História A Fúria das Quatro Estações - Desconfiança

              Pov's Pata Negra

   Naifu me parecera simpática no começo, mas agora parecia estar se tornando um pouco... sombria. Mas talvez fosse só bobagem minha, então aproximei-me dela para puxar um papo.

   Eu: Ei, Naifu! Por que decidiu vir com a gente?

   Naifu: Só achei que precisariam de ajuda.

   Eu: Ah, bem, obrigada.

   Parecia que aquele momento não parava de ficar estranho! E tudo piorou ainda mais quando ela começou a falar sozinha, como se algo ou alguém invisível estivesse bem ao seu lado.

   Naifu: Eu já disse... que... não dá!!

   Eu: N-Naifu... tá t-tudo bem...?

   Naifu: Não! A-ah, quero dizer... eu só preciso de um tempinho. Vão indo na frente.

   Apenas assenti. Ela então foi direto para o fim da fila e Pata de Dragão aproximou-se de mim, pois estava meio sozinho, já que Pata de Azaleia e Pata de Luz estavam conversando em um canto logo ali.

   Eu realmente esperaria que ele dissesse qualquer coisa. Na verdade, acho que qualquer coisa seria melhor, pois eu não gostaria de tocar mais naquele assunto estranho.

   Pata de Dragão: Ei, você notou algo de estranho com a Naifu?

   Eu: Bem, sim. Ela fala sozinha quase o tempo todo e parece nunca baixar sua guarda. Era como se estivesse lutando com sua outra "eu".

   Pata de Dragão: É, concordo com você. E além disso tudo, Pata Envenenada disse só a mim que percebera um leve cheiro de sangue nela quando nos conhecemos.

   Eu: Uou, isso é sério mesmo. Será que nós deveríamos nos preocupar com ela?

   Pata de Dragão: Temo que sim. Mas não se preocupe, ficarei de olho nela, assim, poderemos ter certeza de que ela é uma ameaça ou não.

   Eu: Certo então. Obrigada, Pata de Dragão.

   Pata de Dragão: Não é nada. Ei, olhe! Parece que já chegamos!

   Ele apontou a entrada da caverna principal com sua cauda após o dito para que eu olhasse; e como fiquei feliz com aquele aviso!

   Naifu, surgindo do nada ao meu lado, acompanhou nós quatro da entrada da caverna até uma enorme e brilhante pedra que ficava no centro de tudo e sob uma fenda no teto que deixava a luz entrar.

   Pata de Luz: Precisamos vigiar o local.

   Pata de Azaleia: Sim, você tem razão. Acho melhor nos dividirmos.

   Para mim, aquela não parecia ser uma boa ideia, mas, ao mesmo tempo, parecia ser o certo a se fazer. Provavelmente esse pensamento era por causa da minha tola desconfiança para com Naifu.

   Naifu: Bem, acho que já sei o que fazer.

   Pata de Azaleia: Bom, então nos diga, por favor, Naifu! Você deve conhecer bem a área e os gatos dos Clãs vizinhos. Aliás, quais são eles mesmo?

   Naifu: Eles são o Clã da Primavera, que fica do lado de lá da fazenda, e o Clã do Outono, que fica aqui ao lado, nessa floresta e nas montanhas.

   Pata de Luz: Nossa, você sabe de tudo! Mas e o Clã do Verão?

   Naifu: Ele fica, nessa localização de onde estamos, ao lado das montanhas, onde fica uma praia e o mar. Mas isso tudo não importa agora! Precisamos nos posicionar em modo de defesa!

   A sabedoria daquela gata me deixava cada vez mais desconfiada. Ela parecia saber muito sobre os Clãs. Será que seu conhecimento também se estendia até o Clã do Inverno?

   Naifu: Pata de Dragão ficará aqui com Pata Negra. Pata de Azaleia e Pata de Luz ficarão no corredor da caverna.

   Pata de Dragão, desconfiado, mas concordando: E onde você vai ficar?

   Naifu: Eu ficarei de guarda na entrada da caverna a noite toda. Caso algum gato, de Clã ou não, atacar, eu grito se precisar de ajuda, mas creio que isso não será necessário.

   Eu estava cada vez mais irritada com a atitude de Naifu. Não que ela estivesse errada quanto às posições nas quais cada gato deveria ficar, mas ela parecia querer mandar em todos. Ou será que isso também era coisa da minha cabeça?

   Eu, bufando, mas tentando disfarçar: Está bem. Por favor, todos vocês, tomem cuidado. Se precisarem de ajuda, podem gritar. Apenas quero lhes agradecer por terem vindo até aqui comigo. E desejo-lhes muita sorte!

   Todos menos eu: Obrigado(a)!

   Naifu, Pata de Luz e Pata de Azaleia foram rapidamente até seus postos, enquanto Pata de Dragão sentou-se diante da Pedra da Lua, mas não em cima dela, que foi onde eu mesma me posicionei e me deitei.

   Pata de Dragão: Ah, só mais uma coisa, Pata Negra: Boa noite. Espero que seus sonhos sejam bons.

   Eu: Muito obrigada, Pata de Dragão. Caso perguntem, direi ao Clã das Estrelas para honra-lo.

   Pata de Dragão: Obrigado.

   Eu: Não, sou eu quem agradeço.

   Deitei-me então da forma mais confortável que consegui, abaixo da luz da Lua que já cobria-me o pelo e a pedra, além da caverna toda, de um prata luminoso, relusente e ofuscante.

   E, enfim, eu adormeci.