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História Entre os Uchihas. - Precipício


Escrita por: 1corazon

Capítulo 1 - Precipício


Quando eu o reencontrei quase três anos após ele fugir para treinar com Orochimaru, eu sabia que a minha vida já não seria mais a mesma. Quando ele disse suas primeiras palavras após um estado profundo de sono, eu me senti paralisada à beira de um precipício. Quando suas mãos tocaram o meu corpo pela primeira vez, eu senti aquele precipício se abrir para mim e me chamar. Quando ele foi embora sem sequer olhar para trás, eu saltei.

Seis meses se passaram desde aquele encontro e eu ainda continuo caindo naquele buraco enorme e escuro. O vento que bate no meu rosto e bagunça meus cabelos rosados é a única prova de que eu estou viva e permanecerei assim até encontrar o fundo. 

Ouço o som do despertador gritar em cima do criado mudo mas não me mexo para desligá-lo. Do lado de fora do apartamento eu posso ouvir o som da gritaria dos comerciantes e os risos das crianças que brincavam sem preocupações na rua. 

O despertador finalmente parece desistir de me acordar e eu me viro para o lado da parede desistindo de viver mais um dia da minha vida. Meu quarto continua escuro por causa das grossas cortinas que mandei instalar e o apartamento dos meus pais continua silencioso mesmo quando o relógio marca dez da manhã. E continuará assim por um longo tempo já que eu moro sozinha nesse apartamento que agora parece grande demais pra mim. 

Meus pais não morreram, apenas decidiram ajudar as pessoas mais necessitadas e partiram em uma viagem longa. 

Continuo deitada pelo que me pareceu horas, apenas escutando os sons das pessoas vivendo. Não sei exatamente quanto tempo fiquei assim, mas de repente minha janela é aberta e a cortina afastada. Ouço o som dos passos pelo meu quarto e o som da sacola de plástico sendo colocada de forma delicada em cima da escrivaninha.

Não me viro. Eu não preciso me virar para saber que é Sai quem acabou de chegar. Não preciso me virar para saber que o olhar em seu rosto agora significa preocupação e que a sacola deve estar cheia de comida, porque sem a sua preocupação por mim eu estaria desnutrida e muito provavelmente morta.

- Trouxe comida. - ele anuncia o óbvio. 

Todos os dias ele vem e todos os dias ele diz as mesmas palavras. Sai não compreende muito bem as coisas. Passou muito tempo não sentindo nada ou apenas escondendo quaisquer resquícios de sentimentos para saber decifrar o que sente, o que torna a nossa situação completamente incomum. 

- Obrigada. Não precisava vir hoje. - digo e percebo o quão rouca está a minha voz, então limpo a garganta com uma tosse fraca.

Finalmente me levanto e me sento na beira da cama, o lençol desliza pelo meu corpo magro e cai no chão. Sai observa tudo aquilo com o olhar que ele direciona para mim todos os dias e que significa apenas uma coisa: preocupação. 

- Não tinha nada para fazer, então eu vim. 

É mentira. Ele tinha muita coisa para fazer agora que estava namorando a minha melhor amiga e rival, Yamanaka Ino. Conhecendo Ino como eu conhecia, provavelmente não sabia que Sai vem me visitar todos os dias e Sai provavelmente achou que não era necessário contar para ninguém sobre a nossa amizade estranha, principalmente para Ino. 

- O que você trouxe dessa vez? - perguntei para preencher o silêncio. 

- Uns bolinhos de arroz, frutas e um pedaço de bolo que a mãe da Ino me deu hoje de manhã. - Sai disse enquanto pegava a sacola e colocava a comida em cima da escrivaninha. 

- O bolo era para você, Sai. Não precisa me dar.

Eu me levantei e caminhei até a escrivaninha, peguei um dos bolinhos de arroz e sentei na cadeira. 

- É de laranja. Pude perceber que você sempre gostou mais desse do que dos outros.

Droga. Ele tinha razão. Eu amava bolo de laranja e sempre me sentia mais disposta quando comia, mas se aquele era bolo de laranja da mãe Ino, então estava uma delícia. 

- Ela deu para você. É seu. - Insisti. 

Embora eu amasse bolo de laranja, a mãe da Ino deve ter feito especialmente para Sai. Eu não me sentia bem comendo o que não era meu. 

- Eu já comi a minha parte. - Ele disse e tirou o pedaço de bolo de dentro de uma vasilha pequena. - Essa aqui eu guardei para você. 

Pisquei surpresa. 

Ele havia dividido em dois pedaços para que pudesse trazer para mim também. Em meu coração senti uma sensação boa que eu já não sentia a muito tempo. 

Olhei para Sai agradecida por se lembrar de um detalhe tão pequeno como esse e então peguei um pedaço do bolo e comi.  

O gosto estava ótimo, como sempre. E eu precisava admitir que a mãe da Ino era uma excelente cozinheira. Em menos de dois minutos eu já havia devorado o bolo e estava comendo uma das frutas que Sai havia trazido. 

- Obrigada pelo bolo, Sai. Estava maravilhoso. - Sorri com gentileza. 

Sai não disse nada em resposta, apenas continuou sentado na janela enquanto observava o movimento na rua. 

Eu não o conhecia tão bem, precisava admitir. Além do seu passado como um ninja Anbu e da sua paixão pela arte, eu não sabia do que ele gostava, o que ele fazia nas suas folgas ou qualquer outra coisa que amigos compartilham entre si. Eu não sabia quem era Sai. 

Nossa amizade começou de repente. Eu tinha um segredo que ninguém podia saber, mas que Sai de alguma forma descobriu e me ajudou a enterra-lo, literalmente. Desde então ele me visita todos os dias e me traz comida. As vezes ele não fala, apenas anuncia sua chega e me ver comer tudo, então vai embora e só aparece no dia seguinte. 

Quando terminei de comer o último bolinho de arroz, observei Sai e sua expressão neutra para a rua. Mordi os lábios sabendo que hoje era um daqueles dias em que ele precisava de alguém para trazê-lo de volta ao mundo. 

- Como você está? 

Sai não me olha, mas eu sei que ele vai responder. 

- Não sei. - Ele é sincero com o que fala. 

- É um daqueles dias então. - Penso alto. 

Sai se vira para mim. 

- Como?

Ah, ele não sabe. 

Ele não sabe que há dias em que ele se perde em seus próprios pensamentos e a comunicação com ele se torna difícil. Não que ele se torne chato, ao contrário, ele de repente para de falar e fica em silêncio. Ele responde, mas apenas o básico. Seu semblante muda e suas sobrancelhas ficam enrugadas. 

As vezes eu chegava a acreditar que ele era como eu. Alguém que as vezes acabava perdendo a luta contra seus próprios demônios. 

- Ah, é que… - Fui interrompida por uma batida na porta da entrada do apartamento. 

Sai se esticou para olhar através da barra de segurança da varanda e piscou. 

- É a Ino. - Ele quis se levantar e eu sabia o que ele ia fazer. 

- Não, não chama ela. - O impedi. - Ela vem as vezes. Deixa algumas flores ou comida na entrada e então vai embora. 

Sai voltou a olhar para fora e eu soube que ele compreendia o que eu queria dizer. Ino não podia me ver daquele jeito. Eu já me sentia mal o suficiente não atendendo aos seus chamados ou a ignorando quando ela vinha me visitar, mas ver o olhar que eu sabia que veria em seu rosto seria demais para mim. Eu não precisava de mais uma pessoa se perguntando o porquê disso. 

- Ela se foi. - Sai avisou. 

- Obrigada. 

Ele se levantou e eu soube que precisava ir. Agradeci pela comida e limpei rapidamente o que eu havia sujado, assim Sai não encheria o meu saco. Quando ele se foi eu mergulhei novamente na escuridão.


Notas Finais


Depois de alguns anos sumida e procrastinando tudo o que eu podia procrastinar, eu resolvi aparecer e tentar novamente escrever algo descente.
Graças a insistência e o amor da minha amiga Daythi por essa história eu resolvi reescrever ela e ver no que dá, então é isso. Eu posso demorar com os capítulos, mas vou está me esforçando pra trazer sempre alguma coisa nova e boa para vocês.


Até mais.


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