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História A fúria dos etruscos - Capítulo 2


Escrita por: MattWagner27 e LORD-BILSS

Notas do Autor


Peço desculpas pela demora em postar.

Capítulo 2 - Capítulo 2


 

            Ao final da aula, Hunter guardou seu material na mochila o mais rápido possível e saiu da sala, esperando pelo grupo de Neko. Como de costume, o grupo saiu por último da sala, indo ao encontro do monitor.

- Vamos, então? – convidou Hunter.

- Claro – retrucou Neko.

            Ele os guiou até o final do corredor, onde dobraram à direita. Pelas janelas era possível ver a neve que se amontoava do lado de fora do prédio. Ao chegarem ao corredor onde ficava a sala dos professores, Hunter seguiu em frente. Neko e os outros estacaram, e ela franziu a testa.

- Não vamos entrar...? – exclamou ela para Hunter, que já ia para o outro corredor.

- A reunião não será aqui – disse ele, retrocedendo um passo e notando a distância para o grupo. – Os professores estão reunidos em outro local.

            Paul olhou intrigado para a porta da sala, que tinha um vidro semitransparente. Aparentemente havia movimentação na sala dos professores, e ele coçou a cabeça.

- Mas, monitor Matt... – começou ele.

- Por favor, Paul, não temos tempo. Prometi aos professores que chegaríamos lá assim que a aula terminasse, e já estamos atrasados em dois minutos.

            Não era à toa que Hunter era o monitor. Seu tom de voz seguro e decidido sempre convencia seus ouvintes, e um pouco de apelo para os professores também funcionava, como no caso de Neko e seus amigos naquele momento, que resolveram não discutir e seguir Hunter.

            Finalmente, eles chegaram ao último corredor, do qual só havia uma saída, que era também a saída da escola. O plano de Hunter estava prestes a funcionar – ou melhor, a primeira parte dele – sem nenhum contratempo, quando de repente Neko exclamou:

- Espere. Depois daqui não tem mais salas. Você está querendo dizer que os professores querem falar conosco lá fora, na neve?

- Não, até porque os professores não chamaram vocês – disse Hunter de supetão.

- Como é? – disse Paul, intrigado. – Você nos diz que o Conselho de Classe que falar conosco, nos faz atravessar metade da escola e quando chegamos ao final você diz que os professores não nos chamaram?

- Que história é essa, Matt? – quis saber Neko. – É melhor nos explicar direito.

            Hunter suspirou e seus ombros caíram. Sua paciência era imensa, mas estava se esgotando.

- Olhem, é meio complicado falar tudo aqui. Este lugar é perigoso, ainda mais para vocês.

- Perigoso? Para nós? A escola? – indagou Dippie. – Só se o perigo for fazer a gente cair no tédio das aulas.

- O que quero dizer é que vocês não podem mais ficar aqui. – Hunter encarou o grupo. Era mais alto que todos eles, mas sentiu-se acuado ao ver os olhares de todos voltados para ele, inquiridores. – Preciso levá-los a um local onde vocês estarão seguros. O único local no mundo onde os seus pais – ele indicou Paul, Neko e Dippie – e a sua mãe – ele apontou para Rina – saberiam que vocês estavam a salvo.

            Isso fez com que Dippie, Neko e Paul ficassem ainda mais intrigados, mas Rina, até então em silêncio, ergueu os olhos para Hunter e tirou seu capuz.

- Minha mãe? – balbuciou ela. – Você... Sabe onde ela está? Ela está viva? Ela está bem?

- Sua mãe está viva e está bem, e talvez eu possa te levar até ela, se vocês me acompanharem – implorou Hunter.

- Que é isso! – exclamou Paul. – O que você pode saber sobre o meu pai? Eu cresci ouvindo dizer que ele havia morrido depois que eu nasci!

- Eu também! – disse Neko.

- E eu! – bradou Dippie.

- Seja o que for que tenham contado a vocês sobre os seus pais, eles não estão mortos – afirmou Hunter. – Isso eu posso garantir. Posso esclarecer tudo a respeito dos seus pais, qualquer dúvida que vocês tenham, se vocês, por favor, me acompanharem.

- Qualquer coisa para que eu tenha notícias da minha mãe. Eu topo – disse Rina, com uma determinação que nenhum de seus colegas jamais havia visto.

            Ela andou até ficar cara a cara com Hunter, que a olhou desconsolado. Ela era quase duas cabeças mais baixa que ele.

- Obrigado, Rina... Pela confiança.

- Contando que você esteja falando a verdade, não precisa se preocupar – disse ela seriamente.

            Hunter deu um sorriso fraco, e olhou para os demais.

- E vocês?

- Eu ainda não estou levando fé nenhuma nessa história – admitiu Neko.

- E eu concordo plenamente – acrescentou Paul, bajulador.

- Vamos fazer o seguinte – arriscou Hunter em uma última cartada. – Venham comigo até o... Local, e eu explicarei tudo a vocês com calma. Se depois disso, vocês acreditarem em mim e gostarem, vocês ficam, e minha missão estará cumprida. Caso contrário, se vocês não acreditarem em mim nem gostarem, eu trago todos vocês de volta.

            Neko, Paul e Dippie se entreolharam desconfiados.

- Você nos dá sua palavra – começou Neko – de que se nós não gostarmos nem um pouco desse local aí, você nos traz de volta para cá?

            Hunter assentiu sem piscar.

- Tem minha palavra, ou engulo meu crachá de monitor.

- Eu gostaria de ver isso – disse Paul, e Neko e Dippie riram.

            O monitor fez uma careta para Paul.

- Enfim... Vamos, então? Quando mais cedo formos, mais cedo chegaremos.

- Espere aí! – exclamou Paul de repente. – Eu não posso ir sem levar meu irmão! Não posso deixar ele sozinho. Minha mãe ficaria furiosa.

            Hunter encarou Paul como se farejasse um resquício de brincadeira no que ele disse.

- Você tem um irmão? – indagou.

- Tenho! – respondeu o outro. – Robert Richardson, da primeira série!

            Hunter assentiu.

- Nossa, dois irmãos...! – exclamou ele, mais para si mesmo do que para outra pessoa. – Aquele velho não me disse nada...

            Um trovão soou ao longe.

- Ops – fez Hunter, olhando preocupado para o céu. – Preciso tomar cuidado com o que falo.

- Como assim? – indagou Rina.

- Não é nada – disfarçou Hunter. – Paul, acho melhor você ir buscar seu irmão, mas vá depressa.

- Hã, OK – fez Paul, e saiu em disparada, ainda atordoado, de volta pelo corredor.

            Hunter olhou seu relógio de pulso. Presente do padrinho. O tempo ia correndo. Quanto mais tempo demoravam a sair, mais nervoso ele ficava.

- Tomara que ele volte logo – comentou.

- Ei, Matt? – perguntou Rina, um pouco tímida, erguendo a cabeça para falar com Hunter. – O que mais você sabe sobre a minha mãe?

            Ele tomou fôlego.

- Olha, Rina...

            Mal ele terminou de dizer isso, uma brisa forte irrompeu pelo corredor. A porta da saída da escola, que estava entreaberta, fechou-se de repente. As portas do outro lado do corredor abriram-se estrondosamente.

            Diogo Gospiggs surgiu no corredor, com um sorriso malicioso no rosto. Suas roupas estavam bastante rasgadas nos locais mais improváveis. Seu rosto e seus braços estavam com bem mais pêlos do que o habitual, e ele estava mais gordo e mais alto. O odor medieval que só Hunter sentia agora emanava pelo local, e seus pés, descalços, não emitiam sons ao pisarem no chão.

            Neko, Dippie e Rina gritaram ao mesmo tempo, e as três correram para trás de Hunter. Gospiggs se aproximava sorrateiro e curvado, como se fosse um gorila.

- Meu Deus! – exclamou Neko, horrorizada. – O que houve com ele?

- Essa é a verdadeira forma dele – anunciou Hunter.

- Geralmente não me apresento assim – rosnou Gospiggs, e sua voz estava mais grave e rouca. – Mas a ocasião pediu esse visual.

- O que é ele? – soluçou Dippie desesperada.

- Um Hobbit – disse Hunter. – Uma criatura fantástica da Idade Média conhecida por ser profundamente inteligente, ágil, furtiva, saber se disfarçar muito bem, não emitir som ao andar e saber se relacionar facilmente com qualquer pessoa. Apesar de ser extremamente peludo, fedorento e pouco higiênico.

- Oh! – exclamou Gospiggs, parecendo impressionado. – O monitor sabe mais do que aparenta. Mas você também não é humano, não é, Hunter? O que você é? Não vai conseguir esconder isso desses meio-sangues que você quer salvar.

- Meio-sangue? – indagou Rina. – O que é isso?

- Que história é essa de que você não é humano, Matt? – disse Neko, intrigada.

- É por isso que eu só ia explicar tudo a vocês quando chegássemos ao local. – Hunter puxou a mochila e abriu-a, como se procurasse algo. – Estava com receio de que alguém como ele tentasse me impedir.

- Ah, e o que me denunciou? – disse Gospiggs, fingindo-se de desentendido.

            Hunter puxou da mochila uma flauta prateada.

- Só o jeito com que você se aproximou deles para conversar hoje. Você não era próximo deles. Foi muito suspeito. E desde o começo do ano que eu sinto esse seu cheiro.

- Argh! – Dippie cobriu o rosto com as mãos. – Que cheiro horrível!

            Hunter tomou fôlego (o que foi um ato muito corajoso, devido ao mau cheiro de Gospiggs que enchia o ar), olhou para a flauta, atirou a mochila no chão e encarou Gospiggs.

- Se vou ter um problema com você, Gospiggs, quero saber o porquê.

- Não é simples? Tenho que matar os meio-sangues que Hunter quer resgatar.

            Gospiggs se adiantou e juntou os punhos, encarando o monitor.

- Você é um Hobbit – disse Hunter, como se a afirmação ferisse o outro. – Você não foi feito para lutar. Apenas para...

- Oh, alto lá. – Gospiggs aspirou a sujeira acumulada nos braços peludos com o nariz, o que foi bastante nojento. Parecia que Neko, Dippie e Rina estavam prestes a desmaiar. – De fato, não sou muito chegado a lutar. Mas, como meus senhores ofereceram-me uma excelente recompensa por esses meninos, eu não tive opção senão aceitar. Agora, passe esses meio-sangues para cá, e eu talvez poupe a sua vida miserável.

- Nem morto – disse Hunter categoricamente. – Darei a minha vida, se for necessário, para protegê-los.

            Sem aviso, ele avançou na direção de Gospiggs. O Hobbit ficou surpreso, mas também pareceu achar idiotice a atitude de Hunter. O monstro avançou, mas o monitor saltou sobre ele no último instante, e acertou-o na cabeça com a flauta.

            Gospiggs gemeu de dor, e um galo protuberante se formou no local atingido. Aproveitando-se da distração do oponente, Hunter, após voltar ao chão, avançou novamente sobre o monstro.

            Dessa vez, porém, Gospiggs estava preparado. Assim que Hunter pulou sobre ele, o Hobbit agarrou as calças do monitor e puxou-as – mas Hunter conseguiu escapar, largando as calças e caindo em pé.

- AGH! – berrou Neko, apontando para as pernas de Hunter.

            Ou seriam as patas? As pernas de Hunter eram peludas, com cascos redondos no lugar dos pés, como os pés de um bode.

            Gospiggs riu.

- Aha! Vejam, crianças, quem é o seu protetor! Um animal! Dá mesmo para acreditar nele depois de ter escondido isso de vocês?

- Infeliz! – bradou Hunter, fuzilando o monstro com o olhar. – Crianças, peço desculpas, mas vocês descobririam mais cedo ou mais tarde. Eu sou um sátiro.

- Sátiro? – exclamou Dippie, ainda chocada. – Aqueles moços do teatro que fazem peças satíricas?

- Não – disse Hunter, olhando tristemente para as meninas. – Sou metade humano, metade bode.

            Rina fez um barulho de enjôo.

- Nem quero saber como ele nasceu.

            Gospiggs atirou as calças de Hunter no chão.

- Agora que tudo já foi esclarecido, acho que já posso acabar com vocês. Esse seu golpe com a flauta não vai funcionar duas vezes comigo!

- Você não é um Cavaleiro de Atena para dizer isso – criticou Hunter. – No entanto, há um jeito mais fácil de acabar com você.

            Hunter levou a flauta aos lábios e começou a cantar.

            A melodia do sátiro era extremamente suave, e conseguia, inclusive, dispersar o odor de Gospiggs. Neko, Rina e Dippie pareceram se recuperar do choque por descobrirem que seu monitor era um sátiro, admirando a música.

            Somente Gospiggs parecia apavorado. Ele pareceu perceber o que o esperava tarde demais. À medida que Hunter tocava, plantas surgiam do chão do corredor e se enroscavam no monstro. O Hobbit tentava mordê-las, rasgá-las ou arrancá-las, mas elas subiam pelo corpo dele com uma velocidade impressionante, e muitas outras plantas nasciam como galhos ou ramos das primeiras, acelerando o processo.

- Não...! – Gospiggs tentou gritar, mas as plantas cobriram sua boca e se enroscaram em seus braços. As garotas observavam estupefatas. Logo, a cabeça de Gospiggs estava sob vários ramos, e apenas seu braço direito era visível, debatendo-se e arranhando o ar.

            Hunter soltou uma última nota, e as plantas apertaram ainda mais o monstro, até que se ouviu um pequeno barulho de estouro, e o braço de Gospiggs se desfez em poeira. Havia apenas um emaranhado de galhos brotando do chão do corredor.

- Problema resolvido – anunciou Hunter enquanto apanhava suas calças e as vestia de novo.

- Você o matou...? – indagou a pequena Rina.

- Não exatamente – disse Hunter. – Apenas fiz ele se desintegrar e sua essência de monstro voltar para o Tártaro. Se dermos sorte, ele levará alguns meses ou anos para se recompor.

            Nesse momento, as portas do corredor se abriram novamente, e Paul regressou, segurando seu irmão, Robert. Ele era baixinho, de cabelo encaracolado e liso, com olhos castanhos miudinhos, e parecia extremamente surpreso.

            Paul notou a coluna de plantas brotando no meio do corredor.

- O que diablos foi isso?

            Neko assobiou, impressionada.

- Não sabia que você falava espanhol, Paul.

            Ele corou.

- Eu, hm, tenho conhecimentos – disse sem jeito.

- Vamos deixar o papo cabeça para depois – avisou Hunter. – Precisamos ir.

- Ahn, Matt? – chamou Dippie. – Aquilo devia estar acontecendo?

            Ela apontava para as plantas. Uma fina camada de poeira parecia se erguer delas, formando contornos humanóides.

- Essa não. – Hunter parecia apavorado. – Ele está voltando.

- Ele? Quem? – indagou Paul.

- O que está havendo aqui? – chorou Robert.

- Neko, explique o que aconteceu a Paul e Robbie no caminho – pediu Hunter. – Precisamos partir, agora.

            Eles se encaminharam para a saída. Não tinham avançado muitos passos longe do prédio quando Dippie perguntou:

- Matt, você não disse que Diogo levaria alguns meses para se recompor?

- Não pronuncie o nome dele – avisou o sátiro. – Nomes têm poder. Quanto a ele se reerguer... Isso só pode ser um problema enorme.

            O prédio da escola estava quase sumindo a distância, quando eles ouviram, lá de dentro, um grito feroz.



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