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História A Força do Amor - A Vida Segue Seu Curso


Escrita por: Indis_Imladris

Notas do Autor


Caríssimos! Chegamos ao último capítulo. Eu estou muito feliz por ter atingido minha meta. Quando criei coragem para compartilhar minha história, tive a esperança de que alguém leria e gostaria. Para alguém seria diversão como era para mim. Qual foi minha surpresa ao ver que hoje tenho mais de 7.000 acessos, muita gente acompanhando, muitos comentários. É motivo ou não é para me sentir feliz?

Pois é! Estou feliz, mas estou triste também. Com essa brincadeira, acabei criando uma rotina muito gostosa, fiz amigos e curti cada momento de aventura, cada comentário. Como agora dar fim a essa coisa boa que ficou de saber que tem alguém esperando pelo próximo capítulo, que pessoas comentarão e darão sua opinião, talvez só deixem seu incentivo e algumas palavras de carinho?... Eu não sei como. Só sei que estou escrevendo esse comentário piscando muito para ver se consigo enxergar com as lágrimas me atrapalhando. É assim que um escritor de verdade se sente ao final da sua obra?... Se for, também é uma experiência válida.

Obrigada, amigos, anônimos ou não. Obrigada pelo carinho, pelo incentivo, pela companhia. Vou sentir saudades enquanto a segunda história está no forno. Espero revê-los quando começar a postar.

Sem mais delongas, boa leitura!

Capítulo 45 - A Vida Segue Seu Curso


Pela manhã o local reservado para os lobos feridos estava vazio e Kyara estranhou o desaparecimento deles. As tropas permaneceram ainda mais dois dias acampados até que pudessem retorna para suas terras, transportando seus feridos e mortos. No caminho para o reino élfico, Kyara avistou Dangroth no meio da floresta. Enquanto a tropa esperava, ela desmontou e caminhou até o lobo ajoelhando-se diante dele, que timidamente se aproximou e ela o abraçou pelo pescoço. Um forte laço de amizade se formou entre os dois seres e a aparição do lobo foi um gesto de agradecimento. Agora viveriam sem a sombra do inimigo os aterrorizando.

O exército entrou na cidade com festa e pela primeira vez Kyara pôde presenciar um momento de euforia daquele povo. Mirhaniel estava entre aqueles que cortejavam as tropas e viu passar Glorfindel a cavalo, que a saldou com um aceno de cabeça e seguiu seu caminho.

Inesperadamente, Narthan apareceu de pé diante dela segurando as rédeas do seu cavalo. Ela correu em sua direção e se atirou em seus braços, aliviada. O mesmo não pôde ser dito de Idrial, que se ajoelhou ao lado do amado e chorou em seu peito pedindo insistentemente para que acordasse.

Elrohir foi acomodado em seus aposentos e Kyara passou quase todo o dia ao seu lado, sempre acompanhada da Idrial. Seguindo as recomendações da mãe, transferiu para ele a energia que foi possível na tentativa de mantê-lo bem, esperando vê-lo recuperar a consciência.

Ao final da tarde Idrial deixou o quarto e dirigiu-se para o jardim. Era uma tarde triste, fria e chuvosa de inverno e, sentando-se na mesma cadeira em que foi pedida em casamento, permitiu-se ficar, agarrando-se às suas esperanças.

Ali, relembrou seus poucos momentos na companhia do amado e sorriu percebendo agora, com mais clareza, que seu comportamento distante não passava de timidez e que seu sentimento sempre estivera diante dela estampado em seus olhos.

- Meleth-nin!¹ É final de tarde e lembrei-me do entardecer de Gondor... Queria ter tido a coragem de me dirigir a você quando pude. Teria sido maravilhoso poder passear ao seu lado, conversar e saber coisas a seu respeito, saber da sua vida, suas aventuras... E deixou as lágrimas correrem livres... – Acorde, meu amor! Quero sentir mais uma vez o calor do seu abraço e do seu beijo, o carinho das suas mãos acariciando as minhas, seu olhar encontrando o meu... Sofrida, Idrial cantou uma canção.

Quando eu te encontrei

Não pensei que um grande amor

Eu fosse conhecer.

Eu, que só sabia da solidão

Em meu viver

Nada nunca me soou tão verdadeiro

Você despontou em minha vida

Como um raio de sol

Trazendo todas as cores da natureza, sons e belezas

E conheci a felicidade no entardecer

O que era solidão

Virou esperança

E pude sonhar com o amor

O meu eterno amor

Que eu quero te ofertar

Agora, dois corações batem como um só

Para sempre

Eu sempre estarei próxima aos teus braços

Porque não consigo resistir aos teus encantos

Você a quem estou destinada amar...

Para sempre!

Do gabinete, o rei e seus convidados ouviram a canção da elfa e se compadeceram ainda mais do seu sofrimento. Idrial permaneceu ali até o anoitecer e adormeceu naquele local, só e triste, como triste as vezes era à noite. Sonhou, de forma agitada, que seu amado estava em perigo.

Havia amanhecido e um vento forte e gelado cortava qual açoite e ela corria pela mata sem sentir a friagem atacar. Procurava por todos os lados, por entre a floresta correndo sempre e, já exausta pelo esforço, gritava por Elrohir sem obter nenhuma resposta quando, sob um pé de carvalho, avistou seu amado olhando triste o céu de anil deitado, imóvel. Ela caiu junto dele sem forças, com um gemido tristonho. Os olhos dele encontraram os dela e uniram-se em um doce beijo, cerrando os olhos, que nunca mais se abriram.

Idrial acordou num sobressalto, impressionada com o sonho e, sem perda de tempo, correu para o quarto. O encontrou na penumbra da fraca iluminação do ambiente e um silêncio triste imperava. Acariciou o rosto do seu amor e beijou-lhe os lábios docemente.

- Esperarei que acorde aqui ao seu lado, dure o tempo que durar... E ela acomodou-se na cama apoiando a cabeça em seu ombro... – Chegará o momento em que meu corpo acolherá o seu corpo e seremos um, unidos para a eternidade, tal qual agora, meu amor... Talvez o mundo já tenha amor suficiente e não precise que mais dois seres apaixonados se encontrando e se unindo. Talvez haja encantamento suficiente e a felicidade que flua desse encontro não faça falta e tudo que reste para nós dois seja a morte... Não importa! Desse momento em diante não me afastarei mais de ti. Seja para vivermos a plenitude das nossas vidas e do nosso amor ou para desfrutar da paz do descanso em Mandos.

Abraçada a Elrohir, Idrial cantou mais uma vez sua canção e permaneceu com seu amado. Não se sabe se os Valar se compadeceram da pureza e grandiosidade desse sentimento e nem do coração entristecido da donzela. O que aconteceu depois foi o milagre da vida e a força do amor que foi capaz de salvar essas duas almas. Seus corpos foram envolvidos pelo poder dos eldar e o calor do corpo dela foi transferido para o dele, e suas almas se uniram.

 

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A tropa de Aragorn acampou na floresta, mas ele mesmo permaneceu no palácio ansioso e esperançoso de que nas próximas horas Elrohir fosse reagir. Pretendia retornar a Gondor somente quando as notícias fossem boas. Haldir liberou a partida da sua tropa para o enterro dos seus guerreiros, com uma mensagem ao seu senhor, Celeborn, informando o estado do neto, e permaneceu no reino aguardando a chegada do seu senhor.

Glorfindel não permitiu que nada fosse informado a Elladan em Valfenda, acreditando que aquela situação fosse se reverter. Os pais de Idrial temeram não somente pelo futuro genro, mas pela própria filha, que não resistiria à dor do amor perdido. E assim permaneceram aflitos e ansiosos pelas horas que se seguiram.

Tarde da noite uma das donzelas, que trabalhava no palácio, estranhou a intensa luz que escapava pelas frestas da porta do quarto de Elrohir e correu para avisar Kyara. Ao saber do fato imediatamente Glóredhel procurou por Idrial e não a encontrou em nenhum dos lugares de hábito, muito menos no jardim, que havia estado há algumas horas. Ela recorreu a Kyara e as duas subiram para o quarto. Lá a encontraram deitada ao lado do amado e presenciaram o momento em que a energia vital dos dois se fundiam. Glóredhel, acreditando que a filha estivesse sendo levada, saiu do quarto em completo desespero a procura do marido.

Kyara pensou em intervir surpresa e admirada com a cena, mas lembrou-se do aviso da mãe pedindo para que não tentasse interferir no destino dos dois. Ela retirou-se do quarto intuindo se tratar de um momento decisivo para o casal. Dirigindo-se imediatamente para o gabinete, Kyara não permitiu que ninguém os incomodasse.

- Nosso papel é esperar. Não podemos interferir... Disse Kyara.

- Mas nossa filha pode estar em perigo. Seu espírito pode estar sendo levado para Mandos junto com Elrohir... Insistiu Glóredhel.

- Seus espíritos estão em harmonia... Em uma união perfeita... Retrucou Legolas.

- Casados!... Rumir exclamou não escondendo seu assombro.

- Sim!... Por isso minha mãe me alertou para não interferir no destino deles. Ela me disse que se houvesse cura para Elrohir seria pelas mãos da Idrial. Ela é a única que pode trazê-lo de volta... Só o amor tem um poder tão grande... Insistiu Kyara.

Glóredhel imediatamente voltou seus olhos para o marido e este foi até ela e a abraçou.

- Minha querida! Temos que esperar. Idrial só partirá se for da vontade dela. Nós não temos o direito de lhe impor nossa vontade, porque ela é quem carregará no coração o fardo da perda do seu amor.

Glorfindel retirou-se do salão sem nada dizer e caminhou até o jardim do palácio carregando uma taça de vinho. A angústia lhe pesava absurdamente e mesmo tendo passado por tantos momentos tristes em sua longa existência, pela primeira vez sentia tão profundamente o desespero de perder alguém próximo. De cabeça baixa, deixou-se ficar em uma das cadeiras debaixo do caramanchão. Sem perceber o quão forte segurava a taça de vinho, quebrou-a talhando a mão em um corte profundo. Logo um tecido branco e macio envolveu sua mão ensanguentada e ele ergueu os olhos para a pessoa de pé a sua frente.

- Tem vergonha das suas lágrimas?... Chorar faz parte da natureza humana, seja de que raça for. Você não será menos homem por demonstrar seus sentimentos.

- Perdoe-me se estou sendo rude mais uma vez, mas neste momento quero ficar só.

Ranila manteve-se em silêncio e amarrou o tecido bem apertado.

- Precisará de pontos... Seus olhos me dizem que sempre esteve só. Por isso sofre tanto. É a primeira vez que corre o risco de perder alguém que faz parte de você.

Glorfindel fitou a elfa de pé à sua frente surpreso sem saber o que responder... – Fala como se soubesse todas as respostas. O que pode saber a meu respeito?... Ela o encarou por um instante e lhe deu às costas para sair do jardim e ele segurou sua mão... – Ninguém sabe nada a respeito dos meus sentimentos, nem aqueles com quem convivo a mais tempo do que você pode ter de existência.

De repente os dois ouviram um alvoroço no gabinete do rei e correram para lá temendo que o pior houvesse ocorrido e depararam-se com Idrial abraçada a Elrohir de pé no meio do salão sendo saldados pelos demais.

Glorfindel não pensou duas vezes e o abraçou forte, como jamais havia feito antes e Elrohir, pela primeira vez sentiu o quão verdadeira e intensa era a ligação entre os dois.

Depois de ouvir todo o relato sobre o que lhe aconteceu, devidamente acomodado, sempre com Idrial ao seu lado, Elrohir manifestou-se.

- Não tenho palavras para expressar minha gratidão a todos vocês. Acredito que tenha passado por um perigo muito grande, mas tudo me pareceu um sonho bom, porque via a presença da Idrial ao meu lado todo o tempo... Se não considerarem atrevimento da minha parte, principalmente para com o reino, majestade, por estarmos passando por dias de muitas tristezas com as perdas da guerra, é muito importante para mim e para Idrial que selemos nossos votos matrimoniais e recebamos as bênçãos dos nossos familiares. Não há necessidade sequer de festa. Apenas o amor de vocês e suas bênçãos... E voltou seus olhos para a amada ao seu lado... – Temos urgência para oficializarmos o que entendemos já ter acontecido. De alguma forma que não sabemos explicar, nossas almas já estão unidas ainda que o casamento não tenha se consumado.

 

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E a felicidade foi completa consolidada por um banquete para felicitar os novos casais, com a presença de Narthan e Mirhaniel, e comemorar a chegada de uma nova vida no reino.

Os dias que se seguiram tiveram seus momentos de profunda tristeza aos dizerem adeus aos soldados mortos, mas logo foi tomado por muita alegria. O rei promoveu uma festa no meio da floresta e convidou os comandantes dos outros povos a participarem. Aragorn mandou uma tropa para Gondor anunciar o casamento do irmão a sua rainha, que prontamente viajou para as Terras Ermas escoltada por soldados de Gondor e de Valfenda, com a comitiva élfica liderada pelo outro irmão Elladan. Foram muitos os que confraternizaram com os elfos e ainda tiveram a presença ilustre de Celeborn, além dos pais da Kyara. Embora tenham permanecido apenas por dois dias, ainda assim Kyara viu-se em completa felicidade e foi uma enorme satisfação, tanto para Legolas quanto para seu pai.

Sem que Mirhaniel soubesse, Narthan pediu sua mão em casamento a Galwen e autorização do rei para se casarem no dia da festa, juntamente com a irmã. Thranduil, muito satisfeito, fez questão de conduzir a cerimônia. Kyara pediu a ajuda da Mirhaniel para arrumar Idrial e Ranila para o casamento, como pretexto para tirá-la de casa, enquanto Galwen e Glóredhel preparavam a casa dos noivos para as núpcias. Ela estranhou a insistência da Kyara em aceitar de presente um vestido, que aos olhos dela, seria mais apropriado para uma cerimônia de casamento e ainda enfeitou seus cabelos com flores.

No castelo, Legolas aguardava as damas para acompanhá-las até a floresta e, como já era de se esperar, ele ficou sem palavras diante de tanta beleza. Ao chegar ao local da festa todo o reino aguardava as noivas, e somente quando Kyara colocou nas mãos de Mirhaniel um buquê de flores, com Idrial ao seu lado, e ela avistou, no final de um corredor, Narthan sorrindo ao lado do rei e de Elrohir foi que entendeu se tratar do seu casamento, também. Ele lhe estendeu a mão e ela caminhou até ele muito emocionada. Casaram-se debaixo de um gigantesco carvalho e festejaram com todos esse momento único na vida de um elfo.

Os olhos de Glorfindel brilharam quando viu Ranila vestida como uma princesa élfica, e o fato não passou despercebido por ninguém, mas ela manteve sua postura reservada. Porém, no seu íntimo também o admirou mais ainda vendo-o tão galantemente vestido. Os dois passaram todo o tempo se procurando, como se um imã os atraíssem e a beleza dela chamou a atenção de todos, que queriam saber quem era a dama misteriosa. Mas ninguém se impressionou mais com a presença da Ranila do que o senhor Celeborn. Aquela elfa tinha algo de familiar que o intrigava.

Mais uma vez a paz foi festejada e com ela a vida, que se renovava. Tanto o rei quanto Legolas e Kyara foram cumprimentados pela notícia da gravidez da princesa, e ela ficou imensamente comovida com o carinho dispensado a ela, principalmente pela homenagem que os soldados do reino lhe prestaram, reconhecendo toda sua dedicação, sua coragem e lealdade, fazendo com que todo o reino a reverenciasse, até mesmo seu esposo e o próprio rei. O que para seu pai, o rei Salmos, foi motivo de maior orgulho e felicidade.

Dias mais tarde um acontecimento aterrorizante marcou o início de outra jornada. Ranila havia sido atacada por uma força oculta que a deixou muito ferida no jardim do palácio. Ouvindo seus gritos Glorfindel correu para socorrê-la, que caiu ensanguentada em seus braços, como se a tivessem retalhado com uma faca.

Nada e nem ninguém foi visto que pudesse esclarecer esse mistério. Nem mesmo ela conseguia entender o que havia acontecido. Sem forças pediu num sussurro para que ele a ajudasse. Glorfindel a carregou para seus aposentos e Kyara a examinou, mas não encontrou nenhum arranhão em seu corpo, embora o sangue dela estivesse impresso em seu vestido rasgado e nas roupas de Glorfindel.

Enquanto Ranila descansava, Kyara contou um pouco da sua triste história. Ela havia sido encontrada pela rainha das guerreiras de Creta ainda uma recém nascida à beira de um rio. Sua existência sempre fora um mistério. Ela era diferente de qualquer mulher de Tanusia ou mesmo em qualquer outro país que se tivesse notícia, tanto em aparência quanto no comportamento.

Sua longevidade somente era superada pela Senhora da Magia e Ranila pôde presenciar a sucessão de muitos tronos no reino das guerreiras. Até que um dia elas foram atacadas e capturadas por bárbaros. Uma noite conseguiram fugir, mas os homens foram em seu encalço e para salvar a vida das companheiras e da rainha, Ranila ficou para trás deixando-se capturar para lhes dar condição de fuga. Ela foi aprisionada e barbarizada pelos homens do acampamento que a deixaram presa por correntes em uma cabana e se serviram do seu corpo o quanto quiseram até ela conseguir se libertar.

Ranila matou todos os homens e ateou fogo no acampamento.

Muito machucada, por milagre acabou indo parar na ilha de Tiria onde Kyara a conheceu. O tempo que permaneceu lá foi tratada e as duas se tornaram grandes amigas. Ela já trazia consigo uma habilidade extraordinária com arco e flecha e agora Kyara reconhecia que talvez se igualasse a Legolas. Em Tiria, Kyara aprimorou as habilidades da elfa com a espada e depois que partiu passou a viver confinada na floresta das fadas. Um lugar místico pouco conhecido e de difícil acesso, mantendo-se isolada do mundo.

Todos ficaram escandalizados com a história narrada, até Ranila surgir vestida com suas roupas de montaria no gabinete do rei.

- Não sofram por mim... Pronunciou-se ela, com o olhar vidrado relembrando os horrores que passou... – A mulher barbarizada por aqueles animais morreu. Cada homem morto a matou também e podem estar certos de que todos que a tocaram também sofreram. Mas isso ficou no passado e está enterrado. Minha verdadeira história começará agora e estou aqui para me despedir. Agradeço a acolhida e o carinho com que fui tratada, mas não posso ficar.

O rei se manifestou... – Não pode simplesmente partir. Para onde iria? Não conhece nada da Terra Média.

- Majestade! Minha origem vem daqui. Não sei como fui parar em um lugar que não me pertencia. Agora preciso descobrir quem sou e onde é o meu lar. Ainda mais porque venho sendo atormentada por sonhos e algo cruel está no meu encalço. Preciso descobrir o que está acontecendo. Não posso ficar mesmo que quisesse... Poderia estar colocando vocês em perigo ou seu reino, majestade... Dirigindo-se até Kyara ela completou... – Não posso colocá-la em uma situação de perigo. Preciso pensar na criança que você está esperando... Adeus, minha amiga. Espero um dia poder revê-la.

Kyara ainda tentou impedi-la, mas ela estava irredutível. Glorfindel ouviu tudo em silêncio até que se manifestou.

- Em seu lugar eu também não ficaria. Você precisa descobrir que perigo é esse que a cerca.

- Agradeço seu apoio.

Ranila agradeceu surpresa com o elfo.

- Entretanto você não irá sozinha... Eu vou com você.

- Negativo. Não quero sua companhia.

- Você tem o direto de não querer, mas não tem escolha. Sozinha não conseguiria se quer sair dessa floresta.

Glorfindel foi taxativo e não deu margem para argumentação.

Celeborn os aconselhou a seguirem para Valfenda e pedir ajuda a Elladan, que havia herdado os poderes da clarividência do pai e da avó, e que já havia retornado com a comitiva e os noivos para Valfenda. Celeborn não negava que uma energia muito grande cercava aquela elfa e que sua história seria deveras profunda.

Kyara agradeceu imensamente a Glorfindel por acompanhar Ranila nessa busca por respostas. Algo em seu coração dizia que um grande perigo a cercava. Naquele momento não poderiam imaginar quantas coisas iriam enfrentar e a decisão que tomaram de seguirem nessa nova jornada mudariam suas vidas para sempre.

 

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O frio cantou muitas vezes num assovio e muitas foram às noites que suplicaram o aconchego dos amantes, transformando os sussurros e gemidos em música para seus ouvidos. Os olhos incendiaram as lânguidas faces e os beijos vermelhos queimaram a carne. O amor arrebatou o coração daqueles que tentaram desvendar seus mistérios e para estes seres somente restou viverem aprisionados pelo seu feitiço.

O mundo rodou e as folhas farfalharam pela relva, que hora foi verde ou então morreu, para depois renascer. O sol brilhou, a chuva caiu, os dias passaram e a vida seguiu seu curso.

 

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- Estou muito feliz por saber que os trabalhos estão bem adiantados. Já consigo ver nossa gente caminhando por esse prado florido e pelos bosques. Consigo até ouvir sua cantoria, o encantamento fluindo ao redor... Veja a riqueza desses entalhes nas paredes. Essas marcas já transformam o lugar e depois de pronto ficará lindo, como todo reino élfico é... Mas quero insistir para que nenhuma árvore seja arrancada. Devemos prosperar em comunhão com elas.

- Fique tranquila! Tanto nossos construtores quanto os construtores do reino de Gimli já estão cientes... Sente-se melhor esta manhã?

- Menos enjoada... Agora que já vistoriamos tudo e nada mais temos a fazer aqui podemos retornar? Sinto que serei solicitada ainda hoje.

- Por que não me disse nada? Poderíamos ter vindo aqui amanhã?

- Nada evidente, mas ao nos despedirmos da Arwen me veio uma sensação de que hoje não passaria.

- Está certo. Não serei louco de duvidar. Se ela entrar em trabalho de parto sem você por perto Aragorn é quem terá o filho no lugar dela.

Legolas caminhou até a abertura da caverna e ficou contemplando aquela manhã quente de verão.

- Por onde será que aqueles dois andam?... Meu amor! Venha ver uma coisa.

- O que é Legolas?

- Quero que presencie um acontecimento.

Kyara se aproximou da abertura da caverna e olhou a paisagem verde e florida com tantos riachos e cachoeiras a cercando. Não cansava de admirar o esplendor do vale, que sempre revelava algo surpreendente e maravilhoso, mas naquele momento não via nada que fosse incomum aos seus olhos.

- Legolas, não vejo nada diferente.

- Você não está vendo meu pai rolando entre as flores perto da cachoeira lá embaixo com Aaeron?

- Ah! Sim, eu vi... Mas o que tem isso?

- O que tem isso? Quando alguém poderia imaginar ver o poderoso rei Thranduil ser flagrado na maior farra rolando no chão com uma criança?... Não me lembro de ter feito isso na minha infância.

- Você quer dizer rolando no chão com o neto? Que tipo de brincadeira uma criança de três anos poderia querer com o avô?... Ela ficou observando os dois e riu... – Ele fica realmente muito engraçado quando brinca com Aaeron... Deixe que se divirtam enquanto podem.

- Tem certeza de que quer mesmo vir morar aqui em Ithílien?... Sempre que falamos a respeito vejo uma sombra em seus olhos. É por causa do meu pai, não é?

Kyara se afastou caminhando para a saída da caverna e suspirou.

- Quero realmente me mudar para cá, mas ao mesmo tempo sinto meu coração apertado sabendo o que deixaremos para trás. Não vê a felicidade que vivemos desde a derrota da horda Orc? A felicidade do seu pai com o neto? Aaeron mesmo sentirá muita saudade do avô. Os dois se adoram.

- E você também adora o meu pai. Vamos desistir de tudo então e ficar onde estamos. Pouparia muito trabalho com essa decisão.

- Não! Agora não podemos mais voltar atrás. O que diremos às famílias que estão esperando por isso, nossos amigos. Querendo ou não todos já fizeram planos e alimentam expectativas com a nova moradia... Kyara se virou e o abraçou... – Sei que seremos felizes tanto quanto somos agora construindo nossa família nesse paraíso perto dos nossos amigos e vendo nossos filhos crescendo juntos... Só gostaria de trazer todo o reino para cá e não apenas alguns. Gostaria que seu pai viesse conosco.

- Eu também, mas, quanto a isso nada poderemos fazer. Tanto ele quanto os antigos que ainda estão em Eryn Lasgalen não abandonarão o reino. Quando o fizerem será para as Terras Imortais... Legolas a beijou... – Vamos! Arwen e Aragorn estão esperando pelo nosso retorno. Ser pai pela primeira vez é um momento único e se realmente for hoje o dia é melhor partirmos logo... Cuidado com a descida... Espera! Eu vou descer na frente. Se você tropeçar eu a amparo.

- Ser pai pela primeira vez é uma emoção única? E ser pai pela segunda vez, não?

- Saberei daqui a seis meses quando você completar os seus dias. Por hora tenho que dividir você e sua barriguinha com mais um pequeno, muito levado, por sinal... E Kyara sorriu.

 

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O rei Thranduil brincava com seu primeiro neto Aaeron nos prados floridos próximo a cachoeira de Henneth Annûn quando os dois avistaram Legolas e Kyara aproximando-se de mãos dadas entre as flores. Na mesma hora o pequeno desceu do colo do avô e correu ao encontro dos pais. Legolas se abaixou e o abraçou rodando-o no ar tal qual o sonho que Kyara havia tido. Conforme havia prometido ao seu amor, ele trouxe parte do seu povo de Eryn Lasgalen para morar em Ithílien, e entre eles Narthan e Mirhaniel, que tiveram um casal de filhos, Halthayn e Indy.

Legolas e Kyara governaram este novo reino por mais de cem anos e a terra que havia caído em negligência sob a sombra de Mordor floriu novamente com seus cuidados, e muitos acontecimentos ainda ocorreram pelos anos que viveram na Terra Média. Mas, desde a batalha de Pelennor, quando ele navegou com Aragorn e Gimli para Minas Tirith, Legolas passou a ouvir o chamado do mar subindo o Grande Rio. Com a morte de Aragorn e Arwen, o reino de Gondor passou a ser governado pelo seu filho primogênito Eldarion, que fundou com suas irmãs a Casa dos Telcontar.

Legolas, então, decidiu seguir seu coração. Ele construiu um barco cinza e saiu navegando o Anduin abaixo em direção ao oeste. É dito que seu grande amigo Gimli o acompanhou e que juntos os dois últimos membros da Sociedade do Anel deixaram a Terra Média e navegaram através do mar para as terras imortais. Entretanto, o que ainda não havia sido escrito e nem revelado foi que Legolas levou consigo a família que construiu ao lado do seu amor eterno. Legolas e Kyara tiveram quatro filhos: Aaeron, Elvéwen, em homenagem a mãe de Legolas, Noah e Lia.

A força do amor despediu-se do seu véu e iluminou todos os recantos desses dois corações, criando uma felicidade que só seria excedida pela da alma quando se encontravam unidos num só corpo. Um amor divino e sublime que nada nem ninguém poderia mais separar. Que começou com um olhar, e cujo fim foi a eternidade.

Outros amores ainda se formaram, mas contar sobre eles será outra história.

 

Fim


Notas Finais


Tradução da palavra élfica:

1) Meleth-nin! - Amor meu!

"... Que começou com um olhar, cujo fim foi a eternidade". É de matar um ou não é?
Pois é, amigos! Nosso casal alcançou a felicidade plena e foram felizes para sempre. Diz o ditado que tudo fica bem quando termina bem.

Quero alertá-los de que esse não é o fim derradeiro... ainda. Está no forno a segunda história que será a continuação dessa e nosso protagonista será Glorfindel. Já deu pra perceber que tem coisa a caminho. Não é atoa de que nosso guerreiro poderoso está sempre atento ao que o horizonte o revela.

Fiquem atentos. Quero matar a saudade de vocês logo, logo. Quem gostou levanta o braço aí. Pode recomendar, eu deixo... rsrsrs.

Um beijo e até a próxima.


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