História A Future Of An Uncertain Past - Imagine - New Beginning

Me pego pela décima vez arrumando meu cabelo, se eu continuar mexendo assim, ele vai realmente ficar bagunçado.

Não haveria motivos em minha monótona vida para eu me estressar, a não ser pelo fato de que agora estou morando sozinha e estou em frente a uma das melhores faculdades do Canadá para começar meu curso de fotografia. É, eu acho que tenho bons motivos.
Minha bolsa estava levemente pesada por causa de minha câmera, minha fiel companheira das melhores fotos.

Sempre levei a fotografia como um hobby, mas quando realmente vi que seria mais que um hobby, decidi entrar de cabeça nisso, mesmo que isso custasse sair de meu país natal, Inglaterra. Eu sentia saudades, mas o Canadá tinha um clima parecido então serviu como um pequeno consolo.

A faculdade era maior do que eu pensava, quando vi na internet. Havia quadras, salas de informática e outros cursos, várias salas gigantescas e um pátio igualmente enorme.

Só de ver já me sinto totalmente sozinha e pequena.
Adentrei a sala me sentando no fundo, eu realmente era tímida e queria passar despercebido.

Sempre tive o costume de observar muito as pessoas, e foi o que fiz, já pude ouvir algumas conversas e identificar alguns nomes.
Quando o professor entrou, dando um leve "olá" não respondido pelos alunos que estavam ocupados conversando, o observei ir até sua mesa.

Ele aparentava ter uns 30 anos, casado devido a aliança no dedo e tinha cabelos negros e olhos claros. Quando era jovem provavelmente foi bonito, mas por que eu estou pensando nisso?

- alunos, peguem seus cadernos, por favor.

Me inclinei para o lado abrindo minha bolsa e pegando meu caderno, junto com meu estojo. Levantei meu olhar quando ouvi a porta sendo aberta.

Um garoto estava parado, ofegante.
Ele tinha olhos puxados, cabelo bagunçado e estava ofegante. Provavelmente acordou atrasado.
Ele usava uma blusa simples vermelha e calça jeans, e um tênis casual. Era bem branquinho e os cabelos eram lisos, mas o bagunçado o deixou charmoso.

Ele pediu desculpas pela interrupção e foi até a última cadeira disponível, que era algumas a frente da minha na fileira do lado.

Suspirei, tentando focar meus pensamentos, eu estava até conseguindo focar no professor, mas então meu ótimos sentidos e reflexos me fizeram olhar para o garoto assim que ele fez um movimento brusco, pegando com pressa algo que caía do chão quando abriu seu caderno.
Observei melhor e vi um papel com um desenho.
A pintura e os traços eram duros e robustos, com certeza ele não era muito bom em desenhos.

~ quebra de tempo ~

- bom alunos, foi isso por hoje. Até a próxima aula. - o professor anunciou e então os alunos saíram apressados da sala.

Suspirei terminando de arrumar algumas coisas e anotar outras.
O professor, talvez igualmente apressado quanto os outros alunos, se despediu saindo da sala.

Eu estava distraída, e demorou para perceber que os únicos ali eram eu e o atrasado. Não acho que ele tenha percebido graças a sua visível concentração em anotar com a caneta no papel.

Lentamente, guardei meu material, e me levantei colocando a bolsa sobre o ombro, olhando rapidamente para o garoto, que ainda escrevia.

Vendo que ele não notava minha presença, me virei saindo.

Eu estava caminhando pensativa no corredor, quando pela canto do olhos o vi do outro lado do corredor, andando pensativo.

O mais estranho é que seguimos o mesmo caminho em silêncio, até o ônibus.
Me sentei no banco do ponto e peguei meu celular, colocando meus fones em meu ouvido e aproveitando para prender meu cabelo em um coque.

Quando o ônibus chegou, me vi sendo seguida pelo monte de gente para dentro do ônibus e por ele também. Me sentei em um banco e ele se sentou em outro a minha frente.

Por um momento nossos olhares se cruzaram e tive certeza de que os dois lados estavam cientes da presença do outro. Mas se ele iria ignorar, o que eu podia fazer?

Apenas suspirei, fechando meu olhos.
O primeiro dia havia durado horas e me deixado exaustas, eu mal via a hora de me ver em casa.

~ quebra de tempo ~

Sinto um leve cutucao no ombro, e abro os olhos devagar, olhando em volta.
Levanto meu olhar e vejo o garoto atrasado, franzo a testa e sua voz rouca me diz:

- É o último ponto.

Sua voz pareceu controlar meus sentimentos como um maestro em uma orquestra.
Sua postura era tão relaxada, sua voz tão simples, seu olhar tão... desinteressado?

É, estou sendo romântica demais.

Agradeci em um sussurro, e me levantei colocando a mochila sobre o ombro.
Ele me esperou para sair, e quando estávamos saindo, me virei para ele:

- está me seguindo?

- não - ele falou simples - nossas casas são provavelmente perto.

- ah, claro. Desculpe.

Pigareei e voltei a andar, porém mais rápido.
Ele parecia ser o tipo de cara que todos querem, dado aos olhares que recebia por onde passava. E eu por um lado concordava, ele não era tão alto, porem tinha traços finos, corpo forte, e um olhar misterioso.

Andamos um do lado do outro em silêncio, até seu celular tocar:

- ah, oi. Já estou chegando. - ele riu de leve - estou com saudades. Okay. Tchau.

É, garoto que todos querem, mas nem todos tem.
Quando cheguei em frente ao meu prédio, era claro que era nosso prédio.

Para não ficar mais desconfortável, inventei uma desculpa para não subir no mesmo elevador que ele. E suspirei quando me vi só em casa.

Me joguei em meu sofá. O tecido macio, o escuro da casa e o silêncio me ajudaram a cair no sono gradativamente e lentamente.