Abri meus olhos; nos seus enxerguei apenas fumaça.
Eu descobri que além de toda aquela névoa havia alguém à espreita, perdido num mundo que não existia de verdade. Eu te encontrei naquela estrada, chorando por dentro, pedindo para que te ajudasse a achar a si mesmo dentro daquela imensidão de dor e tristeza.
Estendi a minha mão e juro que, quando meus dedos tocaram a sua pele, vi cores colorindo cada parte de seu corpo. Havia um brilho através da fumaça, que só eu pude ver. Você sorriu, parecia sincero e feliz. Não consegui entender muito bem o que acontecia; você estava colorido com as mais belas cores, as cores de seu coração.
Fechei meus olhos; já não via mais nada.
Me afoguei em sentimentos, em cores, em sensações que nunca tive antes. Ouvi sua voz e ela só me guiou mais, como se segurasse minha mão. E quando de fato você tocou na minha mão e agradeceu — me perguntava pelo quê —, tive a sensação de ter sido desintegrada.
Tudo o que fui já não fazia sentido.
Ouvi o motor do carro roncar, algo rodeou nossos corpos, era quente e me fazia tossir. O som do seu riso me acalmou.
— Está tudo bem — você disse, e não tive como negar que estava certo.
Abri meus olhos; estávamos no meio da fumaça, com nossas essências intercaladas, com nossas cores unidas. E tudo que ia para além disso não passava de preto e banco, coisas sem vida.
Você me abraçou.
E eu sufoquei em seu amor.
“...lembro dos seus olhos
que pareciam até meus.”
— Garosugil At Dawn.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.