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História A Força do Amor - Desafiando o Destino


Escrita por: Indis_Imladris

Notas do Autor


Como vão, queridos leitores?
Muita gente favoritando e tão poucos comentando... Espero que estejam gostando.
Agradecendo a todos que estão acompanhando. Espero poder conversar com todos vocês nos comentários.
Bom, começando os trabalhos, esse capítulo não será curtinho.
Boa leitura!

Capítulo 9 - Desafiando o Destino


Durante o percurso Kyara sentia a tensão de Legolas atento a tudo que os cercava. Ele temia ser surpreendido com uma nova patrulha Orc e não deixava passar nenhum movimento, nem mesmo uma folha caindo de uma árvore qualquer.

Cavalgaram o mais rápido que puderam, chegando às ruínas ao por do sol.

Kyara apreciava a bela vista a sua volta: um rio largo de águas muito verdes, que por algum tempo do percurso tinha a sua margem esquerda um grande paredão de pedra, e a margem direita uma floresta vermelha.

Num extremo do rio via-se a distância duas estátuas de reis da altura do paredão cravadas na pedra, com se fossem dois gigantescos sentinelas – Os Argonath. Eles representavam os tempos áureos dos grandes reis da Terra Média, os ancestrais de Aragorn e no outro extremo podia-se ouvir o barulho da queda d’água de uma grande cachoeira. O céu não poderia estar mais bonito. O crepúsculo era um misto de cores avermelhadas, rosadas e alaranjadas, contrastando com o azul.

No momento que chegaram, Legolas observou tudo a sua volta estreitando os olhos, como se sua visão pudesse atravessar as ruínas ao redor, e não percebeu nenhum perigo. O único som que se ouvia era o barulho das águas e dos pássaros se acomodando nas árvores. Somente percebia a vida na floresta.

Kyara se sentou a beira do rio e colocou os pés dentro d’água sentindo-se feliz como criança. Respirou fundo o ar puro e não pensou duas vezes, entrando na água de roupa e tudo. Legolas a observava contente por vê-la bem.

Ele logo tratou de organizar o acampamento. Retirou a bagagem e as selas dos cavalos, permitindo que eles pastassem a vontade e preparou as camas. Caminhou ao redor para recolher lenha e achou cogumelos frescos. Colheu todos que encontrou, retornando para acender a fogueira. Acamparam as margens do rio abrigados por uma laje, que parecia a ruína de uma grande varanda.

Kyara estava na água afundada até a cintura de olhos fechados e de repente começou a formar um rodamoinho próximo a ela. Legolas, vendo aquilo, se assustou e correu para a margem gritando o seu nome, mas ela não atendeu.

O volume de água era impressionante e a roda ficava cada vez maior, até que as águas projetaram-se para fora do círculo, transformando-se em um cone gigantesco. Ele percebeu logo que era ela quem estava provocando aquilo, mas sem entender seu propósito.

Sem aviso algum, 10 peixes voaram do cone, caindo nas margens, debatendo-se.

Ela mergulhou e ao emergir estava corada e sorrindo feliz.

— Então, nossa fogueira está pronta? Que tal um peixinho assado pra variar?... Legolas a observava calado... – Não diga nada... Agora que tenho minhas forças recuperadas preciso prepará-los antes que não consiga enxergar mais nada. Dê-me sua adaga.

Ele retirou uma das adagas das costas olhando-a desconfiado, mas as feições dela eram outras. Decerto que estava recuperada.

— Por que você não toma um bom banho também enquanto limpo os peixes e os coloco para assar?

Legolas parecia abobalhado olhando-a circular pelo acampamento, catando os peixes numa euforia só. Sem contar que a roupa molhada, embora não fosse transparente, marcava o belo corpo da Kyara. Ela poderia não perceber, mas irradiava uma sensualidade quase selvagem, com os cabelos soltos e molhados e suas pernas a mostra. Ele não pôde evitar sentir o sangue correndo em suas veias e o despertar do seu corpo. Para poupá-los de qualquer constrangimento e sem ter mais o que fazer, Legolas resolveu seguir o conselho da Kyara e foi banhar-se.

Sem perder tempo, Kyara preparou um pequeno banquete. Assou os peixes, utilizando ervas aromáticas e o cheiro bom atingiu em cheio as narinas de Legolas. Ela arrumou-os com as lembas, batatas assadas, frutas, queijo, castanhas, nozes, além dos cogumelos que ele colhera.

Legolas saiu da água, retirou da sua bagagem roupas limpas, subiu em cima da laje e se trocou. Quando retornou estava bem vestido para uma viagem, com os cabelos bem penteados e trançados como sempre usava. Ele mesmo se sentia mais animado.

Ao descer, deparou-se com Kyara ainda de cabelos soltos vestida com uma calça de malha vinho e uma blusa branca, com mangas compridas franzidas nos punhos. Usava um corpete marcando o contorno dos seus seios e a cintura fina. Uma vestimenta incomum se comparado ao que ele estava acostumado a ver nas mulheres. No entanto, para ele tudo nela era diferente.

Olharam-se com admiração e Legolas tratou logo de estender suas roupas em uma pedra ao lado das dela para secar.

Kyara sentiu que alguma coisa nele havia mudado. Percebia uma atenção maior, porém sem a mesma naturalidade de antes... – O que poderia ter acontecido?

— Hum! Que cheiro bom! Estou morrendo de fome, com todo o exagero. Não sei o que faz com sua comida que deixa tudo com um cheiro tão bom. O sabor, então!... É até perigoso cozinhar tão bem assim.

— Perigoso?

— Tenho a impressão de que esse aroma delicioso pode ser sentido a léguas de distância.

Ela sorriu... – Tenho um segrego de família.

— Um segredo? E pode ser revelado a mim?

— É!... Acho que posso... Respondeu ela fazendo suspense... – Você me parece ser de confiança... O meu segredo é: amor.

— Amor?

— Sim, amor. Tudo fica melhor quando fazemos as coisas com amor. Pode parecer estranho vindo de uma guerreira e feiticeira... Disse ela, dando ênfase às últimas palavras com um quê de deboche... – Mas, cozinhar é uma das coisas que mais gosto de fazer.

Ele balançou a cabeça achando graça... – Definitivamente não entendo essa mulher.

— O quê?... Não posso gostar de cozinhar?

— Depois de tudo que me contou a seu respeito, definitivamente gostar de cozinhar seria o último item da lista de coisas que você pudesse apreciar.

— Legolas, eu não verifiquei mais seus ferimentos.

— Não será preciso. Estão bem cicatrizados. Nem sinto mais o corte na cabeça e a pele das costas não repuxa mais. Agora quem precisa de cuidados é você.

— Por certo que sim. Mas não pense que escapará do chá.

— Ah!... Não! Aquele chá de novo, não. Não sinto nada e nem preciso mais das bandagens, porque tenho que beber aquilo?

— Não se preocupe. Eu dividirei esse veneno com você... Vendo a cara de insatisfação que ele fazia não quis insistir... – Está bem... Chega de chá. Agora, vamos comer antes que os peixes e as batatas esfriem.

Sentaram-se ao redor da toalha e comeram com vontade, deixando quatro peixes apenas.

— Onde guardou minhas armas?

— Porque quer saber?

— Como andarei por aí sem elas? Não posso ficar desarmada.

— Acho melhor você ficar sem elas.

— Espere um momento. Permiti que me tratasse como criança porque não estava em condições de discutir. Agora que estou recuperada, já vou avisando que as coisas serão diferentes. Pode tratando de me passar tudo... Você quer me proteger? Então, entregue minhas armas.

— Kyara, esse bruxo não está para brincadeiras. Você poderia ter sido sequestrada. É melhor ficar de fora de qualquer confronto daqui por diante.

— Por quê?

— Você pode morrer ou ficar a mercê daquele monstro... Eu não quero nem pensar nisso.

— Mas eu quero que pense nisso, sim. Se eu morrer, paciência. Se eu for capturada e levada ao bruxo, você me salva. Se não, paciência também. Você precisa aceitar que nada me impedirá de cumprir o meu dever... Kyara disse impaciente. Por um momento, ela respirou fundo tentando se controlar... – Você tem medo de que algo aconteça comigo e eu tenho muito medo de que algo aconteça a você. Se o problema é o perigo, nós dois estamos nos arriscando. E como resolveremos esse impasse?

— Você não entende...

Ela o interrompeu... – Entendo muito bem, Legolas. Você tem que parar de me ver como um bichinho indefeso que não pode se proteger.

Ela engatinhou até ele ajoelhando-se a sua frente, mas ele virou o rosto desviando o olhar. Ela percebeu que ele evitava encará-la e estranhou esse comportamento.

— Olha pra mim!

Pediu ela imputando na voz certa candura. Ele suspirou e a olhou com o canto dos olhos voltando a virar o rosto.

— Aprecio demais sua preocupação, mas precisa confiar em mim, assim como eu confio em você. Nas duas vezes que duelamos com os Orcs fizemos uma parceria perfeita. O que aconteceu comigo foi um descuido, que não vai mais se repetir... Não tenho a menor preocupação em ter que enfrentar qualquer coisa se você estiver ao meu lado. Sabe por quê? Porque um protege o outro. Um cuida do outro.

Agora era Legolas que se sentia impaciente e olhou para o céu estrelado suspirando, tentando reunir forças para se controlar. Kyara observava a reação estranha do elfo ainda mais incomodada com o que poderia estar provocando essa mudança de atitude nele, que mal olhava para ela.

— O que você tem? Por que está tão estranho?

Ela o deixava tenso e Legolas não conseguia acalmar o coração acelerado. Então, ele fez menção de se levantar. Ela rapidamente segurou o braço dele, que mais uma vez olhou para o céu. Kyara buscava olhá-lo nos olhos, quando veio à mente dela o sonho que teve na noite anterior abraçada a ele e a lembrança desse momento fez seu coração palpitar e um arrepio percorreu seu corpo.

Legolas abaixou a cabeça e a encarou sustentando o olhar dela com coragem desta vez. Ela engoliu em seco hipnotizada por aqueles olhos azuis. As mãos dela tremiam, enquanto borboletas reviravam seu estômago e um calor dominou todo o corpo da Kyara. Uma atmosfera lasciva pesou entre os dois. Como se um ímã os atraíssem, seus rostos se aproximavam, lentamente. Legolas já não conseguia se controlar e só se concentrava na boca perfeita que vinha de encontro a ele. Era evidente o desejo de se beijarem, mas Kyara se desesperou com sua libido pulsando loucamente e soltou o braço de Legolas. Desta vez foi ela quem se levantou. Estava trêmula e ofegante, sentia a face em brasa, mas tentou disfarçar seu descontrole dando as costas a Legolas.

— Se não quer falar, tudo bem. Pode ser que você não se sinta confiante comigo lutando ao seu lado e não queira me dizer... Certamente deve pensar que sempre estarei em perigo e darei muito mais trabalho. Que proveito eu lhe daria se causo mais problemas que outra coisa, não é mesmo?

Legolas desta vez viu, nitidamente, o desejo nos olhos dela e percebeu seu nervosismo.

— Paciência e controle! Paciência e controle! Não posso colocar tudo a perder com uma atitude desesperada.

O pensamento do elfo o forçava a ter calma e agir com naturalidade enquanto o sangue corria furioso pelas veias não lhe dando trégua. Inspirando pelo nariz e soltando o ar pela boca, Legolas resolveu rebater o comentário da Kyara na tentativa de desviar o foco dos seus pensamentos.

— Não é nada disso, Kyara. Você salva a minha vida e se culpa por algum trabalho que pensa ter me dado?... Não seja tola. O problema é o perigo que corre. Sabe lutar melhor que qualquer soldado que eu conheça e tenho plena confiança em você. Só que isso não a impedirá de se ferir, como já aconteceu. Por sorte não foi o pior e é esse o meu medo.

Legolas abaixou a cabeça e suspirou, profundamente, agora controlado. No entanto, voltava a se angustiar. Estavam diante de um impasse difícil de resolver e calaram-se por um instante.

Sem saída, ele resignou-se...  – Você está certa. Poderemos enfrentar melhor o perigo se ficarmos juntos... Dito isso se calou novamente. Seu temor pela segurança dela já estava sendo exagerado.

— Vamos encerrar esse assunto, por favor.

— Está bem... Como queira... Kyara acatou o pedido de Legolas.

— Suas armas estão na minha bagagem. Pode apanhá-las.

Com a autorização de Legolas, Kyara recuperou suas armas, permanecendo cada um em silêncio num canto.

Ela estava atônita, com o coração e o pensamento disparados... – Como farei para superar o impacto de ter que continuar convivendo com ele, que já mexe tanto comigo? Estou perdendo o controle e não consigo mais disfarçar. A pouco quase nos beijamos, provando que nós dois estamos sendo afetados por essa convivência... Se nosso encontro tivesse ocorrido desde o início em um campo de batalha ou em qualquer outra circunstância tudo teria sido diferente.

Kyara olhou para Legolas... – A quem estou tentando enganar? Sinto-me atraída por ele e isso quando o vi nas águas do Poço dos Ancestrais em Tiria. Gahya me mandou para essa missão não foi à toa e se eu quiser seguir meu destino e me tornar a Senhora da Magia terei que ser forte.

Kyara permaneceu mais algum tempo tentando se convencer de que seria capaz de se controlar porque era preciso e achou melhor começar agindo como se nada tivesse acontecido. Enquanto ela confabulava consigo mesma, Legolas, por outro lado, começava a ter esperanças de que os sentimentos dela fossem algo mais do que apenas amizade.

— Estou preocupada. Qual será a reação do rei quando eu relatar toda a história pretendendo seguir para a guerra na companhia do exército?... Você mesmo, que já me conhece, não aceita isso, imagina eles.

Legolas estranhou a forma casual com que ela falou, mas manteve o diálogo no mesmo tom... – Por mais que não gostem da ideia não poderão fazer nada. Não poderemos combater esse bruxo apenas com espadas... Tudo vai ficar bem. Não tema a reação deles.

— Vou usar o Olho de Teferi para invocar a magia do Poço dos Ancestrais. Mostrarei a todos vocês a minha história e o demônio que vamos combater. Só assim provarei meu valor.

— Você se refere ao amuleto que nos protege?

— Sim... Além de nos proteger, o amuleto me dá poderes para invocar a magia de Tiria.

Os dois silenciaram. Em nenhum momento da jornada dos dois o clima entre eles esteve tão pesado ao ponto de um simples momento de silêncio se tornar tão incômodo. Kyara suspirou olhando para Legolas, subitamente desanimada.

— Às vezes me canso disso.

Legolas devolveu o olhar sem nada dizer, esperando que ela se explicasse.

— Todo tempo tenho que convencer as pessoas da minha capacidade. Sei até como vão reagir: Vigiarão meus passos com desconfiança achando-me exótica e misteriosa e depois começarão a fazer piadinhas a meu respeito... Até algo acontecer e eles se surpreenderem comigo e passarem a me admirar e me temer. Estou farta!

— Precisa entender que você é única e já deveria estar acostumada. As pessoas temem o que não conhecem e, por conta disso, o que não entendem. Consequentemente, o que não conseguem controlar.

— Eu sei!... Outro suspiro... – Eu sei disso mais do que qualquer um... Só que isso me entristece. Tenho orgulho de quem sou e não me vejo como uma aberração, como as pessoas me veem.

— Você não é uma aberração. Não se desgaste, desnecessariamente. Logo chegaremos a Minas Tirith e verá que vai ser mais fácil do que imagina.

— Sei que vai querer ficar de guarda, mas você tem descansado muito pouco ao longo da nossa jornada. Então, vou lhe fazer uma proposta para que nós dois possamos dormir. Deixarei Athos em alerta e qualquer movimento na floresta ele nos avisará. Pode confiar!

— Eu descansei um pouco na lapa.

— Na lapa? Pensei que tivesse ficado acordado a noite toda por minha causa.

— E fiquei boa parte. Quando sua temperatura baixou demais, já era noite. Eu tentei de tudo para controlá-la, mas não obtive sucesso e fiquei desesperado porque você estava morrendo, então tomei uma atitude... drástica.

— O que você fez?... Kyara perguntou ansiosa, percebendo nele constrangimento.

— Eu... Legolas não sabia como explicar a situação já se arrependendo por ter dado tantos detalhes.

— Diga! O que você fez?

Ele deu um longo suspiro para tomar coragem e disse de uma só vez... – Eu retirei nossas roupas e me deitei abraçado a você na tentativa de aquecê-la. Já não sabia mais o que fazer e nem sei descrever como me senti quando vi que você não dava sinais de vida. A tensão foi tanta que relaxei depois que você começou a reagir e acabei dormindo... Tenho consciência de que estávamos despidos, mas, por favor, eu...

Kyara o interrompeu – Eu entendo.

Ela se lembrou do momento que acordou naquela lapa e percebeu que estava abraçada a ele. Disfarçou o choque de constatar que havia acordado naquele momento e ter se sentido tão a vontade tão entregue nos braços dele.

— Então não foi um sonho... Ela logo pensou... – Você fez o que foi preciso e repito: sou grata por sua atitude. Foi o que me salvou. Não vou me envergonhar por isso e você também não deve.

— Não me sinto envergonhado. Só fiquei preocupado por você pensar que eu poderia estar me aproveitando da situação.

— Jamais pensaria isso. Estamos há dias viajando completamente sozinhos e se quisesse tentar alguma coisa comigo já o teria feito... Um silêncio constrangedor pairou no ar até Kyara se manifestar... – O que me diz da proposta que lhe fiz?

— Não. Ficarei mais tranquilo acordado e em alerta.

— Tudo bem, então. Vou descansar.

Ela ajeitou a cama e se deitou pensando no momento que acordou abraçada a Legolas. Lembrou-se de como foi bom o contato da pele dele com a sua, o carinho com que a tratou, seus olhos, seu sorriso e imaginou-se nua agarrada a ele. Agora entendia porque havia acordado com a lembrança daquele momento e desejou mais do que as mãos dele no seu rosto.

A cabeça dela rodava pensando nos dias que ficou sozinha cuidando dele, completamente indefeso, nos dias que passaram juntos até então e o beijo que quase deram há pouco. Não podia negar que o desejou muitas vezes e agora temia não resistir, principalmente, porque a jornada não havia terminado.

Kyara tinha os pensamentos disparados na cabeça aflita com os últimos acontecimentos... – E agora?... Se ele vier até a mim com o objetivo de me seduzir estarei perdida, porque acabarei me rendendo... Não, ele não faria isso. É um cavalheiro cheio de princípios e honra.

Ela fechou os olhos tentando acalmar sua inquietação. Pensou na solidão da sua vida, na sua conversa com Legolas sobre o amor, na forma como ele se referiu à pessoa que escolheria para amar e uma curiosidade lhe surgiu.

 Como seria fazer amor com um elfo? Um ser que se dispunha a qualquer sacrifício pela pessoa amada... Seus pensamentos a faziam se imaginar nos braços dele.

— Não! Não! Tenho que reagir. Não posso ficar pelos cantos como uma tola romântica.

Amar esse elfo significaria enfrentar Gahya e as consequências por ter quebrado um juramento. E, mesmo que por milagre fosse liberada do meu compromisso, como poderei ter certeza de que serei feliz rendendo-me a esse sentimento?... O amor deixa as pessoas irracionais e tolas... Constatou.

— Logo minha vida seria como a das outras mulheres: cheia de filhos, presa ao meu mundinho de dona de casa, vivendo submissa às vontades dele... Ela se lembrou de que ele era um príncipe e imaginou que certamente não viveria como uma dona de casa comum... – Não! Provavelmente passaria meu tempo penteando os cabelos, enquanto esperaria pela volta dele após suas aventuras... Concluiu, enfim.

Depois de tanto refletir, Kyara decidiu que precisava esquecer tudo e se concentrar na sua missão. Era a única forma de conseguir passar por aquele turbilhão de emoções. Ainda assim suas ponderações não davam trégua a sua mente já tão perturbada.

 Conviver com ele vinte e quatro horas por dia acabou provocando toda essa confusão na minha cabeça e certamente, na dele, também. Em Gondor não ficaríamos tanto tempo juntos e isso bastaria para abrandar as coisas.

Então, decretou num sussurro... – Se eu mantiver firmeza nos meus propósitos logo irei embora e tudo não passará de vagas lembranças.

As palavras proferidas entraram nítidas pelos ouvidos dela, embora em seu íntimo, a convicção do que foi dito ainda lhe faltasse.

Legolas ficou sentado em cima da laje observando as estrelas, precisando de um rumo. Tal qual Kyara, ele tentava atinar para os últimos acontecimentos. As reações da mulher que tomou de assalto seu coração e sua vida o confundiam fazendo seus pensamentos gritarem na sua cabeça.

— A reação da Kyara quando soube que dormiu nua em meus braços foi firme e segura, aprovando minha atitude, prontamente. Reagiu como se não visse nada de mais... Na hora que acordou, aceitou meu carinho e meu aconchego, deixando-se ficar tão entregue... Não! Não posso considerar esse momento, afinal ela ainda não havia recobrado totalmente a consciência... Constatou entristecido.

— Depois quase se rendeu a um beijo meu e de repente, tudo foi muito natural e sem importância... Ele gemeu baixo... – O que estou fazendo? Passo agora o meu tempo perdido em devaneios e conjecturas... O destino é cruel. Cruzou nossos caminhos e agora temo viver perdido até morrer de tristeza.

Desesperançado, Legolas pensou em fugir daquela situação.

— Acho melhor dar as costas a tudo e partir. Tentar recuperar minha vida, minha sanidade... Ele tentou traçar um plano de fuga e voltar para casa, mas sorriu desgostoso... – Voltar para que vida se nada mais tem sentido? Acho que nem me lembro mais do caminho de casa. Só consigo saber do momento em que a vi e dos meus dias na sua companhia, desde então.

Ele passou as mãos no rosto e fechou os olhos. Nesse momento veio à imagem da Kyara se banhando nua, dançando, o afrontando, sorrindo, cantando, lutando com os Orcs, quase morta em seus braços e depois abrindo os olhos e sorrindo mais uma vez.

— Não posso simplesmente ir embora, dar as costas e partir. Tudo isso é a vida batendo a minha porta, para me mostrar que ela me espera.Conhecer essa mulher foi à minha experiência mais extraordinária e não darei as costas sem lutar... Eu seguirei meu coração até o fim e saberei se ela será meu paraíso ou a minha ruína. Hoje a única certeza que tenho é que ela dá todo o sentido a minha vida... Ele suspirou profundamente.

 Depois de tudo que ela disse a respeito dos seus planos para o futuro e sua convicção de não se render ao amor, deve estar sendo difícil se confrontar com qualquer sentimento que a afaste dos seus propósitos. Principalmente, quando ela se vê na obrigação de retornar. Com certeza fará qualquer coisa para não se render.

Legolas olhou o céu novamente e viu uma estrela cadente... – Agora é minha vez de colocar o destino a prova. Se o que sentimos é amor, então você conspirará para que esse sentimento prevaleça a todas as tribulações.


Notas Finais


Legolas vive um dilema agora. Aliás, os dois, porque a Kyara despertou para o homem que a acompanha nessa viagem e já não é mais uma ideia de gostar, um flerte. Ela sentiu na carne essa turbulência e teme se prender ao elfo. Teme largar tudo que conquistou, principalmente sua liberdade e optar por uma vida incerta. Quem sabe acabar como as mulheres da sua terra, isso é a morte para ela. E agora Kyara? O cerco está se fechando, Gondor está cada vez mais próxima e o inimigo se aproxima.
No próximo capítulo uma surpresa para chacoalhar um pouco esse romance.
Falo com vocês nos comentários.
Beijocas!


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