– Senhorita, eu acho que deveria conversar novamente com... – começou o rapaz. – Senhorita? – sentiu o peso do corpo de Luna e não era para menos, a filha do presidente havia acabado de desmaiar.
– O que está havendo? – Simón adentra a sala sem qualquer aviso.
– Não faça perguntas, apenas me ajude. – disse Matteo, Simón se aproximou segurando Luna assim fazendo o outro se soltar da garota. Ele com delicadeza colocou a moça em um dos sofás.
– O que houve? – perguntou Simón ainda curioso.
– Ela discutiu com a irmã e deve sei lá, ter ficado nervosa. – responde a ajeitando no sofá com cautela.
– Hum e por que ela estava abraçada com você, hein? – ele não gostava de lembrar-se da forma que os dois estavam.
– Já disse, ela estava nervosa e só para constar, não fui eu quem a abraçou e sim, ela que me abraçou, Sr. Segurança Ciumento. – Matteo riu.
– Não tem graça. – fala sério.
– Tem certeza? Você parece estar bravo. – provocou.
– Dane-se. – resmungou. – Chame logo alguém e pare de me perturbar.
– Eu vou, mas... – ele riu em deboche. – É para observar ela e não babar, ok.
Simón gesticulou como se fosse bater no colega e ambos riram baixo. Matteo saiu da sala e deixou o jovem com Luna, o moreno a observava de longe, aproximou-se dela e tocou de leve o rosto da mesma. “O que aconteceu, hein princesa?” pergunta em pensamentos.
[...]
Enquanto Simón cuidava de Luna, Matteo percorria os corredores da casa do presidente em busca de alguém para ajudar, por sorte encontrou-se com Yam.
– Yam preciso da sua ajuda. – disse apressado.
– Calma, o que foi? – pergunta, a mesma estava ocupada com alguns afazeres.
– A senhorita Luna desmaiou na sala de visitas e eu quero ajuda, oras.
– Está bem, mas ela... – ele a cortou de imediato.
– Não faça perguntas, apenas faça algo Yam.
– Matteo se acalme, ok. Se ela desmaiou é só esperar ela acordar e ver o que aconteceu, é comum acontecer isso.
– Ah então você vai me dizer que se ela desmaiar não devo me preocupar, porque é comum. Que isso Yam. – balança a cabeça negativamente.
– Você tem muito que aprender sobre ela, meu querido. – comentou. – Volte para lá e não a deixe sozinha, eu já estou indo.
Ele se afastou da empregada, a mesma balança a cabeça em negativa e depois riu de leve. A preocupação do moreno a impressionava, mas não tanto quanto o comportamento de Simón, ela assim como Nina desconfiava de alguma amizade mais que profissional por parte dele.
[...]
Matteo já estava de volta na sala de visitas e viu Simón sentado no chão ao lado da garota.
– Pronto, pode ir descansar, já chamei a Yam. – se encosta na porta.
– Não, ficarei aqui. – fala sem tirar os olhos de Luna.
– Simón não é por nada não, mas não acha que está se envolvendo demais? – o segurança cruzou os braços. – Você está se apegando a ela e isso não pode acontecer.
– Eu sei, mas eu gosto dela. – suspirou.
– E ela gosta de você? – ele o questionou ainda próximo à porta. Simón não tinha pensado nessa hipótese, ele abaixou a cabeça com isso.
– Matteo você sabe que as pessoas com a nossa profissão tem de ser frias e sem sentimentos, pensa um pouco. – argumenta em defesa. – No nosso cargo, a morte é nossa colega de trabalho. A qualquer momento pode ser nossa hora. – Matteo ficou calado, o argumento de Simón fazia e não fazia sentido para ele. Os dois ficaram em silêncio até que a porta da sala fora aberta.
– Ela não acordou ainda?
– Não. O que ela tem?
– Não sou médica, meu querido. – riu. – Calma, sua patroa vai ficar bem.
Yam tinha nas mãos um pano e uma garrafa de álcool. A empregada molhou um pouco o pano e o aproximou do nariz da morena, ela se remexeu um pouco, afastou o pano e depois de alguns segundos o aproximou novamente. Dessa vez Luna abriu os olhos lentamente.
– Ai que dor de cabeça. – reclamou baixinho.
– Pronto, vou pegar um chá e estará tudo certo. – Yam sai da sala. Simón ainda estava ao lado da garota, assim que viu a oportunidade pegou na mão dela.
– Matteo? – sussurrou, soltando um leve sorriso.
O moreno estava do outro lado da sala, acabou não ouvindo o que Luna havia dito. Ele viu que era melhor deixar o amigo sozinho com a garota. Simón saiu da sala sem dizer nada.
– O que faz aí parado? – perguntou Yam entrando novamente na sala, segundos depois de o outro a ter deixado. – Vamos trabalhar Matteo. – brincou com o rapaz. – Se sente melhor? – se aproximou da moça.
– Ah Yam é você. – falou Luna, ela tentou se sentar e a loira a ajudou. – Apaguei de repente, minha cabeça está doendo um pouquinho, só isso.
– Pois é, acho que sua pressão abaixou de novo. – ela colocou a xícara na mão da garota. – Cuidado, está um pouco quente. – avisou.
– Obrigada. – agradeceu. – Mas acho que não foi só minha pressão que causou isso. Acho que meu nervoso ao discutir com Ámbar também ajudou. – leva uma das mãos a cabeça, a mesma latejava.
– Comeu na parte da tarde?
– Que eu me lembre não. – dá de ombros. Yam revirou os olhos já compreendendo os motivos do ocorrido.
– Misturou seu nervoso, seu estômago vazio e deu no que deu. Enfim, tome o chá e depois jante. – sugeriu.
– Estou sem fome.
– Mas precisa se alimentar.
– Mas eu não quero.
– Senhorita desse jeito vai passar mal de novo. – alertou a loira.
– E daí? Já está tudo uma merda.
– Não diga isso. – se sentou ao lado de Luna no sofá. – A senhorita sabe que é apenas uma fase.
– Ah Yam admita, você sabe que... – Luna não conseguiu terminar de dizer, uma ânsia a invadiu.
– Matteo, pegue aquela toalha em cima da mesa, por favor. – pediu ela. – Rápido. – ele que até agora estava calado, foi até a mesa e trouxe o que fora pedido, cerca de dez minutos foi o suficiente para acalmar a situação. – Leve ela para o quarto dela, por favor. Vou chamar as meninas da limpeza para darem um jeito nesse lugar. – ele assentiu ajudando Luna a se levantar.
– Consegue levantar? – perguntou.
– Acho que sim. – responde baixinho devido a fraqueza.
– Tudo bem, vamos devagar, certo.
– Uhum. – resmunga em acordo.
Ele passou o braço direito da moça envolta de seu pescoço. Com o seu braço esquerdo, a abraçou pela cintura e com a mão direita, ele segurou a mão direita da garota.
– Cuidado, tem um degrauzinho à frente. – não deu nem dois minutos de caminhada e a moça sente novamente um enjoo.
– Ai meu Deus, acho que, que... – ela tentava respirar fundo para evitar o pior, porém fora impossível segurar. Pôs para fora o chá que havia bebido minutos atrás. Matteo não disse nada, apenas tirou os cabelos da moça da frente de seu rosto, que também estava um pouco sujo. – Me desculpa. – dizia em um fio de voz.
– Calma. – fala tranquilo. – Respire fundo, não tem problema. – ele ainda segurava seu cabelo. Matteo até tinha um pouco de experiência nesses momentos, pois na maioria das vezes, era ele quem cuidava da irmã.
– O que aconteceu? – soou a voz de Sharon adentrando o corredor.
– A senhorita Luna não está passando bem e... – Matteo fora interrompido pela mulher.
– Leve-a daqui. – disse rispidamente.
– É o que eu estou fazendo Sra. Benson, mas é que...
– Não me dê explicações, apenas a tire daqui. – fala. – Não vê que ela está sujando o corredor inteiro. – a loira ignorava completamente a situação da filha. Matteo decidiu não respondê-la. – Anda logo, não te pago para ficar me encarando. Pegue-a no colo ou sei lá, mas a tire daqui. Que nojo.
Ele acabou fazendo o que a mulher sugeriu, ainda estava impressionado com a atitude daquela senhora. O segurança caminhava devagar pelo corredor em direção ao quarto da garota – a qual ele segurava no colo.
– Era minha mãe, não é? – indaga. Sua voz quase não era audível por conta de sua fraqueza e por estar sendo abafada no peito do rapaz.
– Era sim. – responde com uma imensa vontade de dizer o que achava a respeito de Sharon, mas desistiu.
Depois disso, eles ficaram em silêncio e em pouquíssimo tempo, eles chegaram ao quarto da garota. Ele entrou e a colocou sentada em uma das cadeiras, ela estava um pouco suja, porém não tanto quanto ele. Luna ficou em silêncio, estava com vergonha e não sabia se desculpava-se pelo ocorrido ou permanecia calada, ela optou pela segunda. Não passou nem dez minutos e Yam estava ali, enquanto ela limpava a mais nova, Matteo resolveu fazer o mesmo.
[...]
Assim que já estava pronto para voltar ao trabalho – pois querendo ou não, o turno noturno era dele – ele se encontrou com Simón no corredor dos quartos.
– Ela melhorou?
– Acho que sim, afinal ela vomitou bastante e eu não sai ileso. – responde Matteo, colocando a sacola que estava com a roupa suja no cesto que tinha ali perto, que era destinado às roupas dos funcionários.
– Hum, e ela está bem? – insistiu.
– Já falei que acho que sim Simón. Estou te falando, pare com esta paixonite.
– Acho bom parar com seus conselhos, certo. – esbravejou Simón. – Afinal, não sou eu quem pode ter sido traído. – sorriu cínico e foi em direção do seu quarto.
“Ele ainda vai se ferrar por conta desse sentimento pela Luna.” pensou Matteo. O moreno nem sequer deu ouvidos a segunda parte da fala de Simón, e somente restringiu-se a seguir para o quarto da filha do presidente. Como sempre chegou há poucos minutos e se escorou na parede do corredor ao lado da porta que estava fechada.
– Hoje não terá jeito. – disse Yam ao sair do quarto. – Você vai ter que passar a noite perto dela.
– E ela sabe disso? Porque eu...
– Relaxa, eu disse isso a ela. – ela se afastou, mas se lembrou de dizer outra coisa. – Ah tente fazê-la tomar um pouquinho da sopa, se ela não comer, vai continuar passando mal.
– Vou tentar, não garanto que consigo.
– Obrigada e bom trabalho para você. Qualquer coisa chame a Jim, ela vai me substituir no resto da noite. – finalizou deixando o local.
[...]
Ele entrou no quarto, notou que o ambiente era iluminado somente por dois abajures na lateral da cama. Luna estava imóvel, sentada e encostada na cabeceira da cama, ela mantinha o olhar para frente como de costume.
– Não quer mesmo comer nada? – perguntou Matteo calmamente sentando-se em uma cadeira próxima a garota. Negou com a cabeça.
– Quero ir ao banheiro. – ele levantou e a ajudou a fazer o mesmo. Ela sorriu de leve como agradecimento ao perceber que estava na porta do banheiro.
[...]
Passam-se alguns minutos, Luna estava novamente tentando livrar-se da vida com a ajuda de uma tesoura que já estava até enferrujada.
– Senhorita, está tudo bem? – perguntou o moreno dando uma leve batidinha na porta, estava preocupado com sua demora.
– Sim. – responde nervosa.
– Tem certeza?
– Claro. Ai. – ela gemeu baixinho ao sentir o afiado rasgar sua pele.
– Não é por nada não, mas a senhorita está realmente bem? – não ouve resposta, Luna estava tomando coragem para aprofundar mais os cortes que fazia em seu pulso. – Olha, eu vou ter que entrar se não me responder. – como o mesmo não obteve resposta, abriu lentamente a porta. Ficou sem ação ao ver as mãos e pulsos sujos de sangue, notou que a pia e o chão também estavam com sangue respingado. – O que deu em você? – disse ele afoito, assustando a morena. Ela somente virou em direção da voz com seus olhos vermelhos por conta das lágrimas.
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