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História A Fuga - Prólogo


Escrita por: FerreiraC19

Notas do Autor


Oi, galera! Tive um bloqueio imenso com a minha fanfic anterior, mas essa daqui já está praticamente escrita. Acho que o bloqueio se deu devido a eu querer escrever muito essa estória.
Essa é a primeira fanfic que eu escrevo desse gênero, então é provável que meus leitores mais antigos não vão gostar, já que é muito pesada e aborda diversos temas que são muito fortes, mas ainda assim eu quis divulga-la, na esperança de que pelo menos algum leitor curta o gênero e acompanhe até o fim!
Enfim, galera, espero que vocês gostem. Achei esse capítulo bem forte e escrevê-lo foi um desafio e tanto, já que sempre fui mais pro lado da comédia e do drama romântico. E EU GOSTEI MUITO DA CAPA DELA, FEITA PELO MEU NAMORADO! *O* KKKKKKKKK
Bejok <3

Capítulo 1 - Prólogo


Fanfic / Fanfiction A Fuga - Prólogo

Deito-me de costas na cama, espalhando meus longos cabelos rosados pelo travesseiro de plumas, enquanto olho, por trás da renda do dossel que cobria minha cama, para o lustre dourado com cristais, pendurado em um teto impecavelmente branco, já que fora recém-pintado. Estranho que, mesmo depois de todos esses anos aqui, eu ainda conte os dias e as horas. Já não era pra eu estar conformada com o meu destino? Parecia que cada dia que passava, a ansiedade piorava.

Para tentar esquecer os pensamentos que sempre me atormentavam, volto a olhar ao redor, sem ao menos mover meu corpo, já que estava mais que familiarizada com este quarto. Os móveis podem até mudar, mas ainda assim o espaço era o mesmo. Dessa vez os móveis eram brancos: o armário, a escrivaninha, o criado-mudo, a estante de livros, a mesa de jantar para dois, tudo era de madeira maciça com detalhes dourados e estava perfeitamente pintado, com certeza feito à mão por um grande artesão. Tudo era branco e dourado, com exceção das almofadas, colchas, fronhas, cortinas e carpete. Estes eram em um tom rosa-claro, fazendo com que cada dia que passe aqui dentro eu me lembre que só estou aqui por causa desse maldito cabelo. 
                                                                                                       ***

- Sakura! Sakura vem aqui!  - mamãe gritava do outro lado da casa em que vivíamos. Não é uma casa muito grande, portanto conseguia ouvi-la de forma clara e límpida, embora preferisse não ter ouvido. Sempre que passa a noite fora, acontecia alguma coisa e eu precisava passar o dia cuidando dela quando, na verdade, era pra eu estar fazendo o dever de casa. Sabia de seu vício em algumas drogas muito pesadas, o que a fazia sumir por dias, mas sempre que ela voltava para casa, ao meu ver, parecia que estava sempre perto de morrer, então eu corria atrás dela sempre que a ouvia me chamar para evitar que isso acontecesse. Mesmo que passasse por esses problemas, ela ainda era minha mãe, e eu ainda iria tirá-la dessa com muito esforço  e dedicação. 

Sem responder, já que eu sabia que ela provavelmente não iria ouvir, corri para fora esperando o pior, mas tomei um susto ao ver minha mãe de pé, usando seu melhor vestido, um de bolinhas amarelas que ela só põe em ocasiões especiais.

- O que está acontecendo? Vai a algum lugar? - Eu quis saber, curiosa. A mãe abriu um grande sorriso.

- Você acha que eu esqueci seu aniversário, querida? Feliz 12 anos! - Ela tirou um cupcake da sua única bolsa que não estava em trapos e entregou para mim, que estava anestesiada. Quando dei por mim, já estava abrindo um sorriso tão largo quanto o dela, ou mais!
Minha mãe estava sóbria e lembrou de meu aniversário depois de muitos anos! Seria isso uma magia de aniversário? Corri para abraçá-la e senti seu cheiro de lavanda. Ela parecia bem cuidada, seus cabelos, que sempre ficavam desgrenhados, hoje estavam penteados. Ela não retribuiu o abraço, mas não importava: só de vê-la assim eu já estava muito, muito feliz! 

- Obrigada por se lembrar, mamãe! - Uma lagrima de felicidade caiu, mas ela logo se secou no vestido, já que eu enterrei meu rosto nele a fim de absorver esse momento e guardar na minha memória pra sempre. Um longo silêncio se fez, mas eu ainda não estava preparada pra soltá-la. 

- Você precisa se arrumar. - Minha mãe se limitou a dizer. Olhei pra cima e fitei sua expressão séria. 

- Arrumar? Para quê? - Fiquei um pouco receosa com sua expressão e a soltei, dando um passo pra trás.

- Para comemorar seu aniversário, ora! - Ela voltou a sorrir e eu ainda não acreditava. Era bom demais para ser verdade!

- Sério, mamãe? Pra onde vamos? - Quase gritei de tanta felicidade. 

- Aonde você quiser! Hoje é seu dia. Mas você precisa se arrumar e ficar bem bonita pra gente sair, tudo bem? - E tocou nos meus cabelos rosados. - Penteie bem esses lindos cabelos. Você é linda! 

Ao ouvir minha mãe, fico um pouco acanhada, pois ela nunca fora de me elogiar tanto. Mas meu sorriso continua grande e, sem nem esperar que ela pedisse novamente, corro para dentro de casa a fim de tomar um banho e colocar o meu melhor vestido, além de uma tiara nos meus cabelos.   
                                                                                               ---

Quando saio do quarto que eu e ela dividimos e vou para sala, sei que estou perfeitamente arrumada e penteada. Usando meu vestido verde claro e uma tiara da mesma cor, penteei bastante meus cabelos para que eles ficassem contidos durante o dia todo. Ao me deparar com minha mãe sentada no sofá, vejo que seus olhos estavam avermelhados e inchados, como se ela andasse chorando. Corri em sua direção, preocupada.

- Mamãe? Está tudo bem? Por que a senhora andou chorando? - Sem dizer nada, ela me abraçou, mas me soltou segundos depois.

- Por nada. Estava só pensando em uma coisa, mas já passou. - Afastou a franja  da minha testa, abrindo, mais uma vez, um grande sorriso. - Então, já decidiu pra onde vamos? 

Percebendo que ela estava se esforçando bastante para me dar um bom aniversário depois de tantos anos, volto a sorrir com sinceridade. Talvez ela estivesse chorando por ter se sentido tão culpada por não ter sido muito boa nos últimos anos, mas quem sabe daqui pra frente tudo não fica melhor?

- Que tal o Zoológico? Sempre quis ver os animais, e os meus colegas do colégio sempre falam que é muito legal.

- Se é isso que você quer, então faremos! - Ela se levantou e andou na minha frente até a porta, então parou, mas continuou de costas pra mim. - Você está usando meu perfume? 

Pega no flagra, abri um sorriso amarelo.

- Queria ficar cheirosa que nem a senhora.

Depois do que parecia muito tempo parada, ela abriu a porta.

- Combinou com você. - E saiu, dando espaço para que eu passasse. Passei por ela saltitando, não conseguia conter a ansiedade e excitação de finalmente estar saindo com minha mãe para um passeio normal, que toda a família faz! Nunca fui tão feliz em toda a minha vida. 
                                                                                             ----

Depois horas olhando todos os animais do zoológico, inclusive os do aquário, onde eu vi um golfinho de verdade que fazia brincadeiras fofas, eu estava maravilhada e conformada de, depois de um dia tão bom, voltar pra casa, mas minha mãe me parou de novo.

- O que você quer comer?

Parei pra refletir um pouco, mas logo sorri, animada.

- Eu gostaria de um sorvete de casquinha, mamãe.

- Tudo bem, vamos até a sorveteria, mas depois vou te levar num restaurante pra gente comer de verdade.

Não consigo controlar um pulo de entusiasmo.

- Que legal! Esse é o melhor aniversário do mundo! - Volto a abraçar minha mãe, que não retribui, mas ainda assim é reconfortante senti-la tão perto de mim. - Obrigada, mamãe!

- Tudo bem, agora vamos. 
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Depois de tomar o melhor sorvete da minha vida e sujar o meu vestido de creme e calda de morango - o que deixou a mamãe brevemente zangada - paramos na frente de um poste iluminado, perto de um restaurante que tinha um cheiro muito bom de lámen e churrasco.

- Vamos comer aqui, mamãe? - Digo, esperançosa.

- Não. - Ela se limita e dizer. Faço um biquinho.

- Por que não? Eu gostei daqui! Hoje não era meu dia?

- Há outro restaurante em que podemos ir, melhor do que esse.

- Sério? Pois eu duvido.

- PARA DE FALAR! CHEGA! - minha mãe explodiu e eu dei um passo pra trás, assustada. Balanço a cabeça de forma positiva rapidamente, então ela solta o ar e coloca os dedos entre os olhos, fechando-os com força. - Me desculpe, estou um pouco nervosa.

- Tá tudo bem. Desculpe por falar tanto. - Abaixo a cabeça. Acho que me empolguei demais e isso chateou a mamãe. Vou tentar falar menos, mas estou curiosa com uma coisa: - Mas mãe, o que estamos fazendo paradas aqui se não vamos comer nesse restaurante?
Quando ela foi responder, um carro todo preto parou na nossa frente. Os vidros eram escuros, não dava pra ver nada dentro, até que um homem velho de camisa xadrez branca e cinza, com calças também cinzas sai do carro, com cara de poucos amigos.

- Entrem. - É a única palavra que ele direciona a nós duas. Dou um passo pra trás, mas minha mãe coloca a mão para eu não ir mais pra trás. Arregalo os olhos e fito seu rosto impassível.

- Vamos entrar no carro, Sakura. - Olho de novo para o moço parado na minha frente, depois olho pra ela e enfim olho pra porta do carro, aberta. 

- T-tudo bem. - Ela entra no carro, então eu entro junto com ela. Meu coração martelava no peito e o sangue parecia ter saído do meu rosto. Olho pra minha mãe, que continuava com a expressão serena e tranquila, mas impassível. Olho pela janela do carro e vejo as ruas em que ele entra cada vez mais desertas, até não ter mais ninguém em uma rua sem nenhum resquício de iluminação. Seguro firme seu braço e encosto a cabeça em seu ombro, sentindo o seu familiar aroma de lavanda. 

- Mamãe, estou com medo. - admiti, sentindo os joelhos tremerem descontroladamente. 

Os homens dentro do carro continuaram em silêncio, até que o carro enfim parou. A rua era escura, quase um beco. Não cabia mais nenhum carro ali, embora aquele carro em que estávamos era o único naquele local abandonado. Aquilo ali com certeza não era um restaurante.

- Mamãe... - digo, então percebo que ela estava soluçando de tanto chorar. - O que está acontecendo?

- Me... me desculpe, Sakura. Me perdoe. - Ela enterrou a cabeça em suas mãos enquanto soluçava. 

- Perdoar? Pelo quê? 

Então a porta do carro foi bruscamente aberta e dois homens me puxaram com força pra fora do carro. Comecei a gritar enquanto era levada por eles para dentro de uma casa abandonada e vendo minha mãe imóvel, sentada no carro.

- MAMÃE!!! MAMÃE, ME AJUDA!!! SOCORRO!!! - Então a última cena que vejo dela, é a mesma fechando a porta do carro, a fim de quebrar o contato visual. Deixo o desespero tomar conta de mim enquanto choro aos gritos, ainda lutando contra os dois que me puxavam sem dó pra dentro do lugar. Grito desesperada esperando que qualquer pessoa me escutasse a fim de vir me salvar. Então um dos homens me joga no canto do galpão, onde eu caio de bunda e um pedaço de vidro entra na minha coxa esquerda. Seguro minha coxa com força, querendo a dor absurda passasse.

- P-por favor... e-eu n-não fiz nada... eu juro! Só me deixem ir. - Eu chorava, mas eles ignoravam completamente. O desespero gritava em meus ouvidos e o temor me fez levantar e tentar fugir, mas eles me pararam com facilidade. Tirei o caco de vidro da minha coxa e finquei no ombro de um deles, que urrou de dor. 

- DESGRAÇADA! - E me deu um soco tão forte na barriga que eu cambaleei sem ar para trás até cair de bunda de novo. Buscando ar desesperadamente e segurando a barriga para conseguir aplacar a dor, as lágrimas descem com ainda mais força do meu rosto. Depois do que pareciam minutos, volto a ter ar, mas volto a gritar. 

- Apaga logo essa desgraçada, tá fodendo meus tímpanos já. O chefe vai demorar pra chegar, então faz ela dormir logo.

- NÃO. NÃO, POR FAVOR! POR FAVOR! EU IMPLORO, ME SOLTEM. E-EU JURO QUE NÃO CONTO PRA NINGUÉM, MAS POR FAVOR, NÃO... - Então o homem coloca um pano úmido no meu rosto, tento gritar por cima dele, mas ao puxar o ar, uma tontura forte começa a tomar conta de mim. Tudo passou a rodar e ficar embaçado, e o desespero dá lugar ao atordoamento.

Não, por favor... - imploro pra mim mesma. - Isso não... mamãe... volta...

A tontura vence, e já não sinto mais nada até a escuridão tomar conta de mim.
                                                                                            ----

Abro os olhos parcialmente, já que a luz repentina ofusca a minha visão. Não consigo mexer meu corpo, nem pronunciar qualquer palavra, além de não conseguir enxergar bem, mas minha audição não foi afetada, já que, mesmo muito tonta, ainda consigo ouvir a conversa.

- Então, Yoshiake-sama, o que você acha? É bonita, tem 12 anos, é virgem e ainda tem esse cabelo rosa raro. O único problema é que tem que ser domesticada. Mas vale um preço muito bom, melhor do que o que pagamos pra tê-la. 

- Nossa... 

- O que houve, Yoshiake-sama? 

- Ela é a criatura mais linda que já vi. Sinto vontade de tocá-la sem nem ao menos vê-la apropriadamente vestida. 

- Vai valer um preço bom, não é?

Um breve silêncio foi feito.

- Ela não será vendida. Fará parte de minha coleção pessoal. Aprontem-na. Eu quero ela na Mansão até amanhã à noite.

- M-mas, chefe, fazer isso é perder dinheiro! Isso é burrice! 

- Como é que é? Do que você me chamou, filho da puta? 

- E-eu... m-me perdo... - antes que a frase pudesse ser completada, um barulho estrondoso de tiro ecoou pelo lugar, e depois o barulho de algo caindo no chão.

- E você, seu merda? Vai fazer o que eu tô mandando ou você quer ir pro saco que nem esse filho da puta aí? 

- A-amanhã mesmo ela estará na Mansão, s-senhor! 

- Acho bom...

Então a figura de um homem aparece embaçada diante dos seus olhos. 

- Fica tranquila, minha pequena flor de cerejeira, logo você estará numa vida melhor do que essa... ao meu lado. 

Sem conseguir manter mais meus olhos abertos, a escuridão me engole mais uma vez, mas dessa vez, com o desespero crescendo de forma absurda, ao contrário de regredir como houve na primeira vez que fiquei inconsciente.  
                                                                                                ----

Sentindo uma forte dor de cabeça, abro os olhos, mas dessa vez consigo enxergar tudo de forma nítida. Logo percebo que estou num quarto muito grande e luxuoso, com móveis escuros e as paredes da cor de salmão. Levanto com um pouco de dificuldade, então percebo que estou vestindo uma camisola curta, e o lugar onde entrou o caco de vidro estava enfaixado. Meu coração vai à mil de pavor ao lembrar de tudo que havia acontecido até agora. Queria acreditar que era só um pesadelo, que minha mãe não me vendeu como parecia ter acontecido. Sufoco um grito. Tento abrir a porta, mas está trancada. Abro a cortina para abrir a janela, então percebo que há grades nela e uma paisagem florestal, quase não podendo ser vista, já que estava escuro, como se a casa fosse no meio do nada. Tento empurrar as grades, mas em vão. Sinto tontura de tanto desespero e começo a me beliscar, na esperança de que isso seja um pesadelo. Então escuto o barulho da maçaneta da porta. Grito para meu corpo se mover e me esconder, mas nada acontece. Estou paralisada de medo e sinto que meus olhos vão saltar das órbitas de tanto pavor. Um homem entra. Está de terno cinza e aparentava ter uns 35 anos. Seus cabelos castanhos estavam penteados pra trás e ele não tinha barba. Ele me olhava da cabeça aos pés, fazendo com que eu recuasse, ainda mais assustada. 

- Boa noite, minha flor de cerejeira. Que bom que você acordou, pois eu já não aguentava mais de desejo... - Ele dizia enquanto tirava a gravata e o paletó. 

O que estava acontecendo? Meu peito subia e descia rapidamente, vendo o homem se despir aos poucos.

- Q-quem é você? O-o que você quer? - Digo, enquanto encosto na parede gelada.

- Meu nome é Yoshiake Seiji. Eu sou seu dono agora. E eu vou te mostrar o que eu quero... agora. - Então ele dá passos largos em minha direção.
                                                                                                            ***

- NÃO! - Grito, enquanto acordo, assustada. Me dou conta de que mais uma vez ando tendo pesadelos com o passado. Quando olho pro lado, vejo Seiji deitado, me encarando.

- Você fica linda dormindo. - Ele diz. Solto o ar, enquanto me controlo e tento engolir o pavor e o nojo que eu sentia daquele homem. Olho para a janela, onde bate o vento e as cortinas dançam, revelando as familiares grades que me mantém presa aqui. - Feliz aniversário, minha flor de cerejeira.

Fico em silêncio enquanto tento controlar meu ódio e meu pavor, além de tentar esquecer que fazem exatamente 10 anos que eu não sei mais o que é liberdade. 
 


Notas Finais


Então, galera... muito pesado pra um prólogo, né? Acho que vai render poucos leitores, mas eu realmente quis muito postar essa história. Obrigada aos que leram desde já!
Bejok <3


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