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História A Força do Amor - O Caldeirão do Inferno I


Escrita por: Indis_Imladris

Notas do Autor


Bom dia, caríssimos leitores e amigos!
Finalmente o dia D chegou e o confronto com o bruxo e seu exército não será fácil.
Uma informação importante sobre esse capítulo é que acontecerão situações simultaneamente. Fiquem atentos.
Boa leitura!

Capítulo 24 - O Caldeirão do Inferno I


Legolas cavalgou sem parar aquele dia até estar próximo às encostas da montanha e liberou Arod. Fez o restante do trajeto a pé, esgueirando-se pela vegetação com a capa que recebera da Senhora Galadriel na guerra contra Sauron, servindo-lhe de camuflagem.

Ainda podia-se avistar no horizonte o crepúsculo quando ele encontrou as tropas inimigas acampadas na planície pantanosa de Lis. As fogueiras já estavam acesas e ouvia-se longe o berro dos Orcs agrupados em torno delas.

Enquanto escurecia os campos se incendiavam com as fogueiras que se perdiam de vista. Mais uma vez seria travada uma batalha feroz, que decidiria os rumos da Terra Média naqueles campos. Entretanto, desta vez a história contaria outro desfecho, porque Legolas estava disposto a tudo para que seus amigos não perecessem e nem o seu amor, mesmo que isso significasse o seu fim.

Logo que começou a escalar as pedras viu uma abertura, que poderia servir de passagem para o interior da montanha. Por ser um elfo tinha um poder de visão muito mais aguçado que um mortal, mas a passagem era um completo breu e, mesmo com todo seu esforço para ver adiante, somente conseguia se mover tateando o caminho. Não poderia se arriscar em atrair a atenção de qualquer sentinela acendendo uma tocha.

Percorreu esse caminho por algum tempo, sempre para baixo mantendo a mesma direção e vez ou outra era surpreendido por um morcego que passava voando.

O túnel parecia não ter fim e caminhou o que pareceu a ele umas duas horas, até perceber luz ao longe. Quando finalmente alcançou o clarão, viu que se tratava de uma gigantesca caverna coberta de estalactites e estalagmites, com um lago subterrâneo iluminado por fachos de luz vindos de buracos e fendas no teto da caverna. Os fachos de luz lhe deram a certeza de que tivera sorte encontrando aquela passagem.

Circulou o lago e começou a subir por outra passagem escalando as pedras. Como não era uma subida muito íngreme, Legolas não teve dificuldade e logo estava em outro túnel. Mais uma vez precisou tatear as paredes, mas seguia confiante acreditando que aquele caminho o levaria ao centro das montanhas e ao seu objetivo.

Seguiu pelo túnel escuro até alcançar outra caverna iluminada por tochas. Legolas esgueirou-se entre as pedras, com muito cuidado para não ser visto e observou atentamente o lugar.

No lado oposto da caverna havia uma árvore seca, entalhada com formatos de caveiras. Em seus galhos secos várias cabeças e crânios estavam pendurados, e serpentes, que se enroscavam entre eles. A frente da árvore havia uma cripta de bronze e ao seu redor vários buracos queimavam restos de algum animal, que levantava uma fumaça esverdeada, deixando o ambiente enevoado e fétido. A fumaça irritava os olhos de Legolas, deixando-os turvos e o cheiro o sufocava, provocando tonteira.

Ele ergueu-se de trás das pedras certo de que o lugar estava vazio e caminhou para a árvore buscando uma forma de continuar. Ao se virar deparou-se com uma mulher de aparência selvagem, usando uns trapos, que mal cobriam seu corpo. Tinha os cabelos grossos, negros e longos, e estavam em completo desalinho.

Sua figura o assustou num primeiro momento, mas os olhos amendoados da mulher, estranhamente, prendiam sua atenção impedindo-o de desviar. Ela se aproximou de Legolas sorrindo e o envolveu num abraço dizendo palavras em seu ouvido, que lembravam o som de uma cobra. Aproveitando-se da embriaguez, que o impossibilitava de se desvencilhar, ela se insinuou para ele.

Legolas esforçava-se para sair daquela situação quando viu na figura da mulher a imagem da Kyara e isso o confundiu. Não entendia o que estava acontecendo, porque sua razão o traia. Sem pensar em mais nada largou o arco e se deixou levar pela sedução dela, correspondendo às suas investidas, que o enredava com seus braços e pernas, oferecendo-se.

Ele não tinha mais domínio sobre si. O feitiço que fora lançado o enredava completamente.

Ela o empurrava em direção à árvore, tentando soltar as correias que prendiam suas armas e a impediam de despi-lo.

Encostado a árvore, ainda num último esforço para recobrar sua lucidez, ele agarrou os cabelos da mulher e a fez encará-lo. Era o rosto da Kyara, mas o cheiro e o gosto da sua pele não eram os mesmos. O feitiço que ecoava com o som da voz dela penetrava poderoso nos seus ouvidos até ele olhar para o chão e ver, através da poça de sangue, o reflexo de uma cobra o envolvendo no lugar da Kyara.

O susto o despertou e imediatamente tentou empurrá-la para longe.

Percebendo que seu encantamento havia sido quebrado, seus olhos amarelaram e sua pele começou a escamar. Pouco a pouco a mulher se transformou na sua verdadeira forma: uma serpente gigante, que lhe sorria mostrando as presas.

Num impulso, ela deu um bote e Legolas, rapidamente, esquivou-se do ataque, mas não foi capaz de repetir a proeza. A serpente se enroscou nele, apertando-o mais e mais para esmagá-lo, e ele passou a travar uma luta desesperada para se libertar.

Com muito esforço, retirou uma das adagas presa às suas costas e talhou o monstro num corte fundo, que o fez soltá-lo. Sem desistir da sua presa, a serpente mais uma vez tentou novo ataque. Perseguiu o elfo, que se safava como podia até se proteger por detrás da árvore, não se importando com as serpentes que o cercavam.

A serpente gigante, com muita desenvoltura, rapidamente circulou a árvore e Legolas não teve outra saída a não ser enfrentá-la. Saltando para o centro da caverna, apanhou do chão seu arco e, dando distância suficiente, mirou nos olhos da criatura conseguindo cegá-la, deixando-a alucinada com sua dor.

Debatendo-se, ela imprensou Legolas nas pedras. Cega, percebia a localização da sua presa pelos seus movimentos. Antes que ela o atingisse ele subiu em seu corpo e deflagrou golpes talhando fundo sua carne. A serpente atirou-se sobre ele para esmagá-lo com a cabeça e Legolas a perfurou matando a serpente. Exausto com o esforço, deixou-se cair no chão, tentando respirar.

Ainda se sentia embriagado, mas, aos poucos, recuperou suas forças e sua lucidez. Não podia ficar ali parado por muito tempo, então vasculhou o lugar a procura de uma passagem até avistar uma abertura entre as pedras atrás da árvore seca. Afugentou as serpentes com o fogo e escalou as pedras enveredando-se pela escuridão. Havia conseguido vencer seu primeiro obstáculo.

Nesse momento lembrou-se do aviso da Kyara alertando-o para que desconfiasse de qualquer coisa que não fizesse sentido. Teria que ser mais cuidadoso dali por diante.

Legolas perambulou por um tempo incalculável, entrando e saindo de cavernas e túneis, até alcançar o interior da montanha. Deparou-se com os primeiros Orcs circulando entre fornalhas e gigantescos caldeirões flamejantes usados para derreter o ferro que forjou as armas da batalha. O calor chegava à beira do insuportável e o ar estava pesado demais para respirar.

Ele enrolou-se com a capa de Lórien e esgueirou-se pelas pedras. Por pouco não fora descoberto por uma criatura Orc, que esteve muito perto dele, enquanto era confundido com uma pedra. Durante seu trajeto observou que no alto da caverna havia um palanque e outra passagem. Aproveitou que poucos Orcs permaneceram no local. Usando uma barra de ferro virou um dos caldeirões, derramando o líquido escaldante pelo lugar, atraindo-os para a confusão enquanto escalava as pedras até chegar ao alto da caverna.

Quando alcançou o palanque embrenhou-se por um corredor comprido e no final deparou-se com um salão, cujo teto era sustentado por grossas colunas de pedra e quatro passagens para outros corredores. Parou no meio sem saber qual delas seguir. Percebeu que as colunas eram esculpidas com a forma de uma criatura lobo, com boca e presas muito grandes, desproporcionais ao tamanho da cabeça. Elas ficavam de pé nas duas patas traseiras como um humano, e mesmo sendo de pedra as criaturas assustavam.

Legolas decidiu por tomar a primeira entrada à esquerda da passagem que o levara até outro salão. Ao sair do local, as esculturas iluminaram-se provocando um forte clarão ao redor, enquanto tomavam forma.

Quatro lobisomens adquiriram vida e seguiram no encalço de Legolas. Ele logo percebeu a aproximação das criaturas e correu até uma escadaria de pedra, descendo apressado. Deu de encontro com alguns Orcs saindo da masmorra mais profunda de todas. Imediatamente ele disparou flechas matando todo o grupo, e esse contratempo fez com que as criaturas lobo o alcançassem.

Andando sobre duas patas ficavam mais altas que Legolas e suas presas e garras avantajadas impunham respeito. Legolas teria que ser rápido e sem perder tempo disparou as flechas que pôde diante da curta distância que as criaturas estavam dele.

Elas foram atingidas, mas apenas uma das quatro feras tombou. Ele não teve outro jeito a não ser partir para o confronto direto com suas adagas. Com muita precisão e velocidade atacou um dos lobos, matando-o com o abdômen retalhado, para logo a seguir ser atingido por outro, que o lançou, com violência, contra a parede. O golpe fez com que as adagas caíssem no chão.

A criatura o agarrou pelo pescoço e o suspendeu no ar pronta para devorá-lo. Ele conseguiu retirar uma flecha da aljava enfiando-a no olho da criatura, que urrou de dor e o soltou imediatamente. Legolas correu para dentro da masmorra e pegou uma haste de ferro jogada no chão. Quando se virou para se defender do golpe fatal, cravou a haste no peito da fera, que morreu com o próprio peso.

Deixou o corpo da criatura ir ao chão, como uma árvore tombada. Rapidamente, olhou em volta procurando por algo que pudesse usar para se proteger da última fera que acabara de entrar no salão, caminhando devagar com o olhar de pura crueldade percorrendo o ambiente putredinoso a procura da sua presa.

Legolas se esgueirava entre os aparelhos de tortura se escondendo e, lançando mão de um machado, saltou diante da fera para atacá-la. O lobisomem esquivou-se do golpe de morte, mas ainda assim foi ferido no ombro, o que não o impediu de revidar o ataque com suas garras, quase no mesmo instante em que foi ferido, rasgando a vestimenta de Legolas e sua carne.

Ele caiu sobre uma mesa com vários instrumentos para tortura, ainda com o machado a mão. O lobisomem jogou-se sobre Legolas, que rolou para fora da mesa caindo no chão e a criatura a esmurrou quebrando-a ao meio. Legolas, ao se levantar, desceu o machado sobre o lobisomem cravando-o nas costas do bicho, mas não conseguiu matá-lo.

A criatura, muito ferida, já demonstrava fraqueza, mas resistia à duras penas. E mais uma vez avançou sobre Legolas, que, desta vez conseguiu se esquivar. Ele correu para fora da sala procurando suas armas e lançou mão das adagas, que foram arremessadas levando a criatura ao chão ainda viva. O lobisomem agonizou por alguns segundos, respirando com dificuldade, e depois morreu.

Legolas levou a mão ao peito sentindo a carne queimar com as feridas provocadas pelas garras da fera. Seu pescoço também queimava e logo suas roupas, agora com rasgões, encharcaram de sangue. Circulou pelo lugar recolhendo suas armas e prestou mais atenção ao terror ao seu redor.

Várias câmaras com corpos mutilados e devorados estavam expostos em meio a muitas armas de morte e tortura. O sangue corria pelo chão e em tudo ali. Deduziu ser as pessoas sequestradas da vila de Demétrio. Seu pensamento voltou-se para Kyara e se perguntou onde poderia encontrar a tal pedra.

Sem perder mais tempo saiu em disparada para retornar ao salão das quatro passagens.

 

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O nascente despontava por trás das Montanhas Sombrias com o exército de Gorlock preparado para o confronto. O bruxo havia reunido todo o poder do seu trono, assumindo dimensões extraordinárias. A planície estava escurecida pelas companhias, que avançavam marchando do norte, e, até onde a vista alcançava, surgiam nojentas e aterradoras, urrando ferozes, exibindo sua força, maldade e horror.

Do sul fulguraram os exércitos da nova aliança, com o esplendor dos homens, elfos e dos anões. As hostes se apresentavam com formas jovens, belas e terrivelmente armadas com malhas brilhantes, longas espadas e lanças, como uma floresta, a exceção dos anões, atarracados e duros, como a rocha, que pareciam quase impossíveis de se transpor, com suas máscaras e machados ameaçadores.

Aragorn chegava com o estandarte de Gondor cintilando à frente e Kyara com Gimli ao seu lado. A direita do pelotão de Gondor, o estandarte de Dol Amroth seguia com seus cavaleiros cisnes e o príncipe Imrahil, acompanhados dos anões guerreiros das Cavernas Cintilantes, e a esquerda, os estandartes de Ithílien e Valfenda, com seus capitães Beregond, Glorfindel, Elrohir e Elladan à frente.

A aliança marchava avançando devagar. Ao avistarem no horizonte o exército inimigo pararam. Imediatamente foi providenciada uma vala, que atravessava grande parte da frente de batalha, e derramaram óleo.

O rei de Gondor estava imóvel assistindo a aproximação lenta da hoste inimiga, crescendo cada vez mais em número e forma, como uma nuvem negra trovejando alto. Quanto mais aquela imagem se aproximava e o som se tornava mais alto e forte, mais os cavalos se inquietavam, pressentindo o mal e o perigo se aproximando, enquanto o coração dos soldados batia devagar.

Foi ateado fogo no óleo e os arqueiros de Ithílien e Valfenda tomaram a frente com o corpo de lanceiros a postos logo atrás. O tempo parecia se equilibrar na incerteza e um cheiro de fogo encarniçado impregnou o ar.

A imagem negra agora era um grande assombro, fervilhando como um caldeirão quente. Aragorn, como bom combatente e experiente pelas muitas lutas que já travara, sabia da tensão dos seus guerreiros, e ergueu-se nos estribos, alto e orgulhoso, com um vozeirão poderoso e cristalino.

- Meus irmãos! O fogo e a morte estão diante dos nossos olhos, enquanto nossas casas ficaram para trás, às nossas costas. Mas, somos guerreiros e lutaremos com fúria e seremos gigantes diante do inimigo. Colheremos a glória a que teremos direito e não cairemos com a dor e nem com o cansaço. Hoje será um dia vermelho, e um dia de vitória.

Naquele momento um vento soprou e foi possível divisar as nuvens sobre as montanhas, com formas cinzentas e remotas, subindo, flutuando: a aurora estava atrás delas. Os exércitos bradaram.

- Vitória! Vitória! Vitória!

Kyara permanecia impassível ao lado de Gimli, que não se continha com a gana de partir ao meio muitos crânios.

Por instantes os raios do sol despontaram na imensidão, mas logo foram dominados por uma sombra negra e rubra na forma de um demônio, com garras ameaçadoras, que passou alto sobre a planície e o cenário tornou-se funesto, com o presságio da morte.

As trombetas do inferno soaram estridentes e a escuridão dominou o céu.

Aragorn, ao ouvir o toque do inimigo, tomou uma grande corneta da mão do porta-bandeira e produziu um som tão forte, e imediatamente todas as cornetas dos exércitos reunidos soaram, como uma trovoada pela planície, inflamando o norte com a guerra.

O inimigo tomou de assalto os campos alagados e investiu sobre os aliados, como uma avalanche fazendo a terra tremer. Há pouca distância das tropas, Aragorn ordenou a primeira saraivada de flechas com a pólvora, que cobriu o céu, caindo certeiras e mortais, buscando implacáveis suas vítimas. E grande foi a surpresa quando explodiram em pedaços aqueles atingidos. Isso fez com que os Orcs parassem atordoados e nova saraivada atingiu o contingente, causando muitos estragos.

Sem deixar que o medo e a desorientação os dominassem, tornando-se mais um obstáculo a se transpor, Marclung, o meio Orc e comandante das tropas inimigas, instigou e inflamou seus comandados, ordenando que enfrentassem o inimigo com toda a fúria.

Os Orcs foram tomados novamente pela adrenalina e a maldade que os impulsionavam, e mais uma saraivada de flechas foi lançada.

Pouco a pouco, as maiores feras eram abatidas.

A aproximação era cada vez maior e logo o confronto direto aconteceria, quando Kyara desmontou e caminhou sozinha em direção as tropas inimigas. Gimli se mobilizou para segui-la, mas ela o impediu. Abrindo os braços, conjurou um feitiço e suas mãos incendiaram com um fogo azul, que logo tomou todo o seu corpo. Ainda que pequena diante da imensidão negra que se aproximava feroz, Kyara era radiante e terrível com sua luz intensa, e labaredas azuis foram lançadas sobre o inimigo dizimando sua frente de batalha em chamas.

Inesperada e surpreendente foi sua atitude, que investiu forte e intensamente a energia de fogo e esse foi o sinal para que os flancos a leste fossem tomados pelas cavalarias de Rohan, do Folder ocidental, Grimbol, Fenmark, Riacho de Neve e os Guardiões do Norte, com seus capitães, todos comandados pelo rei Éomer.

Ele avançou a frente, com o rabo-de-cavalo do seu elmo solto ao vento e a vanguarda dos cavaleiros das Terras dos Cavalos o seguindo, acompanhados das hostes aliadas, cujos estandartes flamejavam imponentes, ávidos pelo combate confiantes na vitória.

Rugiam como uma enorme onda que se arrebentava em espuma na praia. E os exércitos de Gorlock gemeram, tomados de terror tentando fugir, mas eram mortos, pisoteados pelos cascos da ira.

Aragorn ordenou o avanço das suas tropas e Kyara saltou sobre seu cavalo ao passar correndo por ela, acompanhada de perto por Gimli. O violento choque aconteceu em três frentes, encurralando-os no costão das montanhas não dando chance para fuga.

Às criaturas, não restou outra coisa a fazer se não lutar.

As espadas desembainhadas se chocavam incessantemente e Kyara, sem piedade, deflagrava golpes para todos os lados. E ninguém conseguia resistir a ela e nem se dispor a isso, pois ela derrubava todos que se postavam a sua frente, abrindo passagem com violência e Tellas refulgia como uma espada em chama. Sua delicadeza natural foi deixada de lado assumindo trejeitos masculinos e seu rosto se transformou. Kyara não possuía mais raça, idade, ou sexo. Ela agora era a guerreira implacável de Tanusia.

Aragorn e Gimli a acompanhavam de perto e ficaram impressionados... - Gimli! Eu perdi a contagem duas vezes... Ofegante ela dizia... – Não tenho mais ideia de quantos já derrubei.

- Não se preocupe. Mesmo que comece de novo ainda não a terei superado. Só com o fogo matou muitos.

- Ah! Mas isso não conta. Não seria justo com você... Vou começar de novo a partir de quinze. Isso posso garantir que já matei.

- Tem bastante para nós dois.

- Então, o que estamos esperando?

E partiram para cima dos inimigos feito dois loucos alucinados.

Surgiu à frente dela um Demônio de Kraken, e Athos relinchou e empinou, pressentindo a investida perigosa da criatura, chamando a atenção dela. O ser nefasto arremessou seu machado sobre a cabeça da Kyara, que precisou jogar-se do cavalo para não ser atingida. Ao atirar-se rolou no chão e postou-se de pé lançando sua adaga no peito da criatura, que tombou ainda com vida, mas Kyara, sem piedade, decepou-lhe a cabeça e recolheu sua adaga.

Incontestáveis eram os atos de bravura desesperada realizados pelos comandantes e seus guerreiros, não sendo os da única mulher ali entre feras e gigantes os menos importantes ou menos notados, pois ela se igualava em coragem, força e habilidade.

O clarão das espadas desembainhadas dos guerreiros aliados era como um incêndio no caniçal, enquanto que as cimitarras nas mãos dos Orcs pareciam estrelas faiscando. Os Trollls e as criaturas Kraken eram o peso a mais naquela batalha sangrenta, que carregavam grandes espadas e machados, e cada golpe parecia o peso da montanha caindo sobre seu oponente.

A cavalaria muito havia avançado e massacrado o inimigo, e, ao final daquele dia os aliados tinham a sensação de que logo a batalha teria seu desfecho. Mas, quem orquestrava o exército inimigo por trás da batalha não era uma criatura Orc ou coisa que o valha e muito menos havia manifestado seu poder ainda.

Antes mesmo que os aliados pudessem pensar na vitória, o mestre do mal ainda estava no comando, controlando grandes poderes e muitas armas. Ciente do poderio inimigo, Gorlock mandou uma força aparentemente grande para o primeiro confronto e, no entanto, apenas uma parte de tudo o que tinha pronto. Quando a noite chegou, ele libertou outro contingente de Orcs com montarias Wargs, e Trollls e ainda lobisomens.

A força e o terror do bruxo nessa segunda investida foram ainda maiores, e Aragorn e Éomer reagruparam seus soldados, preparando-se para o próximo golpe do martelo, que viria muito mais violento. Naquele momento uma avalanche de inimigos duas vezes maior do que suas tropas os atacavam.

O bruxo forçou uma cunha negra e feroz com as criaturas lobisomens e Trollls entre os exércitos, cercando Aragorn e os anões e empurrando Éomer e Imrahil para o lado em direção a entrada do vale. Glorfindel e Beregond mantinham-se firmes na retaguarda com a hoste de Valfenda e Ithílien, enquanto Elladan e Elrohir, com os Guardiões forçavam passagem para chegar até Aragorn.

Kyara desmontada se viu cercada e Gimli, a machadadas, conseguiu se aproximar dela. Encurralado no costão das montanhas estava Thored e seus comandados do Folder Ocidental. Logo foram cercados por Orcs e Wargs. No final, Thored estava só, com sua guarda quase toda morta ao redor. Ele lutava com bravura quando um lobisomem veio por trás e o atingiu, o jogando contras as pedras. Desacordado tornou-se uma presa fácil e o monstro o atacou mais uma vez, arrancando sua cabeça a dentadas. Assim caiu o primeiro líder dos exércitos aliados.

A noite avançou, trazendo a exaustão, mas guerreiro algum, de ambos os lados, tombaria pelo cansaço. Na divisão das tropas Éothain manteve-se às margens do rio com grande parte dos cavaleiros de Riacho de Neve e Grimbol, que, na segunda investida do bruxo, usou a tática de cercar os cavaleiros pelas margens do rio.

Os grupamentos que estavam sob o comando de Éothain foram os primeiros que receberam o terrível assalto, obrigando-os a recuarem para o meio dos campos. Encurralados, muitos tombaram, entretanto Éothain fora capturado vivo, antes que pudesse receber reforços.

Muitas perdas se acumularam neste primeiro dia de batalha e gigantes foram os líderes dos exércitos que tiveram um trabalho ainda maior para manter as tropas unidas e organizadas. Inesperadamente, os inimigos começaram a recuar para as colinas rochosas. Logo a manobra fora percebida e Aragorn ordenou que os aliados também recuassem.

- Recuem! Recuem!... Gritava Aragorn... – Reagruparemos no sopé da primeira encosta.

Ali deveriam descansar e aguardar por um breve período, e fazer planos.

- Que diabrura será essa de se recolherem quando estavam começando a dominar a batalha?... Questionou-se Gimli.

- Seja o que for devemos recuar. Não vamos nos precipitar em buscar o inimigo dentro do seu covil... Manifestou-se Kyara se aproximando... – Gorlock é astuto e seus objetivos têm a ajuda das revelações da pedra. Já deixou claro que ainda não vimos tudo o que tem guardado para nós. E ele mesmo não se manifestou.

Kyara suspirou deixando-se perceber cansada.

- Preciso poupar minha magia para meu confronto com ele.

- Já não estou certo de que permitirei sua permanência aqui... Revelou-se Aragorn, preocupado... – Lutou com bravura, mas vejo que o risco será muito grande. Tenho uma promessa com meu amigo, que está trilhando seu próprio caminho dentro dessas montanhas.

- Não tema por mim, que já estou preparada para esse momento desde que deixei minhas terras. Tema por vocês mesmos, que precisarão ser três vezes mais do que foram até agora... Retrucou Kyara... – Disse que enfrentaríamos o inferno e tudo o que vimos foi somente o início.

Houve silêncio e Aragorn ponderou sobre as palavras que ouvira.

- Conduz sua vida por caminhos infelizes, Kyara... O semblante fechado de Aragorn deixava claro sua preocupação.

Glorfindel se manifestou... – Talvez seja o seu destino trilhar caminhos estranhos que outros não ousam.

- Faço isso não por vontade, mas por necessidade. Sabem que tenho um compromisso e um juramento a cumprir. Até o momento da minha vinda para estas terras, devia obediência ao meu juramento.

Ela se calou um instante e voltou seu pensamento a Legolas.

- Agora preciso pensar naqueles que dependem de mim. Meu propósito nunca foi segredo para ninguém.

A violência da batalha já se fazia aparente por todos os lados nas planícies alagadas de Lis e entre as perdas foi sentida a morte de Thored. Do seu contingente poucos resistiram e, para Éomer, ainda maior foi a dor de se deparar com a perda de Éothain, seu braço direito e grande amigo, que imaginava agora morto. Contudo, naquele momento os soldados já não carregavam consigo a certeza da vitória e sombrios eram seus pensamentos. E seus senhores não poderiam deixar que se abatessem.

A luta estava longe de chegar ao fim e o destino da Terra Média estava sob o fio da navalha. Não importava mais que estratégia seria usada, desde que a coragem e a força estivessem a frente conduzindo-os.

Incansável, Glorfindel ordenou que os guerreiros de Valfenda fizessem um cerco para montar guarda, enquanto o pelotão reunia forças para nova investida. Remanescente de um povo heroico carregava consigo o título de Senhor da Guerra, e postou-se à frente atento a qualquer movimento nas encostas.

Os anões não se contentavam em aguardar o momento de serem devorados ou esmagados por um ataque furtivo. Instigado pela fúria de Gimli e seu comandante Hung, do antigo povo das Montanhas Azuis, estavam muito mais dispostos a avançarem contra o inimigo sem se preocuparem com perdas, buscando a vingança dentro do covil deles.

Aragorn conteve o ímpeto de muitos para avançarem, intuindo que ali existia uma armadilha para o massacre de todos, e a prudência prevaleceu. Assim, lentamente, eles passavam de um dia sangrento, para a escuridão de temores e uma noite de angustia.

Amanheceu e o sol não veio saudá-los com bons presságios. Uma nuvem escura dominava as montanhas com fumaça negra subindo, enquanto, nos campos, a névoa tornava as árvores, que resistiram à batalha, em enormes fantasmas. As hostes aliadas estavam agrupadas, esperando o momento de avançarem com seus capitães à frente para comandá-los.

Tudo parecia estranhamente silencioso. Não se ouvia nenhum barulho, gritos de batalha, troar de armas. O que não esperavam era que Marclung havia recebido ordens diretas de Gorlock para atrair os inimigos para dentro dos campos alagados, pelos meios que fossem possíveis. Então ele enviou cavaleiros com ofertas de negociação, e com eles estava Éothain.

Os arautos do bruxo gritaram para apresentá-lo.

- Desistam desta guerra. Se houver rendição nosso mestre será benevolente. Poderão servi-lo de forma mais digna a que um escravo está obrigado. Mas, se resistirem serão destruídos e aqueles que permanecerem de pé serão tratados como este.

E mostraram Éothain cego e brutalmente torturado, para em seguida decepar-lhe os pés e as mãos. Por fim, decapitaram-no a vista de todos e o deixaram ali.

Éomer, que já tentava conter-se com a ira, inflamou-se numa cólera louca, investindo sobre os arautos a cavalo acompanhado da sua tropa. Ele os perseguiu e matou-os, desaparecendo no nevoeiro. Ao ver o perigo a que ele se expôs, Aragorn mandou soar a trombeta e ordenou o ataque. Então, no segundo dia de batalha os homens conheceram o inferno há dias alertado pela Kyara e a bravura dos soldados não pôde conter o ataque do inimigo.

O vento soprou, as trombetas cantaram, flechas zuniram, espadas se chocaram, mas a sombra do bruxo velava a esperança, como se fosse o final do dia ou, talvez, o fim dos tempos. As colinas das Montanhas Sombrias despejavam inúmeros Orcs. Os homens do oeste estavam encurralados e logo, por toda a volta forças três vezes maiores e mais numerosas os atacavam num mar de inimigos.

Gorlock feria com mandíbulas de aço e seus exércitos investiram sobre as hostes aliadas por três lados, que, cercados, tentavam abrir passagem a força, dividindo-os. Éomer, com os cavaleiros de Rohan, e Grimbol foram para as margens do rio, e Hadan, de Fenmark, foi morto na retaguarda, levando, com ele, parte dos seus homens. Encurralado nas encostas ficou Aragorn e todos os demais.

Kyara permaneceu ao seu lado, sempre com Gimli e desta vez acompanhada de Glorfindel. Novamente cercada de Orcs, ela viu Aragorn lutando com dois lobisomens e não pensou duas vezes. Feriu de morte o Orc a sua frente talhando sua barriga, que caiu de joelhos sustentando as vísceras com as mãos. Usou os ombros dele como impulso para pular sobre os outros Orcs, equilibrando-se nas suas cabeças e escudos enquanto se defendia dos golpes que recebia. Ao avistar a criatura lobo saltou, atacando-a pelas costas, segurando Tellas com as duas mãos, enquanto cravava a espada até atravessar o corpo da criatura. Aragorn aproveitou a surpresa do ataque e, também, matou o outro lobisomem.

- Prometi a minha amiga que o levaria de volta são e a salvo.

Disse ela ofegante, suada e suja de sangre negro. Logo um Demônio de Kraken a golpeou, arremessando-a há alguns metros de distância e saltou em cima dela com o machado erguido. Uma lança o atingiu no peito fazendo-o cair sobre a Kyara. Ao tentar sair debaixo da criatura deparou-se com Glorfindel lhe estendendo a mão.

- Não poderia ter me comprometido com nada mais difícil do que mantê-la a salvo no meio desse tormento... Disse ele sério... – Começo a achar que Aragorn tem razão em querer tirá-la daqui.

- Não se atreva. Só saio daqui se todos que estiverem de pé, também forem... Inclusive você, guerreiro.

Não houve tempo para resposta porque os inimigos não davam trégua, e um gosto amargo passou a queimar na garganta de cada um vendo que o fim estava próximo e, com ele, a derrota. Muitos haviam tombado e ficou impossível qualquer organização das tropas para um ataque programado. Para todo o lado que se via era um enxame negro atacando os soldados que se defendiam como podiam.

De repente, ouviu-se um grito, que subia com o vento vindo do nordeste, atravessando o vale, e nos campos de batalha, todos os soldados ergueram suas vozes em assombro e alegria. Pois, de modo inesperado, o rei Thranduil, pai de Legolas, irrompeu o rio, com suas tropas, acompanhado de Haldir, comandante dos exércitos dos Galadhrim, povo élfico de Lórien Oriental, cujo Senhor era Celeborn.

Aos berros, disse Elrohir... – Vejam! Nossos parentes vêm em nosso auxílio. Hoje não será um dia de derrota.

E mais uma vez as cornetas soaram em resposta. Em instantes os campos foram invadidos por fechas certeiras, armaduras brilhantes e espadas mortíferas. Figuras altivas movimentavam-se com muita rapidez e precisão sobre os monstros e o combate se equilibrou dividindo os inimigos, trazendo um pouco de alívio para os soldados já cansados e desesperançados.


Notas Finais


A sorte foi lançada... Mais uma vez o Bem e o Mal se confrontam numa luta pelo destino da Terra Média. Agora é acompanhar para saber quem sairá vencedor dessa batalha.

A todos um ótimo carnaval,um ótimo feriado.

Beijocas!


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