– Senti tanta saudade. – diz a castanha. Eles ainda estavam naquele abraço que já durava alguns minutos. – Cheguei a pensar que estivesse...
– Comentaram sobre aquele acontecido, não é?
– Sim, e eu, bem... Ouvia somente comentários e conversas pela metade. Fiquei preocupada, senti medo de que você não voltasse. – abaixou o rosto, que fora erguido delicadamente.
– Hey. – fixaram o olhar um no outro. – Estou aqui, não estou?
– Sim. – sorriu. – E agora posso ver que você está literalmente ao meu lado.
– Estive o tempo todo. – ele sorriu torto. – Sabe Luna, acho que nunca gostei de alguém como gosto de você. – lhe acariciou o rosto. – Eu me preocupei com você, admito que senti medo de você querer se cortar de novo.
– Ah, nem lembrava mais disso. Havia esquecido, porque você mesmo me mandou que esquecesse.
– Me obedeceu, bom saber. – brincou. – Embaixo daquelas toalhas no armário de baixo da pia, na portinha esquerda, estava a minha preocupação.
– Você me observava mesmo? – ela corou.
– Era meu trabalho, ainda é e sempre será. Outra que não tem como não te olhar, você é linda. – tocou as bochechas rosadas da garota.
– Ah obrigada. – recebeu um selinho do moreno. – Acho melhor voltar para sala de jantar, devem estar sentindo minha falta. – ela se afastou um pouco do rapaz, deu uma leve ajeitada no vestido, que ficou um pouco amarrotado por conta dos abraços, ele assentiu e sorriu.
– Não posso ao menos ganhar meu último beijo? – perguntou antes que ela abrisse a porta, o mesmo a puxou pelo braço e a abraçou forte contra si.
Luna sorriu com a atitude de Matteo e sua reação foi por as mãos na nuca do rapaz. Aproximavam-se lentamente, até que encostaram os lábios, mas aquele simples tocar não satisfazia nenhum dos dois. Enquanto Matteo aprofundava mais o beijo, a garota passava a mãos por entre os cabelos do Balsano. O beijo era quente, o momento em si era caloroso. O moreno foi a empurrando devagar, até que ela sentiu-se entre o namorado e a porta. Precisavam respirar, mas o medo de perder o momento era maior do que a necessidade de recuperar o fôlego, embora fosse preciso. Porém, nem mesmo para se recuperar daquele momento se afastaram. Ainda estavam nos braços um do outro e ambos sorriram. Matteo deu somente alguns beijos no pescoço da amada, Luna suspirou de leve e arrepiou-se, gostou de ver que havia chegado a seu objetivo.
– Agora é sério, tenho que voltar para lá. – falou o olhando nos olhos.
– Certo. – ele disse desanimado.
– Vai pegar o turno da noite? – perguntou acariciando os cabelos do namorado.
– Estou torcendo que sim. – o selou.
– Eu também meu amor. – sorriu ao ouvir ser chamado assim.
[...]
Enquanto um romance completamente errado acontecia, Flor estava no quarto trancada. Desde a hora do almoço, Sebastián não apareceu mais por lá. A alguns quilômetros de distância, Sebastián e Simón estavam tendo mais uma de suas conversas em um bar não muito movimentado da cidade.
– Até quando vai me enrolar, hein? – perguntou Simón. – Te trouxe a garota, fiz tudo que pediu, agora quero meu pagamento. – se exaltou batendo a mão contra a mesa.
– Ei calminho, não adianta dar piti, não. – zombou o Villalobos. – Amanhã te dou uma parte, mas antes vai ter que fazer uma coisa.
– Que coisa? – revirou os olhos.
– Tranquei a menina nessa casa aqui? – entregou um papel com o endereço. – Leve comida e uns cobertores para ela.
– Isso é dever seu. – deu de ombros.
– É só hoje besta, faça isso e aproveite para pensar em uma forma de não ser preso. – Simón o olhou confuso. – Matteo voltou para a casa do presidente, ou seja, será mais fácil dele descobrir que a irmã sumiu. Você precisa estar pronto para não dar suspeitas.
– Ah que ótimo, sou um fugitivo da polícia.
– Mas é claro que é. Quando o Matteo ligar atrás de notícias da menina, vão falar que ela sumiu e que Simón Álvarez, no caso você, a pegou no aeroporto daqui de Otherside. – sorriu torto.
– Certo, é, eles realmente sabem meu nome. – ficou desconsertado, pois sabia que ter mentido não era lá boa ideia.
– Pois é, se prepare. Matteo vai ficar furioso e a polícia não vai aliviar as coisas em nenhuma circunstância.
– Enfim, eu se fosse você também ficaria atento. – acrescentou. – “Afinal, é de você que eles estão atrás.” – completou em pensamentos.
– Se você me entregar. – se aproximou ameaçadoramente. – Te mato e não ache que não tenho coragem.
– Já entendi, já entendi. – falou erguendo os braços. – Vou lá levar a comida para a menina. – deixou o bar.
“Porra, realmente ele vai me matar...” pensou o moreno caminhando pelas ruas a procura do endereço onde Flor estava.
[...]
Na manhã seguinte, tanto Luna como Matteo estavam mais tranquilos por estarem próximos de novo. A garota já havia tomado café e também estudado, ela e Nina conversavam enquanto andavam pelo jardim da casa a espera do almoço.
– Anda logo Lu, não mude de assunto, responda-me o que perguntei. – disse Nina.
– Tamara quer que eu aprenda alemão.
– Não mude de assunto Luna. – insistiu.
– Ah, como te explicar? – a castanha corou e olhou para o chão.
– Me conte tudo, oras. – sorriu maliciosa. – Sei que foi uma breve reunião, mas você demorou demais para voltar.
– Ai Nina, ele e eu só estávamos conversando. Sinceramente ele é lindo. – seus olhos brilharam.
– Eu sei, admito que você tem bom gosto. – Xabi se aproximou das duas.
– Oi meninas. – cumprimentou sorrindo, Nina não escondeu a alegria. – Luluzita, aquele Matteo tá te procurando.
– E o que ele quer? Ele te falou? – perguntou curiosa e um tanto preocupada.
– Parece que quer falar com você sobre a irmã dele ou algo assim. Ele estava irritado demais para eu entender.
– Onde ele está? Me leve até lá. – agora realmente sentiu-se preocupada.
[...]
Em questões de minutos, Luna já estava na sala de visitas da casa, Nina e Xabi a acompanhavam. O moreno estava sozinho ali e andava dentro do cômodo demonstrando irritação e impaciência.
– Você. – apontou firme assim que viu a namorada entrar ali.
– Eu? O que tem eu? – indaga se aproximando, estava confusa.
– Se eu não a tivesse ouvido, tudo estaria bem. – soltou com irritação.
– O que aconteceu. – não compreendia o que estava acontecendo. Nina e Xabi só observavam a conversa em silêncio, a qual viraria discussão.
– Aconteceu que, o que não podia nunca acontecer aconteceu. – respondeu Matteo em tom alto.
– Se você não me falar eu nunca vou saber o que está havendo, Matteo. – rebateu Luna também em tom alto, queria que o rapaz prestasse atenção em si.
– Se eu não tivesse te ouvido, caído na sua conversa, Florencia estaria bem.
– O que houve com ela? – perguntou Nina e Luna ao mesmo tempo. As duas amigas se olharam e depois para o moreno que não escondia o nervosismo.
– Ela está por aí, em algum lugar passando por dificuldades, correndo perigo, não sei, as possibilidades de o que ela esteja passando são infinitas. – retrucou Matteo sem qualquer delicadeza.
– O que aconteceu? Fale logo, está preocupando até a mim. – intrometeu-se Xabi.
– Você fica na sua. – advertiu. – Porque vou ser sincero, sua mãe é uma incompetente desgraçada. – grunhiu alterado.
– Quem você pensa que é para dizer isso, hein? – retrucou se afastando de Nina e se aproximando de Matteo.
– Acontece que sua mãe entregou minha irmã para um qualquer, olha que boa notícia. – cuspiu. – Quer que eu sorria com isso? – disse sarcástico.
– Isso não é culpa dela, ela tem assistentes, culpa delas não da minha mãe. – defendeu.
– Matteo se acalme, por favor. – pediu Luna. – A situação já está complicada e não precisamos de uma discussão, certo?
– Não me importo com discussão alguma. – rebateu com ignorância. – A única coisa que quero é satisfação. Como puderam fazer isso? Doze anos, ela tem doze anos, como despacham uma criança desta forma? – o moreno estava inquieto.
– Já falei, se acalme. – Luna tentou se aproximar do namorado.
– Não dá para se acalmar, caramba! – gritou. A castanha soltou para trás assustada com o rapaz.
– Não desconte nela e nem culpe minha mãe. Tenha certeza antes de agir. – Xabi também demonstrava estar alterado.
– Amor, vamos sair daqui. – Nina puxou o namorado para fora da sala. – Deixe que eles se resolvam. – se retiraram, porém deixaram a porta aberta.
– Que eu faço, hein? Não acredito que isso está acontecendo. – esfregou o rosto com uma das mãos e suspirou em seguida.
– Me explica com calma o que houve, por favor.
– Luna, entenda uma coisa: Não tem como se manter calmo. – disse ainda em tom alto.
– Pare de gritar comigo e fale. – retrucou. A castanha tentava se segurar para não se descontrolar.
– Parece que... – respirou fundo. – Um cara falou que eu havia pedido para mandarem a Florencia de volta a Otherside, não entendi muito bem.
– Vou falar com meu pai, algo tem que ser feito. Vou me responsabilizar por isso. – garantiu a Benson.
– Sabia que não era boa ideia, parecia que eu estava prevendo que ia dar errado.
– Desculpe-me. – sussurrou. Sabia que um pouco da culpa era sua.
– O que disse? – aproximou-se de Luna.
– Pedi desculpas. – ela ergueu o rosto. – Eu realmente insisti para deixá-la ir e deu nisso. – respondeu. – Mas, como eu disse, vou dar um jeito, não me esqueci das minhas palavras. – iria sair da sala, porém ele correu e pôs-se a sua frente, fechando a porta.
– Espere, não quero que...
– Já falei, vou me responsabilizar. – reafirmou delicada. – Coloquei minha mão no fogo pela ida da Flor, tenho que assumir meus erros, as falhas, as consequências.
– Está exagerando, agora é você que tem que se acalmar.
– Você mesmo disse que eu errei. – deu de ombros. – Não te compreendo.
– Estou nervoso Luna, metade do que falo nesses momentos, não são verdades.
– Mesmo assim. – a culpa estava pesando sobre a castanha. – Vou ver o que posso fazer. – completou tentando alcançar a porta, mas ele a intercepto novamente.
– A perdi, não quero perder você também. – a olhou nos lhos. – Minha mãe morreu, tecnicamente não tive pai, minha ex-namorada está acabando comigo, a Flor sumiu. Se eu brigar com você e te perder, não sei o que faço.
– Matteo, eu não...
– Só fale que não vai me deixar. – abraço-a forte. Ela o retribuiu o apertando contra seu corpo. Uma batida na porta fizeram separar-se.
– Senhorita Luna, está aí? – Yam tentou abrir a porta, mas sua tentativa não teve resultado. Luna o destrancou em seguida, pondo um sorriso no rosto.
– Oi Yam.
– Por que a porta estava trancada? – perguntou a empregada arqueando uma de suas sobrancelhas. – Enfim, isso é o de menos. – mudou de assunto rapidamente. – Matteo o Miguel e Sr. Reinaldo estão te chamando. – avisou mirando o moreno que estava atrás da castanha.
– Já até sei o motivo. – disse saindo da sala. Yam olhava para Luna de uma forma que a incomodava. A loira estava com os braços cruzados e mantinha o olhar fixo ao da filha do presidente.
– Vai me contar agora ou mais tarde?
– Como?
– O que está havendo? Quero saber. – disse Yam.
[...]
Enquanto isso, Matteo já estava na sala de Miguel. Estava sentado ao lado do presidente e a frente do assistente do mesmo.
– O senhor Xavier me avisou do desaparecimento de sua irmã. É isso mesmo?
– É infelizmente. – confirmou.
– Mas como isso aconteceu? – questionou Rey.
– Queria muito saber senhor. O pouco que entendi graças ao nervosismo, foi que alguém havia dito para mandarem Florencia de volta para cá e quem haveria pedido isso, teria sido eu. – respondeu.
– Não deram mais informações? – pergunta o Valente.
– Parece que quem estava fazendo esse “favor” para mim era um tal de Sebastián, Sebastián Villalobos.
– Sabe algo sobre ele?
– Que eu me... – o nome vem instantaneamente “Aquele desgraçado, só pode ser”. – Na verdade, eu não sei, mas sei quem sabe.
– Ótimo, entre em contato com essa pessoa, peça que venha aqui e fale pessoalmente com você ou algo assim. Tente saber ao máximo quem é essa pessoa, às vezes pode ser um rebelde, nunca se sabe. – disse Rey. – Vou deixá-lo sozinho, use o telefone e se acalme.
– Certo, obrigado. – Rey e Miguel deixaram o rapaz sozinho na sala. O Balsano puxou a cadeira para mais perto da mesa, suspirou e discou os números lentamente no telefone.
– Alô? – ele fora atendido no segundo toque.
– Quero que arrume um jeito de vim a casa do presidente, o mais depressa possível. – disse no ato.
– O que? Matteo? – ela não o reconheceu de imediato.
– Não faça perguntas Ada. Ouça-me e obedeça.
– Olha como fala comigo. – reclamou. – O que quer que eu faça aí? – ficou curiosa.
– Só venha logo, e pare de graça. – desligou o telefone. – Vagabunda. – xingou-a em voz alta. Só de ouvir a ex-namorada já foi algo irritante. “Preciso saber quem ele é, e o que quer. Por que faria algo contra Flor?”
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