História A Força Desse Amor - Eu Te Odeio!

POV MÔNICA

As semanas foram passando rapidamente, tivemos alguns ensaios do trabalho, e pelo visto vai ser um trabalho bem doido, mas precisamos ensaiar pois toda escola vai assistir. Por esses dois meses tivemos outros trabalhos e provas pra fazer, como sempre nos finais de semana passo muito tempo com Magali, mas vi que ultimamente ela anda se aproximando muito, MUITO MESMO de Cascão, muito além do normal! segundo ela é por causa do trabalho, mas não sei... Tem algo diferente neles... Eu me afastei demais do Cebola, nunca ficamos tão afastados como agora... só nos vemos no ensaio que por enquanto só deu pra passar a primeira parte da cena, mesmo depois de todo esse tempo...

É que o gênio do Licurgo só está ensaiando uma vez por semana e criou tantos grupos com no máximo 4 pessoa numa sala inteira, que quando chega a nossa vez só dá tempo de ensaiar a primeira parte, que é a parte que não tem beijo, ainda bem... Magali e Cascão estão na mesma situação que nós, apesar de terem ensaiado um na casa do outro algumas vezes, coisa que Cebola se recusou a fazer comigo (isso fez doer meu coração mais uma vez) Magali e Cascão ainda não ensaiaram a cena do beijo, disseram que vão deixar no improviso quando for necessário... Concluindo, somos os únicos dois grupos que ainda não ensaiou tudo... Então pra isso mudar, licurgo resolveu começar com a gente dessa vez.
Cebola nos últimos dias está me ignorando também, assim como eu fazia com ele, ou até pior, cada vez que passo por ele vejo um gelo no olhar... Ele nem tentou mais se explicar de nada, isso fez meu coração doer demais, mas quem tá sempre lá pra me apoiar é o Toni, ultimamente saímos muito juntos como amigos, rindo, conversando, e ele é um cara bem legal, super bem humorado, e como sempre muito cavalheiro e gentil comigo. A turma ainda não vai muito com a cara dele, mas aprenderam a respeitá-lo mais...
Hoje estamos todos aqui no auditório só esperando o professor louco chegar pra começar mais um ensaio.

Licurgo - EU NÃO SOU LOUCO!! - O professor entra no auditório, feliz e animado.

Denise - Bom dia pra você também, Monamu! - Disse, se aconchegando numa das cadeiras do auditório.

Carmem - Ai.. Quando é que vamos terminar esse trabalho, hein? Já sei minhas falas de cor... - Impaciente, ela mexia nos cachos.

Licurgo - Em breve, minha cara!...Como prometido, hoje vamos começar com Magali e Cascão.

Cascão e Magali sobem ao palco

Cascão - Bom como já sabem, tivemos como inspiração em filmes de Comédia romântica.

Magali - Espero que gostem... - Um pouco tímida, ela se prepara pra encenar.

As luzes diminuem e a cena começa.

- Aiii - Disse a garota trombando com alguém e derrubando seus livros - porque não olha por onde anda? Derrubou todo meu material e...

- Desculpa Eliza, mas você também com esses óculos gigantes poderia muito bem enxergar onde vai! - Disse o rapaz ajudando a moça pegar o material do chão.

- Mas tinha mesmo que ser você, né? Tanta gente pra esbarrar nesse mundo e me vem logo Diego playboyzinho babaca do colégio.

- Por que tem tanto ódio de mim garota?

- Porque você é como todos! Só enxerga aparências! Adora estar com uma garota diferente por dia, rodeado de meninas com corpo perfeito! Não sabe que por trás de uma garota comum pode estar uma garota cheia de sentimentos. Garotas como eu nesse mundo só sabem receber xingamentos, julgamentos, e patadas, tanto de meninas quanto de meninos, já tô cansada de ser tão invisível! Você que é popular não sabe quanto dói ser chamada de quatro olhos pelos corredores, não sabe o quanto dói quando falam, "você é tão magra que é a única mulher do mundo com duas costas" - Disse a moça vendo o rapaz rir com a última frase dita. - Ahaaa tá vendo?! Você ainda ri, olha quer saber, não sei nem porque estou me abrindo com você.

- Espera... - Ele segura em seu braço a fazendo voltar - E você? Não sabe que por trás de um garoto rico também pode haver um garoto inteligente que queria muito ser alguém comum - Disse ele se aproximando cada vez da garota - ...e amar a garota que amo de verdade e não fingir que ama outra por medo do que vão pensar de você.

- Seria ótimo se esse garoto realmente existisse... - A menina se encolh timidamente pela a proximidade do rapaz, - Mas os lindos só amam os lindos e ricos só amam ricos, ninguém iria gostar de alguém como eu...

- Pois eu estou aqui pra provar o contrário.

Cascão se esqueceu totalmente do trato deles que de um modo improvisado, apenas se beijariam no dia da apresentação, mas ele estava tão enfeitiçado ao ficar tão próximo de Magali que se esqueceu de estar no ensaio, se esqueceu da plateia, se esqueceu de tudo e todos, e não resistiu, Cascão com carinho segurou Magali pela cintura, e lhe tascou um beijo lento de cinema. Magali apenas fechou os olhos o sentindo e pareceu corresponder completamente até que as palmas, os gritos e os "UHULLLS" da turma os interromperam.

Denise - Arrasaram gatos!! Uhulll - Ela gritava junto com a plateia

Mônica - Ameiii!! - Eufórica e feliz pela amiga, ela batia palma.

Magali - Er.. Valeu gente - Ela se vira para a plateia, cheia de vergonha.

Cascão - É melhor a gente descer daqui - O rapaz cochicha para Magali também morrendo de vergonha.

Magali - É

Mônica - Amiga!! O que foi aquilo? - Assim que Magali saiu do palco, Monica a puxou querendo "explicações".

Magali - Ai, não sei, a gente não ia se beijar mas eu.. Eu não sei... Eu.... Aii - A comilona sente um forte esbarrão dado por Cascuda enquanto a loira e saía do auditório. - Acho que ela não gostou muito.

Mônica - Hum e quem liga? O importante é que vocês arrasaram!! - Disse dando um forte abraço na amiga.

Do outro lado do auditório, Cebola e Cascão conversavam.

Cebola - Caramba cara, ou você atua muito bem, ou você e Magali estão...

Cascão - Ainda não, mas... - Ele chega respondendo o amigo e sentando na poltrona ao lado.

Cebola - Tu ta gostando dela, não tá?

Cascão - Demais cara, gostar é pouco, é algo que nunca senti antes.

Cebola - Nem pela Cascuda?

Cascão - Nem pela Cascuda, aliás Cascuda foi mais cômodo, eu era moleque, era só aquele negócio de andar de mãos dadas e tal, mas com Magali é diferente! Eu penso nela o dia todo, só quero estar com ela, quero protegê-la, é tudo ela!!

Cebola - Caramba, nunca te vi assim, realmente parece ser algo forte mesmo e espero que com vocês dê certo... - Ele olhava com triteza Mônica de longe, que estava conversando com Magali.

Cascão - Calma cara... Você e a Mônica vão se acertar, tudo bem que já faz um tempo que tudo aconteceu mas...

Cebola - Não tem jeito Cascão, ela não quis me ouvir, não quis acreditar em mim e eu não sou de ficar me arrastando, to cansado dessa teimosia dela, dessa vez acabou mesmo.

Cascão - Mas você ainda a ama, não ama?

Cebola - Cada vez mais... Mas ela não ajuda também, com esse gênio forte dela, tem sempre alguma coisa que nos afasta!

Cascão - Tu também não é nenhum santo né cara.

Cebola - Não precisa ficar falando isso também...

Cascão - E mesmo dizendo tudo isso pra mim, tu ainda pretende fazer aquela parada lá da peça? Aquele seu plano?

Cebola - Claro... Aliás ela não queria fazer esse trabalho comigo desde o início, dúvido muito que queira me beijar...

Cascão - Cara, ela vai ficar uma fera, você vai acabar piorando as coisas, vai por mim... - Cascão cruzando os braços, já quase prevendo que o plano não daria certo.

Cebola - É bom pra ela aprender um pouquinho...

Locurgo - Muito bem.. Vamos para o próximo, Cenourinha e Mônica. - O professor chama e prontamente os alunos se levantam.

As luzes diminuem e a cena começa. Mônica sozinha no palco começa sua fala.

- Todos podem achar que viver é a coisa mais difícil do mundo, e eu discordo, sobreviver é a coisa mais difícil, sobreviver em meio a tantas dificuldades que o destino nos impõe. Eu por muitos anos fui uma garota comum, que ia a escola sempre alegre, adorava sair com os amigos, porém hoje sou especial, vivo numa cadeira de rodas, aliás, sobrevivo numa cadeira de rodas, por portar uma doença chamada Síndrome de Guillain-Barré, é uma doença rara na qual os nervos periféricos se deterioram. Por isso perdi totalmente o movimento das minhas pernas, e em breve posso até parar de respirar pois a doença afeta todos os nervos e músculos inclusive a do tórax responsável pela respiração e assim quando finalmente paralisar eu não sobreviverei mais, não viverei mais. Hoje estou parando pra pensar em tudo que me aconteceu, pois finalmente consegui realizar o meu maior sonho, encontrar o amor da minha vida, antes mesmo de partir, pois sei que em breve não estarei mais aqui, mas mesmo assim ele escolheu me amar, até meu último suspiro, e agora espero ele chegar para sairmos juntos como sempre fazemos todas as tardes. Caio, o amor da minha vida, não sabe ainda que essa minha doença pode e vai piorar, ele achava que apenas viveria sem andar até envelhecer, por isso escolhi essa tarde para dizer toda a verdade a ele, dizer que todo momento é precioso e precisamos aproveitar ao máximo...

- Melanie! - surge o garoto se sentando ao lado da garota de cadeira de rodas

- Caio! - Diz a menina segurando em suas mãos - Que bom que chegou! Eu tenho que te falar uma coisa, muito importante e...

- Espere Melanie... Antes temos que conversar... Sei sobre sua fragilidade e respeito isso, e você sabe que sempre poderemos ser amigos mas...

Mônica - Cebola.. Do que ta falando, essa não é a fala! Você esqueceu? - A morena cochicha para o amigo sem que percebessem, mas ele se manteve no personagem.

- Eu sei que é um momento péssimo pra falar, e não quero parecer indelicado mas... Eu amo outra pessoa, Melanie - Assim que terminou sua fala, uma moça morena de cabelos lisos e compridos aparece no palco, aparentemente era da mesma série que Mônica e Cebola.

Mônica - Cebola... Essa. Não. É. A. Fala. E o que essa garota ta fazendo aqui? - E ela continuava cochichando, com o rosto confuso.

- Desculpe Melanie, mas de você só quero Amizade... E Luana.. Eu te amo. - Logo após dizer tal frase Cebola vai em direção a outra garota de cabelos compridos e a beija.

POV MÔNICA

Não acredito... Não. Acredito... Ele.. Ele mudou a peça toda que eu escrevi pra fazer essa palhaçada??? E beijou... Beijou outra garota na minha frente!! Ah não...

Mônica - O QUE PENSA QUE TA FAZENDO? - Ela se levanta da cadeira de rodas e com o seu grito fez o casal parar o beijo e se separaram. As luzes do palco se acenderam.

Cebola - Ué, Mônica qual o problema? A peça tem que ter beijo esqueceu? - Com sorriso sarcástico, ele responde.

Mônica - Não, não esqueci não, a gente ia..

Cebola - Ué, achei que você não queria nem fazer a peça comigo, há tempos não olha mais na minha cara, quem dirá então me beijar, pensando nisso acabei facilitando as coisas pra você. - Disse sorrindo maliciosamente.

Mônica - Mas... Mas... Ficou uma porcaria! Como que uma pessoa dispensa uma cadeirante assim depois de dar tantas chances a ela? Ainda mais em estado terminal... Uma coisa ruim dessa só poderia ter saido da sua cabeça!!

DC - Eu achei autêntico - O mesmo responde, em pé na plateia.

Denise - Ah, meu filho.. Você gosta de qualquer porcaria.

Marina - Concordo com a Mônica, morri de dó da Melanie, isso não se faz.

Xaveco - Também não achei nada justo.

Licurgo - Pois eu achei ... DEMAIS!...parabéns Cenourinha.

Mônica - COMO É QUE É? - Gritou indignada com a reação do professor, enquanto Cebola sorria com ego inflado.

Licurgo - Acho que além de drama, tem romance mas sem clichês, ninguém esperaria por esse final... é maravilhoso! Tem todo meus créditos Cenourinha! Quero ver a versão completa no dia da apresentação!

Mônica - Mas fui eu quem...

Cebola - Obrigado professor - Ele sorri maliciosamente em direção a Mônica.

Mônica - EU. TE. ODEIO! - Com raiva, ela grita pausadamente em direção ao Cebola, saindo as pressas do auditório com lágrimas nos olhos.