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História A Força do Amor - Chegada A Minas Tirith


Escrita por: Indis_Imladris

Notas do Autor


Mais um capítulo! Finalmente nosso casal viajante chega a Minas Tirith... Estejam preparados para as emoções que virão a partir desse momento e por muitos capítulos.
Agradecendo aos comentários das minhas amigas e às pessoas que estão favoritando. Quem tá gostando levanta a mão aí. Podem comentar, por favor! Serão sempre muito bem recebidos.
Boa leitura!

Capítulo 13 - Chegada A Minas Tirith


Fizeram o trajeto numa cavalgada só e ao final da tarde chegaram à cidade branca de Minas Tirith, capital de Gondor, construída no paredão da montanha em sete níveis rodeados por uma muralha e um portal de passagem entre os níveis.

A grande porta da muralha da cidade, que era a entrada principal, encontrava-se na ponta leste, mas ficava um pouco voltada para sul, onde se podia ver Mordor, ao fundo. Erguia-se da retaguarda do largo do pátio, atrás da porta, um imponente bastião de pedra de aresta muito aguçada voltada para o leste, assemelhando-se a quilha de um barco. O bastião emergia até o ultimo nível do circuito, local cercado por um parapeito com uma abertura na sua frente, que abrigava a Torre Branca e a Árvore Branca, os símbolos da vitalidade dos reis de Gondor. Atravessando o pátio encontrava-se o palácio do rei e no cume, os Faróis de Gondor, que foram acesos como sinal de socorro na guerra de Pelennor.

Após a guerra contra Sauron, muito da cidade havia sido destruído e Aragorn precisou contar com as habilidades dos elfos e dos anões para reconstruí-la. Para chegar ao portão principal da cidade era necessário atravessar uma planície semiárida o que permitia aos visitantes admirar toda a beleza e imponência da cidade branca à distância, que parecia um bolo de casamento, com várias camadas, cravado na rocha da montanha.

Em alguns pontos podiam ser vistas marcas deixadas do ataque dos dragões de Gorlock. A pouca vegetação de Pelennor estava completamente queimada e as muralhas da cidade foram marcadas também pelo fogo. Osguiliath demonstrava de forma mais evidente as consequências da investida do bruxo, com algumas das suas torres e arcos destruídos.

A cavalaria e os dois viajantes passaram pelo portão principal e percorreram suas ruas até ao sétimo nível, indo direto para o pátio de pedra da Árvore Branca. Quando desmontaram, as sentinelas imediatamente vieram recebê-los e anunciaram ao rei a chegada dos cavaleiros.

Kyara estava fascinada com a beleza a sua volta e caminhou até a abertura do parapeito avistando toda a planície, a cidade de Osgiliath à frente e o rio que cortava os campos de Pelennor, e, logo depois, as montanhas de Mordor.

Sentia a força da energia que a cercava e fechou os olhos, com a brisa batendo em seu rosto. O céu estava parcialmente nublado dando sinais de que uma tempestade se aproximava. Os raios do sol, que conseguiam vez ou outra atravessar as densas nuvens, transformavam o cenário numa pintura, com véus de cores vermelhas e laranja contrastando com o cinza das nuvens.

Legolas se aproximou parando ao seu lado e ela abriu os olhos. O rosto dela irradiava um brilho suave e ele logo percebeu a manifestação da magia dela.

- Legolas!

Os dois viraram-se e avistaram Aragorn se aproximando, com Gimli logo atrás. Eles se abraçaram alegremente.

- Mellon-nin¹! Como estou feliz em revê-lo. Perdoe-me pela demora, mas minha viagem teve acontecimentos inesperados.

- Mae govannen, mellon-nin²! Fico feliz que esteja vivo e inteiro. A cavalaria dos guardiões do norte partiu hoje pela manhã a sua procura e Elrohir se ofereceu para acompanhá-los. Imaginávamos que algo ruim havia acontecido. Fomos atacados por dragões alados e a todo instante recebo notícias de novos ataques Orcs pela região.

Aragorn foi interrompido por Gimli.

- Seu orelhudo metido a matreiro, como nos deixa preocupados com sua demora? Achei que somente teria Aragorn para importunar durante minha estadia aqui.

O anão se abraçou a Legolas sacudindo-o com toda a força.

- Gimli, seu rabugento! Você não muda mesmo.

- Ora! Ora! Vejo que está bem acompanhado. Teria sido esse o motivo da sua demora?

Gimli perguntou observando Kyara. Não era todo dia que via uma caçadora, principalmente com as características da Kyara e ainda armada para a batalha.

Kyara ficou a alguns passos atrás de Legolas observando quieta o cumprimento dos amigos. Ela olhava para Aragorn com certa curiosidade, porque sua fisionomia muito se assemelhava a seu irmão, o príncipe Dário. Aragorn era alto e forte. A áurea de majestade dele fluía pelos poros, como Legolas havia descrito, e, apesar do grisalho da barba bem feita e dos cabelos, o brilho dos seus olhos revelava uma jovialidade e um vigor acima do normal, apesar das marcas que seu rosto trazia pela vida dura como guardião. Na mesma hora, ela lhe fez uma reverência.

- Majestade! Meu nome é Kyara. Meus cumprimentos pelo aniversário... Dirigindo-se a Gimli ela repetiu o gesto... – Mestre Gimli!... É uma honra para mim conhecê-los.

- Aragorn e Gimli, apresento-lhes a princesa Kyara do reino de Tanusia... Nem precisam dizer que nunca ouviram falar desse lugar. Podem estar certos que será uma longa história. E uma história que precisa ser contada o quanto antes.

- Então, vamos entrar e nos acomodar... Princesa Kyara seja bem vinda a Gondor... Aragorn retribuiu o cumprimento.

Juntaram-se a Berethor e Elrohir e caminharam todos em direção à entrada do castelo de onde a rainha Arwen vinha de encontro a eles. Kyara admirou a beleza branca e altiva dela, que usava um vestido esvoaçante azul celeste. Ela aparentava exatamente o que imaginara das damas élficas: bela e delicada.

Ao passarem pela Árvore Branca, Kyara parou e, encantada com a beleza inusitada daquela árvore, colocou a mão no tronco, sentindo o corpo vibrar com a força embutida ali. Nada que tenha tocado antes na natureza lhe transmitira tamanha energia. Ela ficou parada admirando, boquiaberta, seus galhos secos até perceber que todos a observavam.

- Desculpem-me. Não pude resistir à beleza desta árvore.

- A Árvore Branca é realmente irresistível... Arwen falou sorrindo para Kyara e de imediato se apresentou... – Sou Arwen.

A rainha tinha, ainda, longos cabelos negros, além de um sorriso sincero, voz suave e penetrantes olhos azuis... – Sem dúvida nenhuma, uma elfa. Não pelas orelhas pontudas ou pela pele pálida, mas pelos olhos... Com esse pensamento, Kyara abriu um largo sorriso a reverenciando.

- Kyara, majestade! Não fui eu a única que se rendeu a esta maravilha da natureza?

- Lady Galadriel, do reino de Lothlórien, que por sinal é a minha avó, também tinha o mesmo costume que o seu. Ela é uma elfa muito poderosa e tem uma ligação muito forte com a natureza... Dirigindo-se a Legolas o saudou feliz... – Legolas! Estávamos preocupados com sua demora. Ouvi você dizer que tem uma longa história para contar.

Os dois se abraçaram.

- Minha cara Arwen! Estou feliz em revê-la. Realmente, temos muitas coisas para conversar.

- E esta linda dama que está em sua companhia? Acaso achou-a perdida em suas andanças?

- Na verdade foi ela quem me encontrou. Ela salvou minha vida.

- Então, vamos entrar... Conte-nos tudo... Pediu a rainha.

Aragorn mandou que chamassem no pátio de treinos Glorfindel, Elladan e o rei Éomer, e, entraram no imponente palácio.

Kyara observava a beleza do salão branco, com grandes colunas e paredes iluminadas por tochas, o piso de pedra encerada, muito limpo e brilhante, com naves laterais, que guardavam estátuas brancas dos antigos reis de Gondor. Ao fundo, uma nave central abrigava um pedestal e dois tronos de pedra polida.

Na lateral esquerda, próxima a nave central, surgiu um corredor comprido. Seguiram por esse corredor, entrando em outro salão, que era a metade do salão principal, mas não perdia para ele em beleza. O chão era forrado por uma gigantesca tapeçaria e no fundo uma enorme lareira feita da mesma pedra branca da cidade, com escudos e espadas penduradas em sua parede.

Estandartes retratavam, com um riquíssimo bordado, muitas batalhas dos tempos antigos. Cadeiras com estofamento de veludo vermelho acomodavam-se em torno da lareira e uma mesa baixa e redonda colocada ao centro com um belo jarro de flores dava leveza e aconchego ao lugar.

Por trás das cadeiras que cercavam a lareira, uma grande mesa de jantar de madeira maciça dividia o espaço e mais adiante duas portas com pesadas cortinas abriam para a sacada de uma grande varanda, que dava acesso para um jardim interno.

Quando todos se acomodaram, entraram criados com bandejas de frutas, pães, queijos, geleias, bolos, milho cozido, jarros de vinho e água. Arrumaram a mesa para que pudessem se servir da comida e se retiraram.

- Princesa, sirva-se a vontade. Saiba que está entre amigos... Pronunciou-se Aragorn.

- Majestade, se me considera amiga, então, sou apenas Kyara.

Aragorn lhe sorriu... – Imagino que devem estar cansados da viagem. Há quanto tempo estão na estrada?... Legolas! Você disse que aconteceram diversos imprevistos.

Todos voltaram a atenção para Legolas quando entrou no salão um homem alto, corpulento de cabelos longos e loiros e a barba bem feita, que, ao se aproximar, avistou Kyara de imediato e não escondeu sua surpresa e admiração.

- Kyara! Apresento-lhe o rei Éomer do reino de Rohan, nosso vizinho e grande amigo.

- Éomer, esta dama é a princesa Kyara. Ela vem de um reino distante e está aqui na companhia de Legolas.

- Reino distante!... Éomer lhe fez uma reverência sem deixar de fitá-la... – É uma honra ter tão bela companhia, se me permite a observação. Espero que sua estadia seja longa, embora, lamentavelmente, num momento tão conturbado.

- Agradeço a gentileza, majestade.

Kyara notou o olhar negro do homem a sua frente, que mal conseguia disfarçar sua curiosidade, deixando Legolas incomodado.

- Minha permanência aqui será pelo tempo que for necessário para resolver um problema muito grave, que afetará a todos. Legolas estava para começar seu relato no momento que vossa majestade chegou.

- Eu dispenso essa formalidade, milady. Saiba que é muito bem-vinda.

Éomer avistou Legolas e o cumprimentou, abraçando-o com satisfação.

- Meu caro! Mandei patrulhas pelas terras de Rohan para encontrá-lo. O que aconteceu?

- Tentei chegar o quanto antes, mas imprevistos me impediram.

- Conte-nos, então.

Mais uma vez foram interrompidos com a entrada de Glorfindel acompanhado de outro elfo idêntico ao Elrohir. Kyara se surpreendeu porque Legolas não havia mencionado que eram gêmeos. Os dois elfos dirigiram-se a Legolas e o cumprimentaram. Em seguida Glorfindel voltou-se para ela intrigado, sendo direto com as palavras.

- Imagino que seja a pessoa que nos esclarecerá tudo o que está acontecendo... Nunca passou pelos meus pensamentos que uma mulher faria esse papel, principalmente, portando uma arma tão bela e tão perigosa... Sabe usá-la, milady?

Impassível, Kyara ouviu as palavras do elfo a sua frente, muito mais curiosa em saber de quem se tratava. Sua naturalidade ao responder deixou claro que não havia se intimidado.

- Vejo que carrega uma arma semelhante, milorde. Certamente, não pretende comparar minhas habilidades a de um guerreiro da sua estirpe, mas, se for possível dedicar um pouco do seu tempo comigo, que não devo passar de uma aprendiz, posso lhe mostrar o pouco que aprendi.

- Princesa Kyara, perdoe nosso amigo e conselheiro Glorfindel pela forma como a cumprimentou... Desculpou-se Aragorn.

- Mas, eu não a cumprimentei... Princesa! Perdoe minha indelicadeza. Sou Glorfindel, conselheiro dos povos aliados da Terra Média, ao seu dispor... Declarou ele fazendo-lhe uma longa reverência... – Será um prazer poder duelar com vossa majestade em um momento mais oportuno.

Por certo que Kyara não estava levando em conta suas habilidades com a espada e muito menos que ela fizesse frente a ele, mas ela não se irritou. Pelo contrário, ficou admirada com o elfo que se curvava diante dela.

Por toda a sua fama e seus feitos imaginou ser Glorfindel uma pessoa sombria devido a todo sofrimento que passara e tantas tragédias que já presenciara em sua longa existência. No entanto, ele era alto e ereto, o cabelo de um dourado brilhante, o rosto muito belo e jovem, temerário e cheio de uma alegria despretensiosa, os olhos eram brilhantes e agudos, de um azul tão intenso quanto os de Legolas e uma voz que parecia música. Em sua fronte, se alojava a sabedoria, de fato e nas mãos a força e a experiência de muitas guerras.

- Lorde Glorfindel!... Manifestou-se Kyara devolvendo-lhe a reverência... – É uma honra para mim. Conheço um pouco da sua história e alguns dos seus feitos. Sua fama corre longe nessas terras... Voltando-se para o outro irmão da rainha, Kyara continuou... – Legolas não me disse que a rainha tinha irmãos gêmeos.

- Me chamo Elladan, princesa... Ele a cumprimentou discretamente e calou-se com o semblante sério vendo que ela era a mesma moça que surgira em suas visões, e, sem entender o que se passava, preferiu aguardar os acontecimentos seguintes para tirar alguma conclusão, antes de revelar qualquer coisa. Entretanto, Elrohir estranhou a atitude reservada e não muito simpática do irmão.

- Eu saúdo a todos e me sinto imensamente honrada por estar aqui e conhecê-los. Lamento que as notícias que trago não sejam as melhores. Permitirei que o príncipe Legolas faça seu relato até que seja a minha vez de lhes prestar os devidos esclarecimentos.

Legolas contou que estava a caminho de Gondor quando foi atacado na saída da floresta de Eryn Lasgalen e levado a um local desconhecido para ser torturado por dias. Quando pensou que seria seu fim, foi abandonado à beira da morte próximo a floresta de Lothlórien.

Arwen assustou-se com a notícia.

- Torturado, Legolas! O que fizeram com você? Como está agora?

- Agora estou bem, graças à princesa Kyara.

Não sabia explicar como se deu o fato, mas, por sorte, Kyara o achou e o socorreu. Ela vinha de outro mundo, que, por meio de magia, havia chegado a Terra Média a procura de um bruxo, que chegara para destruir tudo que haviam conquistado depois da derrota de Sauron. Nesta hora Kyara tomou a palavra.

- Sou uma sacerdotisa e guardiã da magia do meu povo e estou aqui para alertá-los do mal que está assolando suas terras.

Todos se olharam intrigados, mas ninguém se pronunciou esperando que ela esclarecesse melhor os fatos.

- Vou mostrar-lhes quem sou, de onde venho e o perigo a que vim combater. Para isso peço que me acompanhem até o pátio, por favor.

Todos a seguiram até a entrada do castelo.

Ela se afastou um pouco do grupo conjurando um feitiço enquanto mantinha erguida uma pequena pedra de cristal nas mãos. Em torno dela começou a circular uma leve brisa e uma forte luz azulada surgiu diante dela, espelhando imagens de uma terra desconhecida.

Neste momento Kyara começou seu relato.

- Venho de um mundo semelhante à Terra Média. Meu país chama-se Tanusia e sou filha do seu governante, o rei Salmos.

O círculo de energia mostrava as terras de Tanusia, com muitas florestas, lagos, plantações, vilarejos e o imponente castelo de pedra construído no alto de uma colina. Mostrou ainda o rei Salmos – Um homem forte e alto com barba e cabelos grisalhos, e seu irmão, príncipe Dário, cuja aparência assemelhava-se a de Aragorn.

- Parti do castelo muito jovem para me tornar uma sacerdotisa em Tiria. Uma ilha mística, que protege meu povo com sua magia. A visão da ilha é um mistério, porque está sempre cercada de brumas, mas, em dias ensolarados, pode-se ver da margem a copa das árvores mais altas. Nessa ilha fiquei confinada alguns anos até que completasse meu aprendizado para curas e a manipulação de ervas. Sou o que vocês chamam de curadora.

Kyara mostrou a imagem de dentro da ilha. Era como se o tempo não passasse ali. O sol atravessava às árvores, formando véus de luzes douradas por todos os lados. Uma névoa fina forrava a terra e pequenas folhas caiam constantemente, como chuva. Havia cachoeiras e riachos por todos os lados onde circulavam por pequenas pontes e trilhas, algumas moças vestidas de branco. Aos olhos de quem via aquelas imagens, Tiria parecia um reino encantado.

Seguindo por uma trilha aberta no meio de um pequeno campo florido, via-se ao longe uma formação rochosa e junto dela uma construção de pedra – O castelo de Gahya, Senhora da Magia. Na frente desse pequeno castelo apareceu um lago com cisnes, cercado por flores e árvores frondosas e frutíferas. Ao redor, via-se um celeiro e casas feitas de madeira.

- Fui aceita porque tenho poderes herdados de minhas ancestrais que me tornam capaz de manipular as forças da natureza – A terra, a água, o fogo e o ar. Meu povo me chama de “Pathya Penien”, uma encantadora de florestas. Posso tornar próspera uma terra seca e sem vida e me comunicar com os animais.

Gimli estava agitado com o que acontecia e segurou o braço de Legolas sussurrando um tanto apavorado.

- Onde encontrou essa princesa? Está certo de que é confiável? Sabe como me incomoda essa coisa de magia... E se ela for o inimigo disfarçado?

- Calma Gimli! Você mesmo chegará à conclusão de que ela é digna de confiança. Acredite! Sou capaz de segui-la por onde for e confiar minha vida a ela.

Gimli viu a seriedade com que o amigo falou e apenas acenou a cabeça, calando-se.

- Fique quieto e preste atenção... Pediu Legolas.

Kyara continuou seu relato.

- Um dia, Tanusia foi atacada por povos mercenários e fomos obrigadas a usar nosso poder para ocultar a ilha. Decidi, então, me tornar uma guardiã da magia e da coroa de Tanusia. Para me tornar uma guardiã, precisei passar alguns anos nas montanhas de Quechere em treinamento com um sábio eremita. O maior guerreiro na história do meu povo, ainda vivo.

As imagens que apareceram mostravam uma grande formação rochosa sendo castigada por uma nevasca. O céu era coberto por pesadas nuvens, com raios e trovões constantes.

- Quando terminei meu treinamento, retornei a Tiria para receber minhas armas. Foi um período difícil, porque sofríamos constantes ataques e tentativas de invasão de povos considerados bárbaros.

Kyara apareceu no meio de diversas batalhas, muitas vezes acompanhada pelo seu pai e seu irmão, quando não estava nos acampamentos tratando dos soldados feridos.

- Depois do último confronto que participei retornei a Tiria e logo que cheguei percebi que algo estava muito errado. Subi uma pequena elevação e avistei muita fumaça no centro da ilha. Cavalguei o mais rápido que pude. Pelo caminho vi várias sacerdotisas mortas. A ilha estava sendo atacada.

As criaturas nunca vistas antes em Tanusia se manifestavam por meio de magia negra. Eram espectros ressurgidos das profundezas no mundo. Kyara lutou com toda a fúria possível depois que viu suas irmãs mortas. Um a um foram destruídos, virando pó quando a cabeça era decepada. Ela tentava desesperadamente chegar ao castelo, temendo pela vida de Gahya, mas era sempre impedida por eles. Quando conseguiu se aproximar do pátio, ficou desolada com a devastação do lugar. Várias sacerdotisas mortas, tudo destruído, as casas ainda em chamas.

Seu ódio somente fez aumentar.

No meio do pátio surgiram três figuras lendárias em seu mundo: os Três Temporais. Extraordinários guerreiros no passado, com grandes poderes e habilidades, mortos havia muito tempo. Estava claro que uma força muito poderosa se manifestava, deixando Kyara ainda mais temerosa do que poderia ter acontecido com sua mentora, que permitira todo esse mal devastar a ilha.

O primeiro deles era dotado de extrema força física e foi quem primeiro avançou contra Kyara.

Ela correu na direção do homem o mais rápido que pôde. Chegando próximo ao seu oponente, deu um salto na sua direção, transpassando a adaga no pescoço dele, em diagonal ao seu peito. Um golpe simples, rápido e mortal. O homem já sem vida desmoronou no chão.

O segundo apresentou-se com o rosto fantasmagórico de morte e depois de um grito de pura fúria, rasgou a roupa expondo os músculos bem desenvolvidos. Kyara suspirou impaciente, sem a menor intenção de medir forças numa luta corpo a corpo. O tempo corria e precisava saber de Gahya.

Ela, então, esperou pelo ataque, mas o guerreiro a desarmou com um golpe rápido, usando a perna, lançando sua espada e sua adaga longe. Ainda surpresa com o inesperado, foi atingida no rosto e depois lançada ao chão com um golpe no estômago.

Um filete de sangue correu no canto de sua boca. Levantando-se devagar sem tirar os olhos do seu oponente, ela limpou o sangue com a ponta dos dedos, deixando a ira lhe dominar. A partir desse momento os dois lutaram aberta e violentamente, surpreendendo o guerreiro, que viu em Kyara uma oponente de respeito, porque ela passou a se defender e contra-atacar.

Golpe após golpe, agrediam-se com brutalidade, mas, apesar de demonstrar força e muita agilidade, livrando-se dos ataques de seu adversário e o golpeando em seguida, Kyara percebeu que não teria condições de derrotá-lo. Lutar com aquele homem era o mesmo que esmurrar uma rocha.

Estando próximos ao celeiro, que não havia sido queimado inteiramente, ela viu um bloco de feno suspenso para ser guardado no andar superior e percebeu que ali teria a oportunidade para acabar com aquele duelo.

Segurando a sobra da corda que sustentava o bloco, ela permitiu que o adversário se aproximasse para golpeá-la e envolveu o pescoço dele com a corda. Imediatamente chutou a trava, fazendo com que o bloco despencasse no chão, ao mesmo tempo em que o corpo do guerreiro era arrastado até ficar suspenso com o pescoço quebrado.

Kyara suspirou cansada e caminhou pelo pátio recolhendo suas armas. Aquele momento de alívio durou apenas um instante, porque o terceiro Temporal já estava de pé em frente à varanda da casa de Gahya, aguardando por ela.

Ele desembainhou a espada sem pressa e esperou em posição de ataque.

Kyara caminhou até o seu novo oponente e parou a alguns metros de distância, encarando-o.

Embora cansada e ferida, ela agradeceu intimamente por, desta vez, poder usar sua companheira inseparável. Sem dizer palavra, os dois combatentes correram até as espadas se chocarem violentamente, seguidos de golpes a uma velocidade alucinante.

E o confronto se deu, levando os dois oponentes para todos os lados do pátio.

A bravura e a força dos dois faziam o aço das espadas tilintarem a todo instante e Kyara tornou-se grande e terrível e suas habilidades impressionavam, mas seu oponente também era poderoso e não se intimidou.

Inesperadamente, um estrondo seguido de uma intensa luz azul surgiu do castelo de Gahya e Kyara se desesperou.

Reunindo todas as suas forças, partiu para cima do guerreiro e lutou como nunca havia feito antes. Antecipando-se a um golpe do adversário, Kyara envergou-se de costas apoiando uma das mãos no chão, enquanto via a lâmina da espada dele passar diante dos seus olhos e imediatamente girou sua espada, golpeando as pernas do guerreiro. O golpe o fez cair de joelhos. Ao se levantar de costas para ele, Kyara girou a espada decepando a cabeça do seu oponente, dando fim ao combate.

Sem perder tempo, ela correu para o castelo e jogou-se contra as portas caindo dentro do salão.

As paredes brancas do salão refletiam uma cor azulada e reluzente vinda de um poço no chão revestido de pedras de cristal. Cinco colunas esculpidas com símbolos desconhecidos aos olhos de quem assistia àquelas imagens cercavam o poço e sobre ele estava suspensa uma gigantesca pirâmide de cristal com a ponta para baixo.

No fundo, uma escada de pedra levava a um grande trono de pedra azul, que intensificava ainda mais a cor do ambiente. No canto avistou um homem. Ele segurava uma das Pedras de Poder retirada do Poço dos Ancestrais e estava debruçado sobre uma mulher caída no chão, vestida de branco. Ela tinha os cabelos cor de mel e pele branca. Era Gahya, a Senhora da Magia de Tiria.

- A pedra que o bruxo está segurando é o objeto que preciso recuperar. Ela protege seu portador aumentando o seu poder. O homem que a roubou chama-se Gorlock. Ele é um bruxo que tentou enfrentar Gahya no passado e foi derrotado pela magia de Tiria. Ela poupou sua vida, mas o baniu do reino, lançando-o para o vazio de um submundo. De alguma forma, ele fez um pacto com os seres das profundezas do mundo e conseguiu retornar mais forte e mais poderoso para atacar Gahya com a promessa de que, uma vez liberto da sua prisão e fortalecido, ele ofereceria em sacrifício as almas das vítimas que fizesse com sua destruição. Influenciada pela magia negra do bruxo, essa pedra revelou a Gorlock onde e como ele poderia alcançar seus objetivos. Abrindo um portal, ela o transportou para a Terra Média. Acredito que a energia maligna deixada por Sauron contribuiu para esse desfecho. Evidente que os Orcs seriam perfeitos para a formação de um exército destrutivo e fácil de manipular, pelo que já pude observar nos confrontos que tivemos no caminho para cá.

Enquanto Kyara detalhava as maquinações do bruxo e tudo mais que havia sido dito a Legolas ao longo da viagem, o céu de Gondor escureceu-se ainda mais e nuvens negras se movimentaram com grande velocidade.

E o inesperado se deu.


Notas Finais


(1) Mellon-nin - Meu amigo!

(2) Mae govannen, mellon-nin - Seja bem-vindo, meu amigo!

Finalmente o nosso casal viajante chegou a Minas Tirith. Essa chegada desencadeará uma série de acontecimentos por vários capítulos. Espero vocês nos comentários.
Beijão em todos!


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