História A Filha Perdida - Minha Vitória.

Point of view Eadlyn

Quando saímos do spar, fomos para o salão fazer unha, cabelo e maquiagem. Celeste estava me tratando com a filha que ela nunca teve e com a confiança que ela conseguiu arrancar de mim, acabei contando tudo que Josephine fez comigo e o ódio que ela sentia pela garota só cresceu.

- Você vai ver, eu vou fazer ela engolir o próprio veneno. Eles te humilharam e hoje você vai mostrar pra eles quem é Eadlyn Ambers! 

- Obrigada por tudo, Celeste! 

- Ah, eu que te agradeço. Você está fazendo o papel da Filha que eu sempre sonhei em ter, mas nao deu sabe? Tive uns problemas depois que o Eikko nasceu... Mas enfim, acontece ne? Está na hora de irmos nos vestir! 

Dei um sorriso animada. 

Faz cinco dias que não tenho nem sinal de Kile. Ele sumiu depois daquela noite e eu realmente não vou me humilhar mais ainda correndo atrás dele, eu sou a vitima dessa história. Tenho passado todos esses dias com Celeste, enriquecendo minha experiência de estilista e tentanto não desabar a todo momento. 

É horrível não saber o que está acontecendo, pior ainda é ser odiada e acusada de atos que você não cometeu. Mas o que eu posso fazer? Ninguém vai acreditar em mim, sou só eu e mais ninguém. 

Me olhei no espelho, minhas unhas estavam lindas na cor nude, minha maquiagem estava perfeita, eu parecia uma boneca, meu cabelo então... Me senti uma rainha. 

Mas Celeste, nossa, ela estava ainda mais linda. Naquela idade ela ainda era perfeita, na adolescência devia ser a mais bonita de todas. 

- Rainhas! - o figurinista/estilista amigo de Celeste estava nos esperando - Vamos colocar os vestidos e deixá-las ainda mais lindas? 

- Agora! - ela explodiu de felicidade.

Quando eu vi a obra de arte que me aguardava no manequim, quase caí para trás. Ele era azul marinho, longo, com uma fenda na perna esquerda. O tecido parecia brilhar, era tomara que caia, o decote em m e as costas amostra. 

Ele deslizou no meu corpo e se ajustou perfeitamente. Calcei o salto Dourado de tiras e estava pronta. Maravilhosamente pronta. E o que eu mais queria era esfregar na cara de Josie o quanto eu estava perfeita. 

Celeste estava com um vestido longo e prateado, parecia uma estrela de Hollywood. 

Na limusine, Eikko e Dan - marido dela - já esperavam a gente. Eles tambem estavam lindos. E ali dentro daquela máquina eu senti de verdade o que era ter uma família. 

Tomamos Chandon e fizemos um brinde. Logo chegamos na festa, olhei pela janela estava cheia de fotógrafos.

- Fica tranquila - disse Eikko - São apenas milhares de fotógrafos querendo tirar milhares de fotos suas. 

- Ah, claro. Muito reconfortante. 

Ele riu.

Celeste e Dan saíram primeiro e depois Eikko saiu me oferecendo a mão. Ele acompanhou os pais dois passos atrás e eu fiquei atrás deles. Quase fiquei cega com tanto flash. Nunca fiz tanta pose, nunca sorri tanto assim na vida. Mas quando finalmente entrei no salão, respirei aliviada. 

Então era essa a sensação de ser famosa? Deus me livre. 

Todos olhavam para nós, e então começou a sessão de cumprimentos antes do desfile.

- Quero morrer - comentou Eikko com um sorriso Sexy no rosto.

- Me leva junto - fiz o mesmo sem sair da pose. 

Garçons iam e vinham com bandeijas de comidas que pareciam deliciosas e eu só queria poder comê-las. Mas não...

Me sentei ao lado de Eikko na fileira principal. Ele estava conversando com o pai e Celeste foi para os bastidores do desfile conferir as coisas. 

Do outro lado da passarela as pessoas começaram a achar seus lugares e quando dei por mim, eu estava quase cara a cara com a família Schreave e com a Woodwork. Todos me olharam na mesma hora, do mesmo jeito. Kile parecia com raiva e me olhou ainda mais sério que América. 

- Você quer alguma coisa? - perguntou Eikko me tirando do transe. 

- Ah, não. Obrigada.

- Se quiser, peça pra ele - ele apontou para um garçom que estava na ponta da fileira, em pé - Ele é o nosso garçom particular.

- Uau - comentei sorrindo. 

O desfile começou. Modelos iam e vinha com as roupas que eu fotografei para a campanha. Mas eu não tirava os olhos do pessoal do outro lado. Eu estava magoada, com raiva de todos eles e principalmente do sorrisinho de Vitória da Josie. Mas logo ele iria morrer. 

Quando o desfile acabou, todos levantaram para aplaudir e então Celeste entrou na passarela como uma estrela. Ela com certeza já foi modelo um dia. 

Ela agradeceu a presença dos convidados, falou sobre a nova coleção, chamou o filho e o marido lá em cima e fez um discurso bem agradável.

-...Eu gostaria de convidar também para subir aqui em cima a minha querida modelo Eadlyn Elena Ambers, a minha garota celestial que além de ter muito talento, é uma excelente filha postiça! 

Todos olharam para mim e então eu me levantei, emocionada. Ninguém nunca tinha feito nada assim pra mim. 

Eikko me estendeu a mão e eu subi na passarela enquanto me aplaudiam. Fiz questão de olhar para o outro lado, todos me encaravam. Josie e Camille sucumbiam de inveja, os meninos batiam palmas e assobiavam exageradamente assim como Marlee, Maxon e Carter. Fiquei surpresa com a reação. América estava paralisada assim como Kile, eles me olhavam com uma ternura misturada com indignação. E ate pude ve-los abrir um sorriso. 

E eu me senti realizada. 

Celeste me dispensou, fiquei livre para aproveitar a festa. Mas na verdade eu só estava desfilando o modelo do vestido e sendo fotografada, nem pra comer eu estava animada. 

- Gostaria de me acompanhar? - Olhei para o lado e Kile estava me oferecendo o braço.

Ah meu Deus como ele é irresistível. 

Não queria estragar a minha noite com uma DR, mas senti a necessidade de ir com ele então aceitei. Fomos andando para um lugar mais reservado onde um garçom nos ofereceu drinks.

- Você está linda - Ele falou me olhando de cima a baixo - Na verdade, linda pra você é muito pouco o certo...

- Para - falei séria - Não haja como se nada tivesse acontecido. 

- Olha, Eadlyn...

- Kile você sumiu! Por cinco dias você sumiu! E você caiu no teatrinho da sua irmã, como todos os outros! Olha pra mim! Você acha que eu faria aquilo com a sua tia? Você sabe o quanto eu admiro ela, você acha mesmo que eu ainda iria provocá-la? 

- É só que... Eu não sei, Eadlyn em quem acreditar! Josie não seria capaz de fazer isso, ela sabe o quanto àquele quarto de lembranças é importante para a tia Ames, ela mesma sempre vai lá pra desabafar, foi ela quem deu a ideia de criar aquele memorial... Não sei, só é difícil...

- E não tem câmera naquele lugar?

- Pra quê? Ninguém dorme lá. Nunca acontece nada lá.

Suspirei.

- Pois bem. Você já escolheu o seu lado. 

- Não escolhi um lado.

- Eu não queria que fosse assim. Mas se é pra ficar nesse inferno que a sua irmã faz, eu prefiro não ficar com você, porque não é só a mim que ela atinge, olha o que ela fez com a sua tia... Eu tenho que ir.

- Onde está a sua aliança? - ele estava olhando para baixo, para a minha mão.

- Tirei hoje de manhã. Quer de volta? 

Ele ficou vermelho de raiva. 

- Não acredito que você fez isso.

- Não acredito que você caiu na da sua irmã e sumiu por cinco dias. 

- A gente terminou e eu não estou sabendo? 

- A gente terminou, Kile? 

- Não! E nem vamos terminar por causa daquilo! 

- Não é você que decide. 

Ele bufou. 

- Tem muito paparazzi aqui, não é bom pra você ficar discutindo em público - falei.

- Pra você também não né, ficou famosa agora... 

Revirei os olhos sem saco.

- Com licença. 

Dei as costas pra ele e voltei a andar sem rumo. 

Encontrei Osten sentado sozinho na mesa, pensativo e calado, coisa que eu nunca tinha visto e fiquei na dúvida se deveria ou não falar com ele. 

- Oi, Ed - ele falou antes que eu saísse - Você está muito bonita. 

- Obrigada, Osten - fiquei olhando pra ele. A mesma cara do Ahren.

- Você não devia ter feito aquilo, cara... - ele falou. Mas não como uma bronca e sim como Conselho. 

- Mas eu não fiz nada! - implorei por compreensão.

- É difícil demais acreditar nisso. Eu sei que ela é uma vaca, mas ela não seria capaz de fazer aquele tipo de coisa. E eu acho que você também não. Então eu...Eu Não sei em quem acreditar, é muito difícil.

- Eu entendo. Mas um dia vocês vão descobrir quem é na verdade a protegida de vocês. Eu preciso ir. 

- Tchau, Eady.

Me virei e dei de cara com alguém.

- Ah, me des...culpa. 

América estava na minha frente, com os olhos cheios de raiva. Mas de repente eles se suavizaram e então ela me olhou todinha, quase achei que iria me tocar mas ela apenas se afastou um pouco, com uma expressão de dar pena.

- Josie é a filha que eu nunca tive - ela disse olhando fixamente nos meus olhos - Ela é a minha companheira, sempre fiz tudo por ela. Não tem como você tentar dizer que ela fez algo do tipo comigo sabendo o tanto que aquele quartinho significa pra mim, ali eu coloquei todas as coisas da minha filha, todas as lembranças que eu tinha da minha pequena. Eu ouvi a sua conversa com o Kile, Eadlyn... - ela deu uma pausa ao pronunciar meu nome - Não tenho porque acreditar que você tinha motivos para fazer aquilo, mas Josie também nao tinha. E as evidencias apontam pra você, não tem como negar, você estava com a manta rasgada na mão, não gritou e saiu correndo da casa. E mesmo fazendo o que você fez ou não - ela deu e ombros - Não consigo odiar você, nem quero isso.

Ela limpou a garganta e piscou algumas vezes para afastar as lágrimas. Me segurei para controlar a vontade louca que eu estava de abraça-la. 

Josie tinha que ser muito sangue de barata pra fazer o que fez com América. 

Ela deu a volta em mim e foi falar com o filho. 

Olhei para trás e a olhei de cima a baixo também. 

América era a mulher mais bonita de todas, Celeste que me perdoe mas não dava para não perceber que até mesmo em um vestido que não era extravagante ela chamava atenção.

O vestido era colado no corpo, azul Tiffany, caia perfeitamente nela. O cabelo vermelho estava preso em rabo de cavalo que deixava a mostra a clavícula desenhada como a minha e o desenho perfeito dos traços do rosto dela. As jóias delicadas faziam toda a diferença enquanto todas as outras usavam enormes colares e enormes brincos. 

Me identifiquei com seu jeito simples de ser. 

+++

Já era quase três da manhã quando finalmente eu fui liberada para ir embora. Chamei um táxi e saí sem levantar suspeitas pelos fundos do salão onde não tinha paparazzo. Ja estava morta de cansada e não via a hora de tirar aquele vestido. 

A noite tinha sido boa, tirando os encontros que tive. Mas eu não queria ir pra casa sozinha, em um táxi. Eu queria encontrar com ele, queria que ele me levasse pra qualquer lugar, queria fazer amor com ele, mesmo morrendo de raiva. 

- Você quer mesmo ir de táxi? - ouvi a voz dele atrás de mim enquanto eu abria a porta do táxi.

Me virei.

É claro que eu não quero.

- Boa noite, Kile. 

Ele riu. 

- Eu sei que você não quer.

- Então porque pergunta?

- Porque eu quero ouvir a sua voz dizendo isso.

- Vai ficar na vontade então. 

- Eadlyn nós precisamos resolver essa história...

- Você precisa se resolver. Eu juro pelo que você quiser, eu nao fiz aquilo! Eu nao tinha motivos para fazer aquilo.

- Eu sei, sei... 

- A sua irmã precisa urgentemente de um tratamento psicológico! 

- Por favor, não vamos falar sobre isso.

Ele beijou meu pescoço e eu fraquejei. Mas logo lhe dei um empurrão.

- Enquanto você não se resolver com a imbecil da sua irmã eu não vou...

Ele pegou a minha nuca e a minha cintura e me puxou pra ele. Seus lábios acariciaram os meus e mesmo relutando para me soltar de suas carícias, acabei caíndo e me entregando à tentação. 

Kile começou a me direcionar em direção ao carro dele e eu tentei relutar e voltar para o táxi, mas quando abri os olhos vi Josie parada nos observando. 

- Espera, Kile - afastei ele - Preciso pegar a minha bolsa, dispensa o táxi por favor.

Ele bufou e eu dei um sorrisinho, me aproximei dele e lhe dei um beijinho no canto da boca.

Voltei pra dentro do salão, conferi se Kile não estava olhando e parei na frente dela que estava borbulhando de raiva.

- Parece que hoje a vitoria é minha - pisquei sorrindo - Morra de inveja, oposição.

- Não por muito tempo - ela garantiu rangendo os dentes. 

Me diverti com a cara dela enquanto me olhava de cima a baixo e então fui embora com Kile daquela festa.