomar jeito e virar uma mulher direita, essa orientação quem devia dar sou eu então ele fazia questão de me alertar sobre qualquer tentação que minha prima poderia sofrer e me levar junto.
Falava como se eu não conhecesse a figura. A verdade é que eu e Jessica somos muito semelhantes, a maior diferença é que ela é mais inconsequente e verdadeira, já eu penso mais no resultado final e passava grande parte do tempo a imagem de boa moça.
Fomos até a área de desembarque esperar pela louca que viraria minha colega de quarto. Demorou pouco mais que cinco minutos para que a, agora castanha, Jessica Jung aparecesse em nosso campo de visão. Correu de forma desastrada, devido ao número de malas, em nossa direção e me abraçou. Ficamos pulando em círculos abraçadas por alguns segundos antes de papai pigarrear chamando atenção. Jessica então sorriu de forma carinhosa e o abraçou, ele correspondeu, mas logo dispensou o contato.
No caminho para o carro meu pai já estava julgando suas roupas, Jessica vestia um jeans preto coladíssimo em seu corpo e uma cropped branca, nada demais aos olhos de pessoas normais, porém óbvio meu pai considerava vulgar, uma coisa era certa: Jessica estava gostosa, palavras dela porém dessa vez eu concordo, como sempre.
O caminho de volta foi um repeteco da ida, meu pai agora direcionava seus sermões para minha prima que concordava com tudo se lamentando por seus erros e puxando bastante o saco do homem.
Nos deixou em casa e foi direto trabalhar, não fazia ideia do que mamãe estava fazendo e nem onde ela estava. Assim que o Sr. Hwang saiu de vista Jessica voltou ao mau humor habitual que eu tanto amava. Reclamou primeiro do balanço do avião, depois das atendentes que de acordo com ela eram todas grossas, de uma velhinha que sentou ao seu lado e não parava de falar para que ela pudesse dormir, e muito mais.
“E você acredita que eles tiraram a fita de identificação da minha mala? Como que eu ia identificar minha mala Fany, me explica!”
“Jung pelo amor de Deus ou para de falar ou fala alguma coisa que preste, eu não aguento mais!”
A castanha me lançou um olhar mortal, famoso olhar dos Jung, mas que infelizmente não me afetava nenhum pouco. Apenas revirei os olhos.
“Poxa Fany, mal cheguei e você já me tratando mal assim, tudo bem né se é o que você quer. Mas me fala onde é que tem algo pra comer nessa casa?”
A levei a cozinha onde pegou um pedaço de bolo e refrigerante, apesar do horário inadequado.
Enquanto comia perguntei um pouco sobre meus tios, os quais não queriam a ver nem pintada de ouro de acordo com a própria. Me explicou que, apesar de não serem tão conservadores quanto a minha parte da família, desaprovam suas atitudes e queriam um castigo à altura. Também admitiu ter errado, tanto em ter ido até o cassino com a garota que ela mal conhecia quanto ter arrastado a menor junto. Mas mesmo assim continuava a justificar que Krystal também queria.
“Por falar nela, como anda a menor?” Perguntei interessada, mal via Krystal quando ia na casa delas, a mais nova estudava em um colégio interno e só ia para casa nos finais de semana, dizia que o colégio a prepararia melhor para a carreira de atriz que pretendia seguir.
“Nem fala na peste, quando ela me dedurou e saiu inocente eu bem que devia ter espalhado o namorico dela”
Não sabia se falava para mim ou para si mesma Krystal deve ter sofrido na mão dessa daí, esperei a continuação da fofoca.
“Tiffany você acredita que a traíra tá de namoro com um boy loiro do colégio? E nem por isso, a sapatona ta escondendo dos meus queridos papais que o boy na verdade é uma girl” Gargalhou como se se divertisse com a situação “Tadinho deles reclamaram de uma colorida e apareceu outra” Voltou a rir sozinha.
“Tu não presta Jessica.” Finalizei me juntando nas risadas.
Depois disso ela reclamou de sono e como eu não estava lá muito descansada decidimos subir para uma soneca. Ainda não tínhamos botado a outra cama no quarto e como tive preguiça dormimos as duas na minha cama mesmo.
Acordei pouco antes da uma com uma Jessica babando em meu ombro, era só o que me faltava. Saí com cuidado da cama e me espreguicei, meus pais já deviam estar chegando então decidi levantar. Dito e feito, mal me levantei e mamãe entrou no quarto. Foi só tocar o olho na castanha que desaprovou a menina ainda dormindo essa hora, digamos que Jessica não tinha uma fama muito boa em relação ao sono.
Andou até o lado da cama e chacoalhou Jessica, que não dava sinais de acordar tão cedo. Mamãe repetiu o ato mais três vezes e na quinta tentativa puxou a menina para fora da cama a derrubando.
“MAS QUE POR…” Xingou, milésimos depois notando com quem falava. “Bom dia tia, quanto tempo. Tudo bem com você?”
Impressionante a falsidade da menina, aparentemente perto dos meus pais decidiu adotar a pose de boa moça como eu, ou pelo menos o mais “boa moça” que Jessica Jung pode ser.
Minha mãe a cumprimentou e fez as perguntas de praxe sobre o resto da família, não tinha muito o que se atualizar não fazia tanto tempo que tínhamos saído de L.A sem falar que minha mãe e o pai de Jessica são irmãos então acabam tendo um contato bem frequente.
Descemos para o almoço que era uma mistura de arroz, diversos tipos de carnes e vegetais, típica comida das sobras da semana. Notei que meu irmão não tinha descido para o almoço só quando meu pai questionou o fato, mamãe rapidamente respondeu que ele não se sentia bem e continuava a descansar para o turno da noite.
Acabando de comer meus pais voltaram para a igreja. Eu e Jessica decidimos fazer uma maratona de filmes, um romance de minha escolha seguido por um ação de escolha dela. Mal estávamos na metade do terceiro filme quando ela chamou minha atenção para falar que estava entediada, consegui enrolar e ignorar minha prima até o final do filme, afinal era a minha escolha e eu realmente estava com vontade de ver. Foi só os créditos começarem que uma Jung emburrada por ser ignorada veio me atormentar.
“Vamos no shopping” Falou.
“É longe” respondi.
“Parque?”
“Choveu de noite, a grama ainda deve estar molhada.” Fez uma pausa tentando achar outra alternativa.
“Andar de bicicleta!”
“Jess eu não tenho bicicleta”
“Droga Tiffany não tem nada pra fazer nessa cidade não? E seus amigos? Nenhuma festa rolando? É período de férias!” Falou tudo de uma vez e voltou a ficar emburrada.
Pensei um pouco no que tinha para fazer e me lembrei da festa de Yuri. Certeza que ela não gostaria de ir numa festa de vizinhança pequena, Jessica não era lá a melhor pessoa pra ficar em reuniãozinha com pouca gente. Mas talvez a sugestão tirasse da cabeça dela que eu não estava ajudando.
“Olha até tem a festa da vizinha” Como eu imaginava me olhou de cara feia desaprovando a ideia.
“Reunião dos nerds da rua? Tô fora!”
Jessica então me deixou no sofá e subiu as escadas em direção aos quartos. Voltou com meu notebook em mãos. Sentou-se ao meu lado no sofá e botou algumas músicas no youtube, cantarolamos ao som de ‘shut up’ do ‘the black eyed peas’ quando uma notificação de evento apareceu na tela.
Jessica, sendo a curiosa entediada que é, foi logo ver se dava pra aproveitar o evento. Eu não estava prestando atenção até ela me chamar animada falando que tinha achado o programa da noite.
O evento denominado “Shinee repeat!” Era uma festa organizada por um garoto chamado Kim Jonghyun e que aconteceria na casa de Yuri.
“Mas o que....” Reuniãozinha o caramba! A festa que Yuri me chamara era um evento com mais de 300 pessoas convidadas, aparentemente para promover um grupo de dança chamado Shinee.
“De onde que você conhece esse pessoal Tiffany?” Perguntou animada.
“Aparentemente essa é a ‘reunião de nerds’ que eu te falei” Não escondi minha surpresa.
Jessica fez uma pausa e me olhou seria.
“Fany a gente TEM que ir nessa festa, tá aí uma oportunidade pra conhecer gente nova, já me enturmar na vizinhan-”
“Pode ir desanimando aí que meus pais já me proibiram de ir priminha” A cortei.
Bastou o olhar da castanha mudar de sério para travesso que eu soube que ia entrar na minha primeira furada em Seoul.
“E quem disse que eles precisam deixar? Relaxa gata, eu tenho um plano.”
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