– Sebastián é sério, me solta. Não vou aceitar isso. – disse Ada. A ruiva tentava esquivar-se dos beijos nada delicados ou amorosos de Sebastián.
– Relaxa Ada, que mal tem? – comentou malicioso e sorriu como se realmente gostasse da garota que estava em seus braços.
– Pare, isso é inaceitável, até mesmo para um drogado, bêbado e desempregado. – o empurrou, assim pôde soltar-se e sair do quarto. Ada estava aliviada, afinal conseguiu evitar uma coisa da qual ela não queria de forma alguma fazer.
– Aonde vai? – questiona impaciente, enquanto a seguia.
– Embora, é claro. – responde firme, olhando brevemente para trás. – A Cecília está na casa de uma coleguinha, tenho que buscá-la e eu ainda preciso sair na parte da noite. – já estava passando pela porta da sala, quando Sebastián a segurou com força.
– Aonde vai? – voltou a perguntar, olhava nos olhos da moça.
– Não te interessa. – soltou-se, em seguida ajeitou a blusa no corpo. – São quase cinco e meia da tarde. – olhou para o relógio que jazia na parede da sala. – Se seu tio chegar até as seis, fale para ele me procurar.
– O que está tramando? – arqueou, a sobrancelha desconfiado.
– Eu? Tramando algo? – riu pelo nariz. – Não estou fazendo nada, vou apenas conseguir o que tanto quero. Só isso.
– Espero que esteja falando do meu dinheiro. Quando vai acertar tudo que me deve, hein boneca?
– Nunca! Espere sentado. – replicou, iria sair, mas ele voltou a segurá-la. – Ai. – resmunga.
– Calada. – Sebastián, a puxou para dentro da casa e a empurrou, fazendo assim ela sentar-se no sofá. O moreno trancou a porta a impedindo de deixar o local sem dar as devidas respostas as suas perguntas. – Da onde tirou isso? Acha que vai se livrar de mim assim tão fácil? – estava irritado. – Só em seus sonhos, querida.
– Olha, não me importo se deixar de sustentar a mim e a Cecília, dane-se. Eu me viro, mas não vou aturar mais suas crises. – disse. – Outra, não é a primeira vez que me obriga a me deitar com você Sebastián, isso cansa. – demonstrou irritação.
– Deveria ter pensado nisso antes de pedir todos aqueles favores, antes de ter pedido que eu a sustentasse, que ficasse com você, que não a abandonasse. Então não seja tão mal agradecida.
– Esqueça da minha existência, tá legal?
– Ah, é mesmo? – falou com sarcasmo. – Está certo, que seja assim, mas me diga uma coisa. – pausou a encarando. – O que dirá a pobrezinha da Cecília.
– Como assim?
– Oras, quando ela quiser saber sobre o pai. – explicou ele. – Dirá que é filha de um drogado? E que a mãe dela é uma vadia, que todos os dias dorme com um homem diferente. – a olhou de cima a baixo.
– Seu estúpido. – grunhiu. – Você é um desses homens então. Abra essa porta agora! – exigiu.
– Não, até me dizer aonde vai hoje à noite. – cruzou os braços sobre o peito, fazendo com que ela delimitasse o tom de voz.
– Abre. – ficou cara a cara com o rapaz que permaneceu imóvel na frente da porta.
– Não. – sorriu torto.
– Sebastián, abre aí. – disse Lorenzo batendo na porta do lado de fora.
– Viu? É seu tio, abra. – usou um ar de vencedora, Sebastián bufou e cedeu. – Lorenzo, era com você que eu queria falar. – despejou. Sem esperar o homem entrar direito em sua casa.
– É dinheiro? Eu não tenho, procure outra pessoa. – largou algumas sacolas plásticas no sofá.
– É em particular. Acho que vai gostar de ouvir o que tenho a dizer. – sorriu colocando as mãos na cintura.
– Ai meu Deus. – sussurrou. – Que merda você fez dessa vez. – perguntou o homem, esperando por uma má notícia.
– Nenhuma, venha comigo. – a moça o puxou para um dos quartos e fechou a porta. Sem dar tempo de Lorenzo dizer algo, ela começou seu discurso. – Hoje vou ver seu filho, e o que acha de me acompanhar?
– Vai à casa do presidente? Fazer o que? – questionou. Ada sorriu.
– A tal ruiva que te falei me procurou e disse que hoje é um bom dia para ir lá, e estou louca para isso. – completou.
– Está louca para acabar com o Matteo, isso sim. E por que quer que eu vá junto?
– Pra vocês se reencontrarem, oras.
– Não mesmo, Matteo tem raiva de mim e eu dele. – o homem disse, ameaçava deixar o quarto, mas ela o parou o segurando de leve pelo ombro.
– O que ele te fez?
– Ele nada, é modo de dizer, esquece.
– Cabeça dura, vai ser bom, porque daí vocês...
– Posso ir no lugar dele? – interrompeu Sebastián, abrindo a porta. – Vou adorar ver meu primo. – comentou sorrindo maldoso. Ada o olhava com desprezo. – Será bom eu ir, assim pego meu dinheiro direto da fonte.
– Não comece, ele nem sonha com sua existência, seu besta. – solta a ruiva. – Decida-se: Vai ou não? – virou-se para Lorenzo.
– Não, Sebastián vai em meu lugar. – o moreno assentiu saindo do quarto.
– Viu o que você fez? – voltou a encarar o homem.
– Estava mais do que na hora disso acontecer, querida. Matteo não pode passar a vida achando que o Pedro é o pai da Cecília. – ele a deixa só no cômodo.
“Merda, mas se acalma Ada. Você vai conseguir aquela casa e aquela grana será sua, garota.” Pensou e sorriu, mas voltou à realidade e saiu.
[...]
Enquanto isso, Luna estava no quarto na companhia de Matteo, os dois apenas conversavam e estavam um pouco longe um do outro. Afinal, a qualquer momento Yam ou Nina poderiam aparecer.
– Sabe Luna, fico feliz de saber que está confiante a respeito da sua visão. Vejo que está determinada com isso. – comenta Matteo. O rapaz estava sentado em uma das cadeiras do quarto da moça e para se distrair, balançava um molho de chaves.
– Ou é isso, ou é se lamentar. E serei sincera, estou cansada de me fazer de vítima. – respondeu encarando o teto, enquanto permanecia deitada na cama. – Se eu quiser ver alguma coisa, preciso estar viva, não?
– Essa é minha garota. – se levantou e se aproximou dela. – Está vendo? É por isso que eu gosto de você. Deveria parar de se achar sem sal. – o moreno deu um breve selinho na moça. Luna arregalou os olhos ao sentir o toque adocicado dos lábios do rapaz.
– E você deveria parar de me assustar. – sorriu tímida. Suas bochechas estavam rubras, Matteo somente riu.
– Toc toc, posso entrar? – brincou Nina, adentrando devagar no quarto. – Oi Lu.
– Ah, oi Nina. – cumprimentou Luna, reconhecera a voz da amiga de imediato. O segurança deixara o quarto em silêncio. Nina mal esperou a saída do moreno e sentou-se ao lado da castanha na cama.
– Me conta tudo. – começou eufórica.
– Ele saiu, não é? – perguntou Luna.
– Sim, e quando o gato sai, as ratas fazem a festa. – riram. – E que gato, hein? Vai, anda logo, me fala. – pediu.
– Falar o que? – fingiu-se de desentendida.
– Por que ele olha para você de forma tão meiga? Ah é, me esqueci, você não pode ver, mas... – respirou fundo. – Saiba que ele te fixa o olhar várias vezes.
– Ah é... – não sabia o que dizer. “Conto ou não? Ai meu Deus, você é minha melhor amiga e a única também”.
– Olha, é sério. Eu sempre disse que o Simón te olhava de um jeito diferente e tal, mas sei lá, o jeito do Matteo é bem diferente. – acrescentou a garota.
– Nina, eu...
– Deixe-me falar, Lu. É uma graça o jeitinho dele. – sorriu. – Dá para jurar que vocês tem algo, e realmente é impressionante como aquele Simón é estranho. Parece até ser contra a felicidade alheia. Caramba, estava emburrado ali fora.
– O Simón está aqui? – Luna sentou na cama num pulo, se surpreendeu.
– Está sim, não sabia? – a castanha negou com a cabeça. – Fui gentil, o cumprimentei, perguntei o que estava fazendo aqui, mas o sem sentimentos foi grosso e só disse que veio falar com o Miguel. E eu, tipo, fiquei na mesma, não sei quem é esse.
– Eu falei que ele não era tão simpático quanto parecia.
– Ah, mas voltando ao assunto principal, realmente não suspeita dele te olhar? – indagou a garota. – Você está mais sorridente do que de costume, esconde algo de mim, Luna?
– Matteo e eu, então, estamos juntos. – confessou Luna sorrindo nervosa.
– O que? – a mais velha ficou de boca aberta, não sabia se ria o se ficava preocupada. – Lu, você sabe que...
– Sei que é errado, muito errado, mas nos gostamos e não teve como.
– Lu, achei tão fofo isso, parabéns e há quanto tempo vem escondendo isso? – questiona curiosa.
– Não faz nem uma semana, Nina.
– Ah bom. – disse. – Mas sabia que ele pode perder o emprego, não é? E com a Flor em Londres. – fez uma pausa. – Ah, deixa isso para lá. – gesticulou. – Ownt, minha amiga está amando. – cutucou a castanha.
[...]
Matteo percorreu os corredores da casa do presidente. Seus pensamentos se residiam em Flor, mesmo estando com Luna, ele ainda pensava na irmã.
– Topa trocar de turno? – Nico perguntou ao se aproximar do colega. Isso fez o rapaz despertar de seus pensamentos.
– Ué, não ia vim só amanhã? – o segurança recostou-se em uma das paredes do corredor.
– Ia, mas eu ia ganhar um pouco a mais se viesse hoje, então... Quer que eu pegue o turno da noite?
– Pode ser.
– Está assim por quê? Cadê a Flor? Nem a vi ainda.
– Ah, ela está em Londres. – responde tranquilo.
– Oi? Londres? – Nico riu surpreso com a resposta do colega.
– É. – Matteo riu pelo nariz. – Ela foi para Londres graças a Luna, e a tal da Lili Benson.
– Hum, daqui alguns dias não terá mais necessidade de trabalhar aqui, não é?
– Que isso, não vou fazer minha irmã trabalhar para nos sustentar.
– Ai Matteo, oh cara ciumento, viu? – sacudiu a cabeça.
– Matteo? – Miguel chamou a atenção do moreno ao se aproximar junto com Simón, o rapaz o olhou a espera de suas próximas palavras. – Se troque, se arrume, tome banho, não sei, mas daqui a uma hora quero você na minha sala. – avisou.
– Por quê? O que foi a agora? Não viu... – deteve-se ao ver quem estava ali. – Simón? O que faz aqui? – arqueou uma de suas sobrancelhas.
– Oi para você também. – disse irônico.
– Agora não é hora de papo, anda logo. – Miguel intervém. – Nicolás, cobre o Matteo? – o loiro assentiu. – Ótimo, agora ande logo. Uma senhorita virá para falar com você.
– Ah sim. – já suspeitava de quem se tratava.
[...]
Horas mais tarde, lá estava Matteo e Ada na sala de Miguel. Uma mesa separava o assistente do presidente do ex-casal de namorados. Um silêncio incomodo existia ali, mas logo o mesmo fora quebrado.
– Senhorita Argento, por que nos procurou exatamente? – perguntou Miguel.
– Assunto particular, mas é sobre Matteo não assumir devidas responsabilidades. – respondeu olhando brevemente para o moreno ao seu lado.
– Bem, deixarei vocês a sós. – o homem se levantou, retirando-se da sala.
– Que me ver na rua, é isso? Como pôde fazer isso? – falou a ruiva virando-se para Matteo.
– Não vou te dar a casa da minha mãe. Prefiro alugá-la ou vendê-la. – garantiu. – Peça ajuda ao Pedro, para algo ele deve servir, não é mesmo?
– Então, tenho que contar uma coisa. – levantou-se e começou a andar de um lado para o outro na sala.
– Antes me responda uma coisa. – fez uma pausa, fazendo-a olhar para ele. – Quem é aquele cara que veio com você e que está com a Cecília lá fora? – tremeu ao ouvir aquilo, sabia que teria de contar a verdade.
[...]
Enquanto os dois estavam conversando, Sebastián andava lentamente pela casa do presidente. O moreno via as coisas valiosas e o desejo de furtá-las era grande, mas ao notar as câmeras de segurança desistiu deste ato. Estava tão concentrado nos pensamentos, alterado por conta da droga e do álcool que consome diariamente – que nem notou ter perdido Cecília de vista.
– Presta atenção, cara. Está dormindo, é? – brigou, o rapazes haviam se trombado.
– Foi mal.
– Quem é você? – questionou o mais novo. – Que faz aqui sozinho? Não pode andar por aí assim, não.
– Vim como acompanhante de uma moça. Ela está conversando com o desgra... Digo, com o Balsano. – responde. – Conhece?
– Infelizmente, conheço sim.
– Trabalha aqui?
– Não, mas já trabalhei. Por conta do filho da mãe do Matteo, demiti-me.
– Dá para notar que o odeia, gosto disso. – Sebastián tinha certa malicia na voz.
– Não chega a ser ódio, mas tenho sim muita raiva. – cruzou os braços sobre o peito.
– E se eu dissesse que posso ajudá-lo, faria um acordo comigo? – o moreno não o respondeu, apenas o olhou curioso à espera de mais explicações. – Matteo é uma pedra no caminho para muita gente, fez muitas merdas na vida, uma delas foi nascer. – ele pausou. – Digamos que, eu farei nada mais do que justiça. Topa me ajudar e... – parou novamente. – Qual seu nome, mesmo?
– Simón Álvarez. – responde ele sério, queria saber sobre o que se tratava o acordo.
– E aí Simón, não acha que está mais do que na hora do Matteo procurar o caminhão do qual caiu? – Sebastián esticou a mão, e Simón hesitou um pouco para apertá-la, embora tenha acabado aceitando. Mal sabia o jovem Álvarez, que ao aceitar tal acordo, estava correndo perigos.
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