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História A Forbidden Love - Amor proibido


Escrita por: Juny_Grace

Notas do Autor


Oi Oi :D
Como prometido, eu voltei u-u
Vamos conversar mais ali em baixo, ok?

Capítulo 38 - Amor proibido


Bateu com tanta força no despertador que temeu tê-lo quebrado. Estava atrasado, para variar. Sempre estava, mas esse ano, queria ser diferente.

Estava no ultimo ano do colegial, no ano seguinte estaria na faculdade, e se recusava a sair da escola com a fama entre os professores de “atrasado do ano”. E justo naquele dia, uma linda e maravilhosa segunda feira, tinha a exata aula que não poderia atrasar.

Saiu da cama com um pulo, sem nem ao menos ter o trabalho de arrumá-la, correu para o banheiro e tratou de entrar debaixo do chuveiro. Tomou um merecido banho às pressas, que mesmo assim teve o bom senso de acalmá-lo. Trocou-se com a camisa branca e a calça preta e saiu do quarto, mas acabou por voltar e arrumar a bendita cama de casal que havia deixado para trás.

Ele e seu maldito TOC.

Perdeu bons cinco minutos para estender o lençol e ajeitar os travesseiros. Com os cadarços do tênis ainda desamarrados, correu pelo piso de madeira fazendo aquele ruído de borracha que tanto abominava até a cozinha, onde voou para a geladeira inox e vasculhou entre suas frutas e iogurtes até achar seu precioso Danone Azul. Voou a mão pela gaveta de talheres e puxou uma colher de prata para comer o ultimo pote do doce com uma barrinha de cereais. Fez uma anotação mental de comprar mais de seu manjar dos deuses.

Como era mais atrapalhado que o de costume quando estava com pressa, jogou o potinho de plástico na pia de mármore negro e a colher no lixo, só depois de dez segundos reverteu o engano. Desceu os dois degraus que separava a cozinha kitchen da sala rebaixada – espaçosa o bastante para seu despojo – e atirou-se no sofá de canto vermelho, amarrando os cadarços e apanhando a mochila azul.

Parou rente a TV Smart de 72 polegadas suspensa na parede para arrumar o cabelo bagunçado antes de apanhar as chaves no criado mudo próximo a porta e o celular, escancarando a porta decorada com uma belíssima árvore entalhada nesta, batendo-a logo em seguida, desculpando-se mentalmente com os vizinhos que dormiam.

Correu para o elevador, apertando freneticamente o botão vermelho até que este ficasse verde e as portas de metal se abrissem e ele pudesse entrar descontrolado.

— Opa – equilibrou as sacolas nos braços assim que o moreno lhe esbarrou – cuidado. Onde é o incêndio?

— Desculpe – pediu – estou atrasado. De novo.

Balançou a cabeça, o cabelo loiro brilhando contra a luz dos lustres no corredor. Os olhos azuis tranquilos e sorridentes.

— Me passe esse manual de como começar bem o ano – passou por ele com cuidado para não derrubar suas compras dos sacos de papel – comprei seu Danone.

— Obrigado. Você tem a chave, certo? Pode deixar na geladeira, por favor?

O loiro deu mais uma olhada no garoto a sua frente e suspirou cansado, entrando novamente no elevador antes as portas fecharem.

— Francamente, você não consegue nem se vestir sozinho?

Franziu o cenho para ele.

— O que quer dizer? – Perguntou confuso.

— Quero dizer – depositou as sacolas no chão no exato momento em que começaram a descer, e a musica típica de elevador soou baixa naquela manha – que você parece uma criança abandonada pela mãe.

Aproximou-se do moreno, mostrando seus bons cinco centímetros de altura a mais que ele, e desabotoou sua camisa completamente amassada e abotoada nos lugares errados.

— Se eu tivesse uma mãe ela estaria ofendida agora – revirou os olhos verdes – não tenho tempo pra isso, Luke.

— É por isso que, como um bom irmão que sou, me mudei para o apartamento da frente – voltou a abotoar a camisa de baixo para cima, tapando a barriga sarada, escondendo o peito másculo – para ficar de olho em você, pivete.

— Eu já tenho dezoito anos – revirou novamente as íris esmeralda.

— E ainda assim não sabe se vestir – riu alto terminando de abotoar a camisa branca, alisando o tecido fino no corpo esbelto para tirar os vincos fortes. Vagou as mãos grandes pelo cabelo desgrenhado e molhado, deixando-o menos monstruoso do que estava anteriormente. – Pronto, parece menos um mendigo agora.

— Vá se ferrar – empurrou-o de leve, fazendo um bico do tamanho do mundo.

— Tudo bem, já vou. É assim que você me agradece por tudo que faço por você – ofendeu-se. Assim que as portas se abriram dando vista para a garagem ampla, puxou-lhe o queixo e lhe beijou carinhosamente a testa. – Boa aula, irmãozinho.

— Obrigado – sorriu maroto e correu pelo estacionamento, rumando direto para seu carro.

— E tome cuidado por ai – gritou apanhando suas sacolas do chão – dirija com cautela... – Morreu no final da frase quando ouviu os pneus do carro cantarem no asfalto liso. Suspirou pesado balançando a cabeça. – Um dia ele ainda me mata.

Virou-se novamente e apertou o botão do térreo.

 

 

No interior da Ferrari 458 Itália preta, plugou o iPhone 8 no painel de controle e as luzes azuis neon fizeram a maquina ganhar vida.

— Ligar para contato um – disse alto.

Controle voz acionado. Discando para contato um.

Enquanto mantinha os olhos firmes nas ruas e aumentava gradativamente a velocidade, o telefone tocou a chamada em espera.

Onde você está? – Questionou a voz feminina indiferente.

— Na quinta com a duzentos e trinta e cinco – respondeu olhando uma das placas no alto dos semáforos – quer carona?

Já estou aqui, cabeça de algas.

— O que? Que horas são?

Sete e cinquenta e cinco. Respondeu o painel do carro.

Você está atrasado – lembrou.

— Eu sei – bufou irritado – chego ai em quatro minutos.

Três – corrigiu – os portões estão fechando.

Praguejou irritado e desligou sem se despedir. Pediu desculpas a Luke mentalmente e pisou no acelerador. A Ferrari roncou alto, o motor aqueceu ainda mais e os pneus cantaram novamente enquanto a maquina ganhava velocidade. Atravessou cinco quadras em menos de um minuto, girou o volante num movimento brusco derrapando entre os carros no estacionamento do prédio, parando exatamente em sua vaga reservada.

Assim quem saiu do veiculo e correu para as escadas, sentiu-se um piloto de fuga e parabenizou-se por estacionar tão bem em um lugar tão apertado. Os dias de atraso o fizeram ganhar experiência para a pratica.

Correu escadas acima e entrou antes dos portões fecharem. Permitiu-se suspirar aliviado. Caminhou pelo corredor pouco movimentado até a ala dos armários, recostou-se no seu e começou a girar a combinação, antes de ser interrompido por dois livros grossos de capa marrom tapando sua visão.

— Você sabe minha senha? – Apanhou os livros que lhe eram oferecidos visivelmente indignado.

— De nada – sorriu para si, os lábios finos brilhantes pelo gloss labial. – Bom dia pra você também.

— Bom dia Annabeth – riu alto seguindo lado a lado com a garota pelo corredor até a sala de aula.

— Vejo que topou com Luke no elevador – olhou sugestiva para a camisa do garoto bem arrumada e o cabelo por pentear. Jogou o próprio cabelo comprido pelos ombros, o movimento dos cachos loiros balançando no meio das costas finas.

Bufou irritado.

— Seu namorado é irritante.

— Engraçado – prosseguiu batendo a minissaia de pregas do uniforme – ele diz a mesma coisa de você.

— Obrigado por me defender – ironizou assim que chegou à sua sala, abrindo a porta para a menina.

Os olhos prateados cintilaram para ele no rosto fino e delicado.

— Não há de quê – e entrou primeiro.

Ele fez menção de entrar, mas a outra pessoa apareceu ao seu lado, então permitiu que ela entrasse primeiro.

— Bom dia senhor Brunner – saudou receptivo.

— Bom dia, Percy – bateu de leve em seu ombro adentrando a sala. Assim que o garoto o seguiu e fechou a porta atrás de si, o homem de meia idade se virou para ele – está atrasado.

— O que?! – Indignou-se, levantando riso dos demais alunos – Eu acabe ide chegar! O senhor viu.

— O ultimo a entrar na sala de aula é o professor, meu caro Percy. Todos que entram após ele são considerados atrasados. – Lançou-lhe um sorriso maroto – Agora sente-se, vamos começar a aula.

Bateu na própria testa com a palma da mão e deslizou-a pelo rosto. Passou pelas carteiras ocupadas na frente das fileiras e deslizou para a sua vaga, sentando-se em silêncio à frente do garoto pálido que o encarava curioso.

Antes que o mesmo pudesse abrir a boca, ele se virou e lhe apontou o indicador ameaçadoramente.

 — Não comece – resmungou firme.

O garoto deu de ombros com um meio sorriso que o fez virar para frente novamente. Ao fazê-lo, Percebeu os cachos perfeitos de Annabeth sobre sua carteira. Como de costume, era aula de historia, a aula na qual Percy não fazia muita questão de prestar atenção. Como sempre naquelas aulas, ocupava os dedos com o cabelo da amiga, e ao fim do dia, Annabeth sempre o agradecia por lhe acabar com os nós.

Após dez minutos do inicio da aula, Percy havia retirado todos os nós do cabelo comprido de Annabeth, e agora ocupava-se com uma trança cascata, até um pequeno papel dobrado voar-lhe na mesa.

Pegou o papel entre os dedos e leu em silêncio.

Carne nova no pedaço.”

Reconhecendo a caligrafia redonda, olhou para a esquerda, encontrando os olhos azuis debaixo dos fios loiros do amigo. Will lhe indicou com o queixo seu lado direito. Quando Percy girou a cabeça, pousou os olhos sobre outro garoto loiro; um que não havia notado na sala ainda. Olhava distraidamente pela janela, para o céu brilhante de primavera.

Voltou-se para o amigo e deu de ombros antes de voltar ao seu momento “cabeleireiro”.

 

 

Colocou o livro que pegara emprestado na biblioteca sobre os cadernos que carregava nos braços e continuou a andar pelo corredor ao lado dos colegas, rumo à saída.

— Estou dizendo que o boliche é melhor antes do shopping – argumentou Will.

— Concordo – Nico lhe apanhou a mão que balançava ao lado do corpo. Entrelaçou os dedos com os do namorado, ajeitando a alça da mochila negra no ombro direito – podemos comer no boliche.

— Que tal um cinema depois disso? – Annabeth andava ao lado de Percy, já que o moreno ia na ponta – podemos ver aquele filme que você queria... Qual era o nome mesmo?

— Fallen – sorriu o moreno mais baixo. – Esperei tanto tempo pra assistir, nem acredito que vou.

— Pedi para Luke nos encontrar no shopping as duas – seguiu ela. – Tudo bem pra você, Percy?

— Aham – foi o que disse apenas.

Seguiram animadamente pelo corredor, o moreno em silêncio enquanto os outro conversavam animadamente sobre aquela tarde de diversão. Assim que viraram para a direita, ele bateu de frente com outra pessoa no corredor, derrubando todos os cadernos em suas mãos e o livro que pegara mais cedo.

— Droga! – abaixou-se às pressas para recolher os milhares de papeis espalhados.

— Desculpe – começou a voz indistinta, e logo outras mãos o estavam ajudando com os papeis – minha culpa.

— Não tem problema, estava distraído – amontoou os papeis avulsos e enfiou tudo dentro do caderno azul, restando apenas seu livro agora.

— Romeu e Julieta – leu alto enquanto se levantavam do chão. – Este livro é ótimo. – Entregou-o.

— Obrigado – sorriu apanhando o romance. – É um dos meus favori...

As palavras trancaram em sua boca quando ergueu os olhos para quem estava a sua frente.

Sua primeira impressão foi de estar olhando direto para a luz do sol. Quando olhou uma segunda vez, viu um lindo par de olhos azuis penetrantes o observando de perto. Era brilhantes e límpidos, tão azuis quanto o céu lá fora. Se prestasse atenção, podia ver pequenos fios arroxeados em meio a abundancia azul como se fossem raios cortando-lhe o céu interior. O cabelo loiro levemente bagunçado caia por sua testa naquela franja rebelde que lhe dava um ar de badboy. Era o loiro mais intenso que havia visto, bem mais loiro que o loiro de Luke, mais brilhante que o dourado de Will e aparentemente bem mais sedoso que os cachos e Annabeth. Tinha a pele clara, o rosto era anguloso e tinha uma pequena cicatriz no lábio inferior.

Não conseguiu desprender os olhos do rapaz nem por um segundo: era ele o rapaz de sua sala, que olhava o céu pela janela. Ainda mais agora, que podia jurar ter conhecido o garoto antes.

Seu coração disparou, batendo fortemente contra o peito como uma escola de samba. Sua respiração ficou pesada e um arrepio estranho percorreu sua espinha, simultaneamente um formigamento no estomago, como se tivesse borboletas na regiam.

— Desculpe – pediu o loiro, piscando embasbacado algumas vezes – tenho a impressão de que já nos encontramos antes.

— Sei bem como é a sensação – respondeu baixo, assentindo de leve.

Estendeu-lhe a mão.

— Jason – apresentou-se – Jason Grace.

— Percy – aceitou o cumprimento – Percy Jackson.

Naquele simples toque nasceu mais um arrepio, de ambas as partes, como uma fagulha de eletricidade estática. Correu por ambos os braços, arrepiando todos os pelos no trajeto. Viram-se presos em uma espécie de feitiço que rodeava apenas os dois; o mundo parou de girar, a brisa do corredor parou de soprar, o espaço todo se calou.

Restavam apenas eles dois ali.

— Você é o cara novo – a voz de Will arrancou ambos do transe, fazendo-os soltar as mãos. Percy recolheu a sua visivelmente corado.

— Sim, sou novo – piscou desnorteado, ainda encarando Percy nos olhos – quem são vocês.

— Sou Annabeth, estes são Nico e Will – o loiro mais alto sorriu radiante como um pedaço do sol e Nico limitou-se a acenar.

— Prazem em conhecê-los – sorriu para eles.

— Nós vamos ao shopping mais tarde – seguiu a garota – se quiser vir conosco, será bem vindo.

— Podemos lhe mostrar a cidade, caso não seja daqui – acrescentou Will rapidamente animado.

— Eu não sei...

— Vamos, vai ser divertido – instigou Annabeth. – Meu namorado também vai vir, somos legais, garanto.

Jason encarou a garota entusiasmada e migrou o olhar para as mãos dos dois garotos juntas. Logo após voltou-se para o moreno corado a sua frente, que evitava olhá-lo nos olhos.

Deuses, que lindos olhos verdes...

— Encontro de casais – deduziu. – Vela? – Perguntou baixo, apenas para ele ouvir.

 — Venha, por favor – suplicou num sussurro quase inaudível.

Jason sorriu, sorriu um lindo sorriso branco de dentes alinhados e brilhantes tão bem escovados. O halito de hortelã açoitou-lhe o rosto refrescante.

— Tudo bem – aceitou – vou com vocês.

 

 

Quando chegou em casa, teve três longas horas para fazer o almoço, lavar a louça e limpar o apartamento para enfim começar a se arrumar para a tarde com os amigos. Annabeth havia pegado o contato de Jason e o adicionado ao grupo dos cinco amigos.

Marcaram de ir primeiro ao boliche, depois ao cinema e finalmente ao parque.

Foi para o chuveiro e tomou um longo banho. Debaixo d’água, pensava em quais eram as possibilidades de ter encontrado aquele garoto em algum momento de sua vida. Sua memória não lhe proporcionava mais do que flashes de lembranças fragmentadas; seu sorriso, seu cabelo loiro, seus olhos azuis.

Azul. Como amava essa cor.

Assim que saiu do banheiro, não se deu ao trabalho de vestir uma cueca ou enrolar-se em uma toalha. Estava em casa afinal. Estava prestes a abrir a porta do closet, quando ouviu um ruído vindo da cozinha.

Estranhando a movimentação, foi até o cômodo apenas para se deparar com um Nico com as costas viradas para si, de frente para a pia, com uma faca nas mãos.

— Espero que não se importe se for com você – começou o melhor amigo.

— Não me importo – subiu os dois degraus – como entrou?

— Luke abriu a porta pra mim antes de sair com Annabeth – baixou a faca com forca, cortando alguma coisa.

Nico vestia preto da cabeça aos pés. Polo preta, jeans preto e all star preto. Seu próprio cabelo preto estava como de costume; liso, caindo pelo rosto, bagunçado. Nunca se lembrara da vez em que o moreno se dispusera a penteá-lo.

Nico levantou a cabeça, mas não atreveu-se a olhar para trás.

— Percy – chamou.

— Sim? – Aproximou-se mais.

— Está pelado, não é?

— Peladão.

Quando o moreno ia ofendê-lo, Percy o agarrou por trás, prendendo os braços finos em seu aperto, pressionando seu quadril nu contra o dele vestido. Nico gritou alto enquanto Percy o lambia a bochecha.

— Sai daqui seu nojento! – Retrucou debatendo-se.

— Diga que me ama – respondeu em seu tom brincalhão.

— Me larga!

Apertou-o ainda mais antes de soltá-lo.

— Quem deixou você comer minha melancia? – Instigou recebendo um olhar irritadiço.

— Eu como o que eu quiser. Vá se trocar logo seu animal, estamos atrasados!

— Calma – levantou as mãos em rendição – que estresse.

Retirou-se a tempo de ouvir um “parece um cachorro” que o fez rir.

Assim que voltou ao quarto, entrou dentro do closet aclopado na parede do quarto e fechou a porta. Tinha ali o que sempre quisera ter; uma coleção extensa de tênis. Apanhou seu Nike de cano alto azul e branco, puxou uma calça jeans azul da prateleira baixa de madeira, enfiou a mão na gaveta e pescou uma boxer azul. Levantou o olhar para os cabides e puxou uma blusa de mangas compridas xadrez e uma regata de capuz preta. Pegou suas meias e voou para frente do espelho.

Passou as pernas pela malha da cueca e ajustou o membro para a direita, vestiu a jeans azul sem nem ao menos notar que era sua calça favorita – rasgada nas coxas. O cós de sua cueca ficava por aparecer, as letras prateadas da Calvin Klein cursivas brilhando na malha. Colocou a regata e ajeitou o capuz ao seu gosto, passou desodorante nas axilas raspadas e amarrou a blusa xadrez de flanela na cintura. Calçou os tênis deixando-os por cima das barras da calça, correu para frente do espelho conferir o cabelo.

Não era difícil de arrumar. Esfregou uma quantia mínima de gel nas palmas das mãos e passou pelos fios castanhos entre os dedos, arrepiando-os de leve enquanto alguns deles insistiam em cair em sua testa. Resolveu não lutar muito nessa batalha inútil contra seu monstrinho de estimação.apanhou de sua caixinha de madeira, um brinco pequeno e brilhante. Espetou-o na orelha antes de borrifar um pouco do L’eau Par Kenzo que Nico o dera de aniversário.

Deu uma ultima olhada no espelho, virando de um lado para o outro, sentindo falta de alguma coisa indistinta. Deixou a sensação de lado com um grito de Nico para que se adiantasse.

Pegou o celular, a carteira e as chaves do carro.

— Estou pronto – anunciou chegando à sala.

— Até que enfim – levantou-se do sofá – não aguentava mais esp...

Os olhos negros arregalaram-se quando pousaram no maior. Abriu a boca pequena diversas vezes e consecutivamente ficou sem fala.

Franziu o cenho.

— O que foi? – Olhou o próprio corpo temeroso – Não está bom? Eu posso trocar...

— Não – adiantou-se sorrindo de lado – está perfeito. Está muito bonito, Percy.

Sorriu de lado.

— Obrigado – desceu os dois degraus – vamos, antes que nos atrasemos mais. – Abriu a porta e deu passagem para o melhor amigo – E se flertar comigo vou contar ao seu namorado.

— A, cale essa boca Jackson.

 

 

— Finalmente – ergueu os braços balançando a pulseira de prata – porque demoraram tanto?

— Nico estava assaltando minha geladeira como sempre – revirou os olhos unindo-se ao grupo incompleto.

— Isso é um absurdo! – Reclamou – Só comi uma fatia de melancia.

Annabeth revirou os olhos com as mãos na cintura.usava um cropped azul com estrelas de prata, short jeans e sandálias sem salto. O cabelo solto caindo pelos ombros, à barriga sarada exposta sem nenhum temor. Percy vagou os olhos para Luke, perguntando-se como deixara a namorada sair com aquelas roupas em plena luz do dia, mas calou-se quando viu que o irmão usava uma regata fina do tipo de academia, bem cavada nos braços e no peito, deixando os músculos de fora.

— Você não come melancia – ponderou Will. O loiro estava mais light, usando apenas bermuda azul e polo amarelo-alaranjada com tênis brancos.

— Tive vontade de comer – deu de ombros.

— Por quê? – Insistiu – Você abomina melancia.

— Ele está grávido – soltou alto como se fosse algo revelador.

Will fez-se de ofendido, entrando na brincadeira.

— Quem é o pai?

— Acho que sou culpado – Luke levantou a mão no fundo do grupo.

Annabeth que se recostava nos braços do namorado olhou-o indignada.

— Cretino!

— Desculpa gata – voltou-se para Nico – não resisto aos morenos.

Lançou-lhe um beijinho no ar. O moreno fechou a cara.

— Volte pro seu armário, Castellan.

— Só se você vier comigo neném – e eles caíram na risada.

Pouco antes de começarem uma nova brincadeira, o ronco de uma moto próxima à entrada do shopping chamou-lhes atenção. A R1 2016 reluziu na lataria azulada, o motor quente e os pneus grossos perderam o movimento quando ele desceu.

O colete jeans preto estava aberto, a camiseta azul clara debaixo deste carregava o nome de alguma banda que não soube qual era. A calça jeans igualmente preta estava larga no corpo, deixando a vista parte de sua cueca vermelha, os Adidas de cano alto chamando atenção pelos cadarços azuis florescentes. No rosto, óculos escuros estilo aviador. O cabelo levantado num topete arrepiado. No rosto, um sorriso sedutor.

Mais uma vez naquele dia o mundo de Percy parou de girar e o ar lhe faltou nos pulmões enquanto o loiro se aproximava. Tirou os óculos pendurando-o na gola da camiseta, revelando o tom azul eletrizante dos olhos claros.

— Desculpem o atraso – anunciou completando o grupo de seis.

— Na verdade, chegou bem na hora – Annabeth apanhou a mão do namorado – vamos.

 

 

— Como ficam os times? – Questionou Nico.

— Simples – Luke foi para o lado da namorada – nós – apontou para os quatro – contar vocês.

— O que? Isso não é justo! – Impôs-se Percy – Porque temos que dividir assim?

— Porque vocês dois são os únicos diferentes entre todos nós – respondeu Will com simplicidade.

Ia retrucar deselegantemente quando percebeu do que se tratava. Analisou a linha reta a sua frente, disposta pelos quatro componentes. Viu o degrade de amarelo começar em Jason e morrer em Luke. Nunca havia visto tantas pessoas loiras em um único lugar em toda sua vida.

Cruzou os braços.

— Ainda é injusto – resmungou.

— Ninguém mandou nascer moreno, cabeça de algas – apertou-lhe as bochechas com as unhas azuis compridas.

— Está desfalcado – interveio Nico – quatro contra três.

— Eu fico com vocês – Jason saiu do quarteto louro e juntou-se aos dois morenos, postando-se ao lado de Percy.

— Não era a isso que me referia – voltou a dizer. – Percy é horrível. Eu quero a Annabeth.

— Ei! – Ofendeu-se o de íris verde-mar.

O moreno deu de ombros brincalhão.

— Tudo bem – Jason sorriu brilhante – te ensinamos a jogar. Não pode ser tão ruim assim.

 

 

— Você é horrível.

— Eu sei – bufou jogando-se no sofá de couro que rodeava a mesa verde.

Sentou-se ao seu lado.

— Não gosta de boliche, não é?

— Nem um pouco.

Riu alto.

— De onde eu venho, se disser isso em voz alta, é expulso do shopping.

Endireitou a postura para ouvi-lo melhor.

— De onde você é? – Perguntou curioso.

— Londres – respondeu – sou inglês.

E foi ali que Percy deixou sua lerdeza de lado e reparou no sotaque minimamente arrastado e nos cílios quase invisíveis de Jason.

— Isso explica o visual bad boy.

— Isso é bom ou ruim? – Levantou uma sobrancelha bem feita.

— Depende – migrou os olhos verdes para a pista, onde Will fazia um strike.

— De que?

— De quem gosta – deu de ombros.

— Você gosta?

Piscou varias vezes com a posição direta do garoto. Percebeu também que não era de rodeios, perguntava na cara.

— Pode-se dizer que sim – ajeitou-se no sofá, inconfortável. – Jason riu alto. – Qual a graça?

— Você. É fofo o jeito que fica envergonhado com alguma coisa. Você cora – apanhou uma colher e colorou rente ao seu rosto – vê?

Percy encarou o próprio reflexo distorcido na colher. De fato estava corado, e mutilou-se internamente por isso.

Segundos depois, a garçonete trouxe um dos pedidos que fizeram. Colocou a pizza na mesa e ajeitou o uniforme vermelho e a minissaia arrebitada. Antes de sair, mexeu no cabelo ruivo e lançou um sorriso malicioso para Jason.

Percy sentiu-se ligeiramente incomodado com aquilo. Mas não soube o porquê.

— Parece que está afim de você – comentou em descaso, apanhando seu copo com canudo, sugando dali o refrigerante.

— Pode até estar – prosseguiu – mas não faz meu tipo.

Lançou-lhe um olhar curioso pelo canto dos olhos.

— Mesmo? E qual seu tipo?

— Morenos – respondeu apanhando uma fatia da pizza.

Percy engoliu o refrigerante em silêncio, digerindo a informação. Baixou os olhos para sua mão sobre a mesa e viu-a tremer; o braço arrepiado. Tentou ocupar a mente com outra coisa que não fosse a recente frase dita, mas não adiantou muito uma vez que o olhava pelo canto dos olhos, enquanto ele comia.

Os dentes brancos perfeitamente alinhados cortavam em pequenos pedaços a fatia de pizza que degustava. Mordia, puxava o queijo e mastigava de boca fechada, lentamente. Limpava os cantos da boca com um guardanapo – um perfeito lorde etiquetado – a única cosia que quebrava a aparência certinha era o fato de usar as mãos para comer, e não talheres.

Aquilo ardeu em Percy uma chama de atração fatal.

Apanhou outra fatia, percebendo seu olhar sobre ele.

— Você quer? – ofereceu baixo.

— Não, obrigado – desviou os olhos claros novamente para a pista, onde Annabeth pulava nos braços de Luke por um strike bem feito.

— Mesmo? Me parece que você quer – deslizou no sofá, aproximando-se mais dele. Chegou a colar sua coxa na dele. Estendeu a fatia próxima de sua boca – vá em frente. Pode comer.

Se perguntou o que diabos ele estava fazendo. E o pior ainda, se perguntou porque diabos ele estava mordendo a fatia que lhe era estendida, permitindo que Jason lhe desse de comer na boca.

Mordeu a massa macia e puxou o queijo, respingando um pouco de molho no canto esquerdo da boca.

— Droga – resmungou de boca cheia, vasculhando a mesa atrás de um guardanapo.

Jason riu baixo, apenas para os dois.

— Aqui, deixa que eu limpo – passou o polegar pelo rosto de Percy, sentindo a maciez da pele morena.

O rapaz estremeceu ao toque do outro, e abalou-se ainda mais quando o viu lamber o dedo e logo após sorrir para ele.

Não conseguiu não retribuir o sorriso.

— Ah, meu Deus do céu – a voz de Nico chamou a atenção de ambos os garotos para a frente da mesa, onde se encontrava o restante do grupo, analisando-os de pé.

— O que foi? – Perguntou o loiro visivelmente confuso.

— Você deu pizza pra ele – apontou.

— E daí?

— E ele comeu – continuou Annabeth, como se fosse obvio. Vendo que Jason continuava sem entender, ela prosseguiu – Percy odeia pizza.

Jason franziu o cenho, olhou diretamente para o moreno ao seu lado.

— Mesmo? – Assentiu minimamente. Sorriu – Não é o que parece.

— Parece que Jason esta surtindo um efeito além do esperado sobre você, maninho – instigou Luke.

— Cale essa maldita boca! – Retrucou revoltado fazendo os demais rirem enquanto reprimia-se emburrado.

 

 

Quando o filme acabou, já era noite, e eles partiram para o parque de diversões.  Decidiram ir andando, já que era próximo do shopping. Percy manteve-se em silêncio por todo o trajeto enquanto os outros conversavam animadamente.

Seus pensamentos divagaram sobre o que ocorrera mais cedo. Desde o encontro com Jason no corredor de manhã até os últimos momentos que passaram juntos até agora. E lhe era absurdamente estranho aquela sensação de eu já havia encontrado o loiro em algum lugar não lhe abandonar tão facilmente. Perguntava-se também porque seu coração batia tão forte quando se encostavam.

— Chegamos – Annabeth postou-se a frente do grupo antes de agarrar a mão de Luke – e adeusinho.

Ela arrastou-o para a direita, sumindo entre a multidão. Nico não ficou para trás naquilo, agarrou Will e correu para a esquerda.

— Isso é sério?! – Indignou-se o moreno.

— Parece que fomos abandonados – concordou o outro.

— O que faremos? – Olhou-o pela primeira vez em um bom tempo.

— Que tal irmos ali? – Apontou com o nariz fino para a construção caindo aos pedaços.

Percy engoliu em seco. Não gostava de casas assombradas.

— Tem certeza? – Trocou o peso de uma perna para a outra – Não parece muito divertido.

— Está com medo? – Olhou-o de soslaio.

Percy fechou a cara.

— Vamos.

E eles foram.

Era realmente uma casa assombrada. A primeira impressão que teve ao entrar no local era de que seria algo completamente infantil, mas cometeu um ledo engano ao se dar ao luxo de pensar algo semelhante a isso. Assim que ultrapassaram a porta da frente – que se fechou com um rangido – tudo ficou escuro.

Percy estremeceu de nervoso. Não conseguia ver nada a sua frente além de Jason. Afinal, o garoto era um ponto de luz no meio de toda aquela escuridão. Relutante e incerto, começaram a caminhar pela negritude.

Era possível ouvir ruídos de correntes e risadas arrastadas tão graves quanto à própria voz do moreno. Os passos eram falhos e o assoalho de madeira rangia sob seus pés. Não demorou muito para que o primeiro monstro aparecesse; um fantasma de ectoplasma cintilando no escuro. Era uma criança, uma criança que carregava uma cabeça decepada e sangrenta nos braços.

Engoliu em seco. Usar crianças era covardia.

O menininho branco correu em sua direção e desapareceu poucos segundos antes de colidir com suas pernas. Percy deu um pulinho que fez Jason rir alto.

— Calma cara, não precisa se assustar tanto assim.

— Cale a boca Grace.

Continuaram por mais alguns passos até uma nevoa branca subir do chão e lhes tirar a visão dos sapatos. Uma risada fina e baixa ecoou pelos cantos, fazendo-os olhar para os lados em busca da origem do som. Quando se viraram, encontraram o corpo imóvel de uma garota vestida de branco, com o cabelo negro caindo pelo rosto.

Percy gritou alto quando Samara lhe agarrou o pulso.

— Ei, calma cara – Jason tentou acalmá-lo, mas foi em vão.

 O coração de Percy disparou e ele correu para frente, mesmo sem saber para onde ia, correu sem rumo algum, deixando o loiro para trás.

 Teias de aranha grudaram em suas roupas, desviou das próprias aranhas cabeludas e gigantescas que as teceram, passou por sarcófagos e por múmias que gemiam e se arrastavam atrás dele. Caiu duas vezes por conta de zumbis que lhes agarrava os pés. Na terceira vez, quando caiu, permaneceu no chão, olhando estático para a figura a sua frente.

Era pálido, completamente pálido, desprovido de qualquer coloração de melanina. Uma folha de papel. Vestia preto e vermelho, os olhos eram verdes e hostis, diferentes dos seus próprios. E incrivelmente alto. Quando se inclinou sobre ele e mostrou os dentes falsos, Percy gritou ainda mais alto.

O vampiro se deliciou com aquela cena de terror e pânico do rapaz. Mas aquele deleite durou pouco, já que o próprio ator que encenava o vampiro foi afastado dali por outra coisa. Quando tudo ficou quieto, Percy atreveu abrir os olhos bem fechados.

No meio daquela nevoa, de pé em duas patas, olhando fixamente para ele, estava um lobisomem. Ele não gritou ou se moveu. Apenas ficou estático olhando direto nos olhos da criatura sanguinária. Eram vermelhos, vermelhos como sangue. Usava roupas rasgadas, tinha garras compridas e uma cauda peluda. Suas presas estavam expostas, babentas e bem afiadas, a boca aberta em um rosnado. Percy não conseguiu desviar os olhos da criatura, sequer teve tempo de ficar com medo. Fora incrivelmente atraído para perto dela.

Levantou-se lentamente aos tropeços e caminhou em sua direção, seus olhos não vacilavam por um segundo sequer. Quando estavam frente a frente, ele pode ver nos olhos do lobisomem, no meio daquele vermelho intenso, seu próprio reflexo. Sua mente brincou consigo novamente, dando-lhe feixes de memória de uma lua cheia e o bosque de Washington numa noite escura perto do lago.

Piscou diversas vezes, confuso. Quando focou a visão ele não estava mais lá.

— Percy! – Ouviu Jason gritar eu nome a distancia e se virou a tempo de ver o loiro correndo até si – Ai está você.

— Jason, eu...

E ele o abraçou.

— Me desculpe – pediu – não sabia que tinha tanto medo assim.

Percy ficou estático com o contato repentino. Não sabia como reagir a tal situação, tão pouco como deveria se portar. Apenas deixou seu coração que batia forte falar mais alto e permitiu-se abraçá-lo também. Enterrou o rosto na curva de seu pescoço e aspirou o perfume amadeirado. Notou que Jason era maior que si.

— Fiquei com tanto medo... – Sussurrou baixo.

— Tudo bem, já passou. Estou aqui agora – tranquilizou-o – venha, segure minha mão e fique de olhos fechados. Vou te levar pra fora daqui.

Ele apenas assentiu e fechou os olhos, permitindo que sua mão fosse tomada pela dele e seu corpo guiado na escuridão.

Era fria, tão fria quanto um floco de neve. Porém, tão macia quanto um mar de pelúcia. Passou longos minutos naquele estado, Jason não lhe deixara só nem mesmo no silêncio daqueles sons horríveis, sua voz sempre o confortando. Quando saíram, ele abriu os olhos e deparou-se com aquela multidão rindo e se divertindo.

Suspirou aliviado.

— Graças a Deus.

— Desculpe, Percy – pediu novamente. Os olhos azuis o encararam com tristeza e ressentimento – eu juro que não sabia que iria ficar tão assustado.

Remexeu-se desconfortável.

— Tudo bem – abraçou o próprio braço com a mão livre.

Quando Jason soltou sua mão, ambos notaram que ela tremia. Realmente fora um grande choque para o moreno.

— Acho que podemos ficar assim mais um pouco – apanhou novamente sua mão causando-lhe choque térmico pelo contato frio com o quente do próprio corpo. – Onde quer ir?

— Pra longe daqui – olhou por cima do ombro para a casa aos pedaços. – Por favor.

— Tudo bem. Vamos.

Jason o guiou e manteve-se lado a lado com ele. Percy se quer prestava atenção onde estavam indo, estava tão concentrado em manter o coração ritmado e a respiração compassada por conta de suas mãos juntas que nem percebeu quando pararam em frente a uma cabine de fotos.

— Quer tirar umas fotos? – Perguntou divertido.

Olhou-o desconfiado.

— Quer tanto guardar uma recordação minha? – Provocou.

— Digamos que você vale a pena – sorriu arrastando-o para dentro da cabine.

Colocou uma nota de um dólar na maquina e deu-se inicio a sessão de flashes.

Eram poses atrás de poses. Caretas atrás de caretas. Invertiam as posições, gritavam um com o outro, riam e se divertiam. Quando as fotos acabaram, ficaram tão entretidos com a brincadeira que colocaram mais um dólar na maquina para fazerem tudo de novo.

Aquela arruaça dos dois estava divertida afinal, fizera o moreno esquecer do ataque de pânico de poucos minutos atrás. Ficaram mais de vinte minutos naquela cabine, tirando fotos atrás de fotos. Na ultima foto, Percy apanhou os óculos de Jason e os equilibrou na ponta do nariz. Aproximou-se do loiro e mordeu-lhe a orelha no exato instante em que o flash bateu.

— Como você é ousado – comentou divertido analisando a foto.

— Sexy sem ser vulgar – respondeu entregando-lhe os óculos.

O maior guardou o envelope com as fotos no bolso do colete e correu para uma lojinha pequena de fachada vermelha e creme. Percy ficou sem entender, então apenas o esperou do lado de fora. Quando retornou, com as mãos para trás e um sorriso mínimo nos lábios, aproximou-se do moreno e lhe entregou uma flor.

 — Se você gosta de romances como Romeu e Julieta provavelmente gosta disso.

Percy apanhou delicadamente a rosa vermelha de sua mão, maravilhado pela beleza da flor. Era um fato que amava rosas, mas ninguém sabia disso. Nem mesmo Nico, que era seu melhor amigo. A verdade era que sempre ia a parques e jardins botânicos por causa de tais flores, sempre alvejara o perfume delicado e a beleza estonteante das rosas.

— É linda – comentou baixo, levando-a ao nariz. Aspirou o perfume doce e sorriu bobo antes de olhar o rapaz nos olhos azuis – obrigado.

O loiro sorriu mais abertamente antes de apanhar novamente sua mão, entrelaçando seus dedos.

— Me daria à honra de um ultimo passeio?

Entrando naquele clima mais pacífico, Percy não resistiu ao encanto do inglês.

— Claro.

Jason o guiou pelo parque uma ultima vez, por entre aquela multidão fervente de casais e adolescentes a procura de diversão. Percy se perguntava se os outros estariam se divertindo tanto quanto ele naquele momento. Mas o que mais lhe intrigava, era o porquê de não estar resistindo a Jason daquela forma.

Quando se aproximaram do lugar, Jason o puxou para um banco, onde os dois se sentaram lado a lado. As barras de ferro desceram, por segurança, Percy segurou-a firmemente. Quando o brinquedo começou a se mover, o céu ficou cada vez mais perto.

— Eu gosto do céu – comentou ele. – Me faz sentir livre.

Olhou-o pelo canto dos olhos esmeraldinos. Era um contraste contra a escuridão noturna. Um ponto brilhante em meio as trevas, como um vagalume em meio ao mato.

Jason chegava a brilhar.

— Eu gosto das estrelas – respondeu olhando as varias constelações acima deles – e da lua. Sempre gostei de ambos.

Jason se virou para ele, olhando diretamente nos olhos.

— Não consigo tirar você da cabeça – disse por fim. – Sei que já o vi em algum lugar. Parece que lhe conheço há anos.

Percy apertou de leve o caule de sua rosa.

— Tenho a mesma sensação. É como se um dia nós já estivéssemos juntos. Como se fosse de outra vida.

Balançou a cabeça, riu nervoso.

— Eu gosto da forma como você pensa. Parece tão apegado ao passado que não viveu quanto eu já fui um dia.

Sorriu singelo.

— Sinto que devo te agradecer por alguma coisa. Só não sei a que.

Enquanto subiam, eles se aproximaram mais o banco.

— Obrigado, Percy. – Disse por fim.

— Por?

— Por não ter desistido de mim. Por não ter me entregado e por ter lutado por mim até o fim.

Os olhos verdes reluziram o brilho azul.

— Obrigado por não me deixar sozinho quando eu mais precisei de você – completou o moreno. – Obrigado por sempre estar comigo e por não abrir mãos de nós.

Quando pararam de subir, o banco balançou no alto.

A roda gigante era o pico mais alto de todo o parque. De lá de cima, podiam ver as luzes de toda Washington iluminar os cantos mais remotos. A brisa fria daquela noite de primavera trazia o frescor das flores dos campos e jardins espalhados pela cidade. No céu não havia nada além das lindas e brilhantes estrelas e a majestosa lua. Sequer um resquício de nuvem para atrapalhar aquela linda visão.

Percy manteve os olhos fixos nos de Jason, desfrutando daquele momento onde podia olhar descaradamente cada detalhe de seu corpo sem ninguém lhes atrapalhar. Os cílios quase invisíveis, o maxilar anguloso, o queixo redondo, as bochechas rosadas, os lábios carnudos e finos, o nariz perfeito.

Sem nem ao menos se segurar, acabou por cortar aquela mínima distancia lentamente entre eles com um pacifico colar de lábios. Simples, ocasional e redondamente verdadeiro.

O sabor de morango explodiu na boca de Percy quando ele entreabriu os lábios e Jason correspondeu ao beijo adentrando sua boca com a língua. Era um misto de êxtase e frenesi, como uma bebida alcoólica misturada ao gelo. Seus pés balançando para fora do banco iam para frente e para trás conforme eles se moviam ali sentados. Os lábios de Jason eram macios e firmes, frios e doces. Sentia o gostinho meio amargo dos morangos no final de cada toque sutil.

Assim que se separaram do longo toque, entreolharam-se delicadamente.

— Seria estranho se eu dissesse que senti falta disso? – Sussurrou ele.

— Seria estranho se eu dissesse que também senti?

Balançou a cabeça, colando sua testa a dele, permitindo que seus cabelos mergulhassem um no outro.

— Você me enlouquece, Percy.

— Isso é bom ou ruim?

Sorriu abertamente.

— É ótimo.

Percy retribuiu o sorriso e levou a mão livre até seu rosto, acariciando-o de leve.

— Posso dizer uma coisa? – Afastou-se minimamente para olhá-lo melhor.

— Claro.

— Eu sempre vou te amar, Jason.

Retribuindo o gesto, pousou a mão clara em sobre a sua.

— Eu sempre vou te amar, Percy. Pela eternidade.

Mais um flash de memória passou em sua mente, o que o fez piscar desnorteado.

— Posso te fazer uma pergunta? – Continuou – É algo que sempre quis te perguntar.

Anuiu.

— Claro.

Respirou fundo.

— Quer namorar comigo?

Percy ficou estático e logo após sorriu. Sorriu um sorriso branco e cheio de dentes.

— Existem coisas que não precisam de perguntas. Já que a resposta é tão obvia.

Jason retribuiu aquele sorriso puro e inocente e se curvou no banco para beijá-lo uma vez mais. Desta vez, um beijo mais intenso, mais forte, mais recheado de sentimentos recíprocos. Amor, paixão, saudade, luxuria, prazer. Cada um deles transbordando nos corações de ambos, resgatando resquícios de um passado distante que acabara por vir à tona. Cada um deles trazendo de volta aquela velha chama que nunca deveria ter sido extinguida. As chamas de uma paixão que incendeia qualquer corpo e se prolifera por entre as gerações. Uma chama que não se deixa oprimir perante as eras. Uma chama que nunca mais se apagaria. Uma chama que apenas os dois poderiam acender e levar adiante por vidas e vidas pela eternidade imortal. Uma chama de um amor intenso e surreal que ultrapasse qualquer expectativa de vida. Uma chama de um amor que consome, que fortalece e faz querer viver.

Uma chama de um amor proibido.

 

 


Notas Finais


Bem, este é o fim pessoal.
Espero que tenham gostado da fanfic, e que o fim tenha agradado a todos vocês.
Para quem não entendeu direito, Will acabou usando um feitiço que levou todos para outra realidade distante daquele em que eles estavam vivendo. Acabaram por viver em um mundo onde não haviam sobrenaturais, onde Annabeth e Luke nunca morreram ( sim, Luke morreu u-u ), um lugar onde Jason não existiu há trezentos e cinquenta e quatro anos e Percy nunca foi um lobisomem. Nico sempre fora Nico e Will também. Nenhum deles se lembra de nada do que aconteceu um dia, apenas Percy tem seus Flashes de memória daquele passado junto de Jason, afinal o amor deles nunca irá morrer. Sempre que renascerem, estarão fadados a se encontrar e ficar juntos :D <3
Agradeço muito a todos os comentários e peço mil desculpas se a história não ficou do agrado de vocês. Sinto muito se fugi completamente da realidade e se deixei a história chata, repetitiva e sem nexo nenhum.
Juro que queria fazer uma fanfic legal, já que todas que li de Jercy não tiveram nada além das mesmas coisas; os dois se odiando e se pegando pra transar por ai.
Não foquei tanto em lemon, foquei mais na história de amor dos dois, e por esse motivo acho que muitos de vocês querem me matar pro não ter um lemon.
ME PERDOEM!
É isso.
Fico muito feliz por terem gostado e ainda mais por favoritarem e comentarem.
Vocês moram aqui ó <3
Vejo vocês na próxima fanfic!
PS: Que não vai demorar pra sair ;)

XoXo
~SonOfHades


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