1. Spirit Fanfics >
  2. A Força do Amor >
  3. Felizes para Sempre

História A Força do Amor - Felizes para Sempre


Escrita por: Indis_Imladris

Notas do Autor


Feliz Páscoa, amigos!
Perdoe a demora para postar o capítulo. Pela primeira vez não cumpri com o prometido, mas não se desesperem. Eis que saberemos quem é a figura que pretende impedir o casamento do nosso querido casal.
O capítulo Felizes para Sempre encerra a primeira fase da história para nos remeter aos altos e baixos que toda relação está sujeita. No entanto, estamos acostumados a ter sempre muita aventura, romance e emoção. Prometo que teremos tudo isso.
Boa leitura!

Capítulo 31 - Felizes para Sempre


O homem parou próximo às escadas que levavam ao altar.

- Meu pai!

Kyara sussurrou estas palavras não acreditando no que estava vendo. Olhando para Legolas repetiu-as. Sem pensar em mais nada, Legolas postou-se a frente da Kyara temendo que o homem a levasse embora.

- Como ousam realizar esta cerimônia sem minha permissão?

Kyara na mesma hora correu na direção do homem e se atirou em seus braços.

- Meu pai! Eu pensei que nunca mais o veria.

O rei Salmos suspendeu Kyara pelos braços como se ela ainda fosse uma criança e a rodou no ar.

- Como pôde fazer isso comigo?... Matar-me de preocupação. Veio enfrentar um inimigo perigoso numa terra desconhecida e sozinha. Depois simplesmente resolve se casar? Diga-me, minha filha, o que eu devo fazer com você?

- Meu pai!... Você me criou e me ensinou a ser como sou.

- Sempre o mesmo discurso. Lamento dizer que não permitirei que essa cerimônia se realize... Disse o rei com seriedade.

Kyara, chocada com as palavras do pai, perguntou incrédula.

- Como não vai permitir meu casamento? Passou a vida tentando me casar com o primeiro lorde que aparecesse.

Legolas se aproximou dos dois e, fazendo uma reverência para o rei, se apresentou.

- Majestade! Sou Legolas, príncipe élfico da floresta de Eryn Lasgalen e noivo de sua filha. Perdoe-me se não pedi seu consentimento antes, porém as circunstâncias me impediram. No entanto, finalmente tenho a honra de conhecê-lo, assim poderei cumprir com o meu papel como é devido.

O rei observou impassível os gestos e as palavras muito polidas de Legolas, deixando Kyara apreensiva. Seu pai não gostava de ser contrariado e não poderia prever o que ele achou da sua aventura na Terra Média e muito menos seu casamento com um homem de outra raça, tendo que viver longe das suas vistas para sempre.

- Então você é o elfo que conseguiu o feito inimaginável desse mundo? Preciso saber o que fez para conquistar o coração da minha filha. Acaso usou feitiços?

Legolas respondeu calmamente... – O amor, majestade! Ele nos enfeitiçou e para este feito não temos explicação.

- Seus olhos me dizem que não é o tipo que se intimida. Imagino que seja um elfo de grande caráter e coragem além de outras qualidades que poderia considerar fundamentais para desposar a minha filha, mas não permitirei que essa cerimônia se realize.

- Majestade! Diante das circunstâncias peço que confie na escolha da sua filha e reconsidere meu pedido para desposá-la. Poderia realizar a cerimônia com a sua concordância ou não, mas é muito importante para nós a sua benção. Kyara já sofreu muito por se casar sem a presença da sua família e ainda mais pelo fato de ser privada do seu convívio. Eu a amo e viverei em seu reino se assim o preferir e se me for permitido. Seria capaz de qualquer coisa pela felicidade dela, portanto, peço que não nos impeça de sermos felizes. Enfrentamos um mundo esperando por esse momento e tudo agora depende apenas da sua aceitação.

Thranduil aproximou-se se mantendo em silêncio às costas do filho. O rei Salmos logo percebeu a semelhança física dos dois e deduziu o parentesco, mas dirigiu-se todo o tempo a Legolas.

- Ama-a e mesmo assim acataria minha decisão?

- Sim. Porém, lhe peço a chance de fazer por merecê-la. Sujeitar-me-ei a sua vontade para que me considere um pretendente a altura.

- Tolo! Está se colocando inteiramente em minhas mãos.

- É assim que deve ser feito. Devo agir calcado em meus princípios, contando com a compreensão dos que me são caros e com a ajuda do criador se essa compreensão não se efetivar. Por isso rogo para que me dê a chance de provar meu valor da forma que julgar mais justa e fazer por merecer a mão de sua filha.

Kyara abraçou Legolas apoiando a cabeça em seu ombro aflita com os rumos daquele diálogo. Sabia como o pai gostava de conduzir as coisas e bem poderia exigir o impossível para que aquela cerimônia não se realizasse. No entanto, o gesto inocente dela deixou claro para o rei que seu sonho realizara-se. Via com seus próprios olhos que sua menina havia encontrado o amor e não tinha o direito de impedi-la de ser feliz. Julgou finalmente ter paz vendo-a casada formando sua família longe dos perigos a que se sujeitava.

- Sua atitude já revela seu caráter. Demonstra grande consideração não somente por mim, que até onde sei não devo fazer a menor diferença para você, e por isso lhe sou grato, mas principalmente para com minha filha... Permita me apresentar devidamente. Sou rei Salmos de Tanusia, um país fora das esferas de suas terras e nem sei ao certo há que proporções, e pai da moça ao qual pretende desposar. Não quero nada para mim, príncipe Legolas. Quero apenas que considere minha filha, a princesa Kyara, a partir de agora, a coisa mais preciosa que tem na vida e não meça esforços para fazê-la feliz e mantê-la a salvo e protegida. Sua palavra é o que me basta, mas se não cumpri-la moverei céus e terra para encontrá-lo. Conheço sua fama e algumas das histórias do seu povo, e esteja certo que tem todo o meu respeito, mas não me queira como inimigo.

Fazendo uma reverência, Legolas respondeu... – Sou um elfo, majestade, e tanto eu quanto meu povo somos honrados. Empenho minha palavra de elfo como me pede, porém digo que o amor que tenho por sua filha transcenderá as eras desta terra porque é verdadeiro e profundo... Virando-se para Kyara concluiu... – E em nome desse sentimento digo que ela é a minha vida e o meu mundo.

Os olhos da Kyara brilharam de emoção e o rei Salmos não teve outra escolha. Ele se virou para o outro homem que o acompanhava e, abrindo uma caixa de madeira, retirou uma coroa feita com sete fios de prata e ouro trançados no formado de ramos com pequenas flores de diamante.

- Não posso permitir que essa cerimônia se realize sem que a princesa Kyara esteja usando sua coroa... E a pôs na cabeça da filha... – Agora, meu rapaz, diga-me onde é o meu lugar no altar para que possa abençoá-los como se deve.

O rei Salmos foi conduzido ao altar e posicionou-se ao lado de Aragorn, que embora não fizesse mais o papel de representante da família da Kyara, também fez questão de abençoar a união dos seus dois grandes amigos.

O alvoroço dos convidados provocado pela interrupção do rei Salmos deu lugar ao silêncio, e diante dos olhos de todos Gahya atravessou serenamente o tapete vermelho, vestida de azul celeste posicionando-se ao lado de Salmos para tomar parte nas bênçãos do casal. Kyara a fitou com lágrimas nos olhos e a mãe lhe sorriu.

As palavras proferidas pelas famílias dos noivos os abençoaram por toda a eternidade, e diante de todo o povo o casal selou a união com um beijo, que foi aplaudido e festejado com muitas pétalas de rosas. Ao se virarem, Kyara deparou-se com seu irmão, príncipe Dário acompanhado da esposa, Karla e seus dois filhos, Filipe de dez anos e Lia de dezesseis. Eles avançaram salão adentro e se abraçaram a ela felizes e emocionados. Após a cerimônia seguiu-se os festejos e Kyara circulou pelo salão apresentando a todos sua família. Viu, pela primeira vez, seu pai e sua mãe juntos e essa imagem ficou gravada na sua memória para sempre.

Legolas e seu pai tiveram a oportunidade de conhecer melhor a família da Kyara e longa foi a conversa entre eles. Aragorn também tomou parte na conversa e logo ganhou a simpatia do rei, que se desculpou solenemente pela invasão. Muitas histórias foram contadas, fatos revelados, conhecimentos adquiridos. Tanto Thranduil quanto Salmos perceberam que muito tinham em comum.

Gimli não poderia se sentir mais feliz mergulhado na fartura de comida e bebida. O rei Éomer felicitou os noivos polidamente, entretanto já não trazia consigo a sombra do sentimento que nutria por Kyara.

- Surpreendeu-se por conhecer uma mulher um pouco diferente do que já estava acostumado, mas lhe garanto que sua felicidade está em conquistar outro coração, meu amigo.  E quando se deparar com essa pessoa saberá realmente o que é o amor.

Éomer fixou o olhar para ela e a reverenciou... – É generosa, princesa. Possui um coração sem igual. Estou feliz pela felicidade de vocês e agradecido por podermos deixar para trás alguma diferença que tenha surgido. Considero seu marido meu amigo, a quem respeito e admiro e por quem dou a minha vida, bem como a família que formarão à partir de agora.

- Não tenha receio, amigo. Já não importa mais o que passou e nossa amizade está acima de tudo... Manifestou-se Legolas, ao menos aliviado com o desfecho do desentendimento entre eles.

Os dois amigos selaram a paz com um forte aperto de mãos deixando o coração da Kyara mais tranquilo. Aquela era uma questão se sentia ser importante ter resolvida. O que ela não poderia imaginar ao proferir um futuro feliz para o rei de Rohan e muito menos ele imaginar que essa possibilidade estivesse a poucos passos dele. Alguém observava com discrição, mas cheia de admiração o homem alto, corpulento e sua beleza bruta.

A filha de Imrahil havia se deparado pela primeira vez com Éomer na cerimônia de casamento onde o próprio pai os havia apresentado.  Éomer estava alheio a qualquer aproximação feminina, mas o olhar que a moça lhe lançou e que não foi percebido, futuramente o faria prestar mais atenção a sua volta. Não tardaria o momento em que ele também a notaria. Havia ali a possibilidade de um enlace matrimonial ocorrer trazendo felicidade, também, para o solitário rei de Rohan¹.

Imrahil também aproveitou os festejos e apresentou a todos sua família e desfilou com Michelle por toda a parte, como sua acompanhante, orgulhoso da beleza que ela expunha trajando um vestido dourado presenteado pela Arwen, que viu o amor aflorar entre aqueles dois seres e ficou feliz por sua camareira e amiga, que a acolheu tão bem e muito lhe ajudou logo que se tornou rainha de Gondor.

Não poderia ter sido mais generoso o destino em lhe reservar o amor de um homem com as qualidades do príncipe de Dol Amroth. Aragorn, por sua vez, festejou com o príncipe amigo, não somente de sua casa, mas de seu povo, e lhe deixou claro que Michelle seria uma companheira amorosa e dedicada e o faria muito feliz. Imrahil ficou aliviado e feliz ao saber dos filhos que não se oporiam a felicidade do pai.

O príncipe já passava dos quarenta anos, e teve, no seu primeiro casamento, quatro filhos: Elphir, Erchirion e Amrothos, que o acompanharam na batalha de Pelennor sendo todos homens feitos e uma filha, a caçula, chamada Lothíriel que completava vinte anos de idade. Naturalmente a aproximação da Michelle se deu muito mais com a filha de Imrahil, que pouco conviveu com a mãe e mostrou-se feliz e entusiasmada com uma presença feminina no seio de sua família.

Dentre muitos momentos de alegria um encontro provável e, nem por isso, esperado foi Elrohir deparar-se com Idrial em um diálogo animado com Glorfindel e Elladan. Incerto de sua aproximação no grupo, ele se viu ansioso, com o coração aos pulos diante da possibilidade de estar mais uma vez na companhia da dama. E o turbilhão que sentia resumiu-se a necessidade urgente dessa aproximação.

Ele se encantou ainda mais com a donzela de Eryn Lasgalen, perdendo-se no seu sorriso e seu jeito doce de falar, seus movimentos suaves e o brilho dos seus olhos. Manteve-se quieto atento a cada detalhe da elfa a sua frente até notar que todos os olhares se voltaram para ele esperando por uma palavra sua.

- Perdoem-me a distração, mas não entendi a pergunta... Disse encabulado.

- Lady Idrial estava chamando a atenção para nossa semelhança física, que é idêntica e, no entanto, como nossos comportamentos são tão distintos... Disse Elladan.

- Se me permite completar, senhor Elladan, diria que posso distingui-los há distância... Como prova lhe fiz uma pergunta, senhor Elrohir. É o senhor que tem mais apreço em contemplar as belezas dos jardins do palácio? Estou certa que o via, sempre à distância, todas as vezes que fazia meus passeios a tarde. Ou não passa de um engano meu?... Perguntou Idrial.

E rapidamente tratou Elrohir de se explicar sem se comprometer mais do que já estava.

- Não, Milady. De fato dediquei algumas horas do dia para contemplar os jardins do palácio.

- Não tome como uma ousadia minhas palavras, senhor, mas teria apreciado sua companhia em meus passeios, mesmo porque sua irmã quase sempre me acompanhava ou mesmo a princesa Kyara... Achei que seu distanciamento era devido a algum incômodo que minha presença pudesse ter lhe causado. Imaginei que, de alguma forma, poderia estar atrapalhando uma rotina sua.

Elrohir empalideceu diante da observação da dama e não soube o que responder com seu flagrante, mas Glorfindel não deixou passar a oportunidade de desconsertá-lo ainda mais.

- Agora sei o que fazia nas suas costumeiras ausências à tarde. O que me causa estranheza é o seu súbito interesse pelos jardins do palácio. Pode nos dizer o que viu de tão inusitado que lhe chamou a atenção nesses últimos dias?

Elrohir virou seu rosto na direção do seu mentor o suficiente para encará-lo com o canto dos olhos e, num rompante de coragem, não se intimidou com suas provocações.

- Creio que os jardins do palácio nunca estiveram tão belos quanto nos últimos dias... E fazendo uma reverência para a dama completou... – Perdoe-me, Milady se, com minha distração, a fiz alimentar pensamentos tão ruins. Jamais sua presença poderia provocar-me qualquer incômodo. Muito feliz fiquei em conhecer novos parentes das Terras Ermas e dou minha palavra que em outra oportunidade poderá contar com a minha companhia... Agora, se me permitem ainda não cumprimentei os noivos... E retirou-se sem esperar por um consentimento.

A felicidade estendeu-se a todos que participaram das comemorações, não somente pelo amor de Legolas e Kyara, mas, por mais uma vitória do bem sobre o mal, pelos antigos e os novos laços de amizade, pelo prenúncio dos tempos áureos e duradouros que viriam. Muito havia para se festejar.

Há certa hora, os noivos saíram secretamente para passarem a primeira noite oficialmente casados fora do castelo. Arwen havia deixado uma cesta com provisões para os dois e seus cavalos já estavam preparados para a partida.

Ela e Michelle eram as únicas que tinham conhecimento dos planos dos noivos, além do senhor Faramir, a quem Legolas havia pedido permissão para pernoitarem em Henneth Annûn, a mais bela de todas as cachoeiras de Ithílien, numa terra de muitas fontes, que abrigava uma caverna, onde os raios de sol reluziam formando uma cortina de cordões de ouro na água que caia adiante de uma de suas entradas. Uma gruta secreta, que as sentinelas de Ithílien usavam para descanso e manter vigilância.

Feliz em poder atender ao pedido do amigo, Faramir remanejou sua vigilância de modo que a privacidade dos noivos fosse preservada, e pudessem ter liberdade para desfrutar das maravilhas do lugar em paz.

Chegaram à caverna no crepúsculo e tiveram a feliz surpresa de encontrá-la florida, forrada de tapetes e almofadões, com uma cama feita de peles e mantas pronta para recebê-los. Havia, ainda, uma mesa repleta de iguarias esperando por eles.

A caverna era cheia de túneis que se embrenhavam pela montanha, mas o que importava aos dois era o local que havia sido preparado, com muito conforto. Kyara foi até uma abertura, que dava vista para a lateral da queda d’água e prendeu a respiração quando contemplou um vale cercado de pinheiros e montanhas de picos esbranquiçados. Quando a lua apareceu esplendorosa presenteou aquela noite tão especial para Legolas e Kyara transformando o céu num palco iluminado, além de dar aos riachos, que serpenteavam o vale, uma cor prateada enfeitando a negritude da floresta. Vagalumes saíram de seus esconderijos imitando as estrelas do céu, que naquela noite deram espaço para a majestosa lua brilhar sozinha.

Legolas se aproximou e a abraçou pela costas... – Queria lhe dar esse presente.

- Não tenho palavras para dizer o que sinto agora. Olho essa pintura e tenho vontade de sair voando.

- Se fizer isso me leve com você... Ele a virou de frente... – A partir de agora não quero passar nem uma noite se quer sem ter você nos meus braços. Prometi que a faria minha mulher todas as noites até um dia morrer de tanto te amar.

- Assim morreremos os dois... Ela disse rindo.

- Para ser feliz preciso amanhecer todos os dias no brilho desse olhar, que me enfeitiça... Disse Legolas olhando-a sério e os dois se admiraram por um momento.

Kyara ofereceu-lhe as costas jogando os cabelos de lado num pedido silencioso para que Legolas a ajudasse a desabotoar seu vestido e ele a despiu, soltando, ainda, o penteado dos seus cabelos livrando-a dos arranjos de flores.

Kyara, por sua vez, desfez as costumeiras tranças que Legolas usava e acariciou seus cabelos macios. Ele se livrou das suas roupas e a acolheu num abraço gentil, cheio de significado e lembranças. Logo um beijo profundo e apaixonado libertou seus sentidos, seus gemidos e arrepios, que os levaram a loucura do desejo contido por dias.

Procuraram-se famintos, sedentos e apaixonados. O mundo de sensualidade e fantasias, que visitaram tantas vezes na espera desse momento, tornava-se realidade e revelava pouco a pouco seus segredos, com a acolhida dos seus corpos tão belos e cheios de amor, como na primeira vez que se amaram. E tudo culminou com o casamento das suas almas na explosão do prazer, que se repetiu noite adentro.

Pela manhã, Kyara acordou e encontrou Legolas sentado na abertura da caverna, com o pensamento longe.

- O que houve meu amor? Disse que queria acordar no brilho do meu olhar e agora o vejo fora da cama.

- Venha aqui e sente-se comigo. Quero lhe mostrar uma coisa.

Quando Kyara se aproximou da abertura da caverna ficou ainda mais maravilhada com a beleza daquela terra. A escuridão da noite não permitiu que vissem os prados floridos e as belas cachoeiras. Os riachos, que antes prateavam a escuridão dos bosques de pinheiros muito verdes ao redor, agora corriam vivos enchendo de alegria a floresta.

- Legolas! Eu não me lembro de ter visto coisa mais linda.

- Vamos descer e ver de perto tudo isso?... Disse Legolas com um ar travesso.

Desceram da caverna e cavalgaram até os prados floridos. Kyara ficou sem saber qual seria a mais bela e correram feito crianças entre as flores e as abelhas. Legolas colheu um ramo e deu a Kyara, que trançou uma coroa para usar na cabeça.

Caminharam, ainda, pelos bosques extasiados com tudo que os cercavam. Ao retornarem banharam-se na cachoeira da caverna e subiram para o desjejum. Depois de mais um dia de intenso amor ficaram abraçados em silêncio admirando a beleza do vale enquanto a tarde lentamente dava adeus.

- Olhando esse paraíso, estou aqui pensando na nossa casa. Não quero ser dramática, mas vejo como outro mundo a desbravar... Disse Kyara.

- Você vê meu reino como um desafio? Eu a vi tão à vontade com meu povo nos dias que antecederam nosso casamento.

- Sim. Realmente me senti muito a vontade. Mais do que isso, eles me fizeram um bem enorme. Mas quando estivermos vivendo lá, no castelo do seu pai, seguindo seus preceitos temo não corresponder ao que ele espera de mim.

- Kyara, meu pai é um dos elfos mais respeitados e um dos mais antigos desta terra. Viveu muito dos conflitos que já aconteceram aqui e nosso reino mesmo já foi ameaçado tantas vezes que perdi a conta. Entendo que ele precisou ter pulso firme e fazer valer sua autoridade, para enfrentar tantos problemas. Evidente que isso o tornou muito reservado. Não posso esquecer que sua natureza o deixa ainda mais distante, mas ele também é bondoso e generoso. Ele a conheceu e sei que já se rendeu aos seus encantos, principalmente depois de tudo o que presenciou.

- Ele teme que eu não seja capaz de me ajustar aos costumes do seu povo e isso realmente me preocupa.

- Vejo que sim, mas estou sendo honesto com você. Desde que minha mãe partiu, meu pai se fechou e não se permitiu mais sorrir ou ter um momento de alegria. Não sabe a minha satisfação ao vê-lo hipnotizado com a sua música. Vi a alegria nos olhos dele, o modo como a admirava e se encantava. Por isso, não tem com o que se preocupar.

- Arwen me disse a mesma coisa.

- O que ele teme é você se envolver com conflitos na floresta ou querer levar a mesma vida como guerreira. Coisa que eu mesmo não quero que faça. Mas, não temos que nos preocupar com problemas como esse porque agora estamos em paz novamente.

- Agora terei que ser como uma dama élfica.

- Terá que ser você mesma. Apenas não quero que se envolva com batalhas... Houve um momento de silêncio... – Sei que será feliz em Eryn Lasgalen, mas você gostaria de viver aqui nesta floresta?

- Aqui neste paraíso? É evidente que sim... Os olhos da Kyara brilharam de entusiasmo.

- Há algum tempo venho pensando nesta floresta. E agora ouvindo você falar sobre onde seria seu lar, pensei em pedir permissão ao meu pai e trazer uma parte do nosso povo para viver aqui, se Aragorn e Faramir não fizerem objeção também, é claro. Assim poderei lhe dar um reino para chamar de lar. O que me diz?

- Nada me faria mais feliz... Ela lhe deu um beijo... – Mas temos que ponderar muito bem nossos passos. É evidente que nem gostaria de sair daqui se quer saber. O que não podemos esquecer é que nossa morada no momento será com seu pai e ainda não chegamos lá para ver como ficarão as coisas... Ela suspirou... – Vamos esperar um pouco para nos adaptarmos e então voltamos a conversar sobre este assunto.

Ela segurou o rosto de Legolas e lhe lançou um olhar cheio de ternura.

- Fico muito feliz em ver que se preocupa. Minha casa será onde poderei viver com você.

- Sei que seu temperamento e sua personalidade não permitiriam, mas não quero que perca sua identidade e viva a minha sombra. Dando-lhe um lar somente seu poderá administrá-lo como quiser. Seria a governante desse reino.

- Sou muito democrática para me intitular governante de alguma coisa.

- Por isso quis ser uma guardiã e viver sozinha? Você não é democrática. Pelo contrário, gosta de agir sozinha para não ser contrariada. Agora mais do que nunca vejo que vir para cá será o melhor. Quero lhe dar a oportunidade de criar algo do seu jeito. Além do mais penso também no meu povo. Muitos gostariam de viver aqui. Tornaríamos esta terra ainda mais bela e ajudaríamos Faramir a recuperar o que foi destruído com a guerra.

- Acredito que sim. Mas vamos com calma. Nosso primeiro passo é visitar os outros reinos élficos e depois seguir para sua floresta. Lá veremos como vamos conduzir nosso futuro.

Na tarde do dia seguinte chegaram a Gondor e foram recebidos com festa.

Não podendo permanecer por tanto tempo afastada de Tiria, Gahya havia retornado deixando o pai da Kyara só a espera do retorno da filha. Pai e filha passaram juntos aquela tarde já que a despedida estava próxima. Ela ficou muito feliz por saber que seu pai ficou na companhia de Aragorn e de Thranduil, com quem fizera grande amizade.

Os dois reis mostravam-se realmente felizes com o casamento de seus filhos e com a amizade que se formava entre as duas famílias. Vez por outra Salmos se reunia com o filho, príncipe Dário e Gimli para saborearem uma caneca de cerveja, e acabavam embalando noite adentro com histórias de heroicas batalhas.

Para Kyara a felicidade, por um momento, foi guardada dando lugar à tristeza. Não pôde deixar de ser melancólica a despedida de seu pai, que seriam separados por um destino incerto. O único conforto que o rei levou para Tanusia foi à certeza de que a filha havia encontrado a felicidade ao lado de um ser imortal de grande valor, que a amava verdadeiramente.

Como presente de casamento, o rei deixou duas urnas contendo pedras preciosas e ouro, como dote. O reino de Legolas era muito rico, mas Kyara viu naquelas riquezas a oportunidade para formarem um novo reino em Ithílien, se os planos dos dois fossem levados adiante. Gahya deixou também, um baú com mais algumas ervas, óleos, raízes e apetrechos usados pelas sacerdotisas para curas e muitas mudas pensando no futuro. Com a partida da família da Kyara, o rei Thranduil também retornou para seu reino levando parte da bagagem dela e seu dote, esperando que chegassem ao castelo em um mês.

O regresso da comitiva de Eryn Lasgalen representou o fim do que nem havia começado e Elrohir não mais veria Idrial, guardando no momento da despedida a visão de um par de olhos claros que, já distantes, ousaram fazer seu brilho escapar do manto escuro que os guardava e oferecerem-lhe algo além de uma simples lembrança. Algo que, teimosamente, seu coração insistia em denominar esperança.


Notas Finais


1) Um esclarecimento sobre a filha de Imrahil e Éomer - De fato eles se casam, e acredito que no tempo em que ocorre essa história do Legolas eles já estivessem casados, porém peço licença ao mestre para estender esse fato de forma que fosse possível adequar melhor minha adaptação.

Então, era o pai da Kyara o tempo todo. Quem acertou na mosca devo confessar que a mosca era bem grande, não?... rsrsrsrs... Sempre quis saber o que acontecia com os romances depois do "E eles viveram felizes para sempre!"... Será? Será que duas pessoas criadas em mundos diferentes conseguirão conciliar tanta diversidade? Não se enganem, meus queridos leitores. Agora novos problemas surgirão e a aventura, o perigo também. Até a próxima sexta-feira com mais um capítulo.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...