História A Filha do Rei - Fada Madrinha

- Mãe!- Chamava a mesma mancando até a porta com o vestido rasgado e com o balde de leite nas mãos.

- O que é Danielle?! - Ela aparece na porta com uma expressão nada boa secando as mãos com um pano de prato.

- Terminei de pegar o Leite da vaca...posso descansar agora? - Falo sentando numa cadeira que estara fora de casa colocando o leite o chão.

- Quer descansar? - Ela pega em meu cabelo puxando bem forte.

- Mãe!Está me machucando! - Falo engolindo o choro.

- Isso não me importa!Enquanto estiver na minha casa,você nunca terá descanso! Vai alimentar os porcos agora! - Ela me empurra no chão com um sorriso no rosto pegando o leite que eu deixara no chão.

-Eu odeio continuar com esse teatrinho Marcos...Eu não quero maltratar a "nossa filha"!Nós somos ricos,o Rei cumpriu com a parte dele,não precisamos disso! - Ela fala entrando em casa indo a beira da pia limpando as lágrimas com um pano.

- Elizabeth,ela não é nossa filha! Precisamos deixar isso bem claro entre nós,ela vai fazer 17 anos...larga disso,ela nunca vai encontrar carinho em nosso meio! - Marcos diz andando até Elizabeth por trás pegando em seus ombros.

- Por que ela precisa trabalhar!Por que você a maltrata tanto!? - Ela se vira olhando bem no fundo dos olhos dele.

- Porque ela não é nossa filha, vamos contar a verdade,estamos à quase dezessete anos escondendo a verdade dela,e a mesma vai saber de um modo terrível,dezessete anos desprezada pelo pai,por nós,por todos. - Ele ri olhando Elizabeth - E logo depois nos mudamos daqui...fique tranquila... - Ele suspira pensando em Danielle - 17 anos apanhando,levando facada pela costas,acho que ela ja suspeitou de alguma coisa,ou talvez não,ela é muito ingênua. - Ele se senta no sofá olhando ela - Não se preocupe com ela,sua dor passará logo.

- Por que me tratam tão mal? - Me levanto me limpando.

- Me odeiam,eu sou só uma garota com a perna maior que a outra,sou só um peso! - Pego o alimento dos porcos indo em direção aonde eles estavam. - Cansei de ser maltrarada! -Jogo a comida deles na lama e não aguento ver os mesmos sujos e comendo do chão,sem explicação, começo a chorar.

-Estou sendo como eles!Os porcos são como eu,maltratados e comendo do chão...eles estam jogando como querem! - Fico quieta por alguns segundos e ouso vozes vindas da floresta. - O que? - Me levanto indo a beira e escuto a seguite frase:"Princesa?Princesa?"

-Quem está ai!? - Me perguntava determinada a chegar perto,até que ouvi novamente:"Princesa?Princesa"

-Princesa?que princesa? - Entro na floresta, tirando tudo que me atrapalhava ver.

"Princesa?"
A voz soava mais alto.

-Que princesa? - Começo a correr com dificuldades quando ouso um rio a frente.

"Princesa?" - Uma mulher que estava de costas com um manto preto,observava o rio,quando me aproximo devagar.

-Você é a princesa? - Rio alegre e me preparo para fazer reverência.

-Não... - A voz suave que ouvi se transformou em uma espantosa,que no mesmo momento não conseguia me mexer,apenas escuta-la.

-Quem é você afinal?

-Me chame de Fada Madrinha...

-Quem é a princesa que tanto chamava? - Falo desconfiada tentando ver o rosto dela.

-Quer continuar sendo um porco?

-Co...como sabe disso...ninguém estava perto quando eu disse.

-Como eu disse princesa...me chame de Fada Madrinha...que parte disso você não entendeu? - Um riso sarcástico sai da boca dela.

-Bruxa!Não acredito que você seja uma fada... - Dou um suspiro cruzando os braços lentamente,mas quando percebo suas palavras arregalo os olhos surpresa. - Princesa?Eu?

Ela se vira e consigo ver sua face pálida,os olhos verdes e seus lábios roxos olhando para o chão pronta para fazer reverência.

-Moça?Tem certeza que está falando comigo? - Olho para trás procurando outra pessoa além de mim.

-Herdeira do trono...Danielle...Mais seu nome de Rainha é outro...Branca Chandelier... - Ela se curva.

-Bruxa...Fada...sei lá...Você está totalmente doida...Não sou princesa,e sim uma camponesa trabalhadora que passei minha vida toda na lama por pais que nunca me trataram como filha...e me diga...se eu sou uma Herdeira,como eu estou aqui?Como não estou com meus pais verdadeiros? - Falo chorando lembrando de tudo que passei até aquele momento.

-Querida... - Um sorriso sarcástico se estampa em seu rosto. - Você é lixo para o seu pai. - Ela cospe no chão e aponta o mesmo. - É isso o que você é! - Ela anda e para em minha frente passando a mão pelo meu rosto. -Princesa?Não tem desconfiado de nada?

Olho ela assustada me lembrando de momentos passageiros.

- Algumas vezes...mas isto não significa nada! - Aperto a mão dela com força e começo a cair no chão,olho para cima e a vejo intacta.

- Se eu fosse você...não mexeria com uma bruxa.

Coloco a mão em meu peito tentando controlar a respiração.

- Se precisar de mim Danielle...faça um pedido. - A vejo pular na água prestes a desaparecer, no mesmo instante a dor e minha respiração voltam ao normal.

- Um desejo? - Vejo um galho, me arrasto até o mesmo para me apoiar neste para levantar.

- Danielle!!! - Uma voz soava longe que fazia meu coração acelerar.

-Danielle! - A voz ficava mais perto.

- Quem é? - Consigo levantar e me apoio em uma árvore, para utilizar a mesma como arma.

- Menina "tá" me desafiando! - Minha mãe aparece na minha frente com a língua nos lábios pronta para os morder como de costume.

- Mãe... - Suspiro aliviada. - Que bom que é a senhora!Tenho uma coisa para te contar! - Vou até ela para lhe dar um abraço, mas sou recusada com a mão dela em meu peito.

- Eu não quero...se afasta de mim!

Fico pálida ao ouvir essas palavras.

-Me desculpa...eu não quis...

No momento em que eu ia terminar ela me interrompe.

-Ótimo... - Sinto uma pegada surpresa em meu braço, era ela me apertando para machucar mesmo, mas eu sabia que se eu falasse algo, a força iria ser maior.

-O que queria me contar?

Ao ouvir ela mudei de idéia, fiquei chateada por ter recusado meu abraço, fiquei em silêncio, a ignorando, sem ligar para o que ela faria ou não.

- Tudo bem "Filha"...ficará sem as migalhas da comida que come! - Ouso ela, mas continuo quieta.

Entramos em casa, o silêncio prevalecia, sem deixar que minha mãe abrisse a boca, fui rapidamente pro meu "quarto",era simples, mas era a única coisa que eu podia chamar de meu, cortinas sujas, mofo nas paredes e chão empoeirado com um travesseiro que eu chamava de cama.

- Se precisar de mim, faça um pedido... - Falo sussurrando enquanto deito no chão, fechando os olhos pronta para descansar.

-A minha vida não era pra ser assim...