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História A Força do Amor - Medindo Forças


Escrita por: Indis_Imladris

Notas do Autor


Mais um capítulo, queridos leitores.
A coisa esquentou entre Legolas e Kyara no capítulo anterior. Será que tudo se acalmará agora?... Hum! Esses dois tem sangue quente. Sei não.
Contem-me depois o que acharam. Boa leitura!

Capítulo 22 - Medindo Forças


Kyara saiu da tenda de Aragorn pensando em caminhar pelo acampamento para tentar retomar sua calma, e só conseguiu se irritar ainda mais com os olhares sobre ela. Isso fez com que praguejasse baixo.

- O que faz transitando sozinha pelo acampamento, milady?

Ela se assustou com a voz de Éomer às suas costas.

- Estou apenas caminhando. Corro o risco de ser atacada?

- Ninguém se atreveria depois das minhas advertências e de Aragorn... Vejo que está aborrecida com algo. Posso ajudá-la?

- Não, majestade. Eu acho que será melhor retornar para minha barraca.

Ela passou por ele sem encará-lo.

- Kyara!... Eu lamento profundamente o que aconteceu em Minas Tirith. Acho que meus sentimentos deturparam minha visão e não me permitiram enxergar o que era evidente. Só peço que compreenda e não me condene.

- Não o condeno. Sei que é um homem honrado e justo. Seu reinado será próspero e encontrará uma rainha que lhe dará todo o amor que merece.

- Não posso amá-la, mas minha admiração e respeito não mudaram. Sempre terá em mim alguém com quem contar sob qualquer circunstância. As portas do meu reino estarão sempre abertas.

Ela sorriu e lhe estendeu a mão.

- Mais uma vez prova seu valor. Não me esquecerei disso, amigo!

Os dois apertaram as mãos. À distância Legolas assistia a cena em silêncio ao lado de Aragorn e Gimli.

Ela continuou seu caminho e passou pelos três, entrando em sua tenda. Legolas a seguiu e entrou logo depois. Estava claro que eles ainda não haviam se acalmado e a cena a pouco deixou Legolas ainda mais irritado.

- Posso saber o que houve?... Ela olhou para ele sem entender a pergunta... – Eu vi você com Éomer há pouco. O que estavam falando?

- Você quer mesmo saber? Ou pretende me acusar de mais alguma coisa?

- Pode apenas responder a minha pergunta?

- Não!

Legolas se surpreendeu com a negativa dela.

- Não? Então devo tirar as minhas próprias conclusões?

- Faça isso! Tire suas conclusões como fez a pouco na tenda de Aragorn. Vamos ver do que você vai ser capaz de me acusar desta vez... Agora peço que se retire porque vou me banhar e me trocar. Quero estar preparada para a reunião mais tarde.

- Está me mandando embora? Eu não vou sair.

- Neste caso saio eu.

- Você está me provocando e isso não vai acabar bem.

- Estou apenas lhe dando o tratamento que merece depois do que me disse. Agora saia e esteja certo de que isso vai terminar muito mal.

Ele lançou um olhar frio para Kyara e pela primeira vez ela pôde ver toda a imponência da natureza élfica daquele homem. Como mágica Legolas cresceu diante dos olhos dela, parecendo ainda mais alto, mais forte e mais belo. Uma figura austera a frente da Kyara, com o olhar gelado.

Kyara sentiu um calafrio correr-lhe a espinha, mas seu ego ferido não permitiu que recuasse... – Não vou voltar atrás enquanto ele não se desculpar de joelhos... Nunca permitirei ser tratada da maneira como fora. Isso não perdoarei facilmente, nem que morra seca... Pensou ela encarando o marido.

- Muito bem, minha esposa. Se for nestes termos que colocará as coisas, então, que seja feita a sua vontade.

Legolas saiu da barraca com um gosto amargo na boca. Tinha que recuperar seu alto-controle ou cometeria uma loucura. Lembrou-se das palavras do seu pai: “... não age mais como um elfo, descendente de Thingol”.

Kyara tinha a capacidade de fazê-lo externar o melhor e o pior de si. Dando vazão a sua ira pensou em lhe dar uma lição... – Se ela pensa que rastejarei aos seus pés, então essa história realmente acabará muito mal, mesmo.

Ele reconhecia que Aragorn estava certo, mas ela poderia ter contado tudo desde o começo. Claro que ele não concordaria e isso seria mais um motivo de discussão entre os dois, entretanto não contar somente piorou as coisas, porque agora ele não poderia confiar mais nela.

Não se viram mais até a hora da reunião, quando Aragorn mandou chamá-la.

Todos já estavam reunidos na tenda do rei de Gondor quando Kyara entrou. Legolas estava de pé num canto e ali permaneceu com o mesmo semblante de antes: frio e indiferente. Os comandantes das outras tropas se voltaram para ela intrigados com a sua presença.

Aragorn se manifestou... – Senhores! Esta será a nossa última reunião para definirmos os planos de combate. Os batedores trouxeram informações valiosas sobre o posicionamento das tropas inimigas.

Aragorn estendeu um grande mapa sobre a mesa e os homens se aproximaram atentos a todas as explicações dadas.

- O exército inimigo está posicionado a uma légua de distância da passagem para a primeira encosta. Devemos nos preparar para mais uma batalha sangrenta. A hoste inimiga, ao que parece, será a maior já vista nestes tempos e nossa luta envolverá mais do que já estamos habituados a enfrentar.  Para dar-lhes detalhes do que enfrentaremos, peço a princesa Kyara para fazer uma explanação.

- Senhores! Creio que minhas informações não serão muito animadoras... De acordo com os batedores e pelos conhecimentos que tenho sobre o bruxo que estamos enfrentando, posso dizer que, além de Trollls e Orcs, encontraremos os Demônios de Kraken. São homens-lagartos. Criaturas híbridas com dois metros de altura, em média e asas semelhantes às de morcegos. Sua envergadura pode chegar a três metros, que dá capacidade a essas criaturas de voos curtos ou grande impulso para o ataque. São inteligentes e muito fortes, também. Vem armados com espadas, mas suas garras são extremamente perigosas capazes de retalhar um cavalo. A melhor maneira de matá-los é combinar um ataque conjunto. Embora sejam mais hábeis em batalhas do que os Orcs, eles têm dificuldade de se defenderem caso sejam atacados por mais de um inimigo. Por terem a pele escamada e dura será necessário empregar mais força nos golpes. Eles, também, usam as asas como escudo, impossibilitando o oponente de ver seu ataque. Precisam estar atentos.

- Já lutou com algumas dessas feras, senhora?... Perguntou Thored, comandante de Ithílien.

- Sim. Dão trabalho, mas se possuir um pouco mais de habilidade certamente pode-se vencer. Eles sangram e morrem da mesma maneira que nós. Outro perigo serão os espectros. Não obtivemos qualquer confirmação sobre a presença desses seres malignos, mas nunca soube de nenhuma ação desse maldito bruxo sem que tivesse invocado das trevas essas criaturas.

- O que são esses espectros?... Thored continuou indagando.

- Sombras negras em forma de homens, armados com espadas. A única maneira de destruí-los é cortar-lhes a cabeça. Seus homens precisarão ser rápidos, porque, quando não matam com as espadas, se apoderam do corpo do inimigo e capturam sua alma. Após um ataque deles, suas vítimas tornam-se um amontoado de panos e areia... As informações não são muito precisas, mas encontrarão, também, lobisomens. Essas feras são cruéis e incrivelmente fortes. Uma mutação ocorrida por meio de bruxaria que tem aprisionado nesses corpos espíritos malignos. Usarão suas garras e sua força para o ataque. Outros inimigos que devemos considerar são os dragões alados que atacaram Gondor. Estejam preparados para o ataque pelo ar.

Ela deu uma pequena pausa e suspirou.

- Evidente que serão muitos Orcs e as cimitarras são perigosas, no entanto, saibam que os Orcs não são, nem de perto, páreo para essas criaturas... Apesar de todas essas feras, digo que a ameaça maior será o nosso esgotamento físico.

- O que esperar desse bruxo?... Perguntou Imrahil.

- Qualquer coisa. Ele sabe que não pouparei esforços para destruí-lo. Estejam preparados para surpresas. Por isso fiz questão de participar dessa reunião. Ele virá com tudo o que ele tem porque espera que eu vá para a batalha com tudo o que eu tenho. Então, pensei na seguinte estratégia: A região é parcialmente pantanosa e temos um contingente de dez mil combatentes montados. Embora tenham que combater criaturas desconhecidas, essa região alagadiça nos favorece. Próximo desse campo de batalha tem um bosque que poderemos aproveitar. A minha ideia seria dividirmos o exército e atacarmos em três flancos. Um grupamento formado por arqueiros de Ithílien e Valfenda ficará esperando para o confronto direto. Eles terão a missão de matar as maiores feras e defender os soldados dos inimigos que estiverem entocados nas encostas das montanhas. Sei que são exímios arqueiros. Os outros atacarão do bosque em duas frentes cercando o inimigo.

- Não se mata um Troll facilmente com flechas e pelo que nos informou nem essas criaturas... Questionou Éomer.

- Os arqueiros utilizarão uma arma que trouxe da minha terra e pelo que sei da última grande guerra que tiveram, o Mago Saruman deve ter utilizado um artifício semelhante para explodir a muralha do Forte da Trombeta no Abismo de Helm... Ela colocou em cima da mesa sua armadilha... – Esses pequenos embrulhos de pano contêm pólvora. Prenderemos os embrulhos nas flechas, acenderemos o pavio e lançaremos sobre o contingente inimigo. Com isso destruiremos as maiores feras e o que for possível dos Orcs. Não teremos o bastante para derrotá-los somente com esse artifício, mas isso provocará baixas significativas. Depois que o pelotão de frente atacar poderemos surpreendê-los atacando pela lateral e pela retaguarda. A cavalo, nesse primeiro momento varreremos esses nojentos.

- Muito engenhoso... Manifestou-se Éothain, o primeiro marechal e braço direito de Éomer... – Mas tenho uma pergunta: como garantir que as flechas conseguirão atingir o inimigo, como propõe? Os arqueiros não estão acostumados a esse peso extra. Elas poderão não ser tão certeiras.

- O que não atingir o alvo não ficará perdido esteja com o pavio aceso ou não. O que preciso é que estejam no campo deles. O resto deixem comigo... Foi perguntado o que esperar do bruxo. Bom, essa criatura tem nas mãos poder suficiente para destruir a Terra Média. A fonte dessa força é uma pedra que ele tem em seu poder. Esse bruxo poderá se transformar na criatura que quiser e espero que algo monstruoso venha nos atacar. Algo que ainda não vimos e que poderá nos destruir. Um dos seus objetivos nessa guerra é me capturar, então, para mantê-los seguros e em condições de luta, eu o atrairei. Será magia contra magia e tentarei detê-lo o quanto puder.

Desta vez foi Aragorn quem se manifestou... – O príncipe Legolas partirá ao amanhecer para as cavernas das Montanhas Sombrias em busca dessa pedra. Ele entrará no covil do inimigo para procurá-la e no momento que achá-la o poder do bruxo acabará.

- Mas, isso é muito arriscado. Se esse bruxo tem tanto poder assim nem dá para imaginar que tipo de obstáculo o príncipe terá que enfrentar... Disse Imrahil.

- É a nossa melhor chance... Manifestou-se Kyara... – A pessoa que o bruxo imagina querer tirar-lhe a pedra sou eu. Ele não saberá da existência de Legolas e nem poderá perceber sua presença nas cavernas. Isso facilitará o trabalho. O resto dependerá das habilidades do guerreiro... Mas, quanto a isso não precisamos nos preocupar. Para quem já matou um nazgul, olifante e Troll das Cavernas usando somente arco e flecha conseguirá derrotar qualquer coisa, tenho certeza.

Todos se calaram porque os feitos de Legolas já eram conhecidos na Terra Média, que, por sua vez, não fez qualquer comentário, mantendo-se impassível todo o tempo. Kyara, por outro lado, ignorou a sua presença, dando total atenção aos comandantes a sua volta preocupando-se em esclarecer todas as dúvidas sobre sua estratégia. Ao final o rei Éomer levantou o ponto mais delicado dos planos dela.

- Reconheço sua engenhosidade e audácia, princesa, mas se esse bruxo espera que a senhora vá atrás da pedra e a verá no campo de batalha, então virá no seu encalço. Embora estejamos todos envolvidos, o objetivo principal dele é a senhora, como bem o disse e estará correndo um risco muito grande. Quando estive em Gondor, por ocasião da sua chegada, pude presenciar a manifestação desse bruxo, deixando claro que irá capturá-la intencionando fazer coisas que nem ouso repetir aqui... Sem querer ofendê-la, não estou certo se concordo em vê-la se arriscar tanto. É evidente que está servindo de isca.

- Majestade! Com todo o respeito fui treinada para enfrentar todo o tipo de situação num campo de batalha e essa guerra não terá nada que já não tenha enfrentado antes. Além das minhas habilidades como guerreira, tenho ao meu lado o melhor contingente de soldados que poderia contar liderados pelos melhores comandantes que já tive a honra de conhecer, pelos feitos que já foram capazes de realizar. Contarei ainda com meus poderes para neutralizar as ações desse demônio e ajudá-los nessa batalha. Certamente viu a manifestação do bruxo. No entanto, também viu minhas defesas para detê-lo. E o mais importante, os poderes do bruxo serão anulados quando o príncipe Legolas recuperar a pedra... Sinceramente, agradeço a preocupação, mas acredito na eficácia da minha estratégia e ainda não conheci homem ou criatura capaz de me vencer numa luta.

- Vejo que a confiança em suas mãos também é uma arma, mas está depositando suas esperanças numa única ação e se o príncipe Legolas falhar você será capturada pelo demônio... Estando próxima a ele tornar-se-á um alvo fácil... Insistiu Éomer.

- Ele não falhará. Alguma outra pergunta?... Todos ficaram em silêncio e ela se dirigiu para Aragorn... – Sendo assim, majestade, peço licença para me retirar. Depois de tudo esclarecido darei aos senhores liberdade para discutir seus planos. Qualquer decisão que seja tomada, a pólvora que trago comigo será uma grande arma. Não deixem de considerá-la. Boa noite!

Ao sair da tenda, Kyara parou na porta e se virou para os cavalheiros reunidos.

- Vocês já viram o inferno?... Todos se mantiveram em silêncio... – Então, estejam preparados, porque logo estarão nele e muitos cairão.

Com essas palavras de mau agouro, ela se retirou.

Éothain comentou... – Não sei quanto à vocês, mas por um momento havia até esquecido que estava diante de uma mulher, por sinal, magnífica. Sua inteligência e coragem são admiráveis. Estou falando isso porque certamente todos aqui foram surpreendidos e sentiram-se desconfortáveis com a presença dela. Eu mesmo admito que fiquei. Apesar disso, aprovo seu plano.

Hadan, comandante das tropas do Folder Ocidental, que havia ficado quieto todo o tempo se manifestou neste momento.

- Já que fez esse comentário Éothain, tenho que concordar com o rei Éomer. Ela está se colocando em situação de muito perigo se realmente esse tal bruxo se manifestar de forma tão terrível quanto ela espera. Perdoe-me, majestade, pela franqueza, mas também não me sinto a vontade sabendo que ela estará conosco no meio da batalha. É uma mulher! Não deveria nem estar aqui.

Aragorn resolveu se manifestar... – Sei o que se passa na cabeça de todos e compreendo perfeitamente. Também compartilho do mesmo sentimento. Entretanto, estamos enfrentando um inimigo incomum, que veio de um lugar desconhecido para nós. E esta mulher é a única capaz de enfrentá-lo. Não tenho fé na nossa vitória se ela não nos acompanhar... Acreditem! Ela nos surpreenderá no campo de batalha. O que devemos fazer é protegê-la a todo custo. Você confia na eficácia da estratégia que ela nos apresentou, Hadan?

- Sim, sua estratégia é bem planejada. Pelo que já enfrentamos no passado me sinto muito confiante com a nossa vitória. Acredito que ela seja surpreendente só não me sinto a vontade com isso.

Gimli tomou a palavra... – Certamente é uma mulher de valor incalculável. A princesa Kyara é uma das criaturas mais doce que conheci, mas aqui mostrou o quanto é engenhosa, valente e determinada no seu propósito. Preciso lembrar aos cavalheiros aqui que ela se dispôs a vir da sua terra para enfrentar esse tal bruxo. Até onde minha compreensão alcança, ela está cumprindo uma missão que lhe foi confiada. A decisão de nos procurar para auxiliá-la nessa empreitada se dá pelo fato de ser impossível enfrentar um exército sozinha. Então, cavalheiros, digo que ela tem meu total apoio e não permitirei que ela fique vulnerável diante desse bruxo. Estarei ao lado dela todo o tempo.

- Quanto a isso acho que poderemos contar com qualquer um que esteja lutando no campo de batalha. Ninguém em sã consciência permitirá que ela se coloque em perigo, mas a vi lutar e sei que é capaz. O que me intriga é a manifestação do bruxo. Quando se trata de feitiçaria geralmente espadas pouco resolvem... Comentou Berethor... – Temo que nossa ajuda e proteção sejam ineficazes quando confrontarmos o bruxo.

- Reuniremos tudo o que pudermos contra essa força. A cavalo destruiremos boa parte do contingente Orc e isso já será um grande feito... Mas, estejam certos que o número de inimigos será muito maior do que esperamos e ainda teremos que enfrentar o desconhecido. Ela tem razão em afirmar que o nosso maior inimigo será o esgotamento físico. Creiam senhores que essa batalha não terminará tão rapidamente quanto pensamos... Manifestou-se Glorfindel.

- Então, meus amigos, vamos nos manter unidos com a chama da esperança em nossos corações e ainda que esta se apague que não percamos a coragem de morrermos em liberdade... Declarou Aragorn.

Legolas não pôde deixar de sentir-se orgulhoso. A vontade era ir imediatamente para a tenda dela e passar a noite em seus braços, mas a situação entre os dois estava longe de se resolver. Dois teimosos medindo forças. Ele se sentiu um idiota, mas teria que resistir pelo bem dos dois. Também tinha que reconhecer que ela mais uma vez provara o quanto confiava e depositava suas esperanças nele.

- Se todos concordam com a estratégia apresentada vamos tratar de dividir as bandeiras... Concluiu Aragorn.

Enquanto todos discutiam detalhes sobre a batalha, Legolas divagava sobre a discussão com Kyara e chegou à conclusão de que fora injusto, acusando-a daquela forma. Tinha todos os motivos do mundo para estar magoada com ele, mas ela teria que reconhecer, também, que não foi certo omitir-lhe suas intenções. De certa forma ela o envolveu numa trama, sim, sabendo que ele não permitiria que corresse tanto risco.

O que adiantou discutir? Agora estamos separados, tendo que correr os mesmos riscos... Elbereth! Que Tulkas seja meu guia, meus olhos e ouvidos e a força que precisarei para salvar meu amor... Essa mulher teimosa.

Gimli se aproximou dando fim aos pensamentos de Legolas.

- É, meu amigo! Você honra mesmo o que tem no meio das pernas para ter essa mulher. Conseguir chegar até a pedra a tempo será fácil. Sei que conseguirá. Agora, controlar a sua esposa? Aí sim é que será a tarefa mais difícil da sua vida.

Gimli olhou para ele e viu o quanto Legolas estava apreensivo.

- Fique calmo, porque eu cuidarei dela. Não a deixarei sozinha em nenhum momento.

- Muito menos eu. Por mais terrível que seja esse bruxo, tenho esperanças de que um matador de balrogs possa ser útil... Disse Glorfindel se juntando aos dois.

- Sabia que poderia contar com vocês.

- Conosco e com Aragorn, também... Glorfindel sorriu... – Imaginar que é a única mulher cercada por todo esse exército e ainda assim se revela como um de nós. Todos viram entrar uma mulher, mas foi um soldado destemido e engenhoso que saiu daqui.

Legolas nada comentou. Sentia-se mal pela discussão que tiveram e começou a ponderar se não deveria ter-lhe dado maior apoio. No entanto, não poderia esquecer que a escolha dela foi esconder dele suas reais intenções e isso não poderia ser perdoado facilmente.

- Vá resolver as coisas com a princesa... Insistiu Glorfindel... – Não precisa estar muito atento para perceber que um terremoto criou um abismo entre os dois.

- Como Gimli falou, domar essa fera será minha maior batalha e agora tenho que esperar. Não posso simplesmente correr atrás dela... Por mais idiota que pareça estamos medindo forças e não vou sair perdendo. Ela terá que aprender a se dobrar.

- Cuidado, porque você é quem acabará se dobrando... Completou Glorfindel.

Ele continuou pensativo. Ao término da reunião, todos os comandantes retiraram-se da tenda, com suas funções já definidas. Porém, Éomer permaneceu no recinto com o Imrahil e os irmãos da rainha, e, sem esperar,  dirigiu-se a Legolas.

- É dessa forma que diz amar sua esposa? Não percebe o risco que ela correrá?

- E desde quando isso é assunto seu?

Legolas voltou-se para ele de punhos fechados preparado para esmurrá-lo. Glorfindel e Gimli ficaram de pé entre os dois tentando impedir uma briga.

- Amigos! Que discussão mais sem propósito é essa?... Disse Aragorn sem entender o que estava acontecendo.

- Eu jamais permitiria que minha mulher me acompanhasse em uma batalha, ainda mais correndo o risco que ela terá que correr... Tome uma atitude de homem.

Num pulo, Legolas cobriu a distância que o separava de Éomer, ignorando os amigos, e o esmurrou com todo o ódio que guardava em seu coração. E Éomer caiu, violentamente, no chão.

- Devo continuar com minha atitude de homem, ou já aprendeu a não se meter com a mulher dos outros?

Aragorn tentou usar sua autoridade em vão... – Calma, Legolas!... Éomer! Desta vez você foi longe demais. Desde que a conheceu deixou evidente seu interesse, mas agora ela é uma mulher proibida para você. Então, se não pode se comportar com o respeito que lhe é devido não poderemos continuar com nossa amizade.

- Aragorn!... Éomer disse já de pé, esfregando a mão no rosto, com a boca sangrando... – Não quis ofender e faltar com o respeito, mas diante de tanto absurdo não poderia ficar quieto. Kyara é uma mulher de temperamento forte e muito determinada. A paixão com que conduz suas ações e se lança para a vida chega a ser palpável, mas isso não é novidade para ninguém aqui... Ele suspirou profundamente e olhou diretamente para Legolas... – A questão é que diante do risco de que algo ruim a aconteça, sendo eu o seu marido a deixaria amarrada se fosse preciso. Estou falando para que esse idiota entenda que a sua amada pode morrer. E se isso acontecer, Legolas? Suportará a perda sabendo que poderia ter feito algo e não fez?

- Já chega Éomer. Peço que saia... Esbravejou Aragorn.

- Legolas! Ela escolheu você. Então cabe a você fazer alguma coisa. Sei o quanto a ama e se algo a acontecer passará o resto da vida se culpando. Estou me metendo num assunto que não me diz respeito para alertá-lo... Ele parou de falar e abaixou a cabeça... – Não nego que a amo. Quem não amaria uma mulher como ela? Mas, reconheço que perdi... E riu nervoso... Na verdade nunca tive a menor chance. E apesar de tudo nunca deixei de considerá-lo meu amigo. Arriscou-se numa batalha que qualquer um consideraria perdida pelo meu povo. E se minha vida estivesse em suas mãos, mesmo sabendo do meu sentimento por ela, ainda assim não hesitaria em me socorrer... Ela não entregou seu coração a qualquer um. Tolo fui eu que me deixei envolver pelos seus encantos e não enxerguei o que estava na minha frente o tempo todo. O amor dela por você salta aos olhos, assim como a confiança que ela deposita em você... Ele voltou a encarar Legolas... – Então, pelo bem dos dois faça algo antes que seja tarde.

Legolas ficou em silêncio um instante.

- Entendo o que está me dizendo. Pensa que não tive vontade de acorrentá-la ao pé da cama? Mas Aragorn abriu meus olhos. A segurança dela será maior se estiver naquele campo de batalha. Se não, ele nos derrotará e irá atrás dela depois e quem irá impedi-lo?... Legolas passou a mão nos cabelos em desespero... – Por mais absurdo que pareça minhas chances serão maiores se ela estiver no meio da guerra.

Éomer o encarou com o olhar sombrio... – Então terá que ser melhor do que jamais foi na sua vida.

- Eu sei disso. E peço a você que a proteja.

- Está me pedindo... que a proteja?

- Estou. Mais importante que o meu ciúme é a vida dela.

Depois de um momento de silêncio, Éomer se pronunciou pesando na voz uma promessa velada... – Eu farei tudo o que estiver ao meu alcance.

- Então, meu amigo, eu peço que faça além do seu alcance... pela vida dela.


Notas Finais


Ai, meu Deus! Essa mulher insana vai acabar se matando. Que situação. Os dois brigados e à véspera da batalha. Eu temo pelo que estar por vir.

"Legolas honra mesmo o que tem no meio das pernas"... Bem grosseiro isso, Gimli.

Será que agora Éomer aprendeu a lição de não mais se meter com a mulher dos outros?

Comentem! Comentem!

Beijocas em cada um.


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