História A Flor - Otávio

Ouvi dizer que Ana Lúcia ia a festa da Primavera, corri a cidade e a encontrei, a mais bela flor, eu senti que agradaria a minha amada, talvez a fizesse me amar, pensei, mas ainda guardava no fundo do meu peito o medo do desprezo.
Cheguei cedo na festa, estava ansioso, ansioso para vê - la.
Quando finalmente a vi, tive absoluta certeza.
Certeza de que a beleza de coisa alguma a surpreendesse.
Não ela,  um ser que parecia irradiar toda a luz e beleza do universo.
Eu não podia, não tinha forças, nem coragem para me aproximar.
Tocaria seu ombro com leveza,  esperaria que me olhasse com aquela surpresa.
Ela podia dizer "Olá"
Eu responderia "Oi" com um sorriso bobo e tímido, então perguntaria se lembrava de mim,  que éramos vizinhos já fazia alguns meses e que desde que ela se mudou para minha rua meus dias pareciam mais iluminados e muito mais coloridos.
Diria que nada poderia expressar bem o que eu sentia, mas que aquela flor me fazia lembrar de seu sorriso, que eu esperava que ela gostasse e que não pensasse mal de mim,  que eu realmente não era um estranho psicopata apaixonado, mas apenas um vizinho um pouco estranho perdidamente apaixonado.
      Provavelmente nada disso daria certo.
      Então não o fiz.