Magali chega a passos curtos no quarto onde Cascuda descansava.
Era um quarto bem parecido com aqueles de hospital, com algumas máquinas, medicamentos e uma maca. O espaço era razoável.
Cascuda estava deitada e parecia estar com o pensamento bem longe.
Magali - Oi Cascuda, como você está? Tá bem? - Magali entra lentamente, fechando a porta em seguida.
Cascuda - Eu pareço bem? - A moça tinha faixas cobrindo algumas partes de seu corpo, um de seus braços estava engessado devido a queda da janela, seus movimentos era um pouco limitados, mas conseguia se movimentar bem.
Magali - Er... Não, me desculpe, não foi uma boa ideia vir conversar... eu já vou... - Pensando que não teria sido uma boa ideia aparecer por lá, Magali se dirige à porta novamente, quando foi impedida pela voz da garota.
Cascuda - Espera... Eu não quis responder assim. Me d-desculpe... - Cascuda se inclina e se senta na maca.
Magali - Tudo bem... - Com um sorriso, ela aceita tal pedido.
Cascuda - Eu queria conversar com você... Se tiver um tempinho pra mim.
Magali - Claro, pode falar. - Magali se senta curiosa ao lado de Cascuda.
Cascuda - Magali.. Eu... Confesso que.. Sempre tive um pouco de....
Magali - De quê?
Cascuda - inveja de você...
Magali - Ué.. Mas...
Cascuda - Esse seu jeito de ser boa, de ...de ser meiga e paciente, sabe, é diferente de todas as garotas. Todas nós da turma somos diferentes, mas você é a única que tem essa paciência, que acredita e faz o bem de verdade. Nunca te vi fazer nada de errado!
Magali - Bom eu.. Te agredi na escola na frente de todo mundo naquele dia e... - Ela olhava pra baixo, demonstrando que estava arrependida de verdade - Aquilo não foi certo, estou bem arrep...
Cascuda - Cara...
Magali - O que foi?
Cascuda - Você é boa demais Magali, depois de tudo que te fiz, você ainda está arrependida! Eu a vida toda sempre tive que ser certinha, fazer as coisas de um modo correto e bem centrada, sempre me esforcei muito pra isso, sempre me esforcei pra ser o que não sou! Tudo pra agradar meus pais, pra agradar o Cascão, pra agradar qualquer um!... só estava cansada!... Já você sempre fazia o que era certo sem esforço algum! Agradava a todos sem esforço! Todo mundo sempre adora você... simplesmente pelo fato de você ser você mesma, assim tão boa!! E isso me... me irritava! Quando vi que minha vida era certinha demais, caída na rotina, eu não tava feliz... Decidi vira-la de cabeça pra baixo e a primeira coisa que fiz foi trair o Cascão! Sim... Eu sei que fiz mal, me arrependo demais, ele é muito do bem e não merecia isso. Ele deve ter sofrido, mas a gente nem estava mais se amando como antes... Por isso que quando vi o Cascão te olhando de modo diferente, eu quis impedir vocês. Por mim ele poderia ficar com qualquer uma! Menos você! Você era o oposto de mim! E era tudo o que todos queriam que eu fosse! Todos sempre quiseram que eu fosse como você!
Magali - Cascuda, não fala besteira! Você tem que ser você... E eu não sou perfeita, esse meu jeito já me trouxe muitos problemas, mas eu não tenho culpa de ser assim, e pode acreditar, admiro muito pessoas fortes e que falam o que pensam, e você sempre foi muito sincera, as vezes ser altruísta demais, faz você se esquecer de si mesma. Por isso sou melhor amiga da Mônica, ela é o oposto de mim, sempre tão forte, com tanta garra e determinação, tanta sinceridade e sem medo de falar o que pensa, Isso sempre me admirou. - Magali falava da melhor amiga com orgulho e saudade - É por isso que você tem que gostar de você! Não importa como seja, se você gostar de você e ser quem você é, todos vão aprender a te amar também. Seus pais com certeza te amam, vi muito bem a preocupação deles quando você se machucou.
Cascuda - Podem até me amar, mas sempre cobram demais de mim!! Cobravam aquilo que eu não tinha vontade de fazer, diziam como eu deveria agir...
Magali - Pois mostre a eles que você é uma pessoa boa do seu jeitinho de ser! Ter defeitos também faz parte... E eles são seus pais.. Mesmo sendo rígidos, tenho a absoluta certeza que te amam, seus pais se preocuparam a beça ao verem você ferida... Se isso não é amor, então não sei o que é.
Cascuda - É.... É verdade - Disse sorrindo - Obrigada Magali... Eu sei que com todo esse problema não seremos boas amigas, confesso que ainda acho muito estranho ver você namorar meu ex, não me leve a mal, ainda mais depois de anos de namoro. Mas será que... vo.. você poderia me perdoar por tudo o que te fiz, por tudo o que te falei? E quem sabe podemos ser... colegas... Eu não quero mais me intrometer na sua vida... Estou vendo o quanto Cascão está feliz do seu lado, e ali eu vejo amor, no olhar de vocês eu vejo tanto carinho... algo desse tamanho a gente nunca sentiu. E se não ficamos juntos, é porque não era pra ser, eu sei que um dia eu vou encontrar alguém...
Magali - Mas e aquele cara que você estava?...
Cascuda - Não era amor... na verdade só me compliquei fazendo tudo isso... Aquele cara tinha outra há muito tempo. Ele queria era se divertir, sabe... O destino fez com que eu experimentasse o que eu mesma fiz. Já aprendi uma boa lição por isso... e de coração.. Eu me sinto muito envergonhada do que eu fiz. - Cascuda abaixou a cabeça demonstrando sua vergonha, mas logo se levantou a olhando nos olhos - E é por isso que peço seu perdão...
Magali - Todo mundo erra, eu errei em te agredir daquela forma, quero que me perdoe também. E é claro que seremos colegas, Não negaria isso de quem salvou a minha vida e a de meus amigos.
Cascuda - Bem, se não fosse a arma do meu pai, não conseguiria ajudar vocês, então nem fiz nada demais... enfim, Ai Magali... Obrigada!!! Não sabe o peso que tirou de mim! - A moça sorria aliviada. Ela sabia que Magali era boa, mas mesmo assim tinha medo de não ter o perdão dela e de não poder voltar com sua antiga vida e seus amigos. Apesar da rotina que tinha, era uma vida muito boa. Depois do que aconteceu, ninguém da turma estava da mesma forma com ela, alguns nem se quer a olhava mais na cara - Quando cheguei aqui, depois de passar por todo aquele procedimento médico... As meninas me repreenderam e me contaram que foi você que se lembrou de mim e foi correndo se arriscando pra me buscar... se não fosse por você talvez essa hora... meus pais e eu estariamos mortos...
Magali - Eu fiz isso porque você sempre foi um de nós, não teria porque te deixar pra trás - Disse, a vendo sorrir - Então estamos quites, certo?
Cascuda - Certo!! - Cascuda estende o dedo mindinho enlaçando com o dedo de Magali e depois a abraçando em sinal de paz.
Magali - Mas você sabe que não é só a mim que você deve desculpas, não é?
Cascuda - Sim... E eu vou fazer isso agora.
POV MÔNICA
Logo depois que Toni saiu, encontrei a oportunidade perfeita pra fugir dali, tudo bem que na porta do lado de fora, ele fez questão de deixar dois grandes Androids de guarda, mas eu estava disposta a enfrentar qualquer coisa, não podia mais ficar apenas assistindo tudo acontecer, aquilo era culpa minha, eu tinha que salvar meu bairro e meus amigos!!
Eu ainda estava amarrada naquela maldita cadeira, por mais que eu me contorcesse, não tinha como me soltar, minhas mãos já estavam dormentes de estarem tanto tempo amarradas pra trás sem nem sequer um descanso... As cordas estavam cada vez mais apertadas... Eu tinha que dar um jeito de cortá-las. Mas como fazer isso com aquelas máquinas de olho em mim? Se chamassem o Toni ou me atacassem, eu estava perdida!
Mas parece que um problema tinha ocorrido e os robôs saíram rapidamente da porta a deixando fechada, porém sem ninguém pra me observar. Minha sorte finalmente estava mudando!
A cadeira não era presa ao chão, então imediatamente tive a idéia de me locomover com ela. Fui pulando aos poucos até chegar atrás da grande mesa, pra ver se lá tinha algo pra me ajudar. Ali mais parecia um painel de controle do que um computador comum...Pra que será que aquilo tudo servia? Tudo ali era de última tecnologia! Era como um escritório enorme mesmo.
Bom, eu não tinha muito tempo pra pensar nisso... Abaixo de alguns botões havia uma pequena gaveta, minha esperança estava nela, poderia ter chave ou qualquer coisa pra me ajudar. Fui pulando com a cadeira pra perto da gaveta e ainda com as mãos pra trás a puxei deixando tudo cair.... Porém...
Um Android aparece bem na porta, naquela hora eu gelei totalmente, mas mais uma vez a sorte estava do meu lado, por algum motivo ou defeito, o robô observou o lugar, me encarou e simplesmente saiu fechando a porta novamente.
Mônica - UFA!!... - Respirei totalmente aliviada
A porta era estilo aquelas automáticas, só se abria com identificação e por dentro se abria apertando algum botão daquele gigante painel.
Apressada olhei pro chão pra ver o que tinha caído da gaveta, além de alguns clips e papeis sem sentido algum, cairam algumas canetas um pouco antigas, tinha até uma de ouro, mas a melhor coisa foi achar um pequeno estilete, parecia já velho e estava um pouco enferrujado, nem sei se cortava, mas eu tinha que tentar...
Logo me inclinei com a cadeiras, bem rente ao chão, quase caí de costas, sentindo aquele mini infarto, mas consegui pegar o estilete e voltar com a cadeira pra frente.
Comecei a cortar as cordas do meu pulso,
Estavam bem difíceis de se desfazerem, eram cordas grossas, mas o estilete mesmo velho, até que deu pro gasto, com toda a dificuldade pra cortá-las, eu consegui!
Rapidamente tirei o pano da minha boca e o próximo passo séria abrir aquela bendita porta.
Mônica - Ai droga, agora que raio de botão abre essa porta, hein? O Cebola saberia isso com certeza... - Ela cochichava pra si mesma lembrando de seu amado.
Eu tentava os botões mais chamativos mas só apareciam coisas sem sentido na tela como se fossem configurações de computador.
Mônica - Que saco!! Nenhum desses botões gigantes abrem essa coisa!!... ah não ser que... seja um botão pequeno e o menos provável..
No topo direito do painel, havia um botão não muito chamativo e bem minúsculo por sinal. Olhando bem, ele até que estava bem separado dos outros botões... Decidi apertar ele e vi uma luzinha verde se acender na porta. Isso sempre acontecia antes de abrir.
Mal pude conter meu sorriso...
Assim que consegui abrir aquela porta, olhei para os lados para ver se os corredores estavam vazios, aparentemente estava tudo livre. Os corredores eram bem iluminados, com as paredes brancas, parecia até um corredor de uma empresa ou hospital. Mas não tive muito tempo para pensar, logo escolhi o lado direito pra correr, espero que eu tenha escolhido o lado correto, eu precisava sair dali. Com o maior cuidado, eu olhava para os novos corredores que apareciam...
---- No Laboratório ----
Cascuda anda lentamente acompanhada de Magali até o laboratório subterrâneo de Franja, onde estavam todos da turma reunidos. Enquanto as famílias se espalhavam pelos 3 quartos.
Cascuda - Er... oi pessoal...
Denise - Ih, abafa que chegou a falsiane!
Marina - Denise! - Marina chama a atenção da amiga a cutucando.
Denise - Ué, mas é verdade, amore.
Cascuda - Gente... Eu sei que não fui justa com vocês. Traí, menti, fui desonesta...
Cascão - Coisa pra caramba, né!!
Cascuda - Eu sei que você tem motivos de sobra pra me odiar, Cascão - Ela o olhava fixamente - mas eu juro que o que fiz teve um motivo, um motivo egoista confesso, fiz isso pra sair da rotina, eu tava cansada de fingir ser responsável, cansada de ser certinha... Mas não estou aqui pra justificar, e sim pra pedir perdão. - Cascuda no centro da sala olha pra turma toda - Me perdoem por todos esses anos ter mentido pra vocês, nunca fui mesmo uma garota estudiosa, eu queria fama naquele colégio e hoje está tudo indo por água abaixo numa guerra idiota!!! Tudo em vão, tudo por nada, e os amigos que eu deveria ter dado valor, estão aqui... O pior de tudo foi que a única que se lembrou de mim, foi aquela que eu mais prejudiquei - Ela disse olhando para Magali - Não quero mais ser assim, me perdoem! E Cascão... - Ela então se dirige a ele, que estava sentado prestando atenção em cada palavra, com uma fisionomia séria - Você é um cara incrível, sei que sempre te critiquei, mas é porque eu não sei elogiar as pessoas, eu não consigo elogiar ninguém sem me sentir pra baixo, sou fechada, chateada comigo mesma e às vezes te deixava pra baixo pra que eu pudesse me sentir melhor... - Nesse momento Cascuda não segurou e começou a chorar - Você não sabe a luz que tem!! Não sabe o quanto é carinhoso, divertido, tem o sorriso mais contagiante do que qualquer um aqui, você sempre foi aquele rapaz com o coração de menino... Pode acreditar que aprendi muito com você! Infelizmente eu não soube dar valor, estava tão mal comigo que acabei passando isso pro nosso relacionamento, e pra falar a verdade nunca tivemos muito a ver, eu sempre te obrigava a fazer minhas vontades, nunca pensava em você, era chata, amarga, mal humorada... - Você merece alguém melhor, disse mais uma vez olhando pra Magali - Me perdoe por todos esses anos! Eu nunca te mereci de verdade, mas mesmo assim, sinto que tive sorte de ter sido sua namorada. E agora eu sei, que antes de amarmos alguém, temos que nos amar. É isso que falta pra mim... E acima de tudo... Por favor.. me perdoe por ter te machucado...
Cascão se levanta, ficando frente a frente com ela, ainda com a fisionomia seria.
Cascão - Você foi humilde em pedir perdão, isso quer dizer que você está mudando. Eu odeio ficar com mágoa de alguém, não vou mentir, eu fiquei sim com raiva de você... Mas esse sentimento não faz parte de mim e vai ser bem melhor se a gente se perdoar e esquecer o que passou... O importante é mudar daqui pra frente. Além do mais, você se arriscou pela gente...
Cascuda - Então você me perdoa?
Cascão - Claro... Acabou, Chega de intrigas.
Cascuda - Obrigada - Em sentimento de gratidão, ela finalmente o abraça, selando também a paz. - Mas e vocês? - Depois de se desfazer do abraço com Cascão. Ela olha pra cada um de seus amigos. - Será que eu posso voltar pra turma? Me senti muito sozinha nesse tempo em que não falaram comigo... - Ela volta ao centro da sala dessa vez pedindo perdão pra turma toda.
Denise - Hum, por que não chamou aquelas suas frind's novas? A Bruna queima filme e a Camila sem sal ... Aliás quem são essas ai na fila da paçoca?
Carmem - Ah mas eu sei porque! Porque segundo a Cascuda, elas são mais populares do que a gente, Denise! E sabe o quanto saber disso me machucou? - A loira parou de lixar suas unhas pra se queixar e disse num tom totalmente dramático.
Cascuda - Me perdoem meninas, eu tava cega, me desculpem, prometo que nunca mais faço isso, eu deveria ter dado mais valor a amizade de vocês.
Denise - A gente te perdoa se você falar que somos as mais populares de todo o colégio! - Disse, cruzando os braços enquanto, Carmem concordava.
Carmem - É.. Exatamente!!
Cascuda - Tá bom.. Vocês são as mais populares e lindas do colégio.. - Disse revirando os olhos.
Carmem - Ai, dá cá um abraço amiga!!! - A moça correu pra lhe abraçar.
Denise - Wonnnn vem aqui, minha friend, Baranga, mal acabada e de mal gosto, mas que considero pakas. - A ruiva a puxa pra um abraço.
Denise - Bom.. Espero que eu já tenha voltado pra turma né... - Disse, ainda um pouco envergonhada. Quando desfez o abraço com Denise pode ver que aparentemente a turma não estava mais zangada com ela.
Cebola - Não se preocupe Cascuda, todo mundo já relevou, você pediu desculpas pra quem tinha que pedir, não tem mais problema. Afinal, nós nos encontramos em uma situação mais grave do que picuinhas de colégio.
Cascuda - Pois é, mas ainda falta alguém pra eu me desculpas, afinal nem sei se ela ia deixar eu voltar pra turma e ... - Cascuda começa a olhar ao redor - Ué..A Mônica.. Cadê ela? Ela não deveria estar aqui com a gente?
Magali suspira já começando a chorar, e rapidamente se sentou abraçada com Cascão.
Magali - Deveria.. - Sempre que se lembrava disso ficava extremamente triste pensando em sua amiga, pensando se ela estava bem e quando ela ia voltar.
Todos começam a se olhar com grande tristeza.
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